Aniversário
A cidade e o homem
A Manoel Rodrigues de Mello Uchôa verdadeiro herói barra-cordense
jornal Turma da Barra

O voo rasante da gralha
Das minhas contemplações
Leva imagens da Barra
De eternas recordações
(FB de Carvalho)

*Francisco Brito

            Nesta sexta-feira (3) Barra do Corda faz 178 anos, mas quem ganha o presente somos nós barra-cordenses. Ainda adolescente após concluir o então 1º Grau, hoje Ensino Fundamental, no Colégio Nossa Senhora de Fátima, deixava a cidade e os meus amores para lançar-me no aventureiro mundo desconhecido das oportunidades.
            Desde a minha curta passagem pela capital São Luís até fincar meus pés no solo da auspiciosa Brasília, sofri os mais terríveis dias de saudades da minha terra. O que mais me aliviou a ruinosa falta de viver na Barra foram as relações amigáveis de conterrâneos, e as muitas atividades que desenvolvi com outros barra-cordenses residentes no Distrito Federal, aliado ao trabalho profissional, onde resultou vários movimentos culturais, artísticos e sociais difundindo a Colônia Maranhense na capital federal.
            Gosto de uma definição do poeta Hagamenon de Jesus sobre a analogia entre a cidade e o homem: “Como todos sabemos, as cidades são fundadas, as cidades surgem a partir de um anseio dos homens, a partir de suas necessidades. Mas, passados os anos, as cidades passam, também, a forjar os homens, a fazer parte de seu ser”. Assim, auto defino a minha relação com Barra do Corda. Não consigo andar noutros lugares sem falar da minha terra. Porque ela está intrinsecamente arraigada em mim. Como uma sentença impositiva, aquela em que o sujeito não tem livre escolha, entretanto, a minha satisfação é incomensurável. Nós, barra-cordenses, que um dia saímos em busca de novos horizontes para viver melhor, no sentido genérico profissional e financeiro, e não voltamos mais, somos embaixadores na escala referencial de identidade cordina.
            Sou um barra-cordense convicto que permeia entre a razão e a emoção. Pela razoabilidade quando temos que cobrar o progresso da cidade e o bem-estar de sua gente, por intermédio dos políticos que foram eleitos pelo povo para bem administrar o município cordino. E no aspecto sentimental, quando representamos e defendemos o nome da cidade onde quer que estejamos.
            Todavia, esse meu derramar de palavras, muitas vezes proverbializado poeticamente, que sai do profundo da minha alma, não seria suficiente ou de reconhecida gratidão, se pelos menos não lembrássemos de mencionar, Manoel Rodrigues de Mello Uchôa, o heróico fundador da então Barra do Rio das Cordas, que infelizmente morreu pobre em 1866 na própria cidade.
            Tenho ressaltado reiteradas vezes, que Barra do Corda nasceu privilegiada pela natureza contendo na sua geografia a junção de dois rios circundados por uma vegetação fenomenal. Segundo o jornalista Heider Moraes acentua, o rio Corda e o Mearim possuem um fenômeno único no planeta terra até então conhecido, onde o Corda tem águas claras e fria, enquanto o Mearim possui suas águas esverdeadas e morna de corredeiras e se entrelaçam no seu curso abaixo numa ação idilicamente poética.
            No campo da cultura sobressaem poetas, escritores, jornalistas, magistrados de reconhecido saber e notoriedade além-fronteiras do Brasil. Há de se destacar entre figuras ilustres, personagens como Frederico Figueira, Clodoaldo Cardoso, Maranhão Sobrinho, Olímpio Cruz, Antônio Almeida, Fernando Falcão, Galeno Brandes, entre muitos outros. E ainda continua a gerar filhos com destacado pendor para as letras e outros campos do conhecimento.
            São vários fatores que se podem elencar na Barra que possam determinar o seu desenvolvimento. O turismo tem um enorme potencial e merece ser lembrado urgentemente para impulsionar e fortalecer a sua maior fonte de renda que gira em torno do comércio, para atrair outros seguimentos da economia local.
            E, assim vamos seguindo, eu e a cidade, mesmo que separados quilômetros à distância. Mas, estamos conectados numa rede de sentimentos que só vai se romper no dia que as minhas cinzas forem lançadas no rio Corda para além da profundidade de suas águas. Porque “o homem está na cidade/assim como uma coisa está em outra/e a cidade está no homem/que está em outra cidade”.
            Parabéns, para sempre minha Princesa do Sertão!

