Memória
Grajaú - 200 anos
jornal Turma da Barra

 


Banda Dom Emiliano
Atual Maestro Torquato Lima

Deus deu-nos os campos e a arte dos homens edificou as cidades.
Varrão - De Re Rustica.

 *Nonato Silva


           
Salve, Grajaú, cidade formosa!
            Pisei-te o solo, pela primeira vez, em maio de 1946, em plenos festejos do mês de Maria. E vi-te boiante, espelhando-te em as nédias águas do piscoso rio Grajaú, servindo ao gênio de quem te criou.
            Na ocasião, veio-me à memória a figura de teu ínclito fundador, o Alferes-de-Milícia Antônio Francisco dos Reis, com o nome de Porto da Chapada, nos idos de 1811. E lembro, também com profundo pesar, as 38 pessoas queimadas vivas, em 1814, pelos índios piocobjês. Mas foste refundada por Pinto Magalhães Fernandes, com apoio do fazendeiro Manuel Valentim Fernandes.
            E foste, então, batizada com o nome de "Senhor do Bonfim da Chapada", ainda hoje teu padroeiro. Depois, recebeste o nome de Grajaú.
            Em 8 de maio de 1835, era-te criada a Paróquia. E em 31 de agosto do mesmo ano adquirias o foro de comarca.
            E eu, Frei Paulo de Barra do Corda e Frei Estêvão de Fortaleza legamos-te algo de realizações e cultura.
            Assim, fizemos a Igreja da Tresidela, o Paço Episcopal, o início do Hospital “São Francisco” e instalamos o Ginásio “Gomes de Sousa” e o serviço de alto falante "A Voz do Campanário". E eu, Frei Paulo, criei a Banda de Música "Dom Emiliano", com mais de 50 figuras. (Hoje banda maestro Torquato Lima), bem como agremiações esportivas. E fiz a desobriga durante 7 anos ininterruptos, percorrendo, com alegria, amor e zelo, todo o teu interior, fundando capelas em Itaipava, Sítio Novo e Amarante.
            E vejo desfilarem, garbosamente, tuas famílias cifradas em Lima, Moreira, Nunes, Bogéa, Simas, Brito, Guará, Teixeira, Barros, Santos, Viana, Pacheco, Jorge, Martins, Lobo, Carvalho, Lopes, Mourão...
            Na cultura e arte, lembro-te Cândido Pereira de SOUSA BISPO, escritor de renome e membro da Academia Maranhense de Letras, com obras como "Alea Iata Est", "Espinhos de Mandacaru", "Mensagens de Civismo" e outras. E fundou em São Luís-MA, com o barra-cordense Isac Ferreira o jornal "O Serão", em 1922. Lembro-te, ainda, o Glorioso e erudito jornal "Echo do Sertão", fundado aí, Grajaú, por Jayme do Egypto em 7 de setembro de 1919.
            Por tudo isso, mereces-me toda estima, com o orgulho de ter-te habitado por 8 anos. Viva a tua trajetória luminosa, no brilho da ação, da cultura, das artes e na virtude do progresso e da fama.
            Efusivos parabéns, sem limites, na grandeza de teus 200 anos!

*Nonato Silva é escritor e poeta, PHD em Filologia Românica, reside em Brasília (DF)

 


Alunos do Ginásio Gomes de Sousa
Grajaú (MA) - década de 50

 

(TB19mar2011)