Especial
Há 30 anos morria Fernando Falcão

 


Fernando Falcão
última foto de janeiro de 1980
 

 

Há exatamente 30 anos morria Fernando Falcão.
Naquele 9 de fevereiro,
Barra do Corda perdia mais um líder menos de 20 dias
de se despedir de dom frei Marcelino de Milão.
Foi um baque com efeito de bomba de mil megatons.
A cidade parou para receber e sepultar,
vindo da capital paulista, vítima de enfarte,
o político popular e carismático, que morreu aos 37 anos,
e que desde então virou mito.
Em página especial, com fotografias históricas,
o TB relembra a trajetória de Fernando Falcão,
que de empresário até os 23 anos saltou num átimo para o mundo político:
de presidente do clube Guajajara sentou na cadeira de prefeito com votação arrasadora, depois dirigiu o Incra de Barra do Corda,
indo legislar na Assembléia Legislativa
com votação expressiva.

 

 

Carta ao meu pai:
Fernando Falcão

 

Por Fernanda Falcão


            Quando vocês me pediram que escrevesse um depoimento sobre meu pai, pensei: vai ser fácil. Ledo engano. Achei que ia conseguir expressar meus sentimentos de filha, minha visão do pai daquela época, enfim, jamais imaginei me deparar com tamanha dificuldade em falar de alguém tão fundamental em minha vida. Falar do político? Desnecessário, depois de tão competente reportagem que a equipe e colaboradores do Turma da Barra fez. Falar do homem em família? Do pai? Também julguei desnecessário, poderia ficar piegas, coisa que, sinceramente, sua memória não merece.
            Cheguei então à conclusão de que o melhor seria contar histórias, coisas que ninguém nunca ficou sabendo, “segredinhos” de filha e de fã. Talvez, para uns, isso não tenha a menor graça, mas não faço para causar risos. Para outros poderá parecer tolice, mas eu era apenas uma menina naquela época e, embora me achasse a maioral, eu era mesmo uma grande tola como tolos são todos os de quatorze anos. Portanto, embasada nessa premissa, qualquer tolice deverá ser desculpada.
            No dia em que meu pai morreu, eu tinha exatos quatorze anos e cinco meses, e minhas lembranças daquele 09 de fevereiro seguem envoltas em fumaça, como um sonho, como um dormir pré-operatório. O que lembro nitidamente é que quem me deu a notícia foi a querida “Iolanda do João Pedro”, que, olhos mareados, chegou à sede da AABB onde eu jogava ping-pong e, o mais serenamente que pode, disse aquela frase que ninguém jamais quer ouvir, mas certamente indefectível: minha filha, teu pai morreu. E quem quiser que conte o resto, pois, tirando a voz do inimitável Mandu bradando aos quatro ventos MORREU FERNANDO FALCÃO, eu juro de pé junto, que não me lembro de mais nada. Portanto, seguem algumas historinhas tolas, daquele período em que o tive como pai e que trago guardadas na memória para quem sabe um dia, se Deus me der essa dádiva, poder dividi-las com meus filhos.
            “Dia de trabalhar, meu pai, atrasado para ir à Assembléia, sai todo arrumado, vaidoso excessivo que era. Calça de linho branca (aposto como muita gente se lembra), camisa listrada, cinto nada a ver, pega sua capanga e, sei lá porque cargas d’água, vira pra mim e pergunta: filha, tá bom assim? Eu olhei aquilo e disse o óbvio: pai, a cueca vinho tá aparecendo...Ele dá um pulo, corre de volta pro quarto e, segundos depois volta pra lá de perfumado e sai assoviando, feliz da vida. Tchau filha, obrigado. E eu só olhando a cueca azul-marinho...”
            “Eu brincando, quietinha, chega meu pai, cansado de mais uma de suas viagens para o interior. Talvez, movido por um sentimento de culpa, sei lá, me envolve em um abraço, saca uma nota de “dez cruzeiros” e diz baixinho em meu ouvido: olha só, filha, isso é pra você, mas não mostra pra sua irmã - Carla, a preferida -, porque pra ela eu só dei cinco. Eu, mais que imediatamente, apertei com força aquela nota, prova de tanto amor e guardei no fundo do meu saco de roupinhas da Susy. Não demora muito, chega minha irmã (Carla, a preferida), e, ingenuamente maldosa, mostra seu troféu: ‘olha aqui, minha irmã, o que papai me deu, mas ele disse que era pra eu ficar caladinha porque pra você ele só deu dez’. Era uma linda nota de vinte.”
            “Todos à mesa, hora do almoço, incluindo meu pai, pois sempre que possível, fazia as refeições em família, quando, bem de mansinho, passa por detrás da janela a figura inesquecível de “Seu Geraldo”, motorista dos tempos de Deputado. Negro, alto, magro feito um bambu e cabeça branquinha, um doce de criatura, estava indo comer na cozinha. Meu pai grita: Geraldo, vem cá! Seu Geraldo chega quase branco, nunca ouvira o patrão gritar. Pois não, seu Fernando. E meu pai, do alto de sua sabedoria: ‘faz teu prato e senta pra comer aqui.’”
            Esse era meu pai, uma grande figura, um homem forte, doce, que, graças a atitudes como essa, nos mostrou o valor que tem o ser humano. Obrigada, pai.

