Aniversário
Barra faz 177 anos
Jornal Turma da Barra

 

Esta quinta-feira, 3 de maio, Barra do Corda faz 177 anos. 
Hoje foi o dia em que Manoel Rodrigues de Melo Uchoa, em 1835, declarou fundada Barra do Corda no porto da Sapucaia, na confluência dos rios Corda e Mearim. 
Atualmente o município conta com uma população de 83.454 habitantes, segundo estimativa do IBGE em 2011. 
São 15 bairros, 8 vilas e cerca de 25 povoados. Alguns desses povoados têm população acima de 5 mil habitantes, caso de Três Lagoas do Manduca, Santa Vitória e Ipiranga. 
Também com estimativa do IBGE em 2009, o PIB (Produto Interno Bruto) da cidade cordina é de R$ 392 milhões. Em 2008, o PIB foi de R$ 434 milhões. Houve queda expressiva no item agricultura. Mesmo assim lidera a região central maranhense, situando-se entre as 15 maiores economias do estado.
Mas tem déficit em emprego e renda, quando o índice Firjam (2011, ano base 2009), que mede qualidade de vida, revela que Barra do Corda está classificada em 153º lugar entre as 217 cidades maranhenses.
A natureza doou à cidade riquezas turísticas, potencial agrícola e devida a sua localização estratégica, no centro do Maranhão, poderia se tornar uma cidade universitária.
Mas faltam políticas públicas, gestores e formadores de opinião com visão de futuro e, principalmente, políticos comprometidos com o povo barra-cordense.
Este ano, o TB faz uma saudação especial ao Frei Adriano de Zânica, que deixou uma obra-prima para Barra do Corda, a igreja Matriz que completou 60 anos.
Parabéns, Barra do Corda!

 

 

Nos 177 anos de Barra do Corda
jornal Turma da Barra

*Nonato Silva

            "Minha terra tem palmeiras
            Onde canta o sabiá."
            Gonçalves Dias

Bom dia,
Mamãe Barra do Corda!
Tua bênção!
Falo-te, doce Mãe
Dos meus sonhos.

Porque és-me a
“Visão dourada dum cismar tão puro,
Que sorrias por noites de vigília
Entre as rosas gentis do meu futuro.”

Sim!
Há 93 anos,
Ouviste-me o primeiro vagido
E abençoaste-me sorridente.
E o doce orvalho
De tua bênção descida do céu
Fez-me ser o que hoje sou.

Tu, musa do meu tempo,
Mimosa flor do meu pensar,
Inspiraste-me o estro de Euterpe
E das ninfas saudosas.

Então, cantando e rindo,
Entrei no teu barco,
Marinheira do amor!
Para singrar águas
Verde-azuis
Do mar da vida.

Preciso, no entanto,
Encher-te de harmônicas sinfonias,
Num hino de glória e esperança,
Cobrindo-te de verdes palmas,
No silêncio da noite
E das manhãs de sol.

Tenho-te como vestal
Dos sonhos de ouro
Da gratidão devida,
Anjo tutelar dos meus desejos.

Mãe,
És a heroína do passado e do presente

Roma brilhou com os astros
César e Pompeu, Virgílio e Horácio
Tu, com Frederico Figueira
E Dunshee de Abranches,
Bem como Maranhão Sobrinho
E Isaque Gomes Ferreira,
No passado,
E Olímpio Cruz e Wolney Milhomem,
No presente.

Certo!
Ao som das alegrias,
Não vacilas
Ao sopé e à grimpa
Da montanha do saber,
Ao calor da culta Grécia
E intelectualidade de Roma.

E ao bafejo de uma brisa,
Recendes o perfume dos jasmins

E das cândidas açucenas,
Vestida no cendal de Vênus,
Refletindo a mimosa cor
Do teu céu azul
E rúbido horizonte.

Ó poesia, ó enlevo da existência!
Ao fulgir das manhãs de luz
Dos teus 177 anos,
E ao sussurrar dos favônios
Das tardes mornas.

Veloz como um relâmpago,
Teu pensamento se revela sincero
Qual leal mensageiro,
Consolidando a larga fronte
Da bela cultura,
Majestosa e vasta.

E lá, no topo do Calvário,
Ergues o sinal de tua e nossa fé.
E meu espírito
Aberto em flor,
Qual Zeus Capitolino,
De ti sempre se lembra.

Pois,
“Verás que um filho teu não foge à luta.”
Obrigado!
Flores no teu regaço,
Mãe querida e boa!

*Nonato Silva, 93 anos, é poeta e escritor barra-cordense, mora em Brasília (DF)

 

 

Aniversário de Barra do Corda
jornal Turma da Barra

O poema abaixo Último Fundador é uma homenagem do Mário Helder
 a José Maria de Miranda Uchôa, o Lapa ou José Belisa, 
que era bisneto do fundador de Barra do Corda, Melo Uchôa

*Mário Helder Ