Artigo
Votar nulo ou em branco não é patriótico
jornal Turma da Barra

 


Sebastião Bonfim

 

'Votar em qualquer um pode ter conseqüências negativas sérias no futuro, 
sendo que depois é tarde para o arrependimento, assim, no próximo domingo vote com consciência e responsabilidade e escolha o melhor.'

*Sebastião Bonfim


            É muito comu
m ouvirmos que todos os políticos são iguais e que o voto é apenas uma obrigação. Muitas pessoas não conhecem o poder do voto e o significado que a política tem em suas vidas.
            A Lei nos obriga a votar, mesmo assim, não concebo não saber escolher. Nem que seja o menos ruim, nada de anular o voto ou votar em branco. Esse é um ato impatriótico, um gesto impensado e de consequências graves. Quem quiser fazer isso não precisa ir votar, basta pagar uma multa cujo valor é irrisório.
            Numa democracia, como ocorre no Brasil, as eleições são de fundamental importância, além de representar um ato de cidadania.
            Votar possibilita a escolha de representantes e governantes que fazem e executam leis que interferem diretamente em nossas vidas. Escolher um péssimo governante pode representar uma queda na qualidade de vida. Sem contar que são os políticos os gerenciadores dos impostos que nós pagamos. Desta forma, precisamos dar mais valor a política e acompanharmos com atenção e critério tudo que ocorre em nossa cidade, estado e país. O voto deve ser valorizado e ocorrer de forma consciente. Devemos votar em políticos com um passado limpo e com propostas voltadas para a melhoria de vida da coletividade.
            Por que votar? Temos que lembrar que em vários momentos da história o voto nos foi tirado e imposto por pessoas que nem de longe faziam parte do povo e muito menos lutavam para uma vida melhor e sim de falta de liberdade, censura, opressão e violência. Podemos nos referir ao período da ditadura militar no Brasil (1964-1985). A democracia é um processo de tentativas, acertos e erros, mas que leve ao aprendizado de exercer o poder maior do que o voto, que é o poder de fiscalização e acompanhamento do trabalho de quem foi eleito, pois somente votar e achar que tudo esta resolvido é, no mínimo, inocência . O nosso voto é muito importante e realmente pode mudar nossas vidas.
            Não devemos aceitar a ideia de que todos políticos iguais. Existem políticos corruptos e incompetentes, porém existem políticos dedicados e procuram fazer um bom trabalho no cargo que exercem. Mas como identificar um bom político? É importante acompanhar os noticiários, com atenção e critério, para saber o que nosso representante anda fazendo. Pode-se ligar ou enviar e-mails perguntando ou sugerindo ideias para o seu representante. Caso verifiquemos que aquele político ou governante fez um bom trabalho e não se envolveu em coisas erradas, vale a pena repetir o voto. A cobrança também é um direito que o eleitor tem dentro de um sistema democrático.
            Nesta época é difícil tomar uma decisão, pois os programas eleitorais nas emissoras de rádio e tv parecem ser todos iguais. Procure entender os projetos e ideias do candidato que você pretende votar. Será que há recursos disponíveis para que ele execute aquele projeto, caso chegue ao poder? Nos mandatos anteriores ele cumpriu o que prometeu? O partido político que ele pertence merece seu voto? Estes questionamentos ajudam muito na hora de escolher seu candidato.
            Como vimos, votar conscientemente dá um pouco de trabalho, porém os resultados são positivos. O voto, numa democracia, é uma conquista do povo e deve ser usado com critério e responsabilidade.
            Votar em qualquer um pode ter conseqüências negativas sérias no futuro, sendo que depois é tarde para o arrependimento, assim, no próximo domingo vote com consciência e responsabilidade e escolha o melhor.
            Boa sorte ao povo sofrido de Barra do Corda, do Maranhão e do Brasil.

*Sebastião Bonfim é Juiz de Direito 

(TB25out2014)

 

Artigo
Não é permitido ao administrador
público ultrapassar os limites da lei

jornal Turma da Barra

O juiz barra-cordense, Sebastião Bonfim, sugere publicação do artigo do também juiz Jorge Moreno, que pergunta: “Que tipo de segurança pública é essa, em que pessoas não nomeadas exercem função pública essencial, qual seja, o poder de polícia do Estado?”

*Jorge Moreno

Informação do Secretário de Estado da Gestão e Previdência, Fábio Gondim, postada na sua página no facebook, no dia 21/03/2014:

1) Fundação Getúlio Vargas publicou em seu sítio eletrônico resultado final do concurso para Policial Militar, dia 21/03/2014;

2) Resultado definitivamente homologado, com publicação no Diário Oficial do Estado;

3) Faz pedido público de desculpas pelos transtornos causados, “não obstante tenha ocorrido por motivos alheios a (sua) Pasta”;

4) Nomeação serão feitas “semana que vem” (24-28/03/2014).

Informações obtidas:

1) de fato, depois de muita pressão, após o caso ter se tornado público, o resultado final saiu e foi devidamente homologado;

2) Quanto à publicação no Diário Oficial, o setor de informação do órgão disse que não foi impresso jornal dia 21/03/2014 e o de hoje ainda não contem essa matéria;

Informação da parte do Secretário, postada em alguns blogs, dão conta de que os concludentes serão nomeados ainda hoje (24/03/2014), já constando nos contracheques os dias trabalhados em fevereiro/março.

Constatação:

- primeiro se incorpora os concludentes às escalas de serviço da Polícia Militar antes das suas respectivas nomeações;

- em seguida, diante da repercussão do caso, comunica-se aos concludentes que esperem em casa até serem nomeados;

- por fim, divulga-se a informação de que as nomeações serão providenciadas, antes da publicação da homologação definitiva do concurso no Diário Oficial.

O que é isso exatamente?

Que tipo de exercício de gestão pública é essa?

Quem permitiu que isso ocorresse, uma vez que a Lei 6.513/95, alterada pela Lei 7.855/2003, afirma taxativamente que “o provimento de cargo policial militar será por ato de nomeação do Governador do Estado”?

A Governadora do Estado, Roseana Sarney, o Secretário de Gestão e Previdência, Fábio Gondim, e o Comandante da Polícia Militar, Coronel Aldimar Zanoni, tinham plena ciência de que concludentes do Curso de Formação de Policiais Militares estavam desempenhando funções inerentes ao cargo de Policial Militar, sem haver nomeação para tanto, fazendo abordagens, incursões e policiamento ostensivo?