*Fernanda Falcão é filha primogênita de Fernando e Francisca Freire Falcão

(TB7mar2009)

 

 

 

Fernando Falcão:
Uma relação carismática com eleitorado

*por Heider Moraes


            Qual o maior legado político que Fernando Falcão deixou para os barra-cordenses 30 anos após sua morte? A meu ver a relação direta, sem intermediários, que ele manteve com os diversos segmentos da população, tanto da área rural, que naqueles anos da década de 70 eram praticamente esquecidos, quanto à urbana, compostos de grupos familiares que exerciam forte, dura e permanente pressão política. Para isso, desenvolveu e cristalizou uma empatia toda particular, revelando um líder carismático e do povo.
            Para se ter uma idéia da maestria política de Fernando Falcão, basta lembrar que ele não venceu um grupo político qualquer. Ele venceu em 1972 o grupo do professor Galeno Brandes (1965 a 1972), que tinha como então candidato um homem de bem, meu tio Carlos Augusto de Araújo Franco. Galeno Brandes tinha feito um governo extraordinário, juntamente com Lourival Pacheco na prefeitura cordina. É bom lembrar também que Galeno e Lourival tinham o apoio irrestrito do grupo Sarney, que naqueles anos começava a dominar, o qual se segue até hoje, o cenário político estadual com amplo apoio da ditadura militar de então instalada em Brasília.
            Falcão venceu as eleições para prefeito nas hostes do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), como então era chamado o único partido de oposição existente no país. Naquele ano de 1972 costurou, juntou e liderou uma aliança política inimaginável e o resultado é que venceu as eleições para prefeito com votação esmagadora. Diga-se de passagem: venceu, convenceu e para bem governar o município barra-cordense passou a se apoiar não somente no MDB, também de uma certa forma estendeu-se seus tentáculos à Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido do então governador maranhense Nunes Freire. Para o cenário barra-cordense, ele era MDB. Mas em São Luís, ele flertava e bem com a Arena.
            Mas vencer na conjuntura de uma ampla aliança política talvez tenha sido a parte mais fácil. Difícil foi liderar e dividir o poder com os diversos entes interessados. Mais ainda: Fernando incluiu na salada da divisão do poder urbano o segmento do meio rural. Para isso, teve que se desdobrar 24h em viagens pelo interior barra-cordense. Desconhece-se qual outro político tenha viajado o município cordino tanto quanto Fernando percorreu. Naquele tempo os atuais municípios de Fernando Falcão e Jenipapo dos Vieiras eram parte da grande área municipal barra-cordense. De ponta a ponta, de um povoado extremo do sertão a um outro à beira do rio Grajaú, numa distância de 240 quilômetros, que eram percorridos com muita freqüência por Falcão em péssimas estradas de chão, como são até hoje.
            Um outro exemplo singular de como esse tabuleiro político era difícil para Falcão administrar foi sua própria sucessão. A história registra como “pulo do gato” a artimanha que Falcão usou para impor na convenção partidária, na última hora, o nome de Alcione Guimarães. O efeito desses atritos entre aliados pode ser observado após a morte de Falcão na sucessão de Alcione Guimarães. Enquanto o birô central do grupo fernandista escolheria Nonato Cruz para candidato oficial a prefeito, outros dois nomes do grupo (Benedito Terceiro e Elizeu Freitas) rebelaram-se e estabeleceram o racha político.
            O detalhe histórico é que tanto Benedito Terceiro, o qual Fernando cooptou em São Luís como engenheiro agrônomo para comandar o Incra cordino, quanto Elizeu Freitas que pertencia à tropa de choque de Fernando na Câmara Municipal, os dois racharam o grupo, portanto, dividindo os votos fernandistas. Naquela eleição, saíra vencedor o então Elizeu Freitas, que era empresário e vereador do povoado Ipiranga e passaria a sentar na cadeira de prefeito. Chamado de analfabeto, até então nenhuma liderança vinda do interior tinha vencido uma eleição para prefeito. Certamente efeito cascata da política de Falcão que estabeleceu voz e voto aos interioranos. O mais interesssante ainda é que com a eleição de Freitas a prefeito enterraria de vez o que seria chamado de grupo fernandista. Coisas do mundo político.
            Afora os motivos que causariam a morte do grupo fernandista em 1982, Fernando não saiu do nada para o mundo político. Na sua própria família, por parte de pai, o seu avô Gerôncio Falcão tinha sido prefeito. Na linha da descendência da sua mãe, Aurora Falcão, consta José Leonil da Cunha Nava que fora três vezes prefeito cordino. Também é bom registrar o parentesco com Frederico Figueira, que foi deputado e governador do Maranhão, além do seu tio, o intelectual e professor Edison Falcão da Costa Gomes, que fora prefeito cordino no início dos anos 60.
            No livro “Barra do Corda na história do Maranhão”, o professor Galeno Brandes sublinha que Fernando herdara dos familiares “o gosto pelos negócios e pela política”. E acrescenta que em torno de Fernando “surgiu mais que um simples carisma, uma espécie de auréola de fascinação, que atingia com especialidade as comunidades rurais.”
