Aniversário
Barra do Corda - 178 anos
Que reencontres o teu caminho
jornal Turma da BarraBarra do Corda, vida minha, nesses teus 178 de muita história e consagração,
gostaria de te pedir reflexão!
Mire em teu passado glorioso que te fez forte,
busque nos mais belos exemplos que já passaram por tuas ruas,
rios e rincões e renove-se!*Alex Macedo
O cheiro que sinto é de um saudosismo indescritível. Pareço ter ao meu lado uma das pessoas mais importantes de minha vida. Mesmo sem conseguir ver realmente seu rosto, sinto que quem está a me guiar por corredores que, pouco a pouco, começam a se mostrar familiares é ela: dona Rosa, minha avó. Os corredores pelos quais andamos são aqueles que jamais sairão de minha memória: os corredores do Colégio Nossa Senhora de Fátima.
Primeiro, subimos as escadas - que a mim sempre pareceram dar um ar mais aristocrático ao famoso Diocesano- e chegamos, então, ao segundo andar. A essência da história desse centro do saber penetra fortemente pelas minhas narinas... É como se, a cada passada, sentisse o odor característico proveniente das grossas batinas capuchinhas e, dessa forma, mesmo não os tendo em minha frente, pudesse enxergar os rostos de diretores que firmaram seus nomes na história da instituição. É como se tivesse a percorrer os corredores de um museu no qual o primeiro rosto a aparecer é o de Frei Lauro.
Frei Lauro... Aquele italiano que sempre tentou passar uma mensagem de dureza, mas em cujo sorriso era possível notar um belo ar de ternura. Mesmo não tendo tido uma vida escolar com diretores que antecederam Frei Lauro Maria Crivellaro, posso sentir uma presença familiar advindas de diretores como Frei Jesualdo Lázzari, Dom Marcelino de Milão e Frei Lamberto de Boltieri, o primeiro diretor.
Percebo isto e noto que, estranhamente, as paredes tomam outras formas: estão sem reboco, como estivesse o prédio em construção. De repente, sou posicionado no início da escada em que subira à pouco. Diante de mim: uma placa, a de fundação do Colégio Nossa Senhora de Fátima. Me sinto um personagem de Woody Allen, no filme "Meia Noite em Paris", convivendo com pessoas de um período que não é o meu. Cenas confusas, sentimentos saudosos, como tudo fosse um sonho.
E as cenas descritas realmente são as de um sonho. Um sonho que teve seu fechamento com uma luz azul forte e a certeza de que nela tínhamos algo de espiritual e puro, que me remetia à Nossa Senhora de Fátima. Cenas místicas soltas com as quais busquei construir um mosaico norteador em minha vida, desde então.
Ali eu tinha uma figura maternal a me guiar dentro de um ambiente que me formou como ser humano, ambiente este de uma uma história consagrada no conhecimento - um lugar que possibilitou grandes transformações em Barra do Corda.
O sonho me possibilitou mirar também horizontes de renovação, ao me fazer "vivenciar" o momento do nascimento daquilo que é parte essencial de mim: o próprio colégio.
Temos o desfecho de uma luz que possui pra mim uma simbologia de pureza e espiritualismo. Como se me afirmasse que essa renovação deve ser feita nos moldes da retidão. Uma mensagem "superior" que encaminho à minha querida Barra do Corda, nesse 3 de maio!
Barra do Corda, vida minha, nesses teus 178 de muita história e consagração, gostaria de te pedir reflexão!
Mire em teu passado glorioso que te fez forte, busque nos mais belos exemplos que já passaram por tuas ruas, rios e rincões e renove-se!
Renove-se buscando um horizonte de glórias, despindo-se de vícios que te colocam no atraso.
Retorne à tua fonte de saber, na qual encontramos personagens que te colocaram a anos-luzes de desenvolvimento, em comparação a outros locais, quando por ti passaram.
Mire-se, pois, na educação que um dia te fez gigante, reerga-se e siga por um caminho puro. As renovações parecem querer aparecer, resta-nos saber se te lembrarás da luz azul que te iluminará!
Feliz Aniversário!
*Alex Macedo – numa profundidade jamais vista, é editor do TB
Poesia
jornal Turma da Barra
A Academia de Letras de Barra do Corda
não poderia ficar inerte diante das comemorações
alusivas aos 178 anos de nossa querida Barra do CordaBarra
Admirada, vivo a te contemplar... barra querida...
*Tâmara Pinto é ex-secretária de Cultura, mora em Barra do Corda
No centro do Maranhão e no limiar do sertão... estás fincada...
Ès uma cidade?
Ou uma princesa ... como dizem os grandes mestres?
