Homenagem
Poemas para Dia Nacional da Poesia
jornal Turma da Barra
 

No Dia Nacional da Poesia, dia 14 de março,
data em homenagem ao nascimento ao genial poeta baiano Castro Alves (1847 – 1871),
o TB publica quatro poemas de barra-cordenses: Alex Maninho, estudante de Direito;
Urias Matos, poeta e cronista; Mário Helder, economista e poeta e o soneto Sóror Tereza,
do genial poeta barra-cordense Maranhão Sobrinho (1879 – 1915)
 

Poesia urbana

*Alex Maninho

Minha poesia urbana é um texto cinzento,
Incolor e Insípido.

Um simples derramar de palavras
Que se aglutinam na busca de um sentido,
Mas não encontram significado algum.

Minha poesia urbana é um texto sem nexo,
Encharcado de palavras vazias escolhidas sem critérios,
E Jogadas numa folha de papel qualquer.

É suja,
Desalinhada.
[Dissimulada]

Minha poesia urbana é uma cidade calada
Sob a névoa de uma chuva torrencial,
E de nada fala.

Minha poesia urbana é um copo de cachaça,
[das fortes]
Dessas que desce queimando a garganta,
Sem deixar gosto algum.

Minha poesia urbana não tem propósito,
Minha poesia urbana...
Nem mesmo é poesia!

*Alex Maninho, estudante de Direito, mora em São Luís (MA)

 

Fios de seda

*Urias Matos

Pedes ao papai água na madrugada
Berra, esperneia quando acorda e não o vê
Pedes com razão atenção demasiada
Música... Gagau... Cacau... TV...

Ah, essa cabelo lindos fios de seda
Riso que me alegra inda que quase morto
Afirma dia-a-dia embora quase não ceda
Que pra vida cruel sim inda resta conforto

Tua voz me acalma nas tempestasdes internas
Quando assombram e reinam os Deuses do terror
Com teus beijos me amansas as terríveis feras
Quando em selva me cerca a tristeza e a dor

Como poderia eu viver sem tua presença
Bocejo matinal a me saudar bons dias
És bem mais que a mais bela criança
Serás sempre meu pequeno, Júnior Urias

*Urias Matos é poeta e cronista, mora em São Luís (MA)

 

Beija

*Mário Helder

Equilíbrio ao ponto
Asas ao vento
És tu colibris
Com todo esse encanto
Tirando néctar da flor
És tu colibris
Magia colorida
Rebuscando o amor
És tu colibris
Vigilante ao ninho
Sugando os jardins.
És tu colibris
A beijar as orquídeas
Bafejando os girassóis
Não estás a sós.

*Mário Helder é economista e poeta, mora em São Luís (MA)

 

Soror Tereza

*Maranhão Sobrinho


... E um dia as monjas foram dar com ela
morta, da cor de um sonho de noivado,
no silêncio cristão da estreita cela,
lábios nos lábios de um Crucificado...

somente a luz de uma piedosa vela
ungia, como um óleo derramado,
o aposento tristíssimo de aquela
que morrera num sonho, sem pecado...

Todo o mosteiro encheu-se de tristeza,
e ninguém soube de que dor escrava
morrera a divinal soror Teresa...

Não creio que, de amor, a morte venha,
mas, sei que a vida da soror boiava
dentro dos olhos do Senhor da Penha...

Do livro "Papéis Velhos... Roídos pela Traça do Símbolo, 1908

*Maranhão Sobrinho nasceu em Barra do Corda em 25 de dezembro de 1879, morreu em Manaus a 25 de dezembro de 1915

 

 

(TB14mar2012)