*Francisco Brito é poeta e escritor, mora em São Luís (MA)

 

 

Degraus a civilização
jornal Turma da Barra

Eu que me proponho sempre a questionar, a pensar à frente, 
me sinto obrigado a emitir as perguntas que seguem. Temos mesmo motivos pra comemorar? Poderíamos em 178 anos nos encontrar em estágio melhor que o vivido? E quanto às mudanças necessárias, as estruturais, culturais e políticas, viram antes do segundo centenário?

*Marcos Venicius

            Parabéns! Parabéns a nossa romântica Barra do Corda que incrementa sua história nessa permanente incursão pelo tempo. Que os anos que batem a porta sejam de felicidades progressos a totalidade do povo.
            Vamos aos trabalhos! No período em que estive ausente (em publicações) aproveitei para observar e refletir as múltiplas dimensões da sociedade cordina. Seus fenômenos, seus personagens e sua história. Guardando as proporções produzi com precariedade uma breve análise conjuntural.
            Nesta sexta de tanta comemoração, deslumbre e festejo, venho expor reflexões consideráveis ao estágio atual da sociedade de Barra do Corda. Em minha análise de conjuntura pude identificar pontos que obstaculizam a construção de uma comunidade melhor. Degraus que devemos superar rumo ao triunfo de uma civilização mais inclusiva e aprazível a todos. Uma cidade próspera em aparência e conteúdo, onde os sujeitos possam realizar-se em suas subjetividades características.
            Barra do Corda em seus 178 anos ostenta problemas estruturais e culturais. A infraestrutura segue sendo um calcanhar para uma vida menos sofrida. Saneamento é um sonho a si galgar, mas como outros pontos a serem tratados aqui, trata-se este de um ponto comum a diversos espaços do país, fato que necessariamente não nos deve acomodar. A saúde também segue o panorama nacional com especificidades com a gestão política. O trânsito é trágico, violento e vitrine da necessidade de educação ética.
            Jovens seguem em sua relação fatal de amor e irresponsabilidade protagonizada sob suas motocicletas. A educação tem potencial, mas também segue tendências haja vista o tratamento que recebe da esfera de poder. A política ainda está longe de se pautar pela coerência administrativa e segue sendo objeto de disputa particular e empreendedora. A evolução patrimonial inexplicável de nossos eleitos segue como sempre foi. Violência patrimonial e contra a vida tem crescido de modo alarmante. Os problemas sociais acompanham o crescimento urbano e geográfico da cidade. As drogas são popularizadas aos jovens em quaisquer eventos que se frequente. O preconceito étnico com a população indígena enraizado também segue.
            Ainda reina em Barra do Corda o conservadorismo alicerçado no senso comum e popular de nítida formação cristã. O mercado de trabalho segue atrofiado pela economia concentradora de grandes grupos. As melhores cabeças seguem tocando seus projetos individuais esquecendo a terra mãe. A juventude segue vagando a esmo, hora tenta sobreviver, hora destruir-se, temo por ume geração política perdida. São os filhos da política de coronéis e capatazes. São vários os pontos de modo que mereceriam um estudo mais complexo e dedicado.
            Eu que me proponho sempre a questionar, a pensar à frente, me sinto obrigado a emitir as perguntas que seguem. Temos mesmo motivos pra comemorar? Poderíamos em 178 anos nos encontrar em estágio melhor que o vivido? E quanto às mudanças necessárias, as estruturais, culturais e políticas, viram antes do segundo centenário?
            Neste dia de festas julgo estas questões importantíssimas. Aos leitores fiéis deste veículo, o meu abraço.

*Marcos Venicius é estudante da UnB, mora em Brasília (DF)

 

 

