Entrevista: Carlos Borges
Quase Barra do Corda virou capital do Maranhão
jornal Turma da Barra

 


Carlos Borges
o Borginho

 

Faltou pouco, muito pouco para Barra do Corda
 um dia sediar o governo maranhense
 por pelo menos 11 meses. 
O ano era 1981, o então governador era João Castelo e o vice-governador era o barra-cordense, que se tornou general do Exército e se chamava Artur Carvalho.
Na ocasião, o governador Castelo iria desemcompatiblizar-se para concorrer ao Senado Federal. O vice-governador assumiria o governo e despacharia diretamente de Barra do Corda durante pelo menos 11 meses.
Tudo estava preparado. A chácara do Cláudio Roland, no Sítio dos Ingleses, a qual o general já até chamava de Palácio dos Leões, seria o local de despacho do novo governador. Chegou-se a projetar o sistema de comunicação com São Luís e Brasília e para fechar esse projeto, o general queria ver na prefeitura barra-cordense, Carlos Trajano Borges, que era recém-formado em engenharia civil.
Segundo Borginho, o general Artur costumava dizer que Barra do Corda seria a capital do Maranhão. Também anunciava que iria fazer tudo por Barra do Corda, “coisa que eu nunca tive oportunidade de fazer”, dizia Carvalho.
Mas o general Artur Carvalho morreu antes da desimcompatilização e Barra do Corda deu adeus a esse projeto. 
Realmente os fatos aguardados pelo vice Artur Carvalho se procederam e se seguiram como estavam previstos.
Com a morte de Artur Carvalho em 29 de janeiro de 1982 de parada cardiopulmonar, em 14 de maio de 1982, Ivar Saldanha, que era presidente da Assembleia Legislativa, assumiu o governo maranhense em razão da desimcompatibilização do governador Castelo, que concorreria ao Senado Federal. Ivar Saldanha governou até março de 1983.
Borginho que seria candidato e virtual prefeito barra-cordense conta em entrevista como foram aqueles dias históricos.
De um lado, uma cidade que no ano anterior tinha perdido um dos maiores líderes, o deputado Fernando Falcão, e de outro, a expectativa pelas eleições de 1982 que elegeria o novo prefeito.
O TB localizou Carlos Antonio Trajano Borges, o Borginho, que há 29 anos vive em Porto Velho, Rondônia, onde trabalha como engenheiro civil, para nos contar um pouco dessa história da Barra do Corda que poderia ter se tornado capital do Maranhão.
Borginho é filho de Carlos Borges, foi criança e adolescente nas décadas de 50 e 60 quando morou na praça Maranhão Sobrinho, onde até hoje sua família tem casa residencial, a mesma casa onde morou Maranhão Sobrinho, maior poeta nascido em terras barra-cordenses. Borginho, entre lembranças de um tempo que passou para a história, 
ele é o entrevistado do jornal Turma da Barra,

Veja a entrevista:

 

– Por que o general Artur Carvalho tinha essa vontade de governar o Maranhão a partir de Barra do Corda?

- Borges: Como filho mais importante da cidade (ele era General do Exército e Vice-Governador), a cidade reclamava que ele não tinha feito e não fazia nada pela Barra do Corda. Com aquela oportunidade de ser governador, ele dizia: - Agora vou fazer tudo - falava em alto e bom tom.

– O General dizia o que queria fazer por BDC no período em que estaria na condição de governador?

Borges: Barra do Corda seria preparada pra ser o polo regional de desenvolvimento do Maranhão com maior expressividade. "Infraestrutura viária e urbana (asfalto, equipamentos urbanos, comunicação e agropecuária). Era essa a bandeira desenvolvimentista.

- Borginho seria o candidato a prefeito com apoio do general Artur ou Borginho seria o candidato a prefeito da eleição que elegeria um novo prefeito em 1982?

Borges: Dizia o general Artur: - Governando o Maranhão a partir da Barra do Corda, num ano eleitoral, farei você, Borginho, prefeito de Barra do Corda para dar continuidade a esse projeto.

- Com a morte do general Artur, por que os partidários do general não seguiram à risca a vontade do General que era ver Borginho como prefeito de BDC?

Borges: O comando do nosso partido, que era o PDS - 2; a nossa ala estava com o professor Galeno! Ele "arregou" pelos os motivos dele. Talvez tenha se sentido impotente em enfrentar o Elizeu Freitas, que era o "bicho papão daquela eleição". Ele também ficou órfão político como eu.

– Borginho atribui a quem ou quais causas não ter se tornadou candidato a prefeito de BDC?

Borges: Em primeiro lugar ao professor Galeno. Em segundo lugar a minha impetuosidade, inexperiência política. Eu cheguei ameaçando a oligarquia dominante. Os ameaçados se reuniram e fecharam questão: "cortar os esporões do dr. Borginho"!

- Mas Borginho terminou saindo candidato a vereador, o qual não logrou êxito. O que aconteceu para que Borginho não fosse eleito vereador de BDC?

Borges: Mesmo ameaçado, não desisti. O Alcione que tinha lançado o Nonato Cruz, sob a batuta do Lobão (PDF-1), me chamou para o lado dele. Saí candidato a vereador. Não fui eleito. A ordem política era mesmo cortar as asas do dr. Borginho; de tal sorte que um dia o João Pedro (cabo eleitoral do Elizeu) no comitê de campanha do João Castelo, em São Luís, me chamou e disse: "Dr. Borginho, só tem um jeito pra você ser eleito vereador pela Barra! É passar para nosso lado". É um recado que lhe trago. E eu duvidei e blasfemei do plano. Ou seja, se eu não me eleger vereador na Barra do Corda, ninguem se elegerá!

- O fato é que Borginho ficou decepcionado com a política e com os políticos barra-cordenses. Consta que Borginho ao se despedir da cidade, no Baixão de Pedras, bateu as chinelas e disse que não pisaria mais na Barra. É verdade essa versão?

Borges: É verdade; mas numa dimensão menor. Eu não voltaria mais a Barra para fazer política, mas para passear... Eu voltarei... Minha mãezinha ainda mora lá!

- Borginho foi morar em Porto Velho em qual ano e por quê?

Borges: Saí da Barra em 1982; passei dois anos em São Luís e em 1984 vim para Porto Velho, Rondônia.

Você é de uma geração de barra-cordenses em que os pais enviavam os filhos para estudar em São Luís, Brasília, Rio e São Paulo. Mas muitos não voltaram. Por que?

Borges: Talvez esses filhos não tinham o ideal e o incentivo para retornar...

– Quando Barra do Corda, sua terra natal, vai vê-lo novamente visitando-a, revendo amigos e parentes?

Borges: Com esta "contaminação" pelo jornal Turma da Barra, vou passar o natal de 2013 lá na Barra, tomando umas cervejinhas no bar do Caburité...

 


Carlos Borges sua máe Josefa,
seu irmao Estácio e filhos

 


Carlos Borges
o Borginho

 

(TB29set2013)