Aniversário
Campinas festeja os 90 anos do barra-cordense Cláudio Roland
jornal Turma da Barra

 


Foto comemorativa dos 90 anos de Cláudio Roland

O barra-cordense Cláudio Roland completa exatamente nesta sexta-feira, 5 de agosto, 90 anos de idade. Atualmente, morando em Campinas (SP), é casado com Glacy Mendes, tem quatro filhos e netos. O historiador Álvaro Braga conta-nos um pouco mais desse barra-cordense, formado em Engenharia civil, e que é autor de obras importantes por todo país, como o porto de Itaqui e a rodovia Transamazônica. 

*Álvaro Braga


            Campinas está em festa nesse dia para comemorar juntamente com toda sua família e amigos os 90 anos do barra-cordense Cláudio Gonzaga Roland.
            Em contato telefônico com o homenageado percebi o imenso amor que ele dedica ao rio Corda, pois volta em meia ele toca em seu nome.
            Esse amor é tamanho que uma vez ele chegou à Barra do Corda por volta de 1 hora da madrugada e não aguentou a ansiedade de esperar até de manhã e se dirigiu ao rio Corda, para mergulhar e nadar por horas.
            Por certo ali foram trocadas confidências e juras de amor eterno. Uma coisa idílica.
            Ao saber da data e comemorações solicitei cópia de um jornal que a família confeccionou para a data festiva e recebi autorização para aqui reproduzi-lo junto com algumas fotos, para conhecimento de todos.
            Filho do major Luiz Gonzaga Roland e Maria de Sousa Milhomem Roland (Yayá), Cláudio Gonzaga Roland, o 10º filho, nasceu no dia 5 de agosto de 1921, em Barra do Corda.
            Estudou as primeiras letras no Externato Frederico Figueira e guarda recônditas lembranças de sua professora Neusa Ayres.
            Em 1925, com a ameaça da invasão de Barra do Corda pela Coluna Prestes de Luis Carlos Prestes e Isidoro Lopes, refugiam-se na casa de Perryn Smith na Vila Canadá, já que eram presbiterianos.
            Aos nove anos Cláudio sai de casa para estudar em São Luís. Aos 16 anos foi concluir os estudos em Fortaleza. Aos 18 anos serviu à Aeronáutica e, apesar das dificuldades, a situação melhorou quando ele passou no concurso do DASP e foi nomeado para trabalhar em Curitiba, onde começou seu curso de Engenharia Civil.
            Transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso em 1949.
            Cláudio praticava esportes desde a infância, foi atleta do clube Fluminense, participando de diversas competições de natação.
            Casou-se em 7 de julho de 1957 com Glacy Mendes Roland, na igreja Nossa Senhora de Copacabana/RJ.
            Dessa união nasceram os quatro filhos, Luís Cláudio, Glaciane, Ivaldo e Flávio. Eles moravam no Rio de Janeiro, no bairro das Laranjeiras, mas, quando as crianças começaram a crescer, resolveram ir para um sítio em Jacarepaguá.
            Por achar que o Rio estava ficando muito perigoso para criar os seus filhos resolve se mudar para Campinas, devido à proximidade com São Paulo capital, onde trabalhava. Ali vivem até hoje.
            Em 21 de abril de 1960 assistiu à inauguração de Brasília e deu o seguinte relato: “Apesar de ter participado como engenheiro, da construção da Câmara dos Deputados, por intermédio de meu amigo Neiva Moreira, não consegui acomodação em nenhum hotel, e eu e minha esposa Glacy tivemos que dormir no carro.”
            Em 1964 Cláudio Gonzaga Roland foi mais uma vítima da ditadura militar, quando foi detido no Ministério da Guerra por várias horas, para prestar esclarecimentos, obtendo a liberdade por intermédio de seu cunhado o General Euzébio da Cunha Mendes, que na época era major e se responsabilizou por seus atos.
            Em 1969, durante as obras da duplicação da via Dutra, Cláudio Roland por trabalhar demais e ter pouco tempo para descansar, sofreu um acidente automobilístico. Teve vários ferimentos graves, resultando na amputação do braço esquerdo. Ficou muitos meses na cama em recuperação. Nessa época, Mário Andreazza, Ministro dos Transportes, seu amigo, mandou-lhe uma carta, acreditando em seu restabelecimento, pois já contava com Cláudio para comandar seus homens na construção da Transamazônica.
            Em 1972  Cláudio Roland trabalhou na construção da Transamazônica, vivendo em um acampamento com mais de 32 trabalhadores sob o seu comando, no meio da selva.
            Para sobreviver tiveram que caçar animais silvestres como pacas, tatus, macacos e cotias para se alimentar.
            Outro episódio curioso foi ele ser desafiado por estudantes do Projeto Rondon a atravessar o rio Xingu (800 m) a nado, com um braço só. E foi o vencedor.
            Participou também de obras de engenharia pelos diversos aeroportos brasileiros.
            Entre seus projetos mais conhecidos está o Porto de Itaqui, em São Luís. Dele também é o projeto do prédio da Academia Barra-Cordense de Letras.
            Em 1983 Cláudio se aposentou após 42 anos trabalhando pelo Brasil. Nos últimos 10 anos trabalhou como consultor técnico do BNDES, mais uma contribuição dele para este país.
            Todos os anos Cláudio se encontra com seus colegas de faculdade para comemorar mais um ano de formatura. Em 2009 completaram 60 anos de formados.
            Cláudio se sente responsável pela entrada de José Sarney na vida pública: por volta de 1959, quando morava nas Laranjeiras, no Rio de Janeiro, houve uma reunião secreta em seu apartamento, de alguns deputados, dentre eles, Neiva Moreira, José Sarney, Clodomir Millet, maranhenses insatisfeitos com o domínio político do senador Vitorino Freire. Eles escolheriam um líder político para derrubar o senador. Houve empate entre Neiva Moreira e José Sarney, e, como dono da casa. Cláudio Roland deu o voto de desempate (voto de minerva), indicando assim José Sarney para liderar o movimento, começando assim sua ascensão política.
            Em todas as eleições Cláudio se fez presente nas urnas, por acreditar que o voto é sempre importante.
            Em julho de 2007, Claúdio e Glacy comemoraram 50 anos de casados com uma grande festa.
            Nestes 90 anos de vida esse jovem idoso para todos que o conhecem um otimismo contagiante, e uma grande vontade de viver. Não cultiva mágoas, rancores ou ressentimentos, Não faz recriminações a quem quer que seja.
            Por isso seus netos Thiago, Matheus, Victor, Giovanna, Flavinho, José Cláudio e Lívia fizeram a seguinte convocação:
            “Estão convidados todos aqueles que conhecem e queiram prestar sua homenagem a Cláudio Gonzaga Roland, a comparecer no dia 6 de agosto de 2011, das 12h30 às 7h30, ao Condomínio Queresmeiras, em Campinas- SP, para a comemoração de seus 90 anos de vida.”
            É membro da ABL – Academia Barra-Cordense de Letras, ocupando a Cadeira nº 18, cujo patrono é o seu pai Luiz Gonzaga Roland.

*Álvaro Braga é historiador e membro da Academia Barra-Cordense de Letras e mora em Barra do Corda – MA


Jornal comemora 90 anos de Cláudio Roland

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(TB5ago2011)