Artigo
Canção do exilado
jornal Turma da Barra

 


Ruben Anjos

"Quero de volta a tranquilidade da minha terra, 
o clima de família que sempre imperou no sertão maranhense!
"

*Ruben Anjos

            Princesa do Sertão, marcada por lutas e vitórias. Assim deu-se o desenvolvimento da nossa estimada Barra do Corda. Grandes homens e mulheres deram a sua contribuição para a história desta bela cidade consolidada pela garra de não se contentar apenas com o superficial. Por muito tempo, essa Princesa viveu entre ruas calmas, e clima familiar, em que pessoas podiam andar livremente, sentar-se às portas das moradias e tudo era brando. Tomar banho nos rios a qualquer momento do dia era permitido porque era seguro.
            Infelizmente, a Princesa encontra-se acuada em casarões com arames, em suas muralhas e cercas elétricas, e sua calmaria já não é como antes. O povo vive amedrontado por essa inibição de “falhas” que estão dominando e levando ao caos, tirando a paz de espírito que a Princesa do Sertão detinha no seu dia a dia.
            Como o saudoso Gonçalves Dias, sentimos saudades da nossa terra, mesmo estando longe. Almejamos, no retorno, encontrar os cantos do sabiá, os burbúrios das lavadeiras de roupas às margens dos rios, cantarolando e não horrorizadas com as notícias de que os “pássaros voaram eternamente”. Quero de volta a tranquilidade da minha terra, o clima de família que sempre imperou no sertão maranhense!
            Então, a nossa Princesa agora chora pelos pássaros que voam e voaram e nunca mais poderão cantar. Peço às águas que correm nos rios da nossa Barra do Corda revigorarem os sonhos, os corações e regarem as nossas raízes pelos primores que já não encontro cá. Que Deus me permita voltar à minha terra onde tem os rios, onde o canto do sabiá sempre existirá.

*Ruben Anjos é estudante de Engenharia Elétrica na Universidade do Tocantins em Palmas (TO)


(TB1
4dez2014)

 

Artigo
A leitura como um meio de libertação 
jornal Turma da Barra

Ruben Anjos, barra-cordense de 20 anos, 
que mora no bairro Altamira,
e prestes a se transferir para Palmas (TO) para cursar Engenharia, 
é multicultural: É músico, ator, escritor e poeta. 
No seu primeiro artigo no TB, onde a redação dá às boas-vindas, 
Anjos defende a implantação de uma feira do livro em Barra do Corda.
 Leia o artigo

*Ruben Anjos

            Com a chegada da família Real Portuguesa no Brasil trouxeram uma das maiores bibliotecas reais, com acervos de livros riquíssimos. Mas nem todos tinham acesso aos livros, os mais privilegiados eram os filhos de grandes fazendeiros daquela época e pouco eram os interessados por leituras.
            A nossa sociedade herdou com o advento da coroa portuguesa, marcas que ainda vemos no cotidiano das famílias brasileiras, ou seja, um país que não cultivou o hábito da leitura. Sendo que a leitura é de extrema importância, pois leva o leitor ao conhecimento científico e do mundo, ela amplia o entendimento de mundo, propicia ao acesso à informação com autonomia, permite o exercício da fantasia e da imaginação e estimula a reflexão crítica, debate e a troca de id
éias. Faz-se uma necessidade concreta para a aquisição de significados.
            A importância social da leitura passa, portanto, pela construção do usuário dos sistemas da informação, isto é, a própria leitura que vai habilitar os indivíduos a se conhecerem, a se pensarem e a poderem decidir. Sendo que é a leitura que pode dimensionar o lugar do homem na construção de uma sociedade mais justa, equilibrada, que todos nós buscamos.
            Aos donos do poder não convém que as classes desprivilegiadas produzam ou expressem suas próprias idéias, convém à elite manipular o povo, poder aliená-lo da participação da construção de um país melhor. Torna-se mais maleável um povo que permanece com consciência ingênua, que não seja capaz de tecer críticas ou racionalizar fatos.
            Contudo, é necessário a implantação da “Feira do Livro” em nosso calendário barra-cordense, algo consagrado aos cidadãos. Pois sabemos que a família, escola e a sociedade são elementos básicos para a formação, em primeiro momento, vincula-se ao contexto familiar, se há presença de livros, leitores e situações de leitura nesse ambiente familiar.
            É indispensável para a criança que haja exemplos de leitura, já que ela aprende por meio de imitações do comportamento alheio para então se executar o que foi assimilado na vida. Mas infelizmente a maioria das famílias que passam por muitos problemas de caráter familiar, social e econômico não consegue passar nenhum tipo de estímulo para seus filhos. Assim, cabe a nós cidadãos de Barra do Corda, lutarmos por investimentos em educação e implantação cultural da Feira do Livro em nossa cidade, cobrando às autoridades. Todavia, estaremos buscando caminhos para solucionar o péssimo quadro de educação que abrange quase que geral o nosso país, para então tornar leitores e críticos conscientes. Sabe-se que esta não é uma tarefa das mais fáceis, pois como temos presenciado o “livro” tornou-se um último veículo da cadeia de transmissão cultural.
            Porém, essa questão só depende de uma opção política na tentativa de melhorar a qualidade de ensino e tirar os alunos da ignorância através da leitura.

*Ruben Anjos, 20 anos, músico, ator, escritor e poeta


(TB24set2011)