Certamente... és muito mais...
É uma poesia na alma dos poetas...
Uma canção primaveril em notas musicais...
Tua beleza e encantos te cercam nas encostas... onde muitos te cantam...
Na trilha do sol, guardam-te os montes... onde banham-te o corda e o mearim...
Revendo o passado...encontro filhos ilustres que enriqueceram tua história, política, social e cultural...
Diante do futuro... cada vez mais tens filhos que elevam teu nome...
Barra querida...
Quem te vê e banha em tuas aguas... jamais te esquece...
E, se bem me escutas..."verás que um filho teu não foge à luta"...
A cada dia, no teu seio, o coração bate mais forte... "terra adorada"...
Parabéns Barra do Corda... que Deus continue iluminando seus filhos que lutam por nossa cidade.
Homenagem da acadêmica
Tâmara Pinto aos 178 anos de Barra do Corda - MA
Barra do Corda – 178 anos
jornal Turma da Barra
Nostalgia... Rio do tempo e das lembranças – 3 de maio de 835
*Creomildo Cavalhedo Leite
5h00 horas da manhã do dia 3 de maio de 2013, ao repicar os sinos em Barra do Corda, estarei longe no que tange ao aspecto físico da matéria, todavia, bem presente com as lembranças da minha infância, dos bons momentos, dos lugares que, ficaram gravados com cinzel ou ponteira de diamante na memória e com certeza o rio do tempo, que se escoa rumo ao oceano da eternidade, não conseguirão apagá-las da minha mente; são, as boas lembranças e os verdadeiros sonhos da juventude que, nos impulsionam a remar contra a correnteza e nadar contra a maré dos tempos.
Assim aconteceu com muitos heróis anônimos da nossa própria história, alguns tentaram, lutaram, entretanto, enquanto estiveram solitários, não conseguiram avançar; algumas páginas para serem escritas, os atores do palco principal, tiveram que, somar forças com pessoas desconhecidas, permutar experiências e até com seus desafetos de outros ciclos momentâneos da história e da sua existência.
Ao mergulhar no portal do rio do tempo, para trazer à tona alguns flash escritos em jornais de circulação na Província do Maranhão, escolhi um momento festivo na nossa cidade, uma comemoração sobre a Independência do Brasil, e que, evoca algumas lembranças do ano de 1847, e deixa registrado para a posteridade vários nomes de peso daquele tempo, nomes que fazem parte história; aqueles que, foram para aquelas paragens, por acreditarem que o quadrante escolhido para implantar Barra do Corda, era o Ideal e o melhor porque, possuía rios abundantes.
“O Dia 7 de Setembro – Festejado na Barra do Corda - Corria o mez de Agosto pretérito, quando reunidos os tabelliães deste termo, Antonio Gonçalves de Abreu, Pedro Alexandrino Gualberto de Macêdo Leão, em casa do primeiro, para accordarem sobre o modo de festejarem o dia 7 de Setembro Anniversário da Independência do Império, resolveram reunir alguns amigos afim de orçarem as despezas e subcreverem para ellas; e achando ânimos dispostos assentaram no seguinte Programma:...
(...) Era o Dia: 28 de Agosto, em que o Festejo foi assim delineado. Para logo desenvolveu-se em muitos Corações Barrenses o Ardor Patriótico de tal sorte que era um ‘Fervel Opus’.
Assistiram ao TE-ADEUM os Sr Juiz Municipal da Comarca (...), que presidia a todos os actos; o Subdelegado em Exercício, Henrique José de Menezes; Juiz de Paz, Manoel Raimundo Maciel Parente; Presidente da Câmara Municipal, Antonio Pereira Ramos, e os respectivos Membros, Damião Marques de Oliveira, João Alves da Silva, Manoel Alves da Silva, e Raimundo Manoel Pinto; o Professor Público de Primeiras Letras e Agente das Collectorias Francisco de Mello Albuquerque; o Director Parcial dos Índios Guajajaras, João da Cunha Alcanfor, os Inspectores de Quarteirões Manoel Francisco Miranda e Raimundo Nonnato de Araujo Borboleta, todos com seus Distinctivos; os Cidadãos Brasileiros adaptivos Antonio Manoel Pinto e Manoel Antonio de Faria, e muitos outros Cidadãos, (...) que a mencionarmos seus nomes, seria um nunca acabar.
