Carta
Carta ao aniversariante
Alex Macedo


Juntamente com Raphael Castro eu, Heider Moraes, estivemos visitando Inhumas,
em 27 de novembro, dia do aniversário do Alex Macedo

 


Raphael Castro, Alex Macedo, 
Rogério Cassimiro e Lucas Chalub

 

            Carta ao aniversariante Alex Macedo
            Meu caro Alex,

            Depois da boa e calorosa recepção que nós tivemos na sua goiana Inhumas, essa cidade popularmente conhecida como Goiabeira, em que você mora e trabalha, quando no sábado 27 de novembro, Raphael Castro e eu participamos da comemoração do seu aniversário, não poderíamos deixar de registrar nesta carta duas palavras: “parabéns e obrigado”.
            Quero começar estas mal traçadas linhas já lhe pedindo desculpas, pela demora em te escrever. Sim, há muito já era para ter escrito esta carta. Por aqui está tudo bem, fizemos uma boa viagem, nesse trajeto de 230 quilômetros entre Inhumas e Brasília. Mas a sua boa acolhida é que no faz registrar e ao mesmo agradecer com aqueles votos renovados de feliz aniversário.
            Meu caro, para agradecer tudo que vivemos na goiana Inhumas, a “Goiaba City” como você nos bem ensinou, penso que vimos e aprovamos a sua morada e local de trabalho profissional, você que é um dos nossos editores do TB, que mesmo na sua “Goiabeira” querida tem outro pé bem fincado na nossa Barra do Corda.
            De tudo que vimos e nos foi dado participar, fomos surpreendidos desde o formato geográfico e arquitetônico da cidade, que revela uma pujante economia, população de quase 50 mil habitantes com renda per capita de quase 8 mil reais, até o bom bate-papo que tivemos com seus amigos mais próximos, que entre cervejas e quitutes da suculenta cozinha goiana, muitas brincadeiras, muitas palavras goianas aprendidas e comparações outras com o modo de vida maranhense, entrecortado por um bom resumo do dia a dia, do trabalho, do desenvolvimento e até mesmo do sotaque goianês, suas diferenças e semelhanças com o paulista e mineiro.
            Tivemos contato também com seus familiares, conterrâneos barra-cordenses, que há muitos anos migraram para essa cidade localizada na região central goiana. Como você bem sabe, caro Alex, a nossa intenção primeira dessa viagem era visitar Goiás Velho, atualmente patrimônio mundial da humanidade. Nossa passagem em Goiabeira era somente o tempo de pegar-lhe e, como você já estudou História naquela primeira capital do Goiás, transformá-lo em nosso guia turístico pelas ruas e vielas por onde viveu e inspirou poemas de Cora Coralina. Mas ao cedemos para conhecer um pouco da cidade de Inhumas, observando as ruas limpas, às vezes com asfalto, às vezes com paralepípedos, com casas que contrastam o novo e o velho, fomos atraídos por uma energia inexplicável da sua Goiabeira querida. E decidimos ficar em Goiaba City, deixando Goiás Velho para uma próxima oportunidade. Uma decisão acertadíssima.
            Lembro que depois de conhecer os principais pontos turísticos da cidade, com destaque para a igreja Matriz simples e bonita, em estilo gótico, localizada tal qual em Barra do Corda, na principal praça, desembarcamos num bar restaurante para darmos início às comemorações do seu aniversário. O bar, faço questão da publicidade, tem o nome de Restaurante Mirim, com um serviço de primeira, não deve nada a qualquer outro bar de uma grande cidade, além de juntar o que é de beleza e aconchego. Pois é, dali passamos a conhecer um pouco mais sobre a cidade, porque, afinal, um bom bar tem uma missão reveladora e digna, de tornar a vida a arte do encontro.
            Um dos seus amigos, Lucas Chalub, foi um dos primeiros que veio nos conhecer e foi amizade à primeira vista. Com aquele sotaque forte nos “r”, bem peculiar ao povo goiano, se mostrava orgulhoso da nossa presença. E repetia: - Nossa, vocês são do Maranhão!.. São de muito longe!... Alex sempre fala na terra de vocês. Pelos seus olhos dava pra ver o quanto de quilômetros era a distância que ele calculava de Inhumas a Barra do Corda. Era algo muito distante. Com misto de admiração e curiosidade por estarmos em Goiabeira, nos disse que aceitava nosso convite para conhecer Barra do Corda. Novamente demonstrou aquele olhar distante, algo como uma viagem de Terra para o distante planeta Júpiter.
            Ainda tivemos oportunidade naquela mesa de conhecer outros amigos, como o Rogério Cassimiro. Com simpatia, brincava com você Alex e comentava uma viagem da turma de Inhumas a Caldas Novas, onde as fotos no orkut revelam diversões mil. Do meu lado, elogiava os comentários do Cassimiro, já tinha visto na internet àquelas fotos e seus comentários. Cassimiro estuda publicidade e como todo bom publicitário, resume grandes explicações em palavras. Numa daquelas fotos do orkut, Alex mostra-se caminhando torto e cambaleante. Cassimiro foi taxativo no comentário : “Bêbado”. Mas demorou pouco na nossa mesa, se despediu, disse que estava de viagem, exatamente para as proximidades de Caldas Novas, na localidade turística  chamada Rio Quente.
            Depois mais um outro amigo do Alex fez-nos companhia. E as explicações sobre usos e costumes começam a aquecer a conversa. Falamos dos nossos poetas, contamos nossas histórias, nossas frases de efeito, como aquela do nosso saudoso mestre Zé Arruda, o Duque de Giz, que dizia: “Farra não pode acabar por qualquer motivo”. Os goiaberenses gostaram, repetiram-na e diziam que iriam adotá-la com aquele sorriso de que gostam de uma boa boemia.