            A parte empresarial, que viria do seu pai Alberto Falcão, foi a primeira atividade que Fernando herdaria ao voltar do Rio de Janeiro em 1965 quando cursou o segundo grau e “Humanidades”, num dos mais afamados colégios do país, o Pedro II. Na efervescência cultural e política do Rio Janeiro, onde morou de 1957 a 1965, ele pode observar ao mesmo tempo o carisma do presidente Juscelino Kubischek e seu forte opositor o então governador carioca Carlos Lacerda, intelectual e exímio orador. Nas hostes internacionais, Fernando acompanhou de perto a figura jovem e carismática de John Kennedy, presidente dos Estados Unidos, quando foi assassinado em 1963 quando visitava Dallas e era aplaudido pela população. Mas certamente exilado no Rio de Janeiro fez desenvolver um amor incomum a Barra do Corda e sua gente.
            Mas o despertar para a carreira política parece ter começado quando Fernando assumiu a presidência do clube Guajajara no final dos anos 60 começo de 70. Ali ele teria feito uma administração que chamaria a atenção dos barra-cordenses, que o colocaria na linha de frente da política. Praticamente um ano antes das eleições de 1972, já se sabia que Falcão era o escolhido da oposição para candidato a prefeito.
            Consta que ao reunir a oposição em torno da sua candidatura, Fernando não se preocupou apenas com o mundo dos políticos. A pé, passou a andar de casa em casa pela cidade barra-cordense para pedir apoio para seu pleito. Eu mesmo lembro do Fernando na casa dos meus pais num final de tarde do início dos anos de 1972. Nas lembranças a cena: minha mãe, Zelinda Araújo Moraes, em sua máquina de costura, Fernando esparramado numa cadeira de sofá a pedir: “Tia, preciso do apoio da senhora e do tio Manoel para minha candidatura a prefeito”. Fernando era íntimo da minha casa, foi amigo de infância de um dos meus irmãos, Ednan Moraes, e quando adolescente costumava dormir na nossa casa após festas na cidade.
            Uma outra vertente da atuação de Fernando viria da simpatia com as donas de casa ao visitar uma casa seja na cidade ou no interior. Ele não ficava apenas restrito à sala nas conversas políticas com os homens. Ele ia até à cozinha e fazia questão de experimentar a comida, que naquela década de 70 eram principalmente feitas pelas donas de casa. Certamente isso trazia um ganho político incomum.
            A questão do relacionamento do Fernando com os barra-cordenses era tão presente em sua prática do dia a dia, mesmo quando em viagem a trabalho a Brasília, ele fazia questão de visitar casas de conterrâneos, almoçava, jantava, ouvia sugestões e tomava uns tragos. Da mesma forma, quando desembarcava em São Paulo, se reunia com os conterrâneos e há registro de noites de bate-papos em apartamentos de barra-cordenses na capital paulista.
            No plano das obras, o livro do professor Galeno Brandes afiança que Fernando “fez uma administração boa”. Cita a continuidade dos trabalhos de calçamento da cidade, construção de escolas rurais e a partilha e urbanização do bairro Tresidela, promovendo o assentamento de grande número de famílias do interior do município. É da época de Fernando também o funcionamento do colégio Cnec, na Tresidela, que há quase três anos deixou a cidade por falta de apoio institucional.
            Após o trabalho como prefeito, que se prolongou com seu aliado Alcione Guimarães, Fernando ainda administraria o Incra de Barra do Corda, quando faz manutenção nas estradas vicinais que liga os povoados cordinos e incrementa assentamentos de colonos. Dali pula para a Assembléia Legislativa, quando em pleno mandato de deputado estadual é acometido na capital paulista por uma parada cardíaca, vindo a falecer.
            Depois do falecimento em São Paulo, que ocorrera em um sábado, seu corpo chega a Barra no dia seguinte para um dia inteiro de velório, quando se formaram filas para despedidas no Salão Paroquial Pio XI. No dia seguinte, bem cedo, foi rezada uma missa na igreja Matriz apinhada de gente. Era 11 de fevereiro de 1980. Após a missa, uma multidão leva o corpo para o cemitério Campo da Paz. Daquele dia guardo na memória a figura e os discursos de amigos de Fernando e de políticos presentes, mas principalmente o carinho do povo a levá-lo a caminho do cemitério, um povo que não arredava pé à beira do túmulo.
            30 anos se passaram. Consta que muita gente, principalmente do interior guarda objetos como pratos, talheres e colheres, que Fernando teria utilizado quando fazia refeição em alguma casa. Em seu túmulo, as letras que compõem frases de despedidas, algumas delas foram levadas como lembranças. No lendário popular correm notícias de que muita gente ainda não crer até hoje em sua morte.
            Nas homenagens prestadas em frente ao busto de Fernando na praça Melo Uchoa por ocasião da passagem dos 30 anos da sua morte, foi unânime o registro que naquele tempo era possível fazer oposição pelo prazer de fazer política. Também que depois de Fernando ainda não surgiu outro líder igual. Do meu lado, fica a constatação que entre 1965, quando Galeno Brandes e seu grupo chegaram à prefeitura, depois em 1973 quando Fernando e seu grupo lideraram os barra-cordenses, cada qual com sete anos de domínio, nunca mais os deuses agraciaram Barra do Corda com graça igual. Penso que é chegada à hora.

