Artigo
Urias, meu amigo poeta
jornal Turma da Barra

 


Cezar Braga

"Vamos amigo, levante a cabeça, trabalhe duro escrevendo, a inspiração vem ela é diretamente proporcional à transpiração e lembre-se que as poesias retratam as almas dos poetas, seus desencantos, seus medos, dificilmente suas alegrias"

*Cezar Braga

            O Urias escreveu gente! Ele está vivo!
            Que bom sabermos que está apenas hibernando, dando um tempo em algumas coisas da vida. É bom parar um pouco, meu amigo.
            Parar para repensar a vida, aquilatar nossos fracassos, comemorar nossas vitórias, sentir nossas fragilidades, fazer-nos novas perguntas, pensar em novas respostas, refrear nossos impulsos, voltar com ímpeto maior para reescrever nova história.
            Realmente, vale à pena relembrar aqueles tempos trabalhando juntos, ele me insultando a escrever, não só com palavras de incentivo, mas também com sua farta criação literária, as conversas, os planos...
            Pois é, pode parecer estranho, mas a distância pode fortalecer uma amizade, podemos até pensar que os melhores amigos são os que estão longe. É que com amigos de longe, só vemos o que é bom, os reencontros são sempre muito festejados, como são festejados os bons reencontros.
            Já os amigos de perto, convivendo no dia-a-dia, conhecem nossos defeitos, nossas fraquezas e por ser amigo está sempre nos alertando e isso gera desgastes naturais, que o tempo e a amizade, quando verdadeira, trata de cimentar, de curar sem deixar cicatrizes.
            Podemos dizer que as amizades de longe se mantém, apesar da distância e as de perto, se mantém apesar de nós.
            O ponto triste desse reencontro à distância, modalidade tão em voga nos dias de hoje, foi de sabê-lo escrevendo menos, com menos inspiração.
            Vamos amigo, levante a cabeça, trabalhe duro escrevendo, a inspiração vem ela é diretamente proporcional à transpiração e lembre-se que as poesias retratam as almas dos poetas, seus desencantos, seus medos, dificilmente suas alegrias.
            A minha crônica de hoje eu quero, ao saudar o amigo poeta Urias Matos, publicar um conto dele, já que ele não guarda seus tesouros escritos muito bem, eu guardei esse que muito me emocionou:

Conto

A Mulher do Espelho
Por Urias Matos

            O quintal era cercado por tábuas, restos de madeira recolhida das serrarias das redondezas. Começavam pontiagudas. aumentando de espessura até o meio, onde adquiriam o formato de um corpo barrigudo, depois, iam novamente afinando até a outra extremidade. As peças eram cravadas no chão, lado a lado, quatro fios de arame com espaço de cerca de 60 centímetros entre elas completavam a armação.
            Debaixo de um frondoso pé de manga ela fincou sua residência. Há muito tempo não entrava na casa. Durante o dia, se fosse de sol, acolhia-se na sombra da árvore, quando chuva, ia se recolher embaixo da armação plástica que a mãe improvisara. Eram varas finas de bambu, dispostas de tal forma que formavam uma cabana sem paredes, indo direto da cerca ao chão. Mesmo nas tempestades resistia e caso o abrigo não a protegesse, o abandonava e saia a rodopiar pelo terreno, a saudar a chuva, cantarolando feliz, como se os pingos que a refrescavam fossem descidos dos céus em sua homenagem.
            Num desses dias de sol a pino, um brilho estranho chamou sua atenção. Ao aproximar do clarão que vinha do outro lado da cerca maravilhou-se. Era um pequeno pedaço de espelho que reluzia os raios solares. No principio, por receio do desconhecido não quis pegar, mas a curiosidade e o encanto foram tão grandes que logo em seguida sua mão já estava por debaixo da cerca, puxando o objeto. O reflexo do sol bate direto em seus olhos, a reação: Joga longe o pequeno caco de espelho e se recolhe imediatamente ao abrigo.
            Quando chega a noite enluarada, ela continua escondida, recolhida. A mãe lhe traz o jantar, deixa-o no local de sempre, embaixo do pé de manga. Olha novamente o objeto que agora reflete a luz da lua, com seus raios prateados. É uma noite linda. Perde o medo e novamente se aproxima. Ajoelha-se, o pequeno pedaço de espelho reflete a lua, as estrelas, todas as nuances de uma linda noite de verão. Ela finalmente toca o reflexo. Olha para o alto incrédula que aquele pequeno objeto possa trazer o céu, as estrelas e toda a beleza do infinito para tão próxima dela. Acaricia a superfície do espelho como se tocasse nos objetos nele refletido. Finalmente adormece.
            Acorda junto com os primeiros raios de sol. Percebe sua mão sobre o espelho que agora reflete a alvorada. Levanta-se e finalmente vê a imagem de uma mulher refletida no espelho. Uma bela mulher, tenta tocá-la, inutilmente, por certo ela está longe, assim como a lua e as estrelas que vira na noite anterior. Agora muito mais corajosa, pega nas mãos o caco de espelho. Para todos os lados que se vira com o objeto vê um mundo duplicado. O pássaro que canta na árvore é o mesmo da imagem, assim como as borboletas, as lagartixas...
            Mas a mulher, aquela mulher estranha sempre acompanha, está em todas as imagens. É uma figura triste, tem os cabelos feios, desarrumados. As roupas são surradas, desbotadas. Em nada se parece com a figura de sua mãe, sempre de branco, terna. Sim, a mãe sempre vem cuidar-lhe. Ela sabe que nela pode confiar. A mãe é a única que pode e deve se aproximar dela, mas nem sempre.
            Então pela primeira vez na vida ela sorriu, e viu que a mulher do espelho também ria, mas os dentes da mulher eram feios, um riso preto, sem graça. Começou a bailar pelo pequeno quintal, seu mundo. Sentia o cheiro das folhas, das flores, da terra, ouvia o canto dos pássaros, e todos os sons que a cercava. Então se lembrou da mulher do espelho e voltou pro canto onde o abandonara. Ela estava lá, mesmo olhar de sofrimento, mesmo abandono. Mas não poderia ser diferente. A mulher estava numa prisão, ela não, levantou-se e riu, riu de sua vida maravilhosa, e dançou, dançou até o fim dos dias, comemorando sua liberdade."