E se sabiam, por que não tomaram as providências devidas, ao invés de  expor dessa forma a vida, a existência e a saúde de centenas de jovens que, acreditando nas instituições do Estado, foram enganadas e colocaram suas vidas em risco?

Que tipo de segurança pública é essa, em que pessoas não nomeadas exercem função pública essencial, qual seja, o poder de polícia do Estado?

Por que o Secretário deixou que isso ocorresse, muito embora exista em sua página no facebook um alerta de que “Ninguém deve trabalhar sem ter sido nomeado“?

E se houver alegação de quem se sentir prejudicado por ter sido abordado, conduzido ou até mesmo preso por esse exercício atípico de função pública?

Por que não há pronunciamento oficial da OAB/Seccional MA, do Ministério Público Estadual (a quem cabe exercer  controle externo das atividades policiais), da Ouvidoria da Segurança Pública do Maranhão e do Conselho Estadual de Direitos Humanos, tratando dessa questão e das suas implicações para as instituições do Estado e para a população?

Por que esse silêncio todo diante de uma conduta que tem todos os indícios de configurar-se num caso de improbidade administrativa, sem descartar a hipótese de crime de responsabilidade por parte da Governadora do Estado, o que ensejaria processo de “impecheament”?

Precisamos encontrar os responsáveis por esse episódio lamentável, responsabilizando-os por esse atentado à ordem do Estado, à probidade da Administração Pública, à segurança pública e aos direitos fundamentais da pessoa humana.

*JORGE MORENO é Juiz de Direito aposentado e relator de Direitos Humanos dos fóruns e redes de cidadania do Maranhão

(TB27mar2014)

 

Artigo
A paz é a aspiração e o desejo fundamental de todos barra-cordenses
jornal Turma da Barra

"As meninas se prostituem livremente pelas ruas da cidade [Barra do Corda]. 
As mais velhas administram a prostituição e ajuda nas negociações. Os moradores reclamam da falta de segurança. O consumo e a venda de drogas (crack, maconha etc) também é algo comum nas ruas da cidade. Meninos entram para puberdade já viciados
"

*Sebastião Bonfim

            Cheguei em Barra do Corda em 1972, com 12 anos de idade, oriundo do vizinho município de São Domingos do Maranhão, com cultura e hábitos muito parecidos.
            Naquela época, para meninos e meninas, a primeira comunhão era tradicionalmente um ritual de iniciação que nos conduzia da infância à puberdade. Os meninos ganhavam suas primeiras calças compridas após a cerimônia, transformando-se em homenzinhos.
            As meninas um pouco mais vigiadas, mas seguia os mesmo passo. Isso coincidia com a permissão para sair às ruas sozinhos, mesmo que fosse para efetuar compras ou levar recados.
            O padrinho costumava presentear o afilhado, ganhávamos o primeiro relógio, o que significava um controle adulto do tempo. Ali morria uma fase da vida e outra nascia.
            Às chamadas tertúlias do clube Guajajara anunciada pela música Milionários (Os Incríveis) estava próximo para alguns e para outros tinha chegado a tão sonhada hora. Nietzsche acertou em cheio, nascemos e morremos várias vezes ao longo de nossas vidas.
            O filosofo Nietzsche sugere que não há apenas uma morte ao longo da existência humana. No decorrer da vida, vamos vencendo etapas e devemos morrer simbolicamente para podermos nascer no estagio seguinte.
            Se Nietzsche aqui estivesse, conheceria uma Barra do Corda que iria de encontro sua teoria e com certeza afirmaria: Aqui se morre e não se nasce mais, o ciclo da vida, embora simbolicamente, terminou em crack ou outras drogas bastante devastadoras.
            As meninas se prostituem livremente pelas ruas da cidade. As mais velhas administram a prostituição e ajuda nas negociações. Os moradores reclamam da falta de segurança. O consumo e a venda de drogas (crack, maconha etc) também é algo comum nas ruas da cidade. Meninos entram para puberdade já viciados.
            Na imprensa se tornou quase regra os destaques aos temas relacionados à violência, e a reação mais comum é de indignação e perplexidade com as notícias e questionamentos sobre as responsabilidades por sucessivos fatos lamentáveis e medonhos que parecem cada vez mais próximos de nós.
            Fiquei indignado com as declarações do bandido Marco Willians Herbas Camacho, o ‘’Marcola’’, líder máximo do PCC, ao afirmar: ‘’Foi o PCC quem reduziu a criminalidade em São Paulo’’, ou seja, é o criminoso combatendo o crime, ou seja, o Estado Marginal colaborando com o Estado de Direito. ‘A maior arrogância do homem não é considerar-se à imagem e semelhança de Deus, mas imaginar que o diabo pode ser pior que ele. ‘(do livro O infinito em minhas mãos).
            Estudos e pesquisas apontam que o mais eficaz meio de combate à violência é aquele que, cuja ação, não permite que essa manifestação antissocial venha à tona, aquele que cuida de seus jovens e de suas crianças, os “embriões” da sociedade, a começar pelo menor núcleo social que é a família, trabalhando valores e princípios de moralidade e respeito, com compartilhamento de atenção, amor e carinho por todos dentro desse núcleo, propiciando o nascimento dos bons sonhos e desejos que esperamos de qualquer jovem ou criança.
            Segurança Pública - Conceito (Wikipédia, a enciclopédia livre) é um processo, ou seja, uma sequência  contínua de fatos ou operações que apresentam certa unidade ou que se reproduzem com certa regularidade, que compartilha uma visão focada em componentes preventivos, repressivos, judiciais, saúde e sociais.
            É um processo sistêmico, pela necessidade da integração de um conjunto de conhecimentos e ferramentas estatais que devem interagir a mesma visão, compromissos e objetivos. Deve ser também otimizado, pois dependem de decisões rápidas, medidas saneadoras e resultados imediatos.
            Sendo a ordem pública um estado de serenidade, apaziguamento e tranquilidade pública, em consonância com as leis, os preceitos e os costumes que regulam a convivência em sociedade, a preservação deste direito do cidadão só será amplo se o conceito de segurança pública for aplicado.
            A segurança pública não pode ser tratada apenas como medidas de vigilância e repressiva, mas como um sistema integrado e otimizado envolvendo instrumento de prevenção, coação, justiça, defesa dos direitos, saúde e social. O processo de segurança pública se inicia pela prevenção e finda na reparação do dano, no tratamento das causas e na reinclusão na sociedade do autor do ilícito.
            Não há como se falar em Estado Democrático de Direito numa realidade social onde os níveis de violência são consideravelmente inaceitáveis. Um regime democrático pressupõe, além da preservação do direito de propriedade e de outros requisitos, a garantia das liberdades civis, que engloba o direito de livre circulação, a liberdade de expressão e, sobretudo, o direito a vida. Não obstante, há neste regime uma relação intrínseca com a subordinação as normas impostas pelo direito positivo.
            A paz é a aspiração e o desejo fundamental de todo ser humano, entretanto só poderá atingida com a ordenação da potencialidade da sociedade e do poder público em torno do ideal comum de uma segurança justa, cooperativa e interativa.
            Os sonhos e desejos de ser um cidadão bem-sucedido ou ser um megabandido nascem e se desenvolvem, normalmente, na primeira fase da vida, a escolha depende basicamente do ambiente em que esse “embrião” é formado e o que lhe é apresentado. Nossa obrigação social é, portanto, criar ambientes saudáveis e oferecer oportunidades concretas para que esses bons sonhos se tornem realidades para todos. Assim, eu acredito que estaremos combatendo eficazmente a violência, pela raiz.
            Precisamos, além de leis mais rígidas e menos burocráticas, da união de todos os segmentos da sociedade e em especial do poder público para formarmos uma Polícia verdadeiramente forte trabalhando sempre em interatividade com a população para enfim combatermos a marginalidade com mais presença, combate este que deve ter um maior investimento em ações preventivas para não sobrecarregar as ações repressivas como de fato vem ocorrendo em todo território nacional.
            Assim teremos uma força satisfeita trabalhando todos como verdadeiros parceiros contra o crime em busca do ideal comum de uma segurança pública mais adequada e constante que a sofrida população de Barra do Corda, do Maranhão e do Brasil merece e necessita urgetemente.