*Heider Moraes é jornalista

(TB5mar2010)

 

 

Fernando Falcão:
Um político que marcou seu tempo

 

*Tonhão do Naru


       
Fernando Falcão deixou marcado na história de Barra do Corda exemplo que muitos cordinos poderiam seguir. Ele foi um homem marcado pela coragem, pela audácia, pelo dinamismo e também pela dedicação que dispensava aos interesses das causas de seu povo.
        Entrou na política de forma articulada, e foi pela oposição, pois o sistema político de nossa terra vem de longe conduzido pela oligarquia, e ele muito jovem na época, movido por uma esperança de que era possível fazer algo pra melhorar a Barra, peitou o sistema da época, e levou uma mensagem de esperança, mensagem essa que foi muito bem entendida pela população, saindo daquele pleito com uma votação arrasadora.
        Ao assumir a prefeitura, e constatar a real situação financeira do município, e ver ser seu plano de governo, concluiu que os recursos disponíveis eram de longe não suficientes pra atender a demanda de seu povo, daí trocou o PMDB pela ARENA.
        Começou então um grande trabalho, tanto na cidade, quanto no interior, fazendo uma grande administração.
        Tinha ele sonhos de ir mais longe, e numa negociação política assumiu o INCRA em Barra do Corda, fato que gerou muitos comentários uns a favor, outros contra. O fato é que nessa função também ele fez um grande trabalho para o homem do campo, pavimentando de vez o caminho para a Assembléia Legislativa.
        Lembro de uma vez, ele já deputado, no Salão Paroquial havia uma reunião dos índios Guajajar
a com uma equipe da FUNAI, onde os índios exigiam a saída das famílias de Alto Alegre. Fernando estava presente e era um grande defensor daquele povo. Os índios pediram que ele deixasse o local, pois sua presença os intimidava. Ele disse que estava ali defendendo o povo e que só sairia dali se o administrador local da FUNAI também saísse. Depois de um acordo, os dois saíram.
        Quis o destino que em fevereiro de 1980, ele deixasse sua luta aqui na terra e partiu, deixando um povo em pranto, e uma cidade de luto.

*Antonio Sousa Filho, o Tonhão do Naru, foi três vezes prefeito das cidades de Caroebe e São João da Baliza, em Roraima.

(TB23fev2010)

 

 

Fernando Falcão, o político

*Cezar Braga

 

         Cheguei à Barra do Corda em setembro de 1973.
         Hospedado no Hotel Vitória, conheci ouros hóspedes, a Promotora de Justiça, Dra. Jesus, o professor Alcione Guimarães e, através deles o Dr. Clóvis, Juiz de Direito da Comarca, que me apresentou ao Prefeito da cidade, Sr. Fernando Falcão.
         Meu conhecimento e relacionamento com o alcaide foi fugaz.
         Fiquei conhecendo-o melhor, pelos depoimentos e opiniões que fazem dele, seus conterrâneos.
         Por minhas andanças pelo interior da Barra, sempre ouvi se falar do Fernando Falcão com muito respeito e admiração.
Tinha sido ele o primeiro prefeito a visitar todos povoados do município e, o único a demorar neles.
         A maneira como a ele se referiam os habitantes, desde os mais abastados, quer financeiramente ou intelectualmente,
até aos mais humildes, seu carisma transparecia, ficava evidente que, sabia fazer política e gostava dela.
        
Era um homem, por depoimentos de pessoas que lhe foram próximas, que não era de guardar rancor, nem de deixar para depois um pedido de desculpas, uma retratação, sempre com altivez e dignidade.
        
Agora, na série de artigos que o TB publica, no 30º aniversário de sua morte, aprendi mais sobre o homem, sobre o político e sobre a importância de sua atuação no cenário sócio-político de Barra do Corda.
         
O Álvaro Braga, com seu discernimento e veia de historiador, nos fez um relato pertinente e esclarecedor da trajetória do homenageado.
        
O Murilo Milhomem, com seu faro jornalístico, lembrou, com propriedade, uma faceta que passa quase despercebida, da política barra-cordense e, que em boa hora, e que boa hora, resolveu acordar este lado adormecido da sociedade cordina.
        
O Marcos Pacheco, com sua verve política-educadora, fez uma análise do trajeto do político homenageado, com rara felicidade e lucidez, que nos mostra, sem dúvida alguma, que Fernando Falção era um político nato, uma inteligência viva e grande articulador.
        
Para seus amigos mais próximos e colaboradores, foi um homem justo, bom, amigo.

Enfim foi Fernando Falcão, além de grande político, inesquecível para seu povo, de amigo sincero, pranteado pelos que se fizeram privar de sua amizade, foi um bom pai, que se percebe pelas palavras de agradecimento ao TB, de sua filha Fernanda, que diz :”... pela oportunidade de me fazer chorar a perda e saudade de alguém que, na verdade, nunca perdi.”
        
Como disse no início, meu conhecimento com o homenageado foi fugaz, efêmero, mas pelo o que ele representou e pode significar para minha querida Barra do Corda, valeu a pena tê-lo conhecido.

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB12fev2010)

O fim da hegemonia

*Murilo Milhomem

         Fernando Falcão foi um dos últimos filhos de família tradicional cordina a se eleger prefeito. Depois dele apenas Alcione Guimarães ocupou o cargo, quando foi sustituído por Elizeu Freitas. Um fato lamentável já que demonstra a total falta de articulação entre seus membros.
        
Após a passagem pela prefeitura, Fernando conseguiu ingressar no legislativo estadual, onde ficou até o início de 1980, quando faleceu precocemente. Uma grande perda para o município, pois tudo indicava que teria uma carreira política brilhante.
        
Vinha de uma geração de políticos. O grupo a que pertencia conseguiu emplacar também outro respeitado político da terra, o deputado Tatá Milhomem. Além deles, Alcione Guimarães conseguiu ser eleito para a chefia do executivo local.
        
É dificil prevê o papel de Fernando nos rumos da politica cordina. O certo é que o fim da hegemonia das famílias tradicionais coincide com a sua morte. O carcamano, carinhosamente chamado, era um líder nato e teria segurado com mão de ferro às rédeas da nossa rasteira política.
        
Passados agora 30 anos da sua morte, não cabe lamentar, pois mais cedo ou mais tarde todos partem. Fernando se foi e absolutamente nada foi feito para colocar alguém no seu lugar em nível municipal. A inércia das famílias ditas tradicionais incomoda e muito. Na qualidade de centenárias, caberia a elas a tarefa de cuidar bem dos destinos da nossa terra.

*Murilo Milhomem é jornalista, mora em Brasília

 

 

