Crônica
Jorge Amado – O centenário
jornal Turma da Barra

"Jorge Amado é um dos mais dignos representantes da cultura literária brasileira. Sua obra literária é imensa, superando a casa de 50 títulos, importando sua herança nas perspectivas que abriu, formulando um nacionalismo descritivista, postulando e usando uma nova linguagem"

*Nonato Silva

            Em 10 de agosto de 1912, Ilhéus-BA dava à Bahia e ao Brasil um dos seus mais lídimos e fecundos escritores, que fazem o nosso orgulho das letras.
            Pertence ele à época “coloquial, picante, desavergonhado, irônico”.
            Tem boa passagem pela literatura, na ordem dos “malandros, os espertos, o bafio”, ao lado de Lima Barreto e Marques Rebelo.
            Sua monumental obra tem, por base, a exposição e a análise, em moldes realistas e modernistas, dos cenários do campo e de cidades baianas.
            E, de logo, é filiado à corrente regionalista da literatura do nordeste, com firmes raízes viradas para a literatura nacional, profetizando um Brasil melhor.
            De espírito irrequieto e pensamento fulminante, filiou-se à Academia dos Rebeldes, grupo liderado por Pinheiro Viegas.
            Toda sua obra é marcada e assinalada com o sinete do realismo socialista.
            Sua obra visa, sobretudo, ao sulco do cacau, bem como à vida infantil em abandono. Ferruma, com veemência, o desprezo do homem simples. O proletariado abandonado. Os negros. Os marginais, destacando os conflitos e as injustiças sociais.
            Seus livros, assim, impregnam-se dos mais ricos fundamentos sociológicos, documentando a transição da sociedade agrária para a industrial.
            Assim, não se lhe falta a crítica social, revestida de humorismo e ironia pertinentes.
            Dotado de imaginação prodigiosa, tornou-se o mais puro contador de histórias, dom de nascença.
            E o é. Que o digam Gorki, Turqueniev, Tcheco, Tolstoi, Garcia Marques, e outros.
            Destarte, surge luminoso, perfeccionista e fabuloso, no ramo.
            A tudo conduzia com inteligência, erguendo o véu do tempo.
            Jorge Amado é um dos mais dignos representantes da cultura literária brasileira.
            Sua obra literária é imensa, superando a casa de 50 títulos, importando sua herança nas perspectivas que abriu, formulando um nacionalismo descritivista, postulando e usando uma nova linguagem.
            Esta, em resumo, a trajetória de Jorge Amado, amado na Bahia, no Brasil e no exterior.
            Em 1986, toma posse na Academia Brasileira de Letras.

*Nonato Silva, 94 anos, é escritor e poeta barra-cordense, mora em Brasília (DF)

(TB10agol2012)