*Sebastião Bonfim, barra-cordense, é juiz de Direito em São Luís


(TB
1
3out2013)

 

Artigo
A sociedade padece
e de quem é a culpa

jornal Turma da Barra

 

 

"Eu temo que Barra do Corda fique mais violenta. 
Sem um policiamento ostensivo eficiente a tendência é aumentar a criminalidade
e a atuação de oportunistas.
            Senhor Comandante [Major Makus], a violência ao lado do desemprego é a principal preocupação da população, que a cada dia se sente prisioneira, refém em suas próprias residências, 
uma vez que as ruas tornaram-se um lugar inseguro, onde andar de carro ou sozinho, 
significa uma possibilidade de ser assaltado ou até mesmo morto, 
por pessoas que não respeitam as leis
"

*Sebastião Bonfim

            Recentemente li matéria publicada jornal Turma da Barra, datada de sexta-feira, 5 de julho: Violência barra-cordense foi discutida na Câmara.
            Justo e merecido debate. Parabéns. Diagnosticado o problema seu prognóstico é aplicado com maior eficiência.
            Conheço Major Makus, trabalhamos juntos, oficial operacional, competente, entretanto, casou-me espécie seus argumentos, creio que não foi muito feliz ao atribuir a Justiça os índices de violência.
            Embora ausentes, representantes do Poder Judiciário e do Ministério Publico, não autoriza Vossa Senhoria, Comandante do 5º BPM a dizer que o problema da violência em Barra do Corda não é da Polícia, mas do Poder Judiciário. ''Policia prende, Justiça solta''.
            Os representantes do poder Judiciário e Ministério Publico são técnicos, aplicam Lei e obedecem seus procedimentos. A eles a Lei proíbe ser candidatos ou exercer cargos em outro poder.
            Senhor Comandante, a violência e a criminalidade estão entre os fatores que mais geram preocupação e medo a sociedade em nossos dias, seja porque fazem parte da vida cotidiana ou porque as notícias de violência têm tomado conta de boa parte das manchetes dos meios de comunicação: jornais, televisões e rádios. Temos de lidar com a violência de alguma forma, por experiência direta ou indireta; nesse processo de compreensão da realidade, as representações sociais tornam-se fundamentais para apreendermos o fenômeno da violência.
            Desde a década de 1980, os níveis da violência e da criminalidade no Brasil aumentaram contínua e significativamente, especialmente nas maiores áreas urbanas. Este fenômeno, cujas causas são diversas e, em certa medida, controversas, transformou-se num dos problemas mais discutidos pela sociedade brasileira. Todos os dias, o país assiste nas telas de televisão a multiplicação de episódios dramáticos de violência no campo, nas favelas e nas periferias urbanas. Consequentemente, adquire proporções enormes a sensação de insegurança entre os moradores dos bairros pobres e de classe média, nos quais as pessoas falam não só dos criminosos que transgridem as leis, mas também que a polícia não funciona, a polícia falha e desrespeita a lei.
            A população usualmente aciona a Polícia Militar em situações consideradas de risco individual ou coletivo, geralmente consideradas urgentes e de certa gravidade. O sistema de atendimento de chamadas de urgência, conhecido popularmente através do telefone “190”, recebe milhares de ligações diárias e se constitui numa das principais interfaces entre a polícia e o público. O policial militar se depara com uma grande quantidade de demandas da população, que variam de elementos suspeitos a ações de grupos armados.
            Essa diversidade de intervenções da Polícia Militar cobre não somente aquilo que se classifica por crime, mas tudo aquilo que, no entender do cidadão, viola a ordem e a tranquilidade públicas. O policial militar realiza registros de suas intervenções e, desta forma, temos a primeira visão parcial das questões de 
criminalidade e violência, bem como de questões difusas que constituem grande parte das atividades e do tempo empenhado pelos policiais nos seus serviços.
            Com base no Código de Processo Penal, a Polícia Civil é a encarregada de registrar e de investigar os fatos entendidos como crimes, após a apreciação da autoridade policial. Suas ações visam esclarecer a materialidade e a autoria dos delitos para apresentação à Justiça. Essa competência acaba tornando os registros da Polícia Civil a fonte primária dos pesquisadores e gestores de políticas públicas voltados para o controle da criminalidade. A sistematização da coleta e armazenamento dos dados permite organizar os eventos em categorias baseadas na legislação penal.
            Assim, muitas vezes a Policia Militar efetua a prisão e encaminha o preso ao Delegado, que por sua vez autua em flagrante, solta, arbitra fiança, cumpre os mandamentos expostos no Codex Procedimental Penal.
            Eu temo que Barra do Corda fique mais violenta. Sem um policiamento ostensivo eficiente a tendência é aumentar a criminalidade e a atuação de oportunistas.
            Senhor Comandante, a violência ao lado do desemprego é a principal preocupação da população, que a cada dia se sente prisioneira, refém em suas próprias residências, uma vez que as ruas tornaram-se um lugar inseguro, onde andar de carro ou sozinho, significa uma possibilidade de ser assaltado ou até mesmo morto, por pessoas que não respeitam as leis.
            Os mais humildes sofrem arbitrariedades, violências, todos os dias, e na maioria das vezes são esquecidos, uma vez que as sevícias que suportam não rendem notícias, ibope ou qualquer outro benefício.
            Acusa-se a Polícia como sendo a responsável pelo aumento da criminalidade, por falta de uma melhor política de defesa da sociedade, uma vez que a criminalidade deve ser combatida com a força, para se evitar que as pessoas inocentes sejam mortas pelos chamados marginais.
            Mas, será que a Polícia é realmente culpada pelo aumento da criminalidade? A Justiça? Não haveria outros fatores que concorrem ou contribuem diretamente para a realidade que é noticiada todos os dias nos telejornais?
            Segundo o artigo 144 da Constituição Federal, a segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos, o que significa que cada um de nós possui a sua parcela de responsabilidade na busca na preservação da integridade física e patrimonial dos bens de cada um que integra a sociedade.
            Assim, Polícia, a Justiça, não são as responsáveis pelo aumento da criminalidade, existem outros elementos que contribuem diretamente para a violência, como o desemprego, a falta de oportunidades a nível educacional, de saúde, e outras questões que envolvem política governamental.
            O pior é que o ocorrido em Barra do Corda é o que se passa em todo o Brasil ordinariamente, se bem que a estratégia do “esquecimento” costuma assumir forma mais sutil, pois mais frequentemente os inquéritos policiais, quando efetivamente instaurados, se arrastam anos a fio por meio de pedidos sucessivos de dilação de prazo; e quando chegam a ser concluídos, não são realizadas a tempo de modo as diligências indispensáveis e colhidas as provas necessárias à penalização dos responsáveis. O que fazer? Nada, a não ser absolver.
            Por essas e outras é que ainda hoje a polícia judiciária brasileira se limita a apurar, quase que exclusivamente, crimes patrimoniais e similares (estelionato, furto, roubo), típica criminalidade dos grupos socialmente excluídos, e, pois, mais economicamente vulneráveis, deixando impune a criminalidade do poder, apesar de bem mais danosa, a exigir o quanto antes a sua reestruturação, quer autonomizando-a relativamente ao poder executivo, quer (mais adequadamente) fazendo integrar instituição independente a que está vinculada finalisticamente: o Ministério Público.
            Policia, Ministério Publico, Poder Executivo, Judiciário, juntos, coesos, vamos à luta para proporcionarmos uma vida melhor a sociedade que nos paga.

