Crônica
Torcerei pelo Brasil
jornal Turma da Barra


Renilton Barros

"Vendo as páginas sociais da internet, 
deparo-me com uma matéria do apresentador global das tardes de domingo, revoltado com a realização da copa no Brasil. Pergunto-me porque somente agora ele assume tal posição
"

*Renilton Barros

           
A copa, enfim, começou. Nas cidades sedes a bola rola a “torta e direita”, afinal foram anos a fio à espera do show máximo do futebol mundial.
            Embora este expectador não seja mais o mesmo de algumas décadas atrás, época onde o futebol era jogado de corpo e alma, sangue e suor, e não como hoje é visto, pois o mesmo estar mais para palco, show, dinheiro, e muito dinheiro em jogo (literalmente).
            Desde a infância sempre gostei de esportes, mas a cada ano e a cada geração passada deixei a fé nos esporte e me converti numa espécie de “ateu” esportivo. O entusiasmo aos poucos se tornou em frustração.
            Já não tenho mais aquela gana de torce, ainda mais quando o time de minha preferência se encontra na “zona” (risos).
            Os jogos agora são travados nos tribunais ou à surdina dos porões onde a luz da decência e do tal “fair play” nunca fizeram ou fazem parte.
            Arriscaria até dizer que os resultados já vêm pré-determinados, mas e os jogos? Mera formalidade, ledo engano, apenas cumprir tabela para justificar as negociações. É o que penso.
            Mas...
            Vendo as páginas sociais da internet, deparo-me com uma matéria do apresentador global das tardes de domingo, revoltado com a realização da copa no Brasil. Pergunto-me porque somente agora ele assume tal posição, uma vez que nas edições anteriores ele era responsável pelos sorteios de carros e outros prêmios. Teria ele ficado “de fora” no repartir do bolo?
            Arguições como esta só me levam a confirmar o que já desconfio: não existe este ou aquele lado, existe apenas o lado que ganha e o lado que perde. E ninguém quer ficar do lado perdedor.
            Mas sim, vai ter copa, aliás, ela já estar acontecendo, e independentemente de manifestações contrárias por causa da situação político/financeira do nosso país “uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa”, devemos (e vamos) demonstrar a nossa insatisfação com os rumos políticos nas urnas que é o local apropriado para isso. Já nos basta a copa com seus próprios males e/ou benefícios.
             Aceitamos em 2007 quando o Brasil se ofereceu para sediar. Não houve manifestações de sindicatos chamando as pessoas para fazerem greve, nem tampouco fomos obrigados a lançar a candidatura, porque somente agora vamos nos pronunciar?
            Embora desacreditado das boas intenções desses eventos esportivos, não posso ser levado à posição de “aproveitador” para tirar ou levar vantagem diante da copa e conseguir benefícios pessoais (mesmo que todos levem algum), pois agindo assim não seria nem melhor ou pior, seria igual a eles.
            Foi assim durante a copa das confederações, estar sendo assim nesta copa e certamente o será nas Olimpíadas. Veremos.
            Corrupção, desvios de verbas e outros verbetes conhecido no meio político, levam-nos a ver o dinheiro investido nos estádios e por isso (acredito eu) surja o desejo em ver investimentos também em áreas sociais, daí, talvez, a “nossa” indignação com esta copa. Será?
             Melhor mesmo é usar o bom-senso e torcer pelo Brasil. Torcer para que o Brasil desponte no cenário nacional e mundial como uma potência sócio-político-financeira, e não apenas no futebol.
            Mas se ganharmos a copa, melhor ainda, afinal, Brasil é Brasil.


*Renilton Barros é poeta e cronista, mora em Brasília (DF)

(TB14jun2014/nº244)

 

Crônica
Tempo ou a falta dele
jornal Turma da Barra

"Não sei de onde “brota” tantas crianças para fazerem inscrições 
e concorrer às vagas que aparecem (quando aparecem), pois que foi contemplado dificilmente abrirá mão da mesma
"