Ecos
jornal Turma da Barra

*Ruben Anjos

                E lá nos sertões do Nordeste, bem no centro do Maranhão existe uma princesa muito bela. A minha Barra do Corda - MA, tão amada por quem a conhece.
                Parabéns pelos 178 anos de puro encanto, histórias e alegrias. 
                E assim por um cearense que ao chegar em ti, se tornou maranhense e para sempre quis ficar e na confluência de tuas águas barrentas e escuras desfrutar. 
                Barra do Corda, palco de grandes e importantes momentos. Tenho orgulho de ser barra-cordense. 
                Alegro-me quando em ti vejo em crescimento e aplaudo de pé quando vejo algum conterrâneo atingir grandes patamares. 
                O meu coração se aperta quando ouço o hino e a canção cordina. Lembro-me do meu povo humilde, trabalhador, de pais e mães que trabalham duramente para verem os seus filhos crescerem. 
                E no berço dessa princesa tão acolhedora de todos os povos, raças e tribos do meu peito é mais querida. 
                Aqui tão longe da minha princesa, me sinto como Gonçalves Dias, expressando tamanha saudades na "Canção do Exílio". 
                Feliz Aniversário e que possamos brilhar cada vez mais. Todos te amam com um peito varonil. Obrigado à todos que compõem cada pedaço da história da nossa maravilhosa cidade. 

*Ruben Anjos é estudante de Engenharia da Universidade do Tocantins, mora em Palmas (TO)

 

 

Homenagem à cidade de Barra do Corda
jornal Turma da Barra

*Joab Ferreira

            Nossa humilde cidade, o meu singelo recanto de fraternidade, felizmente nas tuas ruas desfila a paz e a harmonia e, debaixo de tuas casas cresce a sinceridade de um povo humilde e batalhador que ainda aspira os benefícios do desenvolvimento, que tanto esse povo almeja vislumbrando um futuro promissor.
            Barra do Corda, a nossa princesa do sertão, que tantos barra-cordenses do seu passado, do presente e com certeza no futuro que cantaram, cantam e cantarão em versos e prosas as belezas naturais, culturais que inspira teus poetas.
            Que exaltam e tornam presente no cenário maranhense e brasileiro. Viva e presente na vida do teu povo que busca a redenção através de quem de ti cuida. Por ser cordino e acreditar no melhor para esse povo, faço a referência ao um amigo “ Luís Campeão”. - Barra do Corda, tu és minha porra!...
            Parabéns aos 178 aniversário.

Dedico esta humilde mensagem em homenagem ao 178 aniversário de minha cidade, àqueles que têm contribuído para que ela se tornasse esse ambiente agradável pra se viver.

*Joab Ferreira mora em Barra do Corda (MA)

 

Barra do Corda de 178 anos
jornal Turma da Barra

 