*Sebastião Bonfim, barra-cordense, é juiz de Direito em São Luís, atualmente em curso-estágio nos Estados Unidos


(TB
11jul2013)

Artigo
Sonhar é necessário
ou necessário é sonhar

jornal Turma da Barra

 

"Segundo estimativas existe hoje em Barra do Corda vários pontos de drogas, 
alguns chegamm a nominar entre 15 a 20 vinte pontos de distribuição de drogas (bocas de fumo na gira popular), e, do quantitativo acima referido de 3 a 7 pontos de venda são de conhecimento de uma das Policias.
"

*Sebastião Bonfim

            Uma carta encaminhada por Lourival Pacheco quando residia no Rio de Janeiro ao amigo Galeno Brandes afirmava ao amigo que a Cidade Maravilhosa era apenas um nome atribuído a uma cidade violenta e que a cidade para se morar era sem dúvida sua Barra do Corda, fatos dos anos 70, imagine se fosse hoje!
            Barra do Corda à época era uma cidade linda, com com uma sociedade fantástica e bons amigos. Foi!... O que aconteceu? Virou o Rio de Janeiro dos anos 70? Em nossa cidade é comum encontrarmos pessoas que sofreram algum assalto, furtos, saidinhas bancárias ou tiveram algum parente assassinado. Em que cidade estamos?
            As pessoas não sabem mais o que fazer! Colocam grades, cachorros, cercas elétricas, constroem condomínios fechados, isolam-se, não saem à noite, vivem enclausurados. Estamos produzindo uma “cultura do medo”. Mas, o que está acontecendo?
            Para mim, a violência está conectada com todos os problemas sociais, educacionais, familiares e morais do nosso tempo. Não é causada por um único problema, mas por muitos ao mesmo tempo. Certamente não se trata de um tema fácil, pois está associada às condições de trabalho, moradia, educação, saúde e, sobretudo, aos valores morais que perpassam a vida dos cordinos.
            A pobreza e a desigualdade social são comumente apontadas como fatores que estimulam a violência e a criminalidade. De fato, jovens que vivem em comunidades carentes são aliciados por traficantes e veem no crime uma opção de vida.
            Por outro lado, o sistema penitenciário, que deveria contribuir para a recuperação de criminosos, tornou-se foco de mais violência e criminalidade, em cadeias e presídios superlotados. Dados do Governo Federal apontam que, entre 1995 e 2005, a população carcerária cresceu 143,91%, passando de 148 mil para 361 mil presos. De 2005 a 2009, o crescimento foi de 31,05%, chegando a 474 mil detentos. Hoje, há um déficit de 195 mil vagas no sistema prisional brasileiro.
            Há, por fim, uma sensação de impunidade, provocada pela lentidão da Justiça brasileira. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), de 90 milhões de processos que tramitaram nos tribunais em 2011, 71% (63 milhões) encerraram o ano sem solução, ou seja, de cada 100 processos, 71 não receberam sentenças graças ao acúmulo de trabalho e à burocracia.
            Nos meses de janeiro e fevereiro do ano em curso São Luís registrou cerca de 53 homicídios, contra 39 de Imperatriz e 26 em Barra do Corda. Onde chegamos?
            Quanto aos crimes de furto, roubo e trafico de entorpecentes, perdemos para São Luís com uma margem 15 por cento, 5 por cento para Imperatriz e 7 por cento para Timom –MA.
            A evolução de crack chegamos ao seguinte patamar, in verbis:
            a) - Segundo dados estatiticos para cada sete (7) jovens um (1) é viciado;
            b) - Com maior incidência na classe com menor poder aquisitivo, (jovens filhos de pais separados, filhos de mãe solteira), apresentando, (3) três viciados para cada sete (7) jovens;
            c) - Já os jovens de classe media e media alta, para cada 10 (dez) jovens 1 (um) é viciado.
            d) – A recuperação é apenas de 7 (sete) por cento, ou seja, para cada 10 viciados apenas 3 são recuperados.
            Em relação acidentes envolvendo veículos automotores o numero é estarrecedor, infelizmente, chegamos ao nível de 09 óbitos ao mês, contra 15 de Imperatriz e viciados em 23 de São Luís.
            Segundo estudo recente elaborado pelo ilustre Promotor de Justiça Dr. José Cláudio Cabral Marques , apenas 10 por cento dos Inquéritos Policiais são concluídos e encaminhados a Justiça, o restante, quando instaurados morre nas prateleiras das Delegacias de Policias, o revolucionário e corajoso estudo aumentou as cobranças juntos as DEPOL.
            O fluxo do sistema de coleta envolve três níveis diferentes de sistematização das informações: as delegacias distritais e especializadas da Polícia Civil pelo Sistema Integrado de Gestão Operacional - SIGO, o Centro Integrado de Operações de Segurança - CIOPS e o Instituto Médico Legal – IML.
            Segundo estimativas existe hoje em Barra do Corda vários pontos de dr
ogas, alguns chegam a nominar entre 15 a 20 vinte pontos de distribuição de drogas (bocas de fumo na gira popular), e, do quantitativo acima referido de 3 a 7 pontos de venda são de conhecimento de uma das Policias.
            A suposta disputa entre as Policias Civil e Militar, atrapalha muito o cumprimento da Lei, para o leigo uma ''prende e a outra solta’’, a grande maioria não sabe diferenciar o papel das duas.
            A polícia civil trabalha de modo repressivo, realizando atividades de investigação, de apuração das infrações penais – e de indicação de sua autoria, visando com isso fornecer elementos necessários ao Ministério Público, para que possa reprimir e controlar as condutas criminosas, por via de ação penal pública. Por outro lado, a polícia militar atua ostensivamente, objetivando a da ordem pública, bem como a prevenção de condutas delituosas, de modo a evitar a produção de dano ou perigo à pessoas e ao patrimônio. Em outras palavras, é a polícia militar que realiza o trabalho de vigilância e de segurança pública nas cidades, cabendo a polícia civil os serviços de investigação e apuração dos ilícitos penais já ocorridos.
            Todos se perguntam: O que podemos fazer para mudar essa situação? Para mim, trata-se de uma questão conjuntural e estrutural ao mesmo tempo. Uma questão social e moral que não poderá ser resolvida de imediato, como num toque de mágica, mas somente a longo prazo. Deve envolver autoridades, famílias, escolas, igrejas, ONGs, partidos políticos etc. Com certeza, não vamos resolver com ações isoladas, de forma individualista. É preciso uma ação coletiva, envolvendo muitos atores sociais, tais como os poderes Executivo, Legislativo, Judiciário, o mundo da Educação, da Cultura, da Saúde, do Trabalho e outros setores importantes da sociedade.
            Mesmo diante disso, do nebuloso e obscuro, é necessário não perder de vista a capacidade de sonhar. A frase a seguir, com a qual fecharemos esse assunto, é atribuída ao pastor Martin Luther King (1929-68), e me parece propícia para se encaixar nesse exemplo: “Se eu desconfiasse que o mundo acabaria amanhã, hoje mesmo eu seria capaz de plantar uma árvore”.
            É esse o tipo de sonho e de esperança que não se pode perder, ter uma sociedade melhor e menos violenta.
            Viva Barra do Corda!...

*Sebastião Bonfim, barra-cordense, é juiz de Direito, mora em São Luís (MA)

(TB3abr2013)

Artigo
Nova cara, nova esperança
Simplesmente: responsabilidade e juízo

jornal Turma da Barra

 

"Em nosso município há histórico de prefeitos 
que fizeram excelentes carreiras e  muitos exemplos dos que naufragaram em sua trajetória atolados em desmandos, processos e descrédito. Políticos velhos ou jovens, inteligentes, também fracassaram e saíram do cargo escorraçado pela decepção popular"

*Sebastião Bonfim

            Uma esperança nasce com a posse do novo chefe do Poder Executivo de Barra do Corda. Wellrick Oliveira Costa da Silva, chega trazendo consigo otimismo à politica e sociedade, a primeira desacreditada e a segunda sofrida e carente com a ausência do Poder Público em seu cotidiano.
            Um governo finda, outro inicia-se, prova suprema que político tem patrão e a ele deve respeito, corrupção haverá sempre, mas projeta-se uma nova fase, aguardamos esperança e pudor ao no novo gestor do município de Barra do Corda.
            Sem dúvida a estrela da festa é Wellrick Costa, que chega à Prefeitura  de Barra do Corda com 28 anos de idade, com a popularidade em alta e alicerçado por  diferentes seguimentos ideológicos.
            É de esclarecer que tudo está começando. Hoje flores, mas o o futuro depende de erros e acertos durante sua gestão, e, plagiando Pedro Bial, nós  ficaremos atentos e ‘espiando.’ Em nosso município há histórico de prefeitos que fizeram excelentes carreiras e  muitos exemplos dos que naufragaram em sua trajetória atolados em desmandos, processos e descrédito. Políticos velhos ou jovens, inteligentes, também fracassaram e saíram do cargo escorraçado pela decepção popular.
            Não é o que desejo ao promissor prefeito, que parece ter boas intenções e trás consigo esperanças e expectativas a população de Barra do Corda, que ele atenda nossos anseios em especial a população sofrida.
            Os partidos políticos são essenciais na democracia e representam convicções, ideais e planos de atuação visando o bem comum. Contudo, uma vez eleito, o governante deve administrar para todos e não apenas para os filiados de seus partidos.
            Deve-se observar, ainda, que à estratégia de provimento dos cargos de gestão. Deve prevalecer a competência profissional, a experiência gerencial na área específica e a conduta pessoal do que a simples filiação partidária. Os administradores, principalmente, no primeiro e segundo escalão são fundamentais para se atingir a eficácia das políticas públicas.
            O setor público deve contribuir para aumentar a eficiência da economia e promover distribuição mais equânime das oportunidades e dos recursos.
            "Um otimista fica acordado até meia-noite para ver a entrada do Ano Novo. Um pessimista fica acordado para ter a certeza de que o ano velho se foi." Bill Vaughn

            Finalizo, desejando a todos um feliz 2013.