*Renilton Barros

            Caramba! Já são seis de junho de dois mil e catorze, mal iniciamos o ano e já estamos beirando o fim do primeiro semestre. (?)
            Sinceramente, tenho medo dessa celeridade com que o tempo, de umas décadas pra cá, tem passado.
            Mesmo sabendo que todos os anos é sempre a mesma coisa: janeiro/ano novo, fevereiro/carnaval/início de ano letivo, março, abril..., e por aí vai, e já chegamos a junho e suas festas juninas, início da copa, copa?
            Pois é, eis a copa do mundo de futebol, e certamente futebol se encontra entre os assuntos que rendem boas conversas e discussões, juntamente com política e mulher (bom, pelo menos pra quem gosta dessas coisas).
            Mas não quero falar sobre esses temas, quero voltar ao tema central dessa crônica e falar do tempo, o meu tempo, ou melhor, a falta dele.
            Acredito que o Heider deve estar sem jeito em me “cobrar” a participação neste espaço, e eu sempre dando a mesma desculpa: estou sem tempo, o que, na verdade, nem é especificamente a falta desse tempo, mas sim, cabeça pra pensar em assuntos que pudesse abordar e escrever sobre eles.
            Ultimamente a única coisa que me vem à mente é escola, turmas, alunos e agora pra coroar a cabeça com mais cabelos brancos as tais creches públicas.
            Não sei de onde “brota” tantas crianças para fazerem inscrições e concorrer às vagas que aparecem (quando aparecem), pois que foi contemplado dificilmente abrirá mão da mesma.
            Bom, também não quero falar sobre isso, mas voltando ao tema..., penso que a culpa dessa sensação de que o tempo estar voando é do volume de tarefas que nos incumbimos, das responsabilidades assumidas e da diversidade de opções que temos hoje em dia.
            Nos idos passados as pessoas estudavam, se formavam, trabalhavam e pronto. Ficavam naquele trabalho pela vida toda, com o resto do tempo pra preencher com o que quisessem.
            Hoje são tantas as ocupações que, o que nos falta agora é o tempo para administrá-las. Família, filhos, serviço, estudos, laser (?), são tantas coisas que ocupam o nosso viver que quando aparece um minuto sem nada pra fazer, levamos até um susto achando que tem algo errado, fora do comum, e com isso logo tratamos de arrumar algo ou alguma maneira de nos ocuparmos.
            Talvez seja por isso que temos a sensação de dias corridos, mas na verdade quem corre somos nós, e às vezes não nos damos ao prazer de ficarmos parado, apenas divagando.
            E é nessa correria que me encontro. Às vezes a ansiedade toma conta que não tenho tempo nem pra adoecer, dirá, tirar um tempo pra contemplar os entardeceres, a lua, as estrelas...
            Acho que estou precisando tirar umas férias de mim mesmo e me dar um tempo pra viver melhor a vida.
            Dentre todos esses afazeres, tinha um que todas as quintas-feiras me fazia refletir em outras coisas diferentes do meu contexto diário, e por isso hoje eu dei conta de fazer: parar o tempo um pouquinho pra escrever esta crônica.

*Renilton Barros é poeta e cronista, mora em Brasília (DF)

(TB7jun2014/nº243)

 

Crônica
Não foi (ainda) dessa vez
jornal Turma da Barra

"Mas tudo bem, falta pouco para o ano acabar. Já já chega o natal, fim de ano festas, expectativas, anseios, promessas, ano eleitoral e todos os fichas-sujas com suas caras limpas sendo reeleitos para voltar às práticas de antes"

*Renilton Barros

            Nada contra ninguém, ou melhor, tenho sim. Diante de tudo o que vemos no cenário jurídico/político e ver que, quem manda neste país é realmente o judiciário, tenho algo contra alguém, ou, melhor dizendo, contra o judiciário deste país.
            Não dá pra compreender o que houve neste imbróglio todo para, diante de um julgamento em que fatos foram vistos à exaustão, o julgamento
foi realizado, as sentenças proferidas e na hora “H” para prender os meliantes o “rojão” dá xabu? Paciência.
            Mudanças na interpretação da lei? Ou seriam políticas? Com a chegada dos “novos” militantes, digo, ministros, a votação mudou; o que era maioria tornou-se minoria e o julgamento agora toma outro rumo.
            Sinceramente, a cada dia que passa, sinto-me mais enojado e indignado com todo esse circo montado em torno desse assunto.
            A República Federativa do Brasil em seus mais de 500 anos de existência, e em seu Regime Democrático de Direito, hoje deixou de existir. Não somos uma república, somos uma..., uma..., uma.., somos o que o STF decidir o que somos. Fomos feitos de idiotas, tolos em achar que algum figurão político iria para a cadeia por seus crimes.
            Como citei no primeiro parágrafo, quem manda no Brasil é o judiciário, porque na ausência de leis específicas ou obscuras em suas multifaces, ficamos à mercê das interpretações de Vossas Excelências que assim o fazem como bem lhes parece ou como melhor lhes é orientado para fazer.
            Com um placar empatado, ficamos na dependência de um único homem. Homem este que nos primeiros capítulos desse dramalhão pior do que novela mexicana, desqualificara todo esse emaranhado de corrupção, e corruptores estes que agora terão um novo julgamento e suas penas abrandadas, e pior (coisa que eu tenho como certo) não irão para a cadeia.
            Mas tudo bem, falta pouco para o ano acabar. Já já chega o natal, fim de ano festas, expectativas, anseios, promessas, ano eleitoral e todos os fichas-sujas com suas caras limpas sendo reeleitos para voltar às práticas de antes.
            E tudo graças à lentidão do judiciário, às brechas propositais das leis, ao sistema paternalista com que a nossa elite governou e ainda governa este país, enfim, a todo esse entrelaçado jogo político que acabou por contaminar a casa guardiã da Lei Magna do país: Meu Deus! Que Suprema Ironia.

