Artigo
A caminho da hemodiálise
jornal Turma da Barra

Lincoln Cruz

 

"Em meados de janeiro/2015 procurei um especialista novamente em Teresina e o diagnóstico foi o mesmo.
Na minha prepotência, achei que os exames estavam incorretos mas acendeu aí uma luz amarela."

*Lincoln Cruz

                Os cuidados com a saúde eram mantidos de forma rotineira, o que me levava a crer na inexistência de problemas que pudessem um dia me criar complicações.
                Para maior segurança, meu empregador exigia a realização de exames médicos periódicos onde os resultados apresentados davam conta da absoluta regularidade do funcionamento do meu corpo. No entanto algo estava acontecendo e que passou a chamar minha atenção: a pressão arterial ora subia, hora descia.
                Em conversa com familiares e amigos sobre o assunto, foi-me sugerido procurar um cardiologista a fim de que fosse feito, por especialista, um diagnóstico do problema.
                Viajei a Teresina com esse fim, certo de que o resultado não poderia ser outro: uma besteirinha aqui, outra ali, nada que não pudesse ser resolvido, com alguns comprimidos, dieta e exercícios físicos.
                Após a realização dos exames retornei ao consultório para aquela conversa e foi aí que o mundo desmoronou: eu estava acometido de insuficiência renal crônica terminal; os meus rins estavam funcionando com apenas 7% da capacidade. Atônito com aquela notícia inesperada, ainda ouvi do médico sobre a necessidade de procurar uma clínica renal.
                Um turbilhão de dúvidas passou pela minha cabeça: eu não sentia nada, estava urinando bem, nenhuma dor, sem sede em excesso, sem insônia, com apetite etc, Duvidei do médico e da medicina. Incontinenti retornei a Barra do Corda afinal estava em meados de dezembro/2014, festa de aniversário de 15 anos da minha filha, natal, réveillon; depois eu iria procurar um nefrologista (médico de rins).
                Foi um período de muitas festas com a minha participação ativa, onde tomei todas.
            Em meados de janeiro/2015 procurei um especialista novamente em Teresina e o diagnóstico foi o mesmo. Na minha prepotência, achei que os exames estavam incorretos mas acendeu aí uma luz amarela. Enquanto o médico relatava as complicações que poderiam advir com o problema, eu as relacionava com o que eu estava a sentir como consequência das festas de fim de ano: boca seca e amarga, insônia, falta de apetite etc., mesmo assim, não satisfeito, resolvi não aceitar as recomendações médicas e foi aí que as dores começaram a aparecer. Procurei novo nefrologista, fiz novos exames e tudo foi confirmado> o problema havia se agravado, devido a demora para início do tratamento e eu deveria imediatamente iniciar o processo de hemodiálise.
                Hoje um cateter na jugular e uma fístula implantada no antebraço
                São três viagens por semana Barra do Corda/Caxias, cada sessão de hemodiálise durando 4 horas, por tempo indeterminado, aposentadoria compulsória, dieta rígida etc etc etc.
                Este relato tem como objetivo alertar as pessoas que como eu, vivem afirmando que não procuram médicos, por não sentirem nada.

*Francisco Lincoln Cruz é bancário aposentado, mora em Barra do Corda


TB4mar2015

 


Artigo
O "Lourinho" que eu conheci
jornal Turma da Barra

 


Lourival Pacheco

 

"Seu “Louro” me consolava afirmando que a democracia possibilita essa podridão que é a nossa política.
            Ele se foi mas ninguém jamais, em hora alguma irá conseguir apagar a marca deixada por esse homem que, no meu conhecimento, sempre colocou os princípios acima da personalidades."

*Francisco Lincoln


            Ao assumir a gerência do Banco do Nordeste, lá pelos anos 1994, resolvi criar em Barra do Corda um comitê para decidir, acompanhar e administrar os créditos a serem contratados pelo BNB na minha gestão. Foram convidados representantes da Igreja, do sindicato, da maçonaria e das associações a serem beneficiadas. Na primeiro reunião desse comitê foi eleito presidente o senhor LOURIVAL PACHECO, representante da igreja.
            A partir daquela data a cidade de Barra do Corda sofreu uma mudança na sua economia pois, levando em conta estudos da EMBRAPA, aquele comitê autorizou a implantação de novas culturas no município e a melhoria no padrão genético do rebanho bovino. À cultura de sequeiro de arroz, milho e feijão foi acrescida da produção de abacaxi, caju, urucum, bovinos de alta linhagem além da criação de pequenos animais (suínos, caprinos, ovinos e frangos). O seu “Louro”, sempre presente contribuiu sobremaneira para o bom andamento do projetos.
            A necessidade de industrializar e comercializar os produtos favoreceu o surgimento da COPABA, cujo projeto foi aprovado pela excelentíssima diretoria do BNB. Entre os aspectos analisados desse projeto estavam a lisura, a transparência e o caráter de quem se propunha a administrar a coisa pública. O nome do Seu “Louro” foi fator decisivo para aprovação do projeto.
            As coisas caminhavam às mil maravilhas, produção em alta, Barra do Corda se transformando em exportadora de alimentos, contudo, forças poderosas não satisfeitas com o projeto, tentaram e conseguiram lançar dúvidas sobre o projeto e, num golpe mortal, forjaram denúncias, criaram situações que não existiam e conseguiram, além de afastar os idealizadores do projeto, afastar também os engenheiros e técnicos que possibilitavam o desenvolvimento. Hoje a COPABA ainda existe pois foi construída sob um forte alicerce, seu patrimônio intocável e se valorizando é uma realidade.
            Seu “Louro” me consolava afirmando que a democracia possibilita essa podridão que é a nossa política.
            Ele se foi mas ninguém jamais, em hora alguma irá conseguir apagar a marca deixada por esse homem que, no meu conhecimento, sempre colocou os princípios acima da personalidades.
            Descanse em paz meu amigo! Deus com sua infinita bondade com certeza reservará para você um lugar destinado aos justos.

*Francisco Lincoln Cruz foi gerente do Banco do Nordeste em Barra do Corda (MA)

 

(TB6jul2014)