Entrevista: Álvaro Braga
ABL tem que reencontrar
seu papel histórico e cultural

jornal Turma da Barra

 


Álvaro Braga
Barra-cordense que nasceu em Fortaleza

 

            Um dos novos membros da Academia Barra-Cordense de Letras é o escritor e historiador Álvaro Braga, que vai ocupar a cadeira de nº 8 na vaga de William Figueira, o qual o fundador é Frederico Figueira, um dos monstros sagrados do jornalismo, da literatura e da política barra-cordense.
            Álvaro Braga é o entrevistado do TB para falar sobre a expectativa quanto à sua chegada à Casa do poeta Maranhão Sobrinho, o qual afirma que a Academia Barra-Cordense de Letras tem que "reencontrar urgentemente o papel histórico e cultural que a ela cabe”.
            Álvaro Venícius de Oliveira Braga tem 48 anos, nasceu no distrito de Parangaba, em Fortaleza (CE), é casado pela segunda vez, tem quatro filhos, dois casais (Amanda 17 anos, Ludmila 13, do seu primeiro casamento, além de Iarley 4, e Gustavo 3 do seu segundo casamento com Joelma Pereira, que nasceu em Fernando Falcão.
            É filho de Ramyse Braga e Izabeth Araújo Oliveira e tem sete irmãos: Marconi, Paulo, Eugênio, Simone, Mirian, Ivan e Mayra Braga. Na Barra descobriu que é parente de José Nogueira Arruda, o Duque de Giz, que também é descendente dos Bragas do Ceará, bem como do cronista do TB, Cezar Braga, que nasceu na também cearense Quixadá.
            É funcionário público federal aprovado em concurso público em 1984, quando ingressou no extinto IAPAS, em Parnaíba, no Piauí. Foi chefe do Serviço de Arrecadação e Fiscalização do ex-IAPAS de 1987 a 1991. Com a fusão dos antigos Institutos, ingressou no INSS, sendo consecutivamente chefe do Serviço Financeiro, Seção de |Infração e Dívida Ativa, Seção de Recursos Humanos.
            Foi eleito servidor padrão do Piauí em 1995, recebendo em Brasília medalha e diploma do então ministro da Previdência Social. Cursou Administração de Empresas pela UFPI - Universidade Federal do Piauí em 1987.
            Militou pelo PTB em 1996 e pelo PT em 1998, quando participou da campanha de Lula no Piauí. Em 1999 abandona a militância política por ter se desencantado com a militância partidária.
            Atendendo a convites assume a chefia do Serviço de Arrecadação e Fiscalização da Agência do INSS de Imperatriz, no Maranhão, de 2002 a 2004. Em 2003, ao trabalhar algum tempo em Barra do Corda, conhece melhor a cidade, gosta e traça planos para uma futura transferência.
            Em 2004, transfere-se de Imperatriz para Barra do Corda, sendo lotado no INSS, para exercer a chefia do Serviço de Arrecadação Previdenciária.
            Atualmente possui dois livros em fase de preparação: História do Futebol de Barra do Corda e Memória Fotográfica de Barra do Corda.
            Ao ser perguntado onde nasceu, Álvaro Braga, o Venícius para a redação do TB, costuma responder: - Sou um barra-cordense que nasceu em Fortaleza!
            Abaixo a entrevista:

Turma - Qual o significado que tem a tua posse na ABL?

Álvaro - Representa uma grande alegria e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade. Imagine o que é tomar assento numa cadeira que foi do poeta William Stead Figueira, com toda a história que o cerca? O patrono dessa cadeira, Frederico Figueira, dispensa comentários pela grandiosidade de sua obra e que além de ter fundado o jornal O Norte, juntamente com uma constelação de patriotas republicanos, ocupou o cargo de Vice-Governador do Maranhão, chegando mesmo a assumir interinamente o cargo de Governador, única vez que um político representando Barra do Corda chegou tão longe. Tal feito seria quase igualado pelo genuíno barra-cordense, o general Artur Teixeira de Carvalho, que faleceu na qualidade de Vice-Governador, na iminência de assumir o cargo de Governador.

Turma - O que se pode dizer da ABL e das outras instituições histórico-culturais no atual contexto cultural barra-cordense?