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
7abr2014/nº600)

 

Artigo
Ah! Se Freud soubesse
jornal Turma da Barra

 

'Escrever o que vem a mente faz bem, reconforta, relaxa e é terapêutico... 
Ah! se Freud soubesse.'

*Cezar Braga

            Quero agradecer as palavras do Mario Helder, Rita de Cássia e do Eduardo Galvão, quando falaram sobre minha volta.
            Não os agradeci antes porque resolvi me reeducar no uso da internet. Sendo assim eu abro o TB todos os dias, leio o que foi publicado e só vejo os e-mail dos leitores no fim de semana.
            O acesso indiscriminado, estava tomando muito do meu tempo e resolvi priorizar o trabalho. Leio as notícias, não acesso o facebook a toda hora, os e-mail vejo o que está chegando pelo celular e só acesso se é alguma coisa de interesse do trabalho, os outros deixo para ler/responder quando chego em casa à noite.
            Com isso pude otimizar meu tempo e encontrar um tempinho extra para escrever minhas coisas.
            Voltei a escrever sobre tudo o que vejo, o ouço... Voltei a ser aquele observador tempo integral, já que no meu trabalho vejo e ouço coisas que me ensinam e com elas e delas encontro a "inspiração" para continuar a escrever.
            Reeducando meus hábitos alimentares, reeducando meu tempo na internet, reinventando coisas na vida, assim vou levando a vida.
            Escrever é muito bom, vai nos desnudando, nos ensinando, nos fazendo companhia, pois quem escreve, quem se desnuda, quem olha para dentro de si mesmo nunca está só, não sente solidão.
            Assim eu vou vivendo, escrevendo o que me vem a cabeça, como já tinha feito há algum tempo atrás e me divertia muito, quando ia ler o que tinha escrito para dar forma a uma crônica, dar sentido a frases soltas, pensamentos inacabados, observações incompletas...
            Uma vez o poeta Urias dizia que me invejava por eu ter dito que tinha sempre alguma coisa escrita para se transformar em uma crônica, um artigo e eu lhe respondi que ele também era assim, só que um pouco menos organizado.
            Quando digo um pouco menos organizado, quero dizer que eu guardo o que escrevo, ele não. Às vezes é um exercício enorme para a memória entender o que escrevi, decifrar os rascunhos, que mais parecem garranchos.
            Escrever o que vem na mente é muito relaxante, é estimulante... Descobrimos sentimentos, medos e sonhos que nem sabíamos existir e, ao ordenar o que escrevemos, para extrairmos das frases soltas e pensamentos tortos, uma boa crônica ou uma desconexa crônica, como às vezes é a nossa vida exercitamos a memória, o bom senso e damos boas risadas.
            Escrever o que vem a mente faz bem, reconforta, relaxa e é terapêutico... Ah! se Freud soubesse.
            Voltei com o meu blog, o "Temperando o cotidiano"(cezarbraga.zip.net). Vou tentar mantê-lo bem atualizado, se possível diariamente.


*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense


(TB
31mar2014)

 

Artigo
Escrever é bom
jornal Turma da Barra

 

'No início achei que escrevia por timidez, 
depois achei que escrevia para fugir, mas nunca acreditei que escrevia por covardia de falar.
            Hoje acredito que é preciso mais coragem para escrever, do que para falar'

*Cezar Braga

            Esses dias li um comentário da poeta Luciana Martins, em que parabeniza o Borginho e fala na minha incansabilidade. Aliás já tínhamos falado disso em um encontro em São Luís.
            Não sei se é graça ou não, essa necessidade que tenho de escrever o que eu sinto, o que eu vejo, o que eu ouço e que pode ser interessante para os outros, pois para mim é fundamental.
            Naquela ocasião, a poeta do espetáculo das sensações alheias, me falou da minha constância e coragem de me expor, pois sempre escrevo sobre o que sinto, o que vejo, o que penso e, por isso às vezes é tão difícil.
            Foi muito gratificante ouvir isso de quem, em uma entrevista ao falar sobre o período entre os seus dois primeiros livros, Lapidação da aurora e Espetáculo das sensações alheias, disse que: Entre um livro e outro, fui aprendendo a me arriscar mais. Fiquei menos tímida; me preocupei menos em errar.
            Também li muita poesia nos últimos tempos. Ler poesia (para mim) é uma forma de aprendizagem para fazer poesia. Mas fugi correndo dos(das) poetas medíocres; tenho medo de pegar a doença da mediocridade.
            Estou a falar sobre isso, porque há duas semanas não publico no TB, meu artigo, minha crônica, sei lá o que... Minhas coisas, é isso, minhas coisas escritas e, também, porque durante muito tempo escrevia e não tinha coragem de publicar, tinha medo de errar, de ser mal compreendido e, principalmente, medo da mediocridade.
            Acabou o carnaval, fiz 64 anos, comecei a escrever sobre essa festa anual, sobre esses anos todos, que me parecem tão poucos e sobre a descrença que paira sobre nosso povo, em relação a tudo; comecei a falar sobre a inversão de valores... Parei, não sei se, depois de tanta espera, tanta frustração e, com tanta gente falando a mesma coisa, essas cosias de decepção, de desesperança, valeria à pena mais escrever sobre a mesmice, principalmente se as chances de mudança se reduzem cada vez mais.
            Aí, pensei; Quem vai me ouvir?
            Mesmo assim, escrevo, escrevo, escrevo...
            Ao mesmo tempo que escrevo, leio e leio muito.
            Mas escrever, para mim, é uma forma de autoamor, com o sentido de autorespeito, é uma maneira de olhar para dentro de mim, de emprestar a atenção a mim mesmo , de enxergar o que tem dentro de mim, de avaliar minha criatividade, minha capacidade de sentir...
            Vou voltar a publicar minhas coisas, já que nunca parei de escrever. Vou continuar perturbando os caros leitores, que emprestarem um pouco do seu tempo para me ler.
            No início achei que escrevia por timidez, depois achei que escrevia para fugir, mas nunca acreditei que escrevia por covardia de falar.
            Hoje acredito que é preciso mais coragem para escrever, do que para falar. Quando falamos, falamos e não tem mais jeito, alguém questiona, respondemos, a fala é ali, é na bucha.