*Sebastião Bonfim, barra-cordense, é juiz de Direito, mora em São Luís (MA)

(TB3jan2013)

Artigo
Barra do Corda precisa conservar seu patrimônio histórico
jornal Turma da Barra

"Fiquei estarrecido com a forma que é cuidado nosso Patrimônio Histórico,
 já que o outro patrimônio destinado a melhoria de nossa cidade virou caso de policia. 
Necessitamos, urgentemente, que os nobres Vereadores iniciem o debate e elaborem normas regulamentando a preservação do nosso Patrimônio Histórico"

*Sebastião Bonfim

            Após vários comentários de autoria do ilustre historiador Álvaro Braga, constatei in loco que nossa historia segue as águas do Corda e Mearim, já chega a Pedreiras e alcança o mar.
            Fiquei estarrecido com a forma que é cuidado nosso Patrimônio Histórico, já que o outro patrimônio destinado a melhoria de nossa cidade virou caso de policia.
            Necessitamos, urgentemente, que os nobres Vereadores iniciem o debate e elaborem normas regulamentando a preservação do nosso Patrimônio Histórico e proíba novos estacionamentos. Povo sem história é povo sem memória, e povo sem passado é povo sem presente, sem futuro.
            A comunidade é a melhor guardiã de seu patrimônio, já dizia Aloísio Magalhães, no final da década de 1970, quando esteve à frente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN, criado em 1937, e que iniciou a proteção do patrimônio cultural brasileiro.
            Várias questões surgem a partir dessa colocação: o que é patrimônio?
            Quem integra essa comunidade? O que deve ser guardado? Como guardar o patrimônio? Para quem e por que guardá-lo?
            A comunidade abrange o conjunto de pessoas e instituições que interagem para atingir um objetivo comum. No caso, ela é formada pelas pessoas físicas que se identificam com o patrimônio cultural e pelos órgãos que cuidam de sua preservação. Essas pessoas e instituições devem trabalhar de forma integrada e complementar.
            Todos somos responsáveis pelo patrimônio cultural de nossa comunidade e devemos cuidar para que ele seja preservado como nossa herança para as gerações futuras. As ações podem ser simples, começando pela nossa própria casa, nossa rua, nosso bairro e cidade e assim sucessivamente. Como dizia Tolstoi: "Para ser universal, aprenda primeiro a pintar sua aldeia".
            Pretendemos despertar na população, sobretudo nos jovens estudantes, a vontade e o desejo de participarem das ações de preservação do patrimônio histórico, artístico, arquitetônico e ambiental do lugar onde vivem.
            As ações foram divididas em três partes: a primeira apresenta os conceitos e definições sobre patrimônio cultural; a segunda trata do surgimento das nossas cidades e da evolução da nossa arquitetura; e a terceira, e última, apresenta os instrumentos de gestão do patrimônio cultural e o papel de cada um - população e poder público - nessa questão.
            Acreditamos que, se cada um cumprir o seu papel, estaremos tecendo uma grande rede de proteção à nossa cultura, à nossa memória e, em suma, à nossa identidade cultural.

*Sebastião Bonfim é juiz de Direito, mora em São Luís (MA)

(TB19abr2012)

 

Artigo
Faltam ‘nomes’ de qualidade para oposição
jornal Turma da Barra

Em artigo especial feito ao TB
quanto aos nomes que a oposição anunciou na noite de sexta 24,
como pré-candidatos a prefeito, o barra-cordense Sebastião Bonfim 
diz ver “pouca qualidade técnica/administrativa ou condições de vitória” 
em pelo metade dos sete pré-candidatos anunciados na reunião
realizada na casa do senhor Leocádio Cunha

*Sebastião Bonfim

            Lendo nosso TB – jornal Turma da Barra -, no sábado (25), encontrei a seguinte notícia:

“Numa reunião que durou mais de 5h, a oposição se reuniu na noite de sexta 24 na casa do presidente do PC do B, Leocádio Cunha, na Altamira. Foi uma reunião que teve momentos tensos, mas que ao final a oposição estabeleceu que atualmente trabalhará com sete pré-candidatos a prefeito: Antonio Soares (PT), Aristides Milhomem (PSD), Capitão Ribeiro (sem partido), Eric Costa (PSC), Gil Lopes (PR), Leandro Avelar (PP) e Perdigão Filho (PRTB). O objetivo da oposição é de chegar, no máximo em meados de abril, com somente um candidato para disputa eleitoral em outubro. 
Outra decisão foi o estabelecimento de que a oposição vai fazer uma pesquisa de opinião pública, com valor qualitativo e quantitativo, sobre qual dos “pré” pode vir a liderar a oposição. 
Uma comissão também fora tirada para gerenciar os trabalhos de unir a oposição, entre eles estão Adão Nunes, Paulim Bandeira e Ivan Silva.”

             Em que pese ser salutar a iniciativa de alguns líderes citados na noticia acima transcrita, de promoverem reuniões em busca de dá início ao procedimento de escolha do futuro candidato a prefeito, que representará a vontade contrária à do grupo que detém, atualmente, o poder em Barra do Corda, o processo de seleção de candidatos, por ser é uma das atividades centrais e mais importantes de toda e qualquer eleição, bem como de toda e qualquer organização partidária, deveria ser precedida da exigência aos pretensos prefeitos (como é o caso), da apresentação de idéias, materializadas nos projetos e nas políticas públicas que pretendem implantar em cada seguimento da administração (saúde, educação, esporte, etc.), de forma a fornecer elementos suficientes ao eleitorado, para que este, quando da realização da pesquisa que definirá o nome de quem assumirá o papel principal da oposição nas eleições de outubro, tivesse condições de avaliar e escolher aquele que melhor se encaixa no seu perfil de ‘prefeito ideal’.
            Transparece-me, que o simples fato de possuir uma legenda partidária “em mãos” e o desejo de participar de qualquer forma do processo em comento, foi credencial para comparecer ao encontro retro e ser aceito como “pré-candidato” da oposição.
            Vê-se, nessa percepção, um problema político, qual seja, o de ter nos partidos a única condição para ser candidato, não se atendo para questões mais que essenciais na legitimação da pretensão, tais como a qualidade técnica/administrativa, a probidade e a aptidão para atuar no meio.
            Embora exista a afirmação por parte das legendas que se preocupam com a qualidade de seus quadros, na escolha partidária dos candidatos, negociações políticas e chances de vitória contam mais do que a qualificação dos nomes para administrar uma cidade do porte da nossa.
            Infelizmente, na escolha do candidato, chances de sair vitorioso das eleições, poder aquisitivo e negociações que se lastreiam nos bastidores, pesam mais que a capacidade técnica para tal.
            No caso, vejo pouca qualidade administrativa ou condições de vitória em pelo menos metade dos setes nomes lançados como pré-candidatos na reunião realizada no dia 25 próximo passado na casa do senhor Leocádio Cunha.
            Dentre eles existem pessoas que descendem no cenário político a cada eleição, não obtendo êxito em candidaturas para prefeito e deputado, tampouco conseguem eleger aqueles que apadrinham como candidatos a vereador. Em verdade, não possuem representatividade considerável, capaz de os colocarem à frente nas pesquisas e, por conseqüência, como “cabeças-de-chapa” na disputa pelo cargo de chefe do executivo municipal.
            É cediço, que para alcançar o objetivo que traçaram, muitas vezes, a habilidade política se apresenta como atributo mais importante que a experiência administrativa. Ademais, dirigentes partidários apontam como requisitos indispensáveis para ser candidato: capacidade de angariar votos, carisma, credibilidade, consonância com as idéias do povo e de seu partido e ficha limpa.
            Sabe-se, que a construção da cidade é múltipla e o poder é cercado maléficamente por interesses, o que torna imprescindível ao gestor a habilidade para dialogar e negociar com os mais diversos setores. "Se não tem experiência administrativa, o gestor pode se cercar de bons técnicos, ‘sabendo ser’ um bom político, agregando as forças necessárias para o desenvolvimento da candidatura", o que não vejo como características de parte dos retro mencionados pré-candidatos.
            Entendo, que o candidato para Barra do Corda necessita ter projeto para a cidade, ser liderança consolidada, ter comprometimento partidário e viabilidade eleitoral, de forma que, em minha modesta avaliação, a grande maioria dos pré-candidatos não possui experiência administrativa e os referidos pressupostos.
            Nesse contexto, é possível retirar a seguinte ilação: a qualidade dos intervenientes deixa muito a desejar e que a campanha é “por tudo e para tudo”, menos pela discussão dos problemas do município de Barra do Corda.
            Infelizmente a visão sobre a política e a (visão) dos políticos, foram deturpadas por pessoas infiéis a democracia. Acredito na importância que tem a política para nossa Barra do Corda, eis que ela é, vista da maneira como tem que ser, fundamental para a consolidação de nossa democracia, além de levar a sociedade seus anseios e suas necessidades.
            Apesar de termos picaretas que utilizam da política para aumentarem suas contas bancárias, enganando o povo com sua “politicagem” e “politicalha”, ainda existem aqueles que merecem a confiança dos munícipes cordinos, para que sejam escolhidos a mudar esta realidade, com comprometimento, responsabilidade e honestidade.
            Que apresentem projetos coesos, modernos e transparentes, que nos façam realmente acreditar que a mudança estar por vir, que existe uma opção de credibilidade. Discursos vagos e inoperantes já não dão resultados como outrora, no mais, vejo muitos aprendizes querendo jogar e ganhar de profissionais.

*Sebastião Bonfim é juiz de Direito, mora em São Luís (MA)

(TB/28fev2012)

 

Artigo
A tatuagem da crueldade
jornal Turma da Barra

*Sebastião Bonfim

            O Carnaval chegou, o bar dos ‘cachimbos ‘’ foi embora. 
            É, chega o carnaval e com ele as recordações e lembranças, às vezes boas e outras nem tanto, mas é carnaval. 
            O tradicional bar dos irmãos Cachimbos, este sim, se foi e não tem volta, ficou a prepotência, a arrogância, a ganância e vidas em desamparo. É o primeiro ano sem a tradicional alegria proporcionada pelos ‘Cachimbos ou Cachimbinhas’. 
            Apareceu dono para desabrigar verdadeiros donos, chegaram e ficaram com o dinheiro e deixaram vidas à procura de viver. Eles como o tempo são implacáveis, levam embora momentos, pessoas, oportunidades, alegrias... 
            Que bom que temos nossas lembranças, nossas memórias, nossos sentimentos. 
            Apesar da certeza de que estás mais rico e melhor a arrogância e a ganância não diminui, pelo contrário ela aumenta a cada dia... 
            No fundo ficou uma saudade gostosa, saudade dos bons momentos, momentos que não tem preço e não podem ser negociados. Existem coisas pequenas e grandes, coisas que levamos para o resto de nossas vidas, embora sejam poucas, quem sabe sejam muitas, depende de cada um, depende de cada carnaval e dos momentos que cada um levou. 
            Levamos lembranças, coisas que serão inesquecíveis para cada folião, coisas que nos marcarão, que mexerão com a nossa existência em algum instante e em algum momento. 
            Quando cheguei em Barra do Corda aos 12 anos idade, naquele local conheci seu José Cirilo, popularmente conhecido por ‘’Zé Cachimbo’ trabalhando e sustentando sua família com seu hotel e sua agência de ônibus, ali por diversas vezes encontrei com meu colega de escola , nosso ‘Cachimbinho’’, ali também conheci Vilson, Valmir etc... 
            Levaremos na memória os bons momentos ali vividos e vivenciados , colocando em ordem cada detalhe que nos foi importante, cada momento importante e alegre que deixou marcas. 
            O despejo violento e cruel de uma geração que ali nasceu, cresceu, infelizmente ficou cravado em nosso peito, esse momento não gostaria de lembrá-lo. 
            O Carnaval vai ser bom, mas com as Cachimbinhas poderia ser bem melhor. 