*Renilton Barros é poeta e cronista, mora em Brasília (DF)

(TB20set2013/nº242)

 

Crônica
STF a instância final?
jornal Turma da Barra

 

"No meu modesto pensamento, vejo isso como um verdadeiro atentado à sede de justiça do povo brasileiro, que, cansado de ver tanta roubalheira, ainda acredita que tais meliantes possam ser presos julgados e condenados como qualquer outro que infringe as leis."

            Estamos vendo algo quase inédito no Brasil. A última instância do judiciário, pasmem, não e a última instância, eles ainda têm que julgar suas próprias decisões nos tais embargos infringentes.
            Vou valer-me de uma frase de uma personagem dos quadrinhos por nome Mafalda, quando ela disse: “Odeio oligarquias, e quando souber o que é isso, vou odiar ainda mais”, para reportar-me a esse imbróglio jurídico sem fim e dizer que, odeio a morosidade e a burocracia que se instalaram em nossos tribunais e enquanto existir esse tal de embargo infringente vou odiar ainda mais.
            Mas vamos pensar positivo e vermos este momento como, diante das solicitações dos advogados dos réus, uma oportunidade para eles (os ministros) darem uma última olhada se realmente o julgamento foi bem ou não, e se podem mudar ou não as suas sentenças ou para ver quem ganha o que e com quem, e por aí vai.
            Mas tudo bem, já que nada neste país é absoluto mesmo, tudo é relativo, entendo que até no STF as decisões tomadas são relativas, ainda mais quando envolvem vultos “importantes” de nossa sociedade, pessoas com uma conduta moral “exemplar” e que não podem ser maculadas diante de uma decisão judicial qualquer, diante de fatos “duvidosos” ou “inverídicos (?)
            No meu modesto pensamento, vejo isso como um verdadeiro atentado à sede de justiça do povo brasileiro, que, cansado de ver tanta roubalheira, ainda acredita que tais meliantes possam ser presos julgados e condenados como qualquer outro que infringe as leis.
            Bem sei que, aplicar as leis neste país de qualquer maneira ou jeito, pode levar réus à prisão injustamente, mas sinceramente, demorar nove longos anos para chegarmos ao ponto em que chegamos, e vermos as sentenças dadas pela instância jurídica deste país, questionadas, chega a ser revoltante e o que poderia ser uma aplicação da justiça aos bandidos, passa a ser uma injustiça para com o povo brasileiro.
            Pelo que parece, as leis existentes neste país culminam para que nada se conclua, nada se feche em termos de julgamentos de pessoas ditas importantes.
             Neste julgamento que estamos vendo, não se trata de quem sabe mais ou menos, trata-se de quem pode mais ou menos, e nessa disputa não se leva em conta o que é melhor para o Brasil, mas sim, para quem pode mais, quem tem mais poder.
            Seguindo este pensamento, se o STF não bater o martelo em definitivo nesta questão, para nós ele deixou de ser a instância máxima do judiciário neste país. Para eles nós brasileiros comuns não existimos. O mensalão não passou de um fruto de uma imaginação fértil de alguém que recebia alguma vantagem, deixou de receber, e como qualquer filhinho de mamãe mimado, gritou, esperneou, abriu o verbo e causou todo esse emaranhado de encontro e desencontro de informações.
            Vamos aguardar as próximas cenas dessa peça teatral que, “seria cômica se não fosse trágica”.

*Renilton Barros é poeta e cronista, mora em Brasília (DF)

(TB13set2013/nº241)