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
24mar2014)

 

Artigo
Carnaval e amizade
jornal Turma da Barra

 

"E, nessa tarde-noite de sábado, 22 de fevereiro de 2014, ficou comprovado que é a amizade que impulsiona o nosso carnaval, é a amizade que aproxima pessoas na alegria, é a amizade que une conterrâneos nessa festa única de encontros, reencontros e lembranças"

*Cezar Braga

            Sem máscaras, confetes e serpentina, mas com uma enorme alegria, que contagiou a todos, se deu o encontro dos blocos tradicionais de Barra do Corda: O Não é da sua conta, Os Capelobos e Os Cachacinhas, abrindo o carnaval barra-cordense de 2014.
            Eu sempre disse e a festa de abertura do carnaval barra-cordense de 2014, no bar Malibu, do sempre atencioso Gilvan, na tarde aprazível e sem chuva na Avenida Litorânea, na bela ilha de São Luís, comprovou que o mote do carnaval de Barra do Corda é a amizade.
            E, nessa tarde-noite de sábado, 22 de fevereiro de 2014, ficou comprovado que é a amizade que impulsiona o nosso carnaval, é a amizade que aproxima pessoas na alegria, é a amizade que une conterrâneos nessa festa única de encontros, reencontros e lembranças.
            Nesse encontro de 2014 a participação dos barra-cordenses foi maior do que em anos anteriores, e temos que agradecer ao excelente trabalho do Dorginho Castro, que divulgou o evento pela Mirante, quer na televisão, escrita e por rádio. Nosso muito obrigado ao Dorginho!
            Tinha pessoas, pessoas, gente e muita gente, falar em alguém em particular seria quebrar o encanto dessa alegria, que era de todos, que era do momento, que era do carnaval.
            Foi assim, assim mesmo. Alegria, risadas, lembranças, pessoas se encontrando, se reencontrando...
            Nesse sábado exageramos na alegria e, nesse exagero lembrei de uma frase de Anatole France que bem poderíamos adotar, todos os dias de nossas vidas: "Se exagerássemos nossas alegrias, como fazemos com nossos pesares, nossos problemas perderiam peso."
            Saudações,


*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
24fev2014)

 

Artigo
O bom brasileiro
jornal Turma da Barra

 

"Nós brasileiros temos que mudar, deixar de sermos bons samaritanos, só quando achamos que alguém foi ofendido, deixarmos de querer ser bonzinhos e creditar ao nosso favor tudo o que for de bom, e esquecer o é ruim, ou o que não favorece a nós mesmos ou a nossa imagem"