A Barra entre o tradicional e o periférico

*Marcos Pacheco

         “Na prática a teoria é outra”, expressa um conhecido aforismo sobre as infinitas discussões que buscam explicar a distância entre teoria e prática. Na política esse aforismo tem muito mais sentido do que comumente se imagina. De fato, desde que Maquiavel escreveu “O Príncipe”, na primeira metade do século 16, a política (na sua concepção mais ampla) deixou de ser tratada como acervo meramente moral e passou a ser encarada, também, como coisa prática e finalística. Maquiavel deu-lhe um caráter pragmático.
         Depois de Maquiavel muitos pensadores e autores dedicaram-se ao estudo e discussão da política, no seu eixo mais prático, isto é, onde as coisas realmente acontecem. Um desses pensadores é Spinoza (1632-1677), holandês, descendente de comerciantes judeus fugidos da inquisição portuguesa. Para Spinoza, o mais racional não é a razão dominar a emoção (para ele algo impossível), mas, sim, direcioná-la. Portanto, nada mais potente e revolucionário que a emoção direcionada pela razão. 
         Mas, o que Spinoza teria a ver com a fugaz carreira do nosso ex-prefeito e ex-deputado Fernando Falcão? (A quem vi pela última vez, em 1980 – na época preparava-me para o dificílimo vestibular de medicina, mas muito curioso na política – na casa do então vereador Adalberto Brasil).
         Explico. Na página 332 da excelente obra do nosso querido Professor Galeno Brandes (Barra do Corda na História do Maranhão) lê-se: “Em torno de Fernando Falcão, surgiu mais que um simples carisma, uma espécie de auréola de fascinação, que atingia com especialidade as comunidades rurais”. 
         Ora, a partir das décadas de 50 e 60, com a consolidação do grande projeto de assentamento, levado à frente na região central do Maranhão, Barra do Corda viu  se consolidar uma população rural bem delineada socialmente – em sua maioria imigrantes nordestinos, com predominância cearense e pernambucana que viam na região central do estado condições de vida melhor.
         Este é um momento de corte histórico importante. Já é  possível observar uma incipiente tensão cultural entre o denominado “centro” da cidade, onde residem as chamadas famílias tradicionais (não necessariamente mais ricas) e a “periferia”, esta representada pelo surgimento e crescimento dos bairros “periféricos”, formados pelas casas (para educação dos filhos), cujos pais são pequenos proprietários rurais. Estes bairros vão crescer como lócus dos outsiders (na feliz expressão do sociólogo Norbert Elias, para designar os “outros”, os de fora, os que não são “filhos da terra”, mesmo sendo, mas de outra ascendência).
         Ai está a espertícima política de Fernando Falcão. Ele era do “centro”, mas foi buscar força na “periferia”. Não se tratava de dominar a emoção dos outsiders, mas de direcioná-la. Ele representou uma ruptura sobre a tensão entre existente entre o centro e a periferia. Quando Galeno fala em “fascinação entre as comunidades rurais”, fica-nos a impressão de que Fernando Falcão, de fato, soube direcionar o “conatus” (expressão latina que Spinoza usa para designar o “esforço-desejo” de mudanças, neste caso, dos outsiders, ávidos por participar dos destinos políticos da cidade que escolheram para viver e criar seus filhos). 
         Lembro-me, ainda estudante no final da década de 70, do entusiasmo com que meu pai, Antonio Pacheco, se referia a Fernando; sentia-se representado pela altivez desse filho de Alberto e Aurora Falcão, comerciantes, também filhos de cearenses, mas que já estavam na Barra desde o século 19, portanto, típicos representantes do “centro” tradicional. 
         Já meu pai, neto de cearense e egresso de um desses povoados rurais de Barra do Corda, fundado por seu pai Cícero Pacheco, São Jose dos Pachecos (hoje São José do Mearim), era um típico meio-representante dos outsiders. Embora nascido na Barra, seu pai era originário das margens do Rio Parnaíba. Tinha em Fernando um representante e amigo.
         Como ainda nos lembra a obra de Professor Galeno: “Em torno dele (Fernando), a partir de então, nascera um pólo de atração (“conatus” spinoziano – observação nossa) que tomara corpo até que, em 1972, elegera-se prefeito de Barra do Corda, com expressiva votação, levando de vencida a candidatura respeitável do grande barra-cordense Carlos Augusto de Araújo Franco (este representando o “centro puro”, contra o qual Fernando e seu grupo se opunham – observação nossa). Mas Fernando, não se voltou contra o centro, e ai está sua grandeza. Soube sintetizar os sentimentos do centro e da periferia em um governo dinâmico e elegeu-se deputado com a maior votação proporcional já obtida na cidade por um político.
         Mas Fernando ainda nos deixou uma segunda lição. Montou uma equipe de trabalho muito interessante. Trouxe pessoas do “centro” para montar seu time técnico e pessoas da “periferia” para montar sua trupe política. Ele fazia com maestria um elo entre os seus administrativos que comandavam os diferentes setores da prefeitura (a aresta gerencial) e seus amigos de rodada política e farra (a festa social). Era uma receita que dava muito certo até seu passamento em fevereiro de 1980, vítima de um infarto cardíaco, na cidade de São Paulo. 
         Bem, não sei se Fernando leu Spinoza, mas posso dizer que a teoria spinoziana a ele se aplica no que tem de mais interessante – não se trata de dominar as emoções, mas de direcioná-las. Onde havia uma tensão, Fernando viu uma força; onde havia uma dificuldade ele conseguiu ver uma oportunidade. Sob sua hegemonia política, Barra do Corda experimentou um tempo de desenvolvimento e democracia, sem medo e sem cerceamento de idéias, ou corrupção desenfreada. 
         Embora fugaz, Fernando foi um consolidador de um tipo diferente de se fazer política e de se pensar o bem estar da cidade. Era muito arrojado. Elegeu-se prefeito, na época, pelo MDB – partido de oposição (o que dá mais grandeza ainda ao seu feito) e somente depois se tornou governista-arenista (mas também ninguém é perfeito). Contudo, foi um gestor pragmático. Na concepção de Max Weber, que também lhe pode ser aplicável, “não vivia da política, mas para a política”. Muito diferente do que vemos hodiernamente.

*Marcos Pacheco é ex-deputado estadual e vice-prefeito de Barra do Corda

(TB10fev2010)

 

 

Biografia
Há 30 anos morria Fernando Falcão

 

*Álvaro Braga

         Fernando Figueira Falcão, nasceu em 02.10.1942 em Barra do Corda, e faleceu em 09.02.1980, em São Paulo, vitimado por fulminante colapso cardíaco, quando procurava tratamento especializado justamente para problemas no seu coração. Na ocasião fazia-se acompanhar por sua mãe Aurora Figueira Falcão.
         Quando de seu falecimento, Fernando Falcão tinha exatos 37 anos, 4 meses e 7 dias de vida e estava no exercício do cargo de deputado estadual do Estado do Maranhão.
         Fernando era filho de Alberto Moussálem Falcão e Aurora Figueira Falcão, e descendia, pelo lado paterno, da tradicional família Falcão, que aportou em Barra do Corda, proveniente de Crateús, Estado do Ceará, na época da maior sêca ocorrida no Nordeste (1877-1879),através de seu bisavô, o rico comerciante Manoel Ferreira de Melo Falcão, o Deco Falcão.
         O interessante de sua origem, é que sua nobiliarquia também encontra eco na figura de sua avó paterna, D. Adélia Moussálem Falcão, esposa de seu avô Gerôncio Falcão, e que era irmã de D. Oadia Moussálem Salomão, que por sua vez era casada com o rico comerciante Manoel José Salomão. As duas, libanesas, nascidas em Zahle, no vale do Bekaa, assim como Manoel Salomão.
Seus avós maternos eram: Acrísio Figueira Muniz e Maria Nava Figueira e seus irmãos eram Régis e Alberto.
         Fernando iniciou seus estudos no Ginásio N. S. de Fátima, ainda aos 14 anos, e eu 1957 se transfere para o Rio de Janeiro, onde haviam muitos tios e primos, a fim de continuar seus estudos. Em 1965, aos 23 anos, volta para Barra do Corda, tendo em mente a idéia de ingressar na política local, para honrar o nome de seus ancestrais, já que sempre manifestou esse desejo desde os tempos de criança, e assim o faz, ingressando no grupo político do ex-deputado federal barra-cordense, Pedro Braga Filho, falecido em 1978. Anos depois é eleito presidente do Guajajara Iate Clube e projeta o seu nome no cenário social e político local.
         De sua família haviam sido prefeitos, o avô Gerôncio Falcão, no período de 1916-1918; seu primo em 2º grau, Edson Falcão da Costa Gomes, no período de 1961-1966; como secretário estadual de Saúde e Educação do governo de Sebastião Archer em 1947, o médico, seu tio, José Moussálem Falcão; e o contra-parente Ismael Salomão, deputado Constituinte do Maranhão em 1935.
         Em 1972 elege-se prefeito de Barra do Corda, ao vencer a disputa eleitoral com Carlos Augusto de Araújo Franco, e recebe o cargo do antecessor Lourival Pacheco, no dia 31.01.1973.
         Inicia o mandato com muitas obras, como a reforma do cemitério Campo da Paz, a construção de postos de saúde, a construção de escolas na zona rural, a construção da avenida JK, a conclusão do colégio CNEC, a manutenção de estradas, a construção de bueiros e açudes, poços artesianos, o assentamento de famílias nos povoados, prossegue com a demarcação de lotes urbanos na Altamira, dá os primeiros passos para a vinda do sinal de televisão para Barra do Corda e tem a especial preocupação com o sistema de abastecimento de água e eletrificação da cidade, tendo como braço direito na administração o secretário Jaldo Santos.
         Após a conclusão de seu mandato, no dia 31.01.1977, no qual foi o prefeito mais popular e mais carismático de toda a história de Barra do Corda, Fernando Falcão entrega o cargo a Alcione Guimarães Silva, que graças a uma peça de engenharia política, havia sido homologado como candidato único, manobra essa, permitida graças à conjuntura da época, em que a ARENA era o partido do governo, majoritário em todos os Estados. Isso em pleno regime militar autoritário, de exceção.
Depois de se desvincular do cargo de prefeito, Fernando assume como Administrador local do INCRA, que então chamava-se PIC/BC, e, com o apoio do presidente do Órgão, Lourenço Vieira da Silva, faz um grande trabalho, especialmente em relação ao assentamento de trabalhadores no campo, demarcação de lotes da Tresidela, abertura e conservação de estradas vicinais.
         Em 1978 concorre e ganha a disputa para uma vaga na Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão para o período de 1979 a 1983, juntamente com Artur Teixeira de Carvalho Filho, o filho do herói de guerra, o barra-cordense general Artur Teixeira de Carvalho, que faleceu em 1982, na qualidade de vice-governador.
         O mito Fernando Falcão, faleceu em pleno mandato de deputado estadual, no dia 09.02.1980, no centro da capital paulista, devido a complicações cardíacas. Assis Queiroz relembra o fato: “- Dona Aurora me disse que eles estavam dentro do carro, quando o Fernando teve o ataque do coração e morreu. Estavam retornando da clínica onde ele havia acabado de fazer todos os exames, e o médico disse que ele não tinha nada, que ele era um homem muito forte, sadio, que não tinha nenhum problema, e que ele tinha uma saúde de ferro.”
O coletor federal aposentado, Artur Rodrigues, amigo de Fernando, ilustra bem o fato com outros detalhes: 
         “– Aconteceram dois fatos interessantes. A secretária da clínica paulista trocou os eletrocardiogramas na hora de passar ao médico, o Dr. Rêgo, natural de Pedreiras. Ela tinha em mãos o eletro do Fernando, que apresentava distúrbios graves e o de uma outra pessoa que era sadio,e por engano, entregou o eletro errado para o médico, que analisou o exame positivo, e disse ao Fernando e à sua mãe que tudo estava bem com ele. Quando o Fernando morreu, dentro do carro, eles estavam indo fazer compras, muito felizes, já pensando em voltar à Barra. O outro episódio ocorrido foi que, dona Aurora veio de São Paulo, trazendo o corpo, aproveitando um vôo internacional que fazia escala em São Luís. Quando a família e amigos ficaram sabendo do óbito, imediatamente falaram com o governador João Castelo para conseguirem um avião para levar o caixão juntamente com a família para Barra do Corda. O governador andava meio ressabiado com o Fernando por conta dele não ter votado alguns projetos de interesse do governo, mas mesmo assim, pediu à sua esposa, Gardênia, que providenciasse o avião. No aeroporto, estavam presentes, que eu me lembro, além de meu filho Arturzinho, a Francisca, esposa do Fernando, o Cel. José Rui Salomão, o Zé Rossine Salomão, dona Helena Salomão e dona Guilnar Salomão. A dona Aurora desceu de um avião e já entrou no outro. O curioso que aconteceu em seguida foi que a porta do avião do Estado, estava aberta. O avião já estava taxeando na pista para partir para Barra do Corda, quando alguém da torre de comando falou alarmado, para o piloto da aeronave abortar a decolagem, para poder fechar a porta. Depois seguiu normalmente, cheio de gente. Eu não fui porque fiquei com medo, pois ia gente demais. Fui depois, para o enterro.”
Na chegada do corpo à Barra do Corda, o avião desceu na antiga pista de pouso da Altamira, e em seguida o cortejo fúnebre seguiu pela ladeira do corte, (que continha no alto da encosta uma verdadeira multidão) passando pela atual Praça do Sítio, seguindo com destino ao centro da cidade onde seria velado e visitado pela população, que fazia fila quilométrica para se despedir de seu amigo, no Salão Paroquial.
         A notícia chegou em ligação telefônica de São Paulo para o Quartel da Polícia Militar de Barra do Corda e o então tenente. Alcindo foi pessoalmente dar a notícia para a família. Lá chegando contou o acontecido para a dona Irenice, que acompanha a família Falcão há 46 anos, e ela imediatamente comunicou à dona Iolanda Figueira e depois foi à padaria Falcão falar do ocorrido para dona Rosita e a seu esposo Régis, irmão de Fernando, que ficou muito abalado. “- Foi um baque, ninguém esperava”, disse dona Rosita. Dona Iolanda Figueira imediatamente liga para Jaldo Santos. Depois, a notícia espalhou-se pela Barra como um rastilho de pólvora. O propagandista Iriodes Ramos Mandú, cuidou de narrar a triste notícia através de seu aparelhamento de som, a Voz de Santa Joana D’arc, que por sinal, tinha uma amplificadora armada no alto de uma velha palmeira que havia na Praça da Matriz, em frente ao bar do Benjamin Vanderly. Quem subia na palmeira para amarrar a amplificadora do Mandú era o Américo, que morava com a dona Zenóbia.
         As pessoas não acreditavam, estavam entre estupefatas e boquiabertas. Centenas de pessoas acorriam ao centro da cidade, que estava apinhada de gente. Moradores dos mais distantes povoados chegavam nas caminhonetes, e desciam dos paus-de-arara chorando. Isso mesmo: homens mulheres e crianças chorando convulsivamente a perda de alguém que tinham aprendido a gostar, a admirar e a respeitar.
         Durante o trajeto para o sepultamento, no cemitério Campo da Paz, e mesmo durante a cerimônia religiosa , oficiada por Frei Jesualdo, à beira do túmulo, todos queriam se revezar um pouco, segurando uma das alças do caixão. Foi um verdadeiro transe coletivo, dantes nunca visto em nossa cidade.
         Algum tempo depois era inaugurada na Praça Mello Uchôa uma estátua com o busto de Fernando Falcão, uma homenagem singela e ao mesmo tempo significativa, que contou com a presença de seus amigos, familiares e da população em geral. Na solenidade, entre outros, estavam presentes, o Duque do Giz Zezé Arruda, dona Aurora Falcão, Tatá Milhomem, Alcione Guimarães e Isamor, Yêdo Lobão, Jaldo Santos, Riba Bezerra, Nonato Cruz, Samira Falcão, sobrinha de Fernando, que levou um buquê de flores até a estátua, e outras pessoas, tudo em forte clima de emoção.
         Em 1996, aconteceu a emancipação de diversos povoados de Barra do Corda, da região do sertão, que foram elevados à categoria de cidade, e a mesma, como forma de homenagem, passou a se chamar Fernando Falcão, englobando as localidades Leandro, Buriti, Sítio dos Arrudas, Bacabal dos Maciel, Muquém, Escalvado, Maravilha, Caititú, São José, Bacuri, Ribeirão, Papagaio e outros. A sede do novo município ficou situada no antigo povoado Jenipapo dos Resplandes, na divisa com a cidade de Mirador.
         Uma bonita praça situada no bairro Incra, às margens do rio Mearim também leva o seu nome. O mesmo para a biblioteca do Município.
Fernando Falcão, ao partir para a eternidade, deixou a esposa, Francisca Freire Falcão, e as quatro filhas, Fernanda, Karla, Rafiza e Farid, todas morando atualmente em Brasília-DF.
         Deixou, principalmente, muitas saudades no coração do povo barra-cordense, que não o esquece, mesmo transcorridos 30 anos.

*Álvaro Braga é historiador, mora em Barra do Corda

(TB9fev2010)

 

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