Evento
Joaquim Bílio: 88 anos de idade
e 73 anos de música

jornal Turma da Barra

 


Joaquim Bílio na ABL comemorando aniversário

O maestro Joaquim Bílio, que completou 88 anos, recebeu como presente da Câmara Municipal
 o título de Cidadão de Barra do Corda, ele que nasceu em Colinas, mas está na cidade barra-cordense desde os 12 anos. A entrega do título foi feita no salão principal da Academia Barra-Cordense de Letras com direito a corte de bolo. O historiador Álvaro Braga estava na ABL

 

por Álvaro Braga 

            Difícil definir a longa trajetória do músico, maestro, alfaiate e pai de família, Joaquim de Oliveira Bílio, que foi agraciado na noite de sábado, 18 de agosto, na Academia Barra-Cordense de Letras, com a entrega do Título de Cidadão Barra-Cordense, na data de seu aniversário.,
            Repara-se finalmente uma dívida que Barra do Corda possuía com esse grande homem, antigo sonho acalentado pelo escultor Domingos Augusto que revelou a este escritor, que de imediato conseguiu junto à vereadora Cananéia Ribeiro que se protocolasse e fosse aprovado na Câmara de Vereadores o projeto de cidadania cordina para o maestro, natural de Colinas – MA.
            Em agosto de 1995, o poeta Rubem Milhomem fez uma entrevista com o senhor Joaquim Bílio, para o jornal Turma da Barra, que definiu muito bem o universo do maestro, a qual fizemos somente algumas atualizações.
            “O maior nome vivo da música cordina é um homem extremamente simples, carismático, bem-humorado, é também um dos pilares de nossa cultura contemporânea.
            O maestro Joaquim Bílio, que está completando 73 anos de carreira, gosta de contar também que na sua vasta biografia só constam três prêmios conquistados:
            Uma medalha de prata pelo vice-campeonato num concurso de anedotas realizado em 1990, na Peixaria Gomes; Um troféu de melhor caçador de 1970, conferido pelo Clube de Caçadores de Natal (RN); E o Diploma de Destak do ano de 1993, conferido pelo promotor de eventos Antônio José Ribeiro.
            Em Joaquim Bílio não há espaço para indignação ou amargura, ele prefere mesmo é uma boa gargalhada.
            É membro da Academia Barra-Cordense de Letras, com louvor.
            Nascido no dia 18 de agosto de 1924 na cidade maranhense de Colinas, filho de Martin Oliveira Bílio, um pequeno fazendeiro, e Isabel Moraes Bílio, dona de casa, o maestro chegou à Barra do Corda em 1936, quando a família, motivada por dificuldades financeiras, resolveu buscar amparo num parente com alguns recursos que vivia só e doente, nesta cidade: José Galdino de Moraes.
            Aos 12 anos de idade, o menino Joaquim Bílio encontrou uma cidade pequena que só tinha dois botequins – que sempre fechavam às nove horas da noite, por que a cidade não possuía energia elétrica: um de Clóvis Habib, próximo ao Mercado Público, e o outro de José Lira, que ficava próximo do local onde hoje é o hotel de dona Dalva Pinto. As ruas não tinham calçamento, só areia. Um tempo romântico em que, quando uma pessoa necessitava fazer uma simples viagem a São Luís, saía se despedindo dos conhecidos. De casa em casa.
            A música entrou na vida de Joaquim Bílio bem cedo. Com 15 anos de idade “na falta de ter mais o que fazer”, segundo ele, foi ser aluno do célebre maestro Moisés da Providência Araújo, quando participou também famosa Banda São Francisco de Assis – junto de músicos como Doca Ferreira, Carlos Augusto Araújo, Austregésilo Brandes, Álvaro Melo, Antônio Miranda, Lourival Marinho e Ivan Ribeiro, dentre outros.
            Saudoso daquele início dos anos 40, Joaquim Bílio é capaz de passar horas relembrando as apresentações da banda no teatro do Colégio Pio XI e em datas comemorativas – como por exemplo, no assentamento da pedra fundamental da igreja de Grajaú. “Na época, ter uma banda de música era coisa só de cidade importante”, diz ele, orgulhoso.
            Outra grande influência musical foi Martins Guedes Alcanforado, maestro da banda 16 no RJ, do exército de Natal (RN) – com quem teve aulas nos idos de 1966.
            O conjunto musical Os Bílios, um capítulo em sua história, surgiu nos anos 60, em Brasília, numa roda de amigos que reuniu os irmãos Joaquim (saxofone), Juarez (acordeon e órgão), João Bílio (sax alto), Edvaldo Bílio (piston), filho de Joaquim, e Linton Araújo (sax alto, cavaquinho e violão) – a composição original do grupo.”
            Joaquim Bílio foi durante muitos anos professor e diretor da Escola de Música Moisés da Providência Araújo, localizada na Vila Canadá.
            Atualmente Joaquim Bílio dá o nome à Escola de Música que funciona nas dependências da Academia Barra-Cordense de Letras, mantida pela prefeitura municipal.
            A alfaiataria e sua participação no conjunto Os Populares do Ritmo foram também importantes capítulos de sua vida.
            Esposo de Luiza Rocha Bílio, nove filhos, Joaquim Bílio, aos 21 anos de idade foi dispensado de servir na 2ª Guerra Mundial por causa de sua baixa estatura.
            Quis o destino que Joaquim Bílio não trocasse o saxofone pelo rifle e com isso quem saiu ganhando foi o Maranhão, Barra do Corda e a Música.
            Parabéns maestro Joaquim Bílio, cidadão barra-cordense!

*Álvaro Braga é historiador, mora em Barra do Corda

Nota da Redação: Ao contrário do que afirma o artigo sobre José Galdino de Moraes, que a propósito era irmão mais velho de dona Isabel Moraes, a Bela, mãe do maestro Joaquim Bílio, José Galdino não “vivia só e doente”. Além da convivência com a esposa Raimunda Moraes, a Dica, morava na mesma casa na Tresidela, Manoel Galdino de Moraes e Carlos Augusto Franco. José Galdino era comerciante e como costuma dizer a historiadora, dona Alda Lopes Brandes, o primeiro comércio a se estabelecer na Tresidela. José Galdino faleceu em 1942 e sua sepultura está no cemitério Campo da Paz. (Informação de Heider Moraes, que também é sobrinho de José Galdino de Moraes)

 


Joaquim Bílio e esposa

 

(TB29ago2012)