            Mas à noite chegava e precisávamos ir com você Alex até a casa dos seus parentes, tias e primos, para um churrasco daqueles que somente aniversariantes têm em homenagens. Saudados com alegria, sentamos numa grande roda em torno da churrasqueira. Mas amigos e conterrâneos a conhecer, mais cerveja a saborear, mais histórias do sertão cordino, de onde parte da família do Alex é originária. Estávamos na casa da Fátima Macedo e seu esposo Paulo Soares, o Paulão, que nos receberam de coração aberto. Uma das suas tias, Ieda Macedo, nos disse que sente ainda muita saudade da Mucura. Outro primo seu, Lázaro, na casa dos 18 anos, revelou que jogou no Calvário e está atrás do sonho maior de se tornar profissional no Atlético Goianiense, em Goiânia. Gosto muito de pessoas que têm esses sonhos maiores. Toda minha torcida pra vê-lo em breves dias no futebol profissional.
            Nos despedimos do churrasco da casa do Paulão e da Fátima e rumamos para trocar de roupa para conhecer um pouco mais da noite goiaberense. De repente ainda na casa do Alex, aparece novamente o nosso amigo Lucas Chalub com sua bonita namorada de nome Luma Almeida, de uma simpatia ímpar. Ela e o Alex se tratam mutuamente com a palavra “broaca”. Era broaca pra todo lado, que bincadeira à parte a gente fica tonto de tanto ouvir. Comum também entre eles é a palavra “nódia”. Pelo que entendi nas explicações, “nódia” no dialeto neogoiaberense, significa boa convivência de um grupo, o qual pode ser traduzida e entendida simplesmente como ‘amigo fraterno’. Mas a palavra é interessante, isso ela é. Guardei-a e a trouxe comigo.
            Não posso deixar de registrar que naquela noite a Luma, namorada do Lucas, nos presenteou com um dos bons sabores da comida goiana. Pegou o liquidificador e em questão de minutos deixou pronto na geladeira um “mousse de morango”. Uma delícia da sobremesa goiana, o qual consumimos na manhã do dia seguinte com aquele “Ah! Que maravilha”. Do meu lado fiquei orgulhoso, afinal, o liquidificador foi um presente meu para a nova casa do Alex, que ele auto-apelida de “White House” (Casa Branca).
            Da sua “White House”, depois de trocar de roupa, coloquei uma calça jeans e uma camiseta usual para noite de Inhumas. Mestre Raphael quis lembrar de São Luís que nas noites ‘calientes’ da Ilha do Amor praticamente todo mundo veste bermuda. E assim saímos para conhecer mais “points” e paramos no “Bar do Carlim”. Para novos bate-papos, novos amigos. Por lá conhecemos o Carlos e o Cabeção (desculpe Cabeção, mas o Alex pede que eu registre seu nome assim como Cabeção mesmo). Lá pela madrugada bateu uma chuva forte e rápida. Foi o bastante para olharmos o relógio que marcava algo em torno de 2h da matina e decidirmos ir pra casa e dormir.
            Ao chegarmos na “White House”, decidimos beber a “saideira”, aquela cerveja que nunca se torna “saideira”. Aí caímos em mais discursos, aquele discurso definitivo. Raphael fez os agradecimentos, apontou belezas da cidade, o percuso de 230 quilômetros entre Brasília e Inhumas e ressaltou o bom relacionamento entre aqueles que fazem o TB. Alex puxou mais agradecimentos, disse que a comemoração dos 24 anos com a nossa presença, ele a coloca como fator histórico na sua história particular. Do meu lado, disse da minha alegria de estar naquela boa cidade goiana. E de um modo simbólico e figurativo, que o Alex Macedo a partir daquela nossa visita, tome de conta junto com o Fagner Barbosa, do nosso jornal Turma da Barra. Revelei que estes dias uma nova página do TB vai ao ar. Mas acima de tudo, que os novos editores imprimam sangue novo, afinal, o mundo humano é feito de substituição de gerações. Bebi meu último gole e fui dormir.
            Quero ainda neste último parágrafo registrar uma das nossas particularidades, que fizemos questão de levar para Goiabeira, que é contar as histórias pitorescas e populares e até mesmo a oficial de Barra do Corda. No bate-papo ou em discursos, falamos dos nossos poetas como o Maranhão Sobrinho até o Urias Matos, dos nossos filósofos, do popular Luís Campeão ao Luiz Carlos, sem esquecer do nosso sotaque e linguajar bem barra-cordense mesmo. Do “má rapá” em lugar do “véi”. Naquele bar Mirim, quando eu levantei pra fazer o meu discurso, vi que em outras mesas prestavam atenção ao nosso modo de falar e dizer as coisas simples parecidas com oficiais. Eles nem sabem que para nós “farra não pode acabar por qualquer motivo”. Viva o Duque de Giz que nos deixou essa pérola, que traduz em uma variante do nosso modo de vida.
            Aqui encerro as minhas mal traçadas linhas. Para você Alex, muito obrigado pela recepção, parabéns pelos 24 anos e até a próxima visita a Inhumas, ou melhor, a “Goiaba City”. Leve o nosso abraço a todos que compartilharam conosco daquele dois belos dias e diga a eles que esperamos vê-los em Barra do Corda...
            Vida longa, caríssimo Alex!
            Receba o abraço fraternal de

            Heider Moraes

Nota: Veja fotos do aniversário de Alex Macedo em Inhumas: Clique aqui

 

(TB/5dez/2010)