(...) À uma hora da tarde do Dia 7, uma salva de 21 tiros como às 5 da manhã, fazia recordar ao Povo Barrense; quam grande e memorável é o Dia que se festejava. Em falta de uma banda de música, organizou-se uma pequena harmonia, cujos instrumentos foram habilmente executados; pelos Cidadãos Thomaz Gomes de Aquino, cego desde a infância, e de uma habilidade rara para com diversos instrumentos; Cypriano José dos Reis, e pelo Cidadão Antonio Monteiro, os quaes tocaram os alegres hynos da Independência (...) e outras peças de música (...).
A Barra do Corda, que ainda em 1847, era uma rústica freguezia filial da Villa da Chapada, é hoje, sem exageração a melhor das Villas do Interior da Província; já pelo clima salubre, e já por outras proporções que a torna credora de tal menção.
Além dos Tabelliães Abreu e Leão concorrem e influirão para o Festejo, os senhores: João da Cunha Alcanfor, Frederico Augusto de Sousa, Manoel Carlos da Silva, Francisco de Melo Albuquerque, Manoel Francisco de Miranda, Faustino Joaquim Rodrigues, Henrique José de Menezes, Manoel Alves da Silva, Odorico Valcacer de Oliveira, Raimundo Manoel Pinto e MANOEL RAIMUNDO MACIEL PARENTE; este ancião sobre o ser respeitável em todo o sentido é UM DOS que ajudou o Senhor MANOEL RODRIGUES DE MELLO UCHÔA, na árdua tarefa do Descobrimento, (Fundação) e Povoação do lugar da BARRA DO CORDA.
Não podemos deixar de estampar algumas débeis, porém sinceras expressões, como manifestação da Saudade e Sentimento, porque passamos durante o nosso Festejo, por estar ausente o nosso dedicado e prestante Amigo, o Senhor Tenente Coronel JOÃO DA COSTA ALECRIM, um dos Mártyres da nossa Emancipação Política, Restaurador de Caxias do Despótico domínio do execrando Fidié.“ – Maranhão – Quinta-Feira, 14 de Outubro de 1858”.
Esta memorável data, nos faz lembrar outros gigantes que ajudaram escrever páginas da nossa história, desde seu nascedouro, na pacificação das Nações Indígenas, na abertura de estradas para escoação da produção, transporte de gado e ligação por terra com outras Vilas, dentre os muitos nomes e fatos desta epopeia, citarei outra passagem histórica, leiamos:
“ – Tendo se de estabelecer uma povoação na Barra do Rio da Corda, sendo esta empreza dirigida pelo cidadão MANOEL RODRIGUES DE MELLO UCHÔA; e convido auxilia-la todos os meios possíveis, attentas as grandes utilidades que della podem resultar; eu recommendo a V. S. que providencêe convenientemente para que os Índios submetidos à sua Direção prestem os socorros que pelo mencionado Cidadão Uchôa forem requisitados para o fim de promover o augmento do estabelecimento por elle projectado (...). Deos Guarde a V. S. – Maranhão em 26 de Maio de 1837. – Francisco Bibiano de Castro. - Senhor: DIOGO LOPES DE ARAUJO SALLES.
Parabéns! Comunidade cordina e um convite à nova geração – Conheça a história dessa bela cidade, uma pérola do sertão maranhense a Irradiar luz, calor e conhecimento.
“(...) minha única desculpa o sincero desejo que tenho de ser útil a uma terra que faz bater todos os dias o meu coração, e entretanto perdoem a loquacidade do ingênuo e fiel.” Alto-Mearim 27 de maio de 1847.
Palmas – TO, 3 de maio de 2013
*Creomildo Cavalhedo Leite é pesquisador e estudante de Filosofia da Universidade Federal do Tocantins em Palmas (TO)
Barra do Corda – 178 anos
jornal Turma da Barra
*Luiz Carlos
Painel arquitetônico
Riqueza secular
Evocações históricas
Décadas memoráveis
Palco de vivências
Berço de sonhos
Urbe de desejos.
Memória escrita no relevo
Reescrita no sentimento
Passado para ser revivido
Presente para ser vivido
Futuro para ser construído.
Idealizada nos seus traçados
Marcada pela sua simbologia
Calvário panorâmico
Hidrografia híbrida
Etnias singulares
Miscigenação complexa.
Praça imponente
Matriz reluzente
Academia seleta
Passado de uma plêiade
De escritores notáveis
Que a faz
Atenas maranhense.
Cotidiano bucólico
Ares da pobreza franciscana
Cultura jornalística
Cidade ritualística
Urbe mistagógica
Essência soberba
Coração misterioso.
178 anos de fascínio
178 anos de espíritos orgulhosos independentes
178 anos de elegância
178 anos de educação esmerada
178 anos de formosura.
Afinal esta urbe
É de encantar.
*Luiz Carlos Rodrigues da Silva é professor e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Barra do Corda(4mai2013)