Dom Marcelino de Milão

 


Dom Marcelino e professor Galeno Brandes
Foto do site do Colégio Nossa Senhora de Fátima

 


O TB torna a publicar o artigo de Humberto Madeira,
originalmente publicado em novembro de 2003 sobre dom Marcelino de Milão,
falecido em 1980, então bispo de Carolina,
caso estivesse vivo estaria com 88 anos.
Leia também artigo e biografia escritos por Jadenes Nunes,
do jornal O Progresso, de Imperatriz


*Humberto Madeira


            Há 32 anos, frei Marcelino de Milão era sagrado bispo na igreja de Fátima, em Imperatriz. Era 24 de outubro de 1971. Toda sua vida foi de veneração ao amor e predileção aos pobres. Dedicou 13 anos a Barra do Corda. Nasceu a 18 de junho de 1920, em Milão. Filho de Sante Bícego e Luigia Crivelaro, deram-lhe o nome secular de Sérgio Bícego.
            Milão, reconhecida pela sua imponente arquitetura. Também pela gigantesca catedral da Piazza Del Duomo e pelas esculturas de Leonardo Da Vinci. Exportou muitos religiosos para o Brasil no início do século XX.
            Tornou-se frade em Milão, em 13 de julho de 1938. Estudou medicina em Cicenza e, posteriormente, nas casas de formação religiosa da província de Milão. No ano de 1945, foi ordenado pelo célebre cardeal Schulter. Muito jovem, não sabia da importante missão que lhe seria logo confiada. Veio para o Brasil em 1946. A partir de então, ingressa no magistério. Primeiro no Piauí. Depois em Fortaleza, foi professor em Parnaíba, entre 1951 a 1956.
            Do Piauí, segue para Carolina, onde é nomeado vigário. Permaneceu por poucos meses, pois a Ordem dos Capuchinhos necessitava de sacerdotes com inclinação para o magistério na cidade de Barra do Corda.
            Barra do Corda - Chegou em Barra do Corda no dia 18 de maio de 1957. Foi diretor do recém-instalado Ginásio Nossa Senhora de Fátima (Diocesano). Acumulava também as funções de vigário da paróquia de Santa Cruz.
            Nesta data inicia o seu longo trabalho. Médico, professor e pároco, dedicou-se às causas mais nobres que um homem pode exercer. Fundou o abrigo dos velhos, hoje Centro Emaús. Durante o dia, coordenava o Ginásio, sempre acompanhado do professor e ex-deputado Galeno Brandes. Ao sair, exercia o ofício de médico na paróquia de Santa Cruz. Após os atendimentos, distribuía remédios, enviados pela família, que notoriamente tinha boas condições financeiras. Filas se formavam. Muitas caixas de medicamentos, todos italianos, costumeiramente chegavam a Barra do Corda. Eram todos distribuídos à população. Depois fazia questão de ornamentar o altar da igreja para mais uma celebração.
            Seu lema foi: “amar e servir”. A CNBB o lembrou com as seguintes palavras: “Foi um bispo de simplicidade seráfica, confiante em Deus, possuído pelo espírito da oração, incansável no trabalho e no sacrifício até o fim”. Pároco e superior em Barra do Corda, onde fez da escola instrumento valioso do apostolado no meio da juventude e da família. Frei Marcelino foi um padre dedicado aos trabalhos sociais, educativos e em prol da saúde da população.
            Como professor, um exemplo de sabedoria. Tinha facilidade em perceber qualquer conversa ou comportamento estranho em sala de aula. Fundou na cidade a Escola Normal, de preparação para o magistério. Como sacerdote, um homem que doou a vida aos pobres. Como médico, uma sumidade, sempre voluntário. Como homem, um ser simples. Seguia seu caminho como um astro segue sua trajetória, iluminado e velado por todos.
            Barra do Corda cresceu muito com a chegada de frei Marcelino. Homem de personalidade forte, de sorriso fácil, de coração frágil, bondoso e de grande cultura. Levou uma vida humilde, de uma sutileza inimaginável. Em 1964 é eleito conselheiro da Ordem dos Capuchinhos. Permanece na Barra. Em maio de 1970, é nomeado administrador apostólico de Carolina.
            Patrono da cadeira de nº 20 da Academia Barra-Cordense de Letras, ora ocupada por Delta Martins. Também é patrono da cadeira de nº 8 da Academia Imperatrizense de Letras.
            Carolina - Em 9 de agosto de 1970, deixa Barra do Corda e a direção do Colégio Diocesano. A cidade, em lágrimas, se despede do ainda frei Marcelino.
            Com 40 anos de idade e uma experiência vasta na área educativa e religiosa, assume uma das mais difíceis missões. A de príncipe da igreja em Carolina. Em 24 de outubro de 1971, é sagrado bispo, em Imperatriz. Foi sagrante o então arcebispo de São Luís, dom José da Mota Albuquerque. De 1971 até 1979, foi prelado de Carolina, passando nessa data à categoria de primeiro bispo de Carolina pelo fato de a cidade ter sido elevada de prelazia a diocese. Mal podia imaginar que pouco tempo depois viria a falecer.
            Acometido de um súbito e grave mal-estar, dom Marcelino foi levado às pressas para o Hospital Guadalupe, em Belém. Recebe toda assistência médica e dos frades capuchinhos, entre os quais se encontrava frei Elias Baldeli, que lhe administrou o Sacramento dos Enfermos. Tudo aconteceu muito rápido. Em 22 de janeiro de 1980, dom Marcelino veio a falecer. Barra do Corda chora a perda de dom Marcelino.
            O frei Pascal Rota, que na época era superior da Ordem dos Capuchinhos, ao se referir a todos estes acontecimentos, assim se expressou: “Só acompanhei teu corpo inerte voando de Belém a Imperatriz. Não conseguí rezar, só repetia com João; ‘não há maior amor que doar a vida. Revejo ainda o fervilhar do povo, o levantar dos braços, o caminhar, o correr, bem apressado rumo ao aeroporto, assim de gente, como formigueiro. Aterrizamos e o povo de Deus, o teu povo, tomou conta de ti. Foi o triunfo! Foi a festa! A festa da tua ressurreição, a festa da vida, pois é morrendo que se vive para a vida eterna”.
           
