Caso Aldo Andrade
Dois pesos, duas medidas
jornal Turma da Barra

 

"O caso do assassinato do vereador Aldo Andrade tem recebido tratamento totalmente diferente.”
“Inicialmente, boatos trataram de apontar vários – ao menos cinco – acusados, inclusive um irmão da vítima e um vereador – então suplente – que teve a feliz oportunidade de se defender nos microfones de uma rádio local, quando se saiu muito bem e, consequentemente, se safou da infâmia”

*Antonio Soares

            No dia 1º de fevereiro de 2011, a Polícia Federal (segunda instituição brasileira de maior credibilidade), deflagrou na cidade de Barra do Corda a Operação ASTIAGES que culminou na prisão de 10 pessoas, joias, aviões, dinheiro em espécie etc. A PF afirmou peremptoriamente que foram desviados dos cofre da Prefeitura a importância de R$ 56 milhões. A operação foi um sucesso quase espetacular. Só não foi completo porque deixou de cumprir dois mandados de prisão.
            A população batia palmas quando os carros pretos da PF passavam. O clamor popular foi fervoroso. Nada parecido até então. No dia 21 de março de 2011, quase dois meses depois, a população se reuniu na porta do Sindicato de Trabalhadores Rurais e percorreu ruas e avenidas clamando por justiça. Ao passar pela Câmara Municipal (Casa do Povo) constatamos que ela estava com as portas fechadas.
            Durante a operação Astiages, a população barra-cordense se esbaldou de alegria com o acontecimento que foi manchete nos principais meios de comunicação local, estadual, regional e nacional. Apesar disso, nenhum vereador teve a sensatez de apresentar requerimento (Moção) parabenizando a PF pelo excelente trabalho.
            Também não me recordo de nenhum Deputado ter usada a tribuna da Assembleia Legislativa para pormenorizar os detalhes da operação.
            O caso do assassinato do vereador Aldo Andrade tem recebido tratamento totalmente diferente. Há motivos para entender, afinal, a Polícia é outra, o Ministério Público é outro e o Juiz é outro. Ademais, haveremos de reconhecer que o caso em questão vem cercado de alguns “mistérios”. Inicialmente, boatos trataram de apontar vários – ao menos cinco – acusados, inclusive um irmão da vítima e um vereador – então suplente – que teve a feliz oportunidade de se defender nos microfones de uma rádio local, quando se saiu muito bem e, consequentemente, se safou da infâmia.
            Outro acusado foi o então candidato a vereador e agora eleito, que se esgoelou durante vários dias nos palanques dizendo que não era assassino e que não tinha mandado matar ninguém. Outro acusado teve que se defendeu nos bastidores, mas dizem que faltou pouco para ser preso. O outro acusado eu me reservo o direito de não comentar.
            No inicio deste mês – 5 de novembro – a imprensa local e estadual noticiou a prisão, em Goiânia, de um homem que foi apresentado pela Secretaria de Segurança Pública como assassino de Aldo Andrade e Almir. Na oportunidade o caso foi dado como elucidado por que, segundo a imprensa, o preso confessou o crime.
            Agora, quase um mês depois, reabrem o caso que não foi concluído e os novos acusados são Paulinho Bandeira e Wilson Silva que não tiveram os benefícios da dúvida e ainda não usaram o direito constitucional de defesa, mas já parecem condenados antecipadamente, inclusive pela Câmara Municipal, que ontem, dia 29 de novembro, aprovou moção parabenizando as autoridades pelo desfecho.
            A mesma Câmara que outrora tentava desacreditar a Polícia Federal no caso da Operação Astiages, agora acredita cegamente em um inquérito da Polícia Civil do Estado do Maranhão que, salvo melhor .juízo, ainda não foi concluído e muito menos submetido ao crivo do Poder Judiciário a quem cabe condenar ou absolver.
            A Polícia Federal e a Polícia Civil do Estado do Maranhão são instituições sérias e merecedoras de todo o nosso respeito, porém, assim como os presos da Operação Astiages tiveram os benefícios da dúvida e o estão tendo o direito constitucional de defesa, é importante que isto também seja dado aos acusados no caso Aldo Andrade. Se culpados! PAGUEM.
            O que não vale é usar dois pesos e duas medidas e muito menos ficar bailando com os sentimentos das pessoas, especialmente, daquelas que compõem as famílias diretamente envolvidas. A campanha política terminou há quase dois meses.

*Antonio Soares é chefe de Gabinete no Senado Federal em Brasília (DF)

(TB24nov2012)

 

Caso Aldo Andrade
Precipitação total

jornal Turma da Barra

 

"Fui amigo do Aldo Andrade, sou amigo do Paulim Bandeira e do Wilson Silva"

*Antonio Soares

           Essas amizades me faz lamentar profundamente o que aconteceu em Barra do Corda na sexta-feira 23 de novembro. O delegado responsável pelas investigações do assassinato do vereador Aldo Andrade usou o microfone da rádio Rio Corda e outros meios de comunicação para prestar esclarecimentos à sociedade sobre o andamento dos trabalhos investigativos e acabou incriminando, ao menos socialmente, dois pais de famílias, Paulim Bandeira e Wilson Silva.

           O delegado ia falando na Rádio e a sociedade ia transformando os dois em monstros. Veja a rapidez que eles foram do céu ao inferno. Talvez menos de meia-hora. É justo condenar alguém sem as devidas provas e sem o direito constitucional da defesa?

           As investigações sequer foram concluídas. Porém já temos dois culpados e condenados. A sociedade não perdoa. Neste momento se sairmos em Barra do Corda fazendo uma pesquisa sobre a reputação de Paulim e Wilson, certamente, a imagem dos mesmos está no fundo do poço.

           Não sou testemunha do crime do Aldo Andrade, não sou polícia, não sou advogado. Portanto não tenho muitos parâmetros para dizer se eles são ou não culpados. Mas posso afirmar que somente a justiça pode bater o martelo sobre a questão. E no dia do julgamento se a justiça declará-los inocentes?

            Quem vai pagar os prejuízos morais que eles estão sendo submetidos neste momento?

           Por causa do assassinato de Aldo Andrade muitos já sofreram, porém, excluídos os familiares da vítima, certamente ninguém está sofrendo mais que os pais, mães, filhos e esposas de Paulim e de Wilson que, mesmo que venham ser declarados inocentes, pagarão para os restos de suas vidas um preço altíssimo por esse triste episódio da história de Barra do Corda.

           O estrago está feito. Resta-nos torcer para que a Polícia encontre os verdadeiros culpados, entregue-os à Justiça e esta se pronuncie o mais rápido possível para que Justiça seja feita nos termos da nossa Constituição. Assim esperamos.

*Antonio Soares é chefe de Gabinete no Senado Federal em Brasília (DF)

 

(TB24nov2012)