*Cezar Braga

            O Brasil ficou famoso pelo mundo afora pelo futebol e carnaval. Aqui dentro somos conhecidos pelo famoso jeitinho brasileiro e pela maneira que sempre encontramos para encarar os fatos, a verdade de uma maneira singular, em que entre mortos e feridos se salvam todos.
            Essa semana foi pródiga nesses assuntos. Aqui na ilha do Amor, a bela e maltratada São Luis, a SMIT - Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte, da Prefeitura de São Luis, desalojou o Pirata, um paraibano que morava em um fusca sem documentação (é óbvio) e em lugar público. As redes sociais pipocaram em defesa do pobre homem. O prefeito resolveu doar uma casa, de um desses programas minha casa qualquer coisa, uma biana para atelier e moradia. O fusca não podia ficar em lugar publico, que afrontava os novos ricos que passeiam pela litorânea, mas uma biana pode.
            O lugar é público para se fazer o que, uma praça? Cadê a praça? Todos se apiedaram do Pirata, ele virou mártir, ganhou casa, biana e um momento de sucesso nas redes sociais. E os que moram embaixo da ponte, que não ferem os olhos desses novos ricos, vão para onde?
            E o MP, só tem olhos para os lugares públicos da litorânea?
            Uns defendem, outros não. Logradouro público não pode ser usado por particulares. O Pirata tinha que sair de lá. Mas, e os que ocupam outros lugares públicos com o beneplácito da Prefeitura, vai acontecer o que?
            O Pirata vai ganhar uma casa no programa do governo federal, com a ajuda e apoio da prefeitura, e os que se inscreveram há anos e estão em lista de espera vão fazer o que? Invadir áreas públicas para ter o mesmo tratamento?
            Vira caos e caso de polícia.
            O José Sarney, na sua coluna dominical no Estado do Maranhão, fala que "O Maranhão está bombando, eufórico e cheio de esperança.". fala mais ainda, que o Maranhão tem quase seis milhões e meio de habitantes, é o 16º PIB da Federação e possui o 2º porto do Brasil.
            Pois bem, bombando o Maranhão está a cada dois anos, desde que me entendi como maranhense. É claro que é nas eleições, para deixar o povo eufórico e cheio de esperanças. Euforia que nunca acaba, pois as promessas não são cumpridas e sempre prometidas novamente e esperanças que se esvaem a cada fim do pleito, para voltar mais vibrante dois anos depois.
            Quanto ao PIB, nada a comemorar, pois ser o 16º entre 27, num país que estatísticas é como biquíni dos anos 60, só esconde o principal, não é um feito tão grande. É bem menor do que a avaliação da nossa educação e segurança.
            E, falando em porto, será que essa grandiosidade, quase que totalmente natural, uma dádiva de Deus, haverá o Sarney de querer imputá-la como mais uma obra sua?
            Nós brasileiros temos que mudar, deixar de sermos bons samaritanos, só quando achamos que alguém foi ofendido, deixarmos de querer ser bonzinhos e creditar ao nosso favor tudo o que for de bom, e esquecer o é ruim, ou o que não favorece a nós mesmos ou a nossa imagem.
            Dizem que tem coisas que nem Freud explica, mas mesmo sem saber da índole boazinha do povo brasileiro, ele vaticinou " seríamos bem melhores, se não quiséssemos ser tão bons."

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
17fev2014)

 

Artigo
Reclamações e mudanças
jornal Turma da Barra

 

'Reclama-se do governo pela falta de uma política efetiva para coibir as agressões ao meio ambiente, e todo dia agredimos esse meio ambiente que queremos que seja salvo'

*Cezar Braga

            Há alguns anos, em conversa no bar do Luis, em Barra do Corda, em conversa amena eu dizia que nenhum deputado, senador, governador, vereador estava ocupando aquele lugar porque lá se instalou sem mais, nem menos. Ele estava lá porque as pessoas que os criticam naquele momento os havia colocado lá quando neles votaram, E o que é pior, mesmo não demonstrando nenhuma competência, ao contrário, mostrando um arsenal de atos indignos e de extrema corrupção, foram reeleitos, ainda com a aquiescência dos eleitoresque votaram novamente neles.
            Aliás, tem um dito popular aqui no Nordeste que retrata bem a situação e diz: "Jabuti em cima de árvore, é enchente ou tem mão de gente."
            Pois é, no Brasil é assim, vive-se a se reclamar de tudo, do político, da novela, do BBB e a cada eleição elegemos, quase sempre, os mesmos, as novelas continuam com grandes audiências e a cada edição de BBB a audiência aumenta.
            Reclama-se do governo pela falta de uma política efetiva para coibir as agressões ao meio ambiente, e todo dia agredimos esse meio ambiente que queremos que seja salvo.
            Fazemos protesto contra organizações que usam animais como cobaia, para pesquisa e desenvolvimento de técnicas, remédios para os males dos homens e, somos incapazes de um gesto mais amigo com os animais de rua, somos incapazes de criar um deles.
            Uma voz uníssona se levantou contra a atitude de possíveis "justiceiros" terem amarrado e agredido um ladrão, os defensores dos direitos humanos se levantaram e protestaram. Eu, pergunto, sem entrar no mérito da questão, onde estavam esses psicólogos, defensores do direito humano, sociólogos e quem quer seja, quando bandidos, em janeiro de 2011, em Juazeiro na Bahia, amarraram e açoitaram até a morte dois soldados da polícia militar baiana?
            Aqui no Maranhão, uma mãe e suas duas filhas foram queimadas, só porque estavam em um ônibus que os bandidos queimaram, protestando contra o que, só Deus sabe. Uma dessa meninas morreu. Choro, protesto e clamor por justiça por parte da população.
            Ainda aqui no Maranhão, bandidos se matam na penitenciária. são facções adversárias, segundo as autoridades do setor, em acerto de contas.
            As autoridades constituídas, os defensores dos direitos humanos, a secção dos direitos humanos da OAB se reuniram para ver que medidas adotar para coibir essas violências e, sabem qual foi uma das propostas apresentadas pela secção dos direitos humanos da OAB?
            Foi a de exigir que o Governo do Estado encontre um dispositivo para indenizar as famílias das vítimas. A população se sentiria melhor, se eles estivessem considerando, nesse caso, como vítimas as pessoas que foram queimadas no ônibus incendiado pelos marginais, mas não, as comissões falavam em nome dos bandidos assassinados por eles mesmo, porque na prisão estavam sob o cuidado do governo.
            É o fim!
            Não adianta falar que ama a natureza e continuar a jogar os esgotos e lixo nos rios.
            Não adianta ser contra as pessoas que lavam as calçadas, e demorarmos horas tomando banho.
            Não adianta você reclamar da política que nunca faz nada por você, por nós, se você também não faz nada pela política.
            Não adianta você reclamar dos políticos e os reeleger.
            Não adianta clamar por mudanças, se essas mudanças não estão em você.