            Escritos
            Pouco ficou registrado sobre dom Marcelino e o que escreveu. Numa de suas cartas, enviadas a uma pessoa em São Paulo, datada de 31 de junho de 1974, ele escreveu: “Por enquanto eu lhe agradeço de todo o coração, suas palavras neste serviço episcopal ao qual o Senhor me chamou, mas que, atualmente, é tão pesado que certamente não se deseja para ninguém”.
            Em Barra do Corda, uma escola foi erguida em sua homenagem. Em vida, embora de longe, jamais se desligou afetivamente de seu povo barra-cordense. Sempre que possível, conservava um certo fluxo de correspondências dos mais benéficos com aqueles que lhes foram mais caros e íntimos, não esquecendo os 13 anos de convívio na paróquia de Santa Cruz.
            Homem de notório saber. Digno de admiração. Num rasgo de sabedoria, deixou sua marca cravada para sempre em nossa cidade. Berço de cultura, pergaminho da boa educação, fará para sempre parte do elenco dos grandes homens que passaram e lutaram por nossa terra.

*Artigo de Humberto Madeira publicado em 3 de novembro de 2003 pelos jornais O Estado do Maranhão e Turma da Barra

DOM MARCELINO FOI FRADE POPULAR
E O PRIMEIRO BISPO DE IMPERATRIZ

Jaldene Nunes

            Oficialmente, o primeiro bispo da Diocese de Imperatriz é dom Affonso Felippe Gregory, nomeado em 1987 e empossado no dia 20 de setembro do mesmo ano. Mas, para os imperatrizenses, o primeiro bispo foi e sempre será o italiano dom Marcelino Sérgio Bícego, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (OFM).
            Dom Marcelino nasceu nos arredores de Milão, Itália, em 18 de junho de 1920. Estudou Teologia e Filosofia no Instituto Teológico de Milão. Também teria iniciado – mas não concluído – estudos de Medicina, na Itália, provavelmente em Milão, antes de vir para o Brasil.
            A história de dom Marcelino é contada pelo frei Tadeu Pietro Gabrieli, também italiano, da mesma OFM e hoje frade da Paróquia São Francisco de Assis.
            Por volta de 1946, dom Marcelino deixou a Europa. Na época, no Brasil, o centro do trabalho da OFM era o estado do Ceará. Todos os seminários franciscanos capuchinhos da região eram dirigidos pelos frades e os ensinamentos dados por eles. Marcelino ficou muito tempo – não se sabe o quanto – lecionando nestes seminários.
            Posteriormente, vindo para o Maranhão, entre 1962 e 1963, dom Marcelino foi destinado a ser vigário de Barra do Corda, então pertencente à Diocese de Grajaú, na época a sede do Bispado. Foi em Barra do Corda que os freis Tadeu Pietro Gabrieli, 71 anos, também italiano e da OFM, e Marcelino Sérgio Bícego se conheceram.
            “Ele era vigário de Barra do Corda. Neste tempo, não freqüentemente, eu passava por lá para ir a Grajaú, sede do Bispado, onde apresentava anualmente o relatório dos nossos trabalhos nas paróquias. Eu passava, dormia, às vezes, tomava refeições e lá o conheci”, disse frei Tadeu, citando dom Marcelino como superior.