*Cezar Braga

            Nesse ano de 2013, Barra do Corda comemora seus 178 anos de descobrimento e eu comemoro 40 anos de Barra do Corda.
            Pois é, há 178 o cearense Melo Uchoa descobria Barra do Corda e, há 40 anos eu conhecia e me apaixonava por ela.
            Há anos, acredito que desde 2004 me vejo junto, com outros filhos dessa hospitaleira cidade escrevendo no dia do seu aniversário.
            Muitos já escreveram sobre o imenso amor que nutrem pela cidade, outras já descreveram sua belezas naturais, seus rios, suas matas, seus montes, seu clima e, principalmente seu povo, amigo, hospitaleiro e pacato.
            Outros mais, falaram sobre seus problemas, desfiaram um rosário de mazelas e outras tantas soluções.
            Já escreveram sobre o que seria uma cidade ideal, a cidade dos sonhos dos filhos que lhe amam.
            Já exaltaram seus poetas, escritores e os homens de bem.
            Nesse aniversário o que deveremos dizer? Quem deveremos homenagear?
            Acho que muitos poderiam ser os eleitos, o Heider Moraes pela persistência do seu brilhante trabalho jornalístico, o Álvaro Braga pela dimensão que ele tem dados a história de Barra do Corda e de seus filhos, ilustres ou não, aí a grande diferença de outros historiadores, afinal com seus trabalhos é possível manter viva a cidadania do povo e tentar resgatar a sua dignidade.
            Mas, pensando bem, sem deixar de render as homenagens merecidas a estes dois grandes baluartes da luta por melhores dias para nossa querida cidade, sem esquecer sua história e de quem a fez, vamos homenagear seu povo, o único que participa de todos seus aniversários, que sofre com a maneira como sua cidade é tratada e, que se alegra por ela, simplesmente assim, por ela ser a Barra do Corda, sempre linda e acima de tudo, nossa.
            E, para homenagear o povo da Barra do Corda, nesse aniversário de 178 anos, vamos pedir a presença de um ilustre e indispensável personagem , a glamourosa e, ansiosamente e sempre esperada, esperança.
            A esperança de que as cosias melhorem deve ser o mote desse aniversário de 2013, pois foi o povo com seu voto que iniciou mudanças, mudanças que nos encheram dela, a esperança de melhores dias, de mais transparência com a coisa pública.
            Eu, já disse outras vezes, que o grande problema dos nossos governantes não é o simples fato de não fazerem, de não cumprirem suas promessas, não é só isso que nos deixa tristes, o que, realmente nos entristece, é o roubo de nossas esperanças.
            Para se manter as esperanças, precisamos de outros predicados, e o principal é a coragem, coragem para esperar. Esse tipo de esperança que nutrimos é sinônimo de espera e, para se esperar, às vezes inutilmente, é preciso de coragem, muita coragem.
            Portanto nesse aniversário de Barra do Corda, vamos desejar a todos os que amam essa cidade, que tenham muita coragem, coragem para esperar, coragem para manter viva as esperanças.
            Mais do que isso, é necessário muita coragem para se partir para o embate, para a luta pelas conquistas que almejamos. A esperança é importante, mas não é suficiente. Ela sozinha não ganha a luta, mas sem ela a luta se acovarda, fraqueja e acaba.
            Paulo Freire já dizia que não há esperança na pura espera, tampouco se alcança o que se almeja na espera pura.
            Precisamos dessa imensa esperança, para começarmos a luta, pois sem a luta, a esperança se torna desesperança e, quem sabe, no futuro desespero.
            Pois bem, a coragem para enfrentar os problemas, de iniciar a luta necessária para que tornemos realidade nossas esperanças, a coragem para não ficarmos só esperando as coisas acontecerem, talvez seja a resposta à indagação de Clarice Lispector: “Mas se através de tudo corre a esperança, então a coisa é atingida. No entanto a esperança não é para amanhã. A esperança é este instante. Precisa-se dar outro nome a certo tipo de esperança porque esta palavra significa sobretudo espera. A esperança é já. Deve haver uma palavra que signifique o que quero dizer.”
            Concluindo meus parabéns à Barra do Corda, quando digo que a esperança e a luta devem ser companheiras e, que nós devemos alimentar esperanças e intensificar a luta, com força e sem desespero, nada melhor que relembrar versos da canção de Ivan Lins e Vitor Martins, na canção Desesperar jamais (1979): “Desesperar jamais/Aprendemos muito nesses anos/Afinal de contas não tem cabimento/Entregar o jogo no primeiro tempo/Nada de correr da raia/Nada de morrer na praia/Nada! Nada! Nada de esquecer/No balanço de perdas e danos/Já tivemos muitos desenganos/Já tivemos muito que chorar/ Mas agora, acho que chegou a hora/De fazer valer o dito popular/Desesperar jamais/Cutucou por baixo, o de cima cai/Desesperar jamais/Cutucou com jeito, não levanta mais”.

*Cezar Braga é cronista e engenheiro, mora em São Luís (MA)

 

Rio Corda 
jornal Turma da Barra

*Renilton Barros

Rio Corda, uma artéria no sertão maranhense
Em teu leito corre o líquido que dá vida
Alento para todos que ti sorvem
Renovo nas paisagens por onde passas
Deixando, também, a saudade no coração de quem partiu.

Do alto de tua nascente
Contemplas o nascer do sol, ocasos e o luar do sertão
Vês também tardes fagueiras que se perdem no tempo.
E o percurso que fazes, é só de ida
Chegas, enfim, à amplidão do azul do mar.

Rio Corda, tua história com a nossa se mistura.
Tuas águas correm pelas margens que te espreitam.
Levas contigo galhos e folhas caídas
Assim como as lágrimas do nosso rosto
E as lembranças guardadas no peito.

Vendo-te na vazão das tuas corredeiras
Nem imaginamos a pequenez da tua nascente
Vais avolumando lentamente
Inundando matas, várzeas e vazantes
Deleitando-nos em tuas águas correntes.

Rio Corda que acumulas areia na prainha
Construindo barrancos e ilhas
Aonde aves e animais vêm saciar a sua sede
Borboletas multicoloridas enfeitam o chão
Voam em disparada quando assustadas.

O vento e a água fria junto com o calor do sol escaldante
Tocam o meu corpo amiúde
Tal qual um afago da mãe natureza,
E nesses encontros e incidências
Tu segues o teu próprio curso, e nós, os nossos próprios caminhos.


*Renilton Barros é cronista e poeta, mora em Brasília (DF)

 

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