*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
3fev2014)

 

Artigo
Vamos poetar
jornal Turma da Barra

 

'Chega um momento que temos que dar um basta, não na violência, 
até porque não sei como, mas nessa história de só se falar em violência. Afinal dizem que violência gera violência, portanto falar nela deve, por assimilação, atrai-la'

*Cezar Braga

            O mundo está de ponta a cabeça. Em todo noticiário, em toda revista, nas conversas do cotidiano, nos bares, nas baladas, nas igrejas, nas praças só se fala na violência, no medo, na corrupção, na impunidade, nas falcatruas.
            Já escrevi sobre a violência ser gerada por falta da família, pela inversão de valores, pela falta de justiça, pela impunidade, enfim, por todas essas mazelas que gerenciam nosso mundo moderno e nossas instituições corrompidas.
            Chega um momento que temos que dar um basta, não na violência, até porque não sei como, mas nessa história de só se falar em violência. Afinal dizem que violência gera violência, portanto falar nela deve, por assimilação, atrai-la.
            Vamos parar de falar em violência, vamos falar em paz, e ver se assim a trazemos para nosso convívio.
            Vamos poetar, esse é a melhor maneira de se viver. Vamos torcer por um poeta no poder, para que a violência acabe e o amor triunfe.

Chorei...

Chorei... Não sei porque, mas chorei.

Simplesmente chorei

Não era tristeza, nem ódio

Chorei, porque não podia sorrir

E, se não posso sorrir... Choro.

Vamos deixar de chorar, vamos sorrir.
Deixemos a violência de lado, vamos procurar a paz e a amizade, só assim
acabaremos com a violência.

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
3fev2014)

 

Artigo
O viver não é preciso
jornal Turma da Barra

 

'Hoje eu entendo o significado do "preciso" que Fernando Pessoa usou quando disse: 
Navegar é preciso, viver não é preciso.'

*Cezar Braga

            Estamos vivos, portanto vivemos... Se vivemos essa vida intensamente ou se com intensidade, não sabemos ao certo. Ao certo mesmo sabemos que estamos vivendo.
            As coisas que fazemos, nem sempre tem uma explicação lógica no momento em que as fazemos, nem precisam. Fazemos... Simplesmente porque fazemos.
            Outras coisas pensamos muito antes de fazê-las, nem por isso essas são mais bem feitas, ou mais lógicas que aquelas.
            Muitas vezes somos, por circunstâncias ou obrigação, chamados a explicar a razão de alguns dos nossos atos e, às vezes não encontramos lógica nenhuma que os explique, às vezes nem aqueles que fizemos com lógica e depois de pensar muito.
            Portanto chego à conclusão de que a vida é para ser vivida de acordo com nossos rompantes, tendências e idéias.
            Por isso é tão difícil vivê-la se temos que nos explicar a todo momento. Por isso às vezes dizemos não entender as atitudes de alguns amigos, conhecidos que, aparentemente, se rebelaram contra o "status quo", contrariando as regras e surpreendendo amigos.
            Na verdade é muito fácil entender esses, se tivermos a oportunidade de vivermos um pouco com eles depois da "rebeldia", pois parecem que são mais livres, mais soltos e, quem sabe até mais felizes.
            Para se viver não é preciso lucidez total, é extremamente necessário que sejamos um pouco loucos, um pouco bobos, que sejamos nós mesmos.
            Sem que seja preciso transgredir, sem que seja preciso se rebelar contra tudo e todos, só é possível viver se fugirmos um pouco, às vezes até muito, de regras, de padrões, de paradigmas e sermos nós mesmos, com nossas fraquezas autênticas e não com as amarras da coragem dissimulada.
            Hoje eu entendo o significado do "preciso" que Fernando Pessoa usou quando disse: Navegar é preciso, viver não é preciso.
            Para se navegar a precisão, o conhecimento é necessário, mas viver não é preciso, não existe regras a serem seguidas, nem conhecimento que faça o viver melhor.
            Vivemos, só isso importa. Não devemos tentar entender porque viver não é preciso.
            Tendo certeza que Fernando Pessoa estava certo, digamos como Clarice Lispector disse: Não se preocupe em entender. Viver ultrapassa qualquer entendimento.

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
27jan2014)

 

Artigo
Festa do TB:
Coroamento de um ano positivo

jornal Turma da Barra

 

"Nessa última crônica do ano de 2013, gostaria de encerrar, 
desejando um 2014 muito feliz e com muito sucesso a todos os membros do TB e todos os leitores, que acabam sendo os principais membros do TB, já que é para eles que escrevemos 
e levantamos as bandeiras de melhoria da nossa querida cidade."

*Cezar Braga

            Os membros do TB, que estavam em Barra do Corda, se reuniram esse fim de ano, na Churrascaria Pacheco, para mais um encontro de confraternização, avaliação e celebração por mais um ano de vida do jornal e de seus colaboradores.
            O encontro foi muito bom, pelas notas do editor do TB, pelas fotos e, principalmente, pelos participantes, a começar pelo mestre de cerimônia, o Célio Pacheco, meu amigo Celinho, uma das pessoas que admiro pela maneira de saber viver, descontraído, sempre alegre, inteligente, aventureiro, bem humorado, enfim, um "bon vivant", na melhor acepção da frase, como uma pessoa que aproveita bem a vida, que a sabe viver da melhor forma possível, além de colaborar muito com o jornal TB.
            O encontro deve ter sido dos melhores, pela excelência dos membros do TB presentes, poetas, articulistas, cronistas.
            O encontro deve ter tido sabor de vitória, pelo excelente ano desse jornal intrépido e desbravador, pois foi um ano de surpresas boas, com o advento de bons cronistas, como o Carlos Borges, o Borginho, o Wilson Leite, sempre com histórias divertidas, bem articuladas e cheia de um saudosismo gostoso, quando se pode lembrar as pessoas, os lugares com a alegria de bons tempos vividos, que não nos trazem tristeza, mas que nos remete a um tempo bom, quando aconteceu os fatos, que magistralmente eles transcrevem.
            A participação mais efetiva, e não menos carismática do Eduardo Galvão, sempre nos brindando com bons relatos, posições firmes que nos levam à reflexão.
            A presença sempre marcante, até porque quase sempre ausente fisicamente, dos companheiros Brito e Mário Helder.
            A presença, sempre com boas intervenções no TB, do Guilherme Martins, uma boa promessa. O Diego Lacerda, tem que ser mais presente, já que, também nos brinda com excelentes artigos.
            Não podemos deixar de lamentar a ausência de matérias, até por que sempre nos trazem jóias e pérolas, dos poetas Urias Matos, Mauro Miranda, Angélica Alencar, Luciana Martins, entre outros que às vezes desaparecem.
            O companheiro Luis Carlos, que se firmou nesse TB, com excelentes artigos, que com maestria e cultura, nos leva a reflexão profunda sobre a natureza humana.
            Não posso deixar de lamentar a falta do "vilão" Humberto Madeira, uma ausência sentida e muito demorada.
            Acredito que o editor do TB, o jornalista Heider Moraes, deve está na nuvens pelo sucesso do jornal nesse 2013, mas com os pés cravado nos chão mais firmes do que nunca, na luta sem tréguas pela cultura e pela UFMA em Barra do Corda.
            Nessa última crônica do ano de 2013, gostaria de encerrar, desejando um 2014 muito feliz e com muito sucesso a todos os membros do TB e todos os leitores, que acabam sendo os principais membros do TB, já que é para eles que escrevemos e levantamos as bandeiras de melhoria da nossa querida cidade.
            Misturando um pouco de Carlos Drummond de Andrade, que compara o início do ano, ao início da semana e minha escritora preferida Clarice Lispector, que falando das segundas-feiras disse: "Segunda-feira é mais difícil porque é sempre a tentativa do começo de vida nova. Façamos cada domingo de noite um reveillon modesto, pois se meia noite de domingo não é começo de Ano Novo é começo de semana nova, o que significa fazer planos e fabricar sonhos."
            Em 2014 não deveremos ter medo de ser feliz, nem alegres, nem que para isso tenhamos que dizer como a Clarice Lispector: "E todos os dias ficarei tão alegre que incomodarei os outros."

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
30dez2013)

 

Artigo
A UFMA em Barra do Corda
jornal Turma da Barra

 

"Saibam que, implantado o polo da UFMA em Barra do Corda, 
ele será de qualidade e visando a instalação de um Campus, com responsabilidade para com toda comunidade e com condições de consolidação e crescimento. Estamos bem perto, mas vamos continuar a luta"

*Cezar Braga

            A luta pela UFMA em Barra do Corda é uma constante na minha vida, não vou deixar que assuntos como: ”o campus foi roubado por Grajaú”, nem o que o ex-prefeito de Grajaú possa ter dito sobre o assunto, nem o alardeado e verdadeiro descaso dos políticos por essa luta, nem quem começou, nem quem vai angariar os méritos, me tirem do foco de ver a UFMA em Barra do Corda.
            Estamos em um momento que requer humildade, sem subserviência, requer arrojo, sem prepotência.
            Não podemos pensar tipo “porque não aqui?” Ou “porque lá em outro lugar?”.
            Afinal não somos o único município que os pais clamam por faculdades públicas para seus filhos estudarem, já que não podem pagar as particulares ou mantê-los em outra localidade, não somos o único município a merecer esse benefício, que deveria estar em todos as cidades brasileiras.
            Nesse momento da luta não podemos caminhar apenas com os políticos honestos, até por que se existe, está difícil encontrar.
            Precisamos sim, nos unir em torno desse objetivo, que venham deputados, senadores, ex-prefeitos, que eles exijam a paternidade da idéia, da ação e sejam benvindos e que conclamem aos quatro ventos que foram eles que trouxeram o Campus da UFMA para Barra do Corda e, o que é mais importante, vamos aplaudir.
            O que realmente importa, independentemente de qualquer coisa, é a implantação da UFMA em Barra do Corda.
            Não podemos ficar lembrando iniciativas, com quase nenhuma chance de sucesso. Não lembro da luta lembrada pelo Heider, que disse que o professor Galeno falou da idéia do frei Marcelino, mas participei de reuniões com a professora Delta, e disse várias vezes que não estava no caminho certo. A idéia era boa, mas muito politizada, muito elitizada e sem clamor popular. Depois da primeira reunião vi que a idéia estava fadada ao insucesso. Não havia real empenho na proposição, havia apenas uma idéia, mas pessoal do que coletiva.
            Não podemos nos levar por barrismos tolos, a UFMA é uma só. Que venha como Polo do Campus de Grajaú e, se realmente somos o melhor lugar e deveríamos ter sido contemplado em primeiro lugar, vamos provar, vamos mostrar magnitude e garantir cursos com melhor aproveitamento, vamos incentivar nossos jovens, exigir dos mandantes municipais melhorias no ensino fundamental e médio e, com isso, garantir maior acessibilidade dos nossos conterrâneos nos cursos oferecidos, mostrando nosso valor no campo, nas salas de aula.
            Sou testemunha da implantação do Polo de São Bernardo, vinculado ao Campus de Chapadinha e que hoje é o Campus de São Bernardo.
            Vamos lutar com as forças que temos, aplaudindo a ação em outros municípios e não invejando que não sendo em nosso, apenas desejando veementemente que chegue, também, em nossa querida cidade.
            Muito bom o artigo do Eduardo Galvão, com ressalva à minha pessoa, já que nessa luta estou numa posição privilegiada, acredito que muito mais dolorosa do que privilegiada, do que dos outros que lutam por esse sonho, pois sei e acompanho as dificuldades, por parte da administração da UFMA, para emplacar com a responsabilidade que lhe é exigida, a implantação de um Campus, ao mesmo tempo que compartilho dos anseios do povo barra-cordense, que também são os meus.
            Quero ardentemente esse benefício, mas comungo com a administração superior da UFMA da necessidade de se implantar um Campus, um Polo que seja, com certeza de poder oferecer cursos de qualidade, capazes de vir a melhorar de verdade as condições sócio-econômicas da região.
            Seria muito fácil para a UFMA, se a administração fosse irresponsável, sair abrindo Campus em todos municípios, como já aconteceu com outra instituição, sem garantia de consolidação, sem ao menos ter condições de oferecer cursos com razoáveis níveis de aproveitamento, apenas com fins eleitoreiros, como sabemos.
            Saibam que, implantado o polo da UFMA em Barra do Corda, ele será de qualidade e visando a instalação de um Campus, com responsabilidade para com toda comunidade e com condições de consolidação e crescimento.
            Estamos bem perto, mas vamos continuar a luta, que não se acabará com a instalação do Polo, apenas nos dará mais forças para lutar pelo Campus.

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
11nov2013)

 

Artigo
Mudou o governo, os vícios continuam
jornal Turma da Barra

 

"O atual governo não diz a que veio, não se impõe como governo sério.
            O prefeito é uma grande incógnita, não aparece para resolver os problemas, acredito que nem para conhecê-los, não vai à prefeitura, não tem tempo para conversar sobre soluções de alguns problemas, enfim, não governa.
"

*Cezar Braga

            Mudam os dirigentes, os novos mandatários são de partidos diferentes, mudam os assessores... Mas os vícios, os comportamentos são os mesmos.
            A inexistência de convicções políticas, ideológicas ou programáticas, a falta de compromisso com o desenvolvimento e bem estar da população, somada às vantagens propiciadas pelo poder são as principais razões a explicar os desmandos e descaso dos governos municipais em Barra do Corda.
            O povo acertou quando elegeu alguém distante do grupo dominante, já que sobre o comando daqueles se viu a saúde enfartar, a educação atrasar e a segurança se perder na insegurança.
            O povo não podia adivinhar era que o novo governo municipal iria enveredar pelo mesmo caminho do anterior, embora pudesse ser previsível, mas de sã consciência, ninguém esperava que isso fosse acontecer.
            Aconteceu!
            O atual governo não diz a que veio, não se impõe como governo sério.
            O prefeito é uma grande incógnita, não aparece para resolver os problemas, acredito que nem para conhecê-los, não vai à prefeitura, não tem tempo para conversar sobre soluções de alguns problemas, enfim, não governa.
            É bem verdade que a impunidade permite que queiram fazer as mesmas coisas dos governos anteriores, afinal, devem pensar, se nada aconteceu com eles, nada vai acontecer conosco.
            Até ai, mesmo sem ser o que esperávamos, era previsível, como já disse, de acontecer, mas ver hoje alguns de seus assessores, que antes eram paladinos da justiça, da moralidade, das causas nobres, defenderem esse estado de coisa, me causa, no mínimo, perplexidade e espanto, para não ser mais direto e contundente.
            É necessário, é uma questão de sobrevivência que a corrupção seja eliminada, que a máquina pública municipal volte a funcionar para todos os cidadãos e não, apenas, para benefício próprio e de alguns privilegiados, que antes gritavam por ações positivas, e hoje se aliam nessas ações escusas.
            A inércia política se alastra e desmotiva os funcionários honestos. As ações positivas ficam cada vez mais distantes, a população se sente impotente para reagir.
            Vozes aparecem para denunciar o atual “status quo”, vozes aparecem para defender o governo municipal, os primeiros imbuídos dos melhores propósitos e em nome do povo inerte por tradição e sem opção, os segundos movidos pelos benefícios que recebem, pelo poder que se ufanam deter e por não terem compromisso com o povo barra-cordense.
            Sei que sou só mais uma voz a clamar compromisso e seriedade do governo municipal, mas se juntas a outras que tem o mesmo objetivo, podemos fazer um coro de fazer tremer as estruturas do poder dessa administração.
            Não sei por onde começar, mas não podemos mais deixar entrar e sair governo que atropelam as leis, se locupletam, deixam o município quebrado e saem ilesos e rindo da cara dos cidadãos.
            Temos que nos unir em algum tipo de organização, ONG, qualquer coisa que seja, mas com a convicção comum de que todo empenho dessa associação seja em favor da melhoria das condições de vida no município e de promover o saneamento do poder público municipal, eliminando todas as formas de corrupção, de inércia nas mais diversas áreas da administração.
            Poderíamos procurar a Câmara Municipal, a imprensa para fazer nossos direitos de cidadãos, mas o que acontece com esses governos é, que eles cooptam os vereadores e a imprensa, para não correrem perigo de ações legais, nem de revelação de escândalos.
            Só nos resta denunciar, gritar, sermos mais ativos e participativos.
            Aristóteles, nascido em Estagira, na Grécia, berço da democracia, disse que que quem evitava os assuntos da administração pública não podia, nem sequer ser chamado de humano.
            E, para encerrar, numa conclamação à ação, quero dizer para os leitores que a palavra “idiota” surgiu na Grécia antiga, com o nome de idiotés, aqueles que se preocupa somente com a própria vida, com os assuntos pessoais, com sua vida particular. A palavra de deriva do substantivo  idiós, que em português significa “próprio”. Para os gregos, ser um  idiotés era fugir da natureza humana, o que significava não utilizar a própria razão.
            Vamos usar nossa razão, exigir mais respeito, mais ações em prol do desenvolvimento da nossa cidade, mais segurança, uma educação de qualidade, uma saúde eficiente.

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
2set2013)

 

Artigo
UFMA na Barra 
Uma luta para se vencer

jornal Turma da Barra

"Barra do Corda poderá ter o Campus da UFMA, com cursos voltados para a área agrícola, poderá ter seu BCT – Bacharelado em Ciência e Tecnologia, sem prejuízo de outros cursos técnicos de construção, segurança do trabalho etc."

*Cezar Braga

            Sempre considerei, e considero, a Elizete Delgado uma batalhadora, visionária e progressista.
            Essa semana uma postagem sua no Facebook, me fez triste, me pareceu estranha. Não postei nada, não fiz nenhum comentário naquele espaço. Mas, resolvi usar o espaço que o TB me cede às segundas-feiras, para dizer o que penso sobre o assunto.
            O problema na educação e cultura não é privilégio da nossa Barra do Corda, é um cancro nacional, sem que, eu particularmente, vislumbre uma solução nem a longo prazo, pela maneira como é conduzido as possíveis soluções.
            O Brasil carece de educação eficiente e cultura de uma maneira geral. Em relação a alguns países, que não ostentam a estrela de primeiro mundo, estamos anos luz de distância. Quando falamos na defasagem, em relação a outros países em cultura e educação, não estamos querendo comparar nossos escritores, nossos médicos, nossos artistas com os de outro qualquer país, estamos comparando a nossa população, nossos costumes, nossas aspirações, com as da população desses outros países.
            Pois bem, em virtude do grande fosso existente entre o que oferecem ao povo como educação e cultura e o que realmente estamos necessitados, não podemos nos dar ao luxo, principalmente na nossa esquecida Barra do Corda, de escolher por qual luta encampar ou de priorizar uma, em detrimento de outra.
            Temos, sim, que lutar com todas as forças, por toda e qualquer melhoria para o sistema educacional.
            Dizer que o melhor lutar para pôr em funcionamento uma escola em construção, do que pela UFMA é, no mínimo, menosprezo por uma educação de qualidade. Temos que formar os filhos de Barra do Corda, em Barra do Corda, criando um elo permanente deles com sua terra, raízes profundas que o finquem no torrão natal depois de formados.
            É claro, ou pelo menos assim espero que com o advento da UFMA na nossa cidade, os nossos governos criem condições de trabalho para que a mão de obra qualificada permaneça na cidade, contribuindo para seu crescimento e pujança.
            Sem esquecer, que a Barra do Corda, se tornando uma cidade universitária, com as suas grandes belezas naturais, a hospitalidade proverbial do seu povo e o sistema atual de ingresso nas IFES (o ENEM), atrairá estudantes de todos os lugares do país, o que virá concorrer para crescimento do comércio, dos serviços de maneira geral, gerando mais riquezas, mais empregos, mais desenvolvimento, mais cultura.
            As duas opções são necessárias e é primordial que lutemos com todas as nossas forças pela instalação delas já.
            Agora vejamos por que não podemos escolher apenas uma das duas. Primeiro o público alvo das duas é diferente. Segundo, a instalação delas não é de responsabilidade de uma mesma instituição.
            Nem todas as famílias barra-cordenses têm condições financeiras para bancar o estudo superior, em faculdade pública, fora do município ou pagar uma faculdade particular, mesmo que seja na Barra do Corda.
            Daí a necessidade premente da instalação de um Campus da UFMA na nossa querida cidade, sem que iniciemos a luta para fazer a escola funcionar, trazer mais cursos, idéia antiga da Elizete e que, considero de extrema importância para o desenvolvimento dos nossos jovens, permitindo uma grande geração de emprego e renda.
            Hoje, com as reformas educacionais do ensino superior, temos a implantação dos BCT – Bacharelado em Ciência e Tecnologia, que forma bacharéis em três anos, com mercado de trabalho garantido e, hoje já com grande demanda nos estados do sul e sudeste. Depois dos três anos, caso o aluno queira continuar pode fazer a opção e concluir os estudos em uma engenharia. No caso particular da UFMA, já temos o BCT em São Luís, iniciado no semestre passado, que poderá formar engenheiros civis, mecânicos e químicos e se iniciando a partir de setembro em Balsas, o BCT que no futuro colocará no mercado de trabalho, engenheiros civis, elétricos e ambientais.
            Barra do Corda poderá ter o Campus da UFMA, com cursos voltados para a área agrícola, poderá ter seu BCT, sem prejuízo de outros cursos técnicos de construção, segurança do trabalho etc.
            O que não podemos, em hipótese nenhuma é, ao pedir apoio para funcionamento da escola em construção e de outros cursos, sacrificar ou diminuir a luta pela UFMA.
            Com todo respeito que tenho pela Elizete Delgado, quero acreditar que não foi aquilo que ela quis dizer, quando disse que a luta para funcionamento da escola era mais importante que a luta pela UFMA.
            UFMA na Barra do Corda, a luta continua, com mais força e determinação para ser vitoriosa.
            Vamos lutar, também, pelo funcionamento imediato dessa escola.
            A luta é por uma educação de qualidade em Barra do Corda.

*Cezar Braga é presidente da Arcádia Barra-Cordense

(TB
26ago2013)