            “Por sinal, ele foi talvez o vigário mais conhecido e mais bem quisto de lá, onde dirigia também um colégio e fazia trabalhos de assistência médica ao povo, com distribuição de remédios. Em termos de assistência pública ainda não existia nada no interior do Maranhão, e a igreja, seja no campo da educação, seja no campo da saúde, tentava fazer o possível, sobretudo nesta região, compreendida entre Barra do Corda, Imperatriz e Carolina”, completa Tadeu.
            Na mesma época, Carolina tinha a sede da Prelazia, a qual incluía toda a região, até Itinga do Maranhão. O primeiro Prelado foi constituído e empossado em 1958.
Posteriormente, com Marcelino tendo retornado para a Europa, enfermo, o Vaticano, depois de proceder às consultas, o escolheu para ser o novo prelado. de Carolina. Ele assumiu por volta de 1968 e 1969 e, logo nos primeiros anos de seu trabalho, fez com que Carolina passasse de Prelazia à Diocese, sendo o seu primeiro bispo.
            Como bispo da Diocese de Carolina, à qual Imperatriz pertencia, ainda por ter população menor, dom Marcelino permaneceu até a morte, em 1980. Quem o sucedeu foi dom Alcimar Caldas Magalhães, hoje bispo de Alto Solimões, no Amazonas. Foi dom Alcimar quem deu início, em 1985, às gestões para dividir a Diocese de Carolina. Em 1987, com a posse de dom Gregory, Imperatriz passou a ter a sua própria Diocese, tendo Gregory ainda como seu bispo.
            Embora dom Alcimar tenha feito as gestões para dividir, dom Marcelino, bem antes, já havia praticamente se transferido para Imperatriz. A cidade crescia muito, e ele vinha para cá porque os missionários eram poucos, os padres diocesanos novatos também e não se podia assistir todo o trabalho. Marcelino fazia a tarefa de substituir ou andar aonde os padres ou missionários não podiam se deslocar.

Frade morreu há 21 anos

            Amanhã, segunda-feira, 22 de janeiro de 2001, vai fazer 21 anos da morte de dom Marcelino Sérgio Bícego (1920-1980), cujo nome religioso era Marcelino de Cusano Milanino.
            “Antigamente, os religiosos, quando entravam na ordem religiosa, perdiam os nomes de batismo e assumiam um nome religioso, o qual prescindia de qualquer sobrenome. Só ficavam o nome religioso e o da cidade onde tinha nascido”, explica o frei Tadeu Pietro Gabrieli, que hoje utiliza o nome civil, mas também já teve nome religioso, para depois explicar: “Essa determinação caiu na década de 70”.

ENVENENAMENTO

            Muito se falou sobre a morte de dom Marcelino, na época. Suspeitava-se que ele tinha sido envenenado. De acordo com frei Tadeu, houve envenenamento, sim, mas fármaco, apenas. “Ele teve que tomar muito medicamento para vencer a malária. Arruinou o fígado por conta desses remédios e morreu por doença de fígado”, conta o capuchinho.
            Também, erradamente, na época, a causa da morte de dom Marcelino foi confundida com leptospirose (doença causada pela urina de ratos). “Mas, frei Alberto Beretta, também italiano, que criou o Hospital de Grajaú e o dirigiu até 1981, passando por aqui, esclareceu: ‘a doença era fígado’. E assim foi, pois, afinal, vinha gente do sul do Brasil para se consultar com ele em Grajaú”, comentou o frade Tadeu.