Álvaro – A Academia Barra-Cordense de Letras tem que reencontrar urgentemente o papel histórico e cultural que a ela cabe, e para isso o poder público municipal é peça importantíssima. Tem que haver uma maior compreensão de nossos gestores sobre o papel de uma Academia de Letras em uma sociedade como a nossa e destinar a ela recursos suficientes para se fomentar cultura de qualidade. Temos aí espalhados pela cidade milhares de estudantes que necessitam de atividades culturais e esportivas e uma parceria entre a ABL e a prefeitura é o mínimo que se pode desejar. Por outro lado temos a Casa do Artesão, Atual Ponto de Cultura Fazendo Arte, que funciona graças à abnegação de sua presidente, que mesmo com a saúde precária conduz aquela casa, com a ajuda de uns poucos e ainda promove eventos culturais. Não é possível que aquela Casa não tenha uma subvenção fixa mensal de qualidade para poder dar continuidade aos seus projetos, que são muitos. Se dona Francisquinha pudesse realizar todos os seus sonhos, e tivesse a tranquilidade para isso, já estaríamos com o Festival de Cinema na Praça; com o Grupo de Teatro Barra-Cordense; com o Curso de Renda e Bilro; com a Escola de Artes Plásticas; com a Feira de Comidas Típicas de Barra do Corda e tantas outas coisas que ela tem em mente. Tá faltando incentivo. Sobre a Casa de Cultura Galeno Brandes que vive graças à guerreira Dona Alda Brandes, no vigor de seus 81 anos e que deveria servir como exemplo para todos, pela abnegação e exemplo de vida. O espaço útil da Casa de Cultura há muito já se exauriu. Atualmente ela guarda em casa, pelos cômodos as diversas peças históricas que recebe como doação das pessoas conscientes em preservar nossa história. Uma idéia que surgiu na cabeça de pessoas preocupadas em resguardar essas relíquias foi, de conseguir a cessão e reforma do prédio onde funciona a Cadeia Pública e Delegacia de Polícia, no centro da cidade, no dia dia em que este Órgão sair do centro da cidade. A reforma teria que preservar a toda a arquitetura e fachada original. Isso seria o ideal, pois além da simbologia, já que o local onde funciona a Cadeia é, atualmente o prédio “mais antigo” de Barra-Corda, juntamente com a casa da professora Coracy Piauilino, filha de João Ângelo, também poderia abrigar o Museu de Barra-Corda e um local permanente para Exposições de Arte. O IHGBC – Instituto Histórico e Geográfico de Barra do Corda após a reestruturação de seu Quadro, necessita firmar parcerias para a consecução de seus projetos, como lutar por um decreto sobre a preservação dos velhos casarões do centro da Barra; da compra do local onde ainda existe a antiga Estação de Passageiros do velho Aeroporto da Altamira, que é urgente pois sobre essa “Casinha” paira constante ameaça de demolição para se construir um casa. A Arcádia Barra-Cordense precisa se reunir também em São Luís, com os membros lá residentes, pelo menos uma vez por bimestre, em reuniões alternadas com Barra do Corda para maior interação entre seus membros, e elaboração de bons projetos, como o Auto de Natal, e a Revista da Arcádia.

Turma - De imediato, qual a ideia que o novo membro vai defender na ABL?

Álvaro – Em primeiro lugar, a realização de reuniões a cada dois meses, com envio de convites, data e horário definidos. Sem esse primeiro passo nada será possível fazer.

Turma - Qual a importância para a cultura barra-cordense de Frederico Figueira e William Figueira, um é o fundador da tua cadeira na ABL, outro ocupou a cadeira que ora estás assumindo?

Álvaro- A importância de Frederico Figueira para Barra do Corda precisa ser melhor divulgada para que todos conheçam sua vida e obra. Jornalista fundador do jornal O Norte em 1888, juntamente com Isaac Martins, Antônio da Rocha Lima e Dunshee de Abranches, seu idealismo e pendores políticos o transformaram em um líder respeitado. De baixa estatura é poderoso na oratória, e sua grandeza moral o levou a ser uma dos maiores representantes políticos de Barra do Corda em todos os tempos.
Como curiosidade cito apenas sobre a informação de que ele trouxe para Barra do Corda, de uma viagem que fez ao Rio de Janeiro, em 1912, período em que esteve como Governador do Maranhão interino, as palmeiras imperiais que ornamentavam a velha praça da Matriz. 
Consta que a sua morte em 1924 levou para o Cemitério Campo da Paz um dos maiores cortejos fúnebres de todos os tempos, com sinal de admiração e respeito que os munícipes devotavam ao seu velho líder.
 
O poeta William Stead Figueira, cedo ainda deixou Barra do Corda, indo morar no Rio de Janeiro, a levar para a vida inteira toda a nostalgia que sentia de sua terra natal e do Educandário São José da Providência, onde estudou as primeiras letras. 
Filho de Acrísio Figueira Muniz e Maroca Nava, William Figueira ganhou esse nome “Stead” de sua mãe, que sonhou, antes de seu nascimento com o espírito do escritor inglês William Stead, morto no naufrágio do Titanic em 1912 e que pedia a ela que colocasse no pequeno o seu nome. 
Como eram espíritas kardecistas e acreditavam na reencarnação e na imortalidade da alma, a sugestão foi aceita. O poeta William possuía um estilo ácido que deixou admiradores por todo o Brasil, notadamente em Barra do Corda através do jornal Turma da Barra da época feito em papel e em Cabo frio, onde publicava suas obras primas no tablóide “O Vampiro”. Faleceu em 2007.

Leia também entrevista com o presidente da ABL, Eurico Arruda: Clique aqui

 

(TB21jun2011)