*Sebastião Bonfim é juiz de Direito, mora em São Luís (MA)


(TB/
12/fev/2012/nº06)

Artigo
Entenda as razões da nulidade do concurso público realizado pelo município
jornal Turma da Barra

"A Justiça do Trabalho julga causas que envolvem servidores públicos?",
pergunta que Bonfim responde no artigo abaixo,
citando a Constituição Federal

 

*Sebastião Bonfim


            Ao longo do ano de 2011, acompanhei por meio da Turma da Barra, o trabalho árduo e eficaz trabalho do ilustre promotor de Justiça, Dr. Jorge Ribeiro que, com a sabedoria que lhe é peculiar, conseguiu detectar inúmeras aberrações em relação ao último certame realizado pelo município de Barra do Corda (MA).
            No Inquérito Civil Público instaurado pelo Ministério Público Estadual, cuja presidência ficou a encargo da Segunda Promotoria de Barra do Corda, foi possível descobrir irregularidades da empresa responsável por sua realização, elaboração e correção de provas. A fim de evitar propositura de Ação, o chefe do Executivo local, no caso, réu confesso em relação às irregularidades encontradas, apontadas e comprovadas, firmou Termo de Ajustamento de Conduta – TAC - com o Ministério Público Estadual.
            A realização do concurso em Barra do Corda foi uma declaração de inviabilidade do ato administrativo, por ser ilegítimo e ilegal, feita pela própria Administração em detrimento dos concorrentes que estudaram, se prepararam, passaram noites em claro, pés em bacia com água para espantarem o sono e galgarem a não almejada reprovação. Baseia-se, portanto, em razões de ilegitimidade e ilegalidade.
            Desde que a Administração reconheça que praticou um ato contrário ao direito vigente, cumpre-lhe anulá-lo o quanto antes, para restabelecer a legalidade administrativa, o que de fato aconteceu e veio a ensejar o TAC – (Termo de Ajustamento de Conduta).
            Como a desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulação produz efeitos retroativos à data em que foi emitido (efeitos ex tunc, ou seja, a partir do momento de sua edição).
            A anulação pode ser feita tanto pelo Poder Judiciário, como pela Administração Pública, com base no seu poder de autotutela sobre os próprios atos, de acordo com entendimento já consagrado pelo Supremo Tribunal Federal por meio das Súmulas transcritas a seguir:
            Súmula 346: "A Administração Pública pode anular seus próprios atos".
            Súmula 473: "A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial".
            Para ser feita pelo Poder Judiciário, a anulação depende de provocação do interessado, visto que a atuação do Poder Judiciário, diferentemente do que ocorre com a atuação administrativa, pauta-se pelo Princípio da Demanda - iniciativa da parte, - que pode utilizar-se quer das ações ordinárias, quer dos remédios constitucionais de controle da administração (mandado de segurança, ação popular). No caso, não foi necessário, em razão do TAC firmado com o Ministério Público Estadual.
            O conceito de ilegalidade ou ilegitimidade, para fins de anulação do ato administrativo, não se restringe somente à violação frontal da lei, pois abrange não só a clara e direta infração do texto legal, como também o abuso, por excesso ou desvio de poder, ou por negação aos princípios. No caso, o Município de Barra do Corda feriu direito de terceiros efeitos, que devem ser respeitados pela administração.
            Torna-se mais fácil entendermos os motivos pelos quais os atos administrativos viciados devem ser anulados quando percebemos que tais vícios sempre atingirão um dos requisitos de validade dos ditos atos. Como sabemos, esses requisitos são a competência, a finalidade, a forma, o motivo e o objeto.
            Portanto, violado um desses requisitos, impõe-se a decretação da nulidade dos atos gerais do direito, não sendo justo manter uma candidata que, mesmo zerando todas as provas, foi aprovada com média 9,5 (nove e meio) para lecionar Português. Por questões éticas, não direi seu nome. Seria justo um candidato que concorria para guarda municipal ter sido aprovado com média 8,0, se com a nova correção efetuada pela UEMA ficou com 3,5? E assim foram muitos outros!
            A sede da empresa vencedora da licitação para efetuar o concurso até hoje não foi localizada, pois, no Ed. Atrium Plazza, endereço por ela declinado, funciona um escritório de advocacia, Erro dectado, erro assumido, concurso anulado pela própria administração pública, não cabendo à Justiça Estadual ou à Especializada a análise da matéria. É o meu entendimento (grifo meu). (Cadê o grifo?)
            Os servidores públicos podem ser regidos pelo regime estatutário ou pelo regime celetista, que é fixado no edital de abertura do concurso para sua contratação. Quando da entrada em vigor da nova redação do art. 114, inciso I, a Justiça do Trabalho recebia as demandas que envolviam servidores públicos, tanto celetistas, quanto estatutários, por entender que o servidor público, assim como todo empregado, coloca sua força de trabalho à disposição do seu empregador, que neste caso é Administração Pública.
            A Lei nº. 8.112/90, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais, em seu art. 240, alínea “e”, atribuiu competência à Justiça do Trabalho para apreciar as lides decorrentes de relação de trabalho envolvendo servidores públicos estatutários.
            A Justiça do Trabalho julga causas que envolvem servidores públicos? 
            Respondo segundo o meu entendimento: O Supremo Tribunal Federal – que é quem tem a última palavra sobre como deve ser interpretado o texto da Constituição – declarou que os servidores públicos, tanto da União como dos Estados ou dos Municípios, que sejam regidos por um estatuto próprio, isto é, não tenham seus direitos e obrigações pautados pela CLT, mas por uma lei específica criada no âmbito do ente a que servem - e que por isso são denominados “estatutários” - não possuem uma relação de trabalho com a administração pública, mas sim uma relação de natureza diversa, que tecnicamente é denominada administrativa. 
            Então, como não possuem relação de trabalho, não têm suas causas julgadas pela Justiça do Trabalho. Portanto, o concurso é nulo de pleno direito e tanto a Justiça Estadual quanto a Justiça Especializada do Trabalho não têm competência para determinar a posse de candidatos.

*Sebastião Bonfim é juiz de Direito, mora em São Luís (MA)


(TB/
22/jan/2012/nº05)