SANTINHA: “ANTEVI A DA MORTE DELE”

            A intercessora Francisca Alves dos Santos, a dona Santinha, 65 anos, teve uma visão, um dia antes de dom Marcelino Sérgio Bícego adoecer e cerca de quinze dias antes da morte do frade capuchinho.
“Era um dia de segunda-feira. Eu estava vendo televisão, em casa, às 6h da tarde, quando uma mulher me apareceu e disse que dom Marcelino morreria amarelinho. E que eu também morreria amarela”.
Na noite anterior, dona Santinha havia assistido à missa. Na segunda ela não foi. Quando sua mãe – Isabel Maria de Jesus (1906-1997) – voltou da igreja, ela lhe perguntou se o frade havia celebrado a missa: “E ela (dona Isabel) disse que não”. Imediatamente, Santinha revelou o sonho e disse: “Dom Marcelino vai morrer”.
Assustada, Isabel Maria de Jesus interrogou a filha: “Santinha, que história é essa?”. E, já na terça-feira, o frade amanhecera enfermo.
            “Quando ele morreu eu quase morri de chorar. Eu era muito ligada a ele, que me ajudou muito espiritualmente. Para mim, dom Marcelino foi um pai, orientador na oração e na família. Ainda hoje o é porque não assisto uma missa sem colocá-lo no altar”, diz Santinha.

UM ANJO

            A religiosa assiste às missas todos os dias, a partir de quando conheceu dom Marcelino, e por isso o define como “um anjo que veio para Imperatriz”.
            “Não só eu, mas muitas outras pessoas, colocamos Deus no coração e em nossas vidas a partir dele”. A intercessora conheceu o frade num encontro de clube de mães, em 1968. Na ocasião, ele falou aos presentes que não há hora exata para perdoar. “Ao ser perguntado pelas pessoas, ele disse: ‘toda hora é hora’”.
            A própria Santinha indagou dom Marcelino. Ela perguntou se podia abandonar uma pessoa se esta não mudasse, após muito se lutar por ela. “Ele disse ‘não, não se pode abandonar. Tem-se que chamar uma ou duas pessoas a mais para ver se doma o coração da pessoa, falando-lhe de Deus e do amor de Deus. Se não der certo, quatro ou cinco e, se for preciso, até a assembléia inteira. Se depois não der certo, deixe-a sozinha, então, sob risco de você e a assembléia se perderem com ela’”.

“ERA UM VERDADEIRO PASTOR”

            Modesta Gomes de Amorim Carvalho, comerciante, católica praticante e natural do estado do Piauí, chegou em 1972 em Imperatriz. Dois anos depois, ingressou na Igreja, através do Cursilho de Cristandade, trazido de Belo Horizonte (MG) pelo bispo dom Marcelino Bícego.
            “Era um homem simples, humilde, andava de chinela franciscana, visitava os bairros, as casas humildes, era muito sensível aos problemas sociais, enfim, uma pessoa maravilhosa, extraordinária”, cita.
            Pela e para a igreja, como religioso, dom Marcelino também fez muito. “Há muitos sacerdotes formados devido o seminário que ele tomava conta, em Carolina. Essa Igreja que temos hoje devemos a ele”, afirma.
            Antes de dom Marcelino, a Igreja Católica, em Imperatriz, era freqüentada basicamente por mulheres, segundo dona Modesta, 62 anos. “Hoje, não; você vê homens, executivos e movimentos leigos. Portanto, dom Marcelino foi o precursor dessa igreja que temos atualmente.”
            Dona Modesta tem em dom Marcelino “um verdadeiro pastor”, “um homem santo”, “um homem de Deus”. “Não diminuindo os méritos de cada um, mesmo porque a cidade cresceu e muita coisa mudou, mas nós temos dele (dom Marcelino) muita memória”, afirma.
            A simplicidade do bispo era tanta que, residindo em Imperatriz e sendo muito amigo do esposo de dona Modesta, Joaquim Sousa Carvalho (1926-1998), ele um dia dormiu na casa do casal. “Eu ainda me lembro desse fato, não sei se minha mãe se recorda”, disse Vera Lívia de Amorim Carvalho, 40 anos, coordenadora do Centro Educacional São Francisco de Assis e do Colégio Amaral Raposo, informando que devia ter apenas 10 anos, na época, e sendo interrompida pela mãe: “Eu me lembrava, sim!”
            “Era um bispo maravilhoso, nem dirigir sabia, gostava de andar a pé e meu marido sempre o buscava na rodoviária, quando ele vinha de Carolina”, concluiu dona Modesta. “Nesse dia, ele veio de Carolina, já era muito tarde, a paróquia estava fechada, ele estava cansado e, depois de jantar e conversar, disse: ‘Dona Modesta, seu Joaquim, vou dormir aqui’. Eu nunca esqueço isso”, diz Lívia, destacando que a casa, na mesma Rua Ceará, embora muito humilde, não incomodou ao bispo. 

