Artigo

A Turma da Barra é 20

jornal Turma da Barra

*Márcio Martins


            Caro Heider Moraes, editor do jornal Turma da Barra, colaboradores e internautas: cumprimento e parabenizo-os primeiramente pelo transcurso dos 20 anos de fundação do jornal Turma da Barra, veículo de comunicação ímpar e infungível na categoria dos meios de comunicação cordinos, cuja maior qualidade e virtude - dentre inúmeras - é levar em tempo real a informação autônoma, democrática e imparcial nos mais variados ramos do conhecimento científico, cultural, filosófico, político e social.
            Registre-se que há 20 anos o TB vem prestando de forma uníssona e exemplar um serviço essencial à comunidade de necessidade e utilidade pública, no instante em que, por intermédio de um grupo de profissionais voluntários e dedicados, leiam-se jornalistas, poetas, colaboradores e internautas, prelecionam em artigos, matérias, denúncias e em e-mails temas relevantes do quotidiano da princesa do sertão.
            Contudo, é importante ressaltar (merecimento e justiça) que a coragem, dedicação, perseverança e, sobretudo a paixão inata pela informação do nobre editor se destaca entre os demais profissionais e colaboradores do TB, vez que sem a iniciativa do jornalista de galgar a informação 'pari passu' certamente estaríamos à mercê daqueles (elite e oligarquia cordina) que usam da contra-informação para se perpetuar no poder e imperar a miséria, pobreza e a ignorância de um povo tão sofrido e castigado pelas mazelas naturais e sociais peculiares da cidade.
            O TB faz 20 anos, mas as congratulações são para cidade de Barra de Corda, bem como para todos cordinos no Brasil e no exterior que festejam o aniversário de um jornal (era impresso, hoje virtual) que teve início com uma singela e feliz brincadeira de um grupo de amigos recém-formados e que paulatinamente ganhou o reconhecimento, respeito e leitura obrigatória no instante em que é acessado na internet por centenas de internautas diariamente, que almejam notícias do torrão natal em virtude da responsabilidade e do profissionalismo como tem que ser a mídia.
            Lembro-me no baú das minhas reminiscências do primeiro artigo que escrevi ao TB, março de 1993 cujo título 'Rio Corda na corda bamba', incentivado pelo amigo Heider que já tinha em mente naquela época a preocupação pela questão ambiental da cidade e que quotidianamente defende bravamente um meio ambiente saudável cuja premissa é a implementação de uma política de desenvolvimento sustentável para o município de Barra do Corda, centro geodésico do Maranhão, tão agraciado por recursos e belezas naturais do Estado.
            Almejo com a permissão do Pai Celeste que o TB possa comemorar 200 anos. Que novos colaboradores, estudantes e internautas façam parte dessa grande família hoje denominada Turma da Barra. Que a informação imparcial e irrestrita possa possam chegar a todos os lares cordinos indistintamente desprovida de interesses privados, bem como sem nenhuma forma de censura. O precursor do TB foi Heider Moraes, mas o compromisso e a obrigação de continuar a longa jornada, embora laboriosa e com inúmeros percalços, no sentido de reverter o quadro nefasto da cidade é dever de todos os barra-cordenses. A informação, ainda é o melhor veículo de conscientização e de reivindicação de direitos de um povo sinônimo de desenvolvimento e progresso.

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José Márcio Araújo Martins é professor de Direito Administrativo e Constitucional, mora em Brasília.

(TB/26/jul/2009)

 

 

Artigo
Barra sem políticas públicas

jornal Turma da Barra

"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não houve, não fala e nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado e o pior vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."
Bertold Brecht (1898-1956).