BISPO ORDENOU PRIMEIROS NATIVOS

            O padre Raimundo Nonato Barbosa Costa, 45 anos, ainda era menino quando dom Marcelino já era bispo. Depois, como seminarista, Marcelino o dispensou todo o carinho e terminou ordenando os primeiros padres da região. “Era tão popular que nem carro tinha nem sabia dirigir. E ia da residência dele, na praça de Fátima, de pé, para a São Francisco”, recorda-se. “Era muito dedicada aos serviços do povo e aberto aos problemas sociais”.
            O frade viveu, como bispo, o momento auge dos conflitos agrários na região e se colocava ao lado dos trabalhadores. “Por isso, sem provas concretas, falou-se que ele teria sido envenenado”, afirmou.
Sobre a citação da leptospirose, padre Nonato diz que ele teria se envenenado em Itinga do Maranhão. Os médicos diagnosticaram a doença, na época, quando ele ficou internado no antigo Hospital São Raimundo, sob os cuidados da médica Ruth Noleto, antes de ser transferido para Belém (PA), onde faleceu.
            “A morte causou comoção geral, foi um impacto tremendo, a cidade ficou de luto. Ele prestava muita assistência aos pobres, às camadas humildes. Tudo o que podia favorecer às pessoas mais simples, ele estava lá”, diz Modesta Gomes de Amorim Carvalho.
            Em Imperatriz, dom Marcelino ordenou os primeiros padres nativos: Francisco de Assis, primeiro vigário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Lourenço Pereira de Sousa e Felinto Elísio Corrêa Neto.
O padre Nonato não chegou a ser ordenado por dom Marcelino, mas por dom Rino Calessi, em 1981. Porém, ele e os padres Tarcísio Cardoso, Toinho de Pádua Pereira Silva, Luís Assunção e Cícero Marcelino de Melo receberam ordens menores ou o diaconato. “Era desejo dele ordenar a nós todos”, lembra. (JN)

“UM PAI ESPIRITUAL”, DIZ FELINTO

            Ordenado diácono em 1976 e sacerdote em 1978, o padre Felinto Elísio Corrêa Neto, hoje pároco de Nossa Senhora de Fátima, conta que foi o próprio dom Marcelino quem o acolheu no seminário.
“Quando senti a vocação para ser padre, havia terminado o segundo grau e me apresentei para ele. Durante todo o meu tempo de formação, ele foi como um pai espiritual para mim. Um exemplo de doação, de serviço, uma pessoa que viveu a pobreza evangélica e, para mim, um testemunho de vida muito grande. Ainda hoje, meu sacerdócio é marcado pela presença viva dele”.
            Na conjuntura histórica de Imperatriz, dom Marcelino, além de muito querido pelo papel que teve na Diocese da cidade, aqui também se dedicou aos pobres e mais simples, inclusive aos portadores de tuberculose e de hanseníase, na época muito discriminados.
“Ele se dedicou a esse trabalho sem levar em conta o preconceito que existia, na época. Era mesmo um exemplo de doação. Conhecia as doenças tropicais e auxiliava na saúde. Enfim, ele ciou um laço familiar muito grande”, concluiu o padre Felinto Elísio.
            Felinto se considera uma pessoa muito próxima de dom Marcelino Bícego, tendo em vista que, quando foi à Europa, foi apresentado à família do bispo, na cidade de Cusano Milanino, Itália (JN)
LEGENDA: A pedido da igreja, o prefeito José de Ribamar Fiquene, em 1986, mandou erguer uma estátua, na praça de Fátima, feita pelo artista italiano Dovera (in memoriam), que morava em de São Luís, e inaugurada no dia 13 de maio do mesmo ano