*Márcio Martins


           
A expressão política, deriva do adjetivo grego “politikós” (de polis, cidades). Portanto, significa grosso modo tudo que está relacionado a citadino, social, público e sociável.
            Aristóteles filosofo grego, dizia que política é a arte de governar os povos. São Thomás de Aquino salientava, com propriedade, que não existe “política boa ou má”. “Ou sem tem política ou apolítica”.
            O que essencialmente esses dois célebres pensadores ensinaram como paradigmas no decorrer dos séculos concernente ao modo de organização social de uma determinada cidade, clã ou grupo situado num marco geográfico qualquer é que a política é um conjunto de comandos (normas programáticas), iniciativas e projetos de desenvolvimento no sentido de satisfazer em última instância os anseios de um povo e que não existem denominações equivocadas tais como: “a política ta boa”, “a política tá mais ou menos”, haja vista que toda e qualquer manifestação dos administradores (homens designados na Grécia antiga para administrar as polis em tempos de guerra, daí surge os “políticos”) que não estejam diretamente voltadas para os interesses da comunidade deixa de ser política.
            Infelizmente impera no Brasil uma inversão valorativa da terminologia no instante em que a política é substituída por politicagem. Democracia por demagogia. Coletividade por casuísmos e corporativismos.
            Barra do Corda, centro geodésico do Maranhão nos dizeres do saudoso e intelectual Wolney Milhomem, é um típico exemplo da ausência flagrante de uma comunidade desprovida e carente de representação da classe política no instante em que se registra frente ao descaso latente dos administradores os piores índices de desenvolvimento humano da história tais como: violência banalizada (caso Almir Neto), desemprego, rios poluídos, inexistência de políticas de saneamento básico (esgotos a céu aberto), animais transitando livremente pelas ruas da cidade, mendicância e uma juventude alheia a uma rede de ensino de qualidade e digna para prepará-los para os incautos da vida.
            Particularmente nesse último vetor, pode-se salientar a pergunta que não se cala: Por que Barra do Corda não é contemplada pela extensão de um campus da UFMA? Municípios vizinhos com menor expressão política, econômica e territorial (Grajaú e Pedreiras) já estão incluídos na política educacional do governo federal e estadual de descentralização das universidades e do conhecimento acadêmico, técnico e cientifico levados para todos os brasileiros indistintamente.
            Não é exagero ressaltar que a educação, direito social de segunda geração (artigos 6º e 205° da Constituição Federal), portanto uma obrigação de fazer do Estado é taxada como panacéia (remédio para todos os males) de um país.
            China, Coréia do Sul, Japão, Cuba dentre outros investem em média 10% do PIB em educação básica e em centros de pesquisas no sentido de alcançar o pleno desenvolvimento sócio-econômico e garantir o mínimo de direitos inerentes a simples condição de ser humano como exemplo saúde, segurança, lazer, emprego, moradia, vestuário, alimentação, ou seja, condições vitais de sobrevivência da vida em sociedade.
            Quem é o responsável direto por essas iniciativas que imperam tais Estados no rol dos pais com índices de educação exemplar para o resto do planeta?
            Simplesmente aqueles que foram eleitos como representantes do seu povo no sentido de trabalhar quotidianamente e sem descanso para satisfazer em última instância os anseios de seus eleitores sob a égide do compromisso indelével de seus cargos aliado a uma fiscalização ativa pela população como participe das relações sociais e políticas da vida em grupo.
            A situação calamitosa evidenciada em Barra do Corda no presente momento oriunda de inúmeros entraves de organização social reflete as variáveis acima mencionadas frente ao descaso dos homens públicos, leia-se, executivo e legislativo municipal e estadual.
            É hora de toda a sociedade (homens, mulheres e crianças), estudantes, ONGs e sociedades civis se mobilizarem no sentido de reverter esse quadro nefasto e deplorável que macula a imagem do município e condena a princesa do sertão a um futuro incerto e com saúde precária, educação insatisfatória, meio ambiente comprometido, inúmeras enfermidades já banidas do cenário nacional.
            Qual a primeira manifestação de todos os atores mencionados? A cobrança pela implementação de políticas públicas pela classe política de Barra do Corda.
            Registre-se este signatário colaborador do Turma da Barra já iniciou sua via-sacra como legítimo cidadão cordino tomando as devidas providências junto aos responsáveis pela lastimável crise.
            Importante salientar que após a leitura deste singelo artigo é imperativo a concretização e reivindicação das autoridades competentes para a solução urgente-urgentissíma na condição de legítimos responsáveis.
            Vale ressaltar, que internautas e articuladores do TB devem instigar o debate no seio de sua família, entre amigos, nas esquinas e na escola. Você, indubitavelmente e inexoravelmente é também responsável direito ou indiretamente fruto da sua vergonhosa, injustificada e latente inércia de exigir dos seus representantes eleitos.

*José Márcio Araújo Martins é bacharel em Direito, também em Ciências Geográficas pela UnB, professor de Direito Administrativo e Constitucional, mora em Brasília.

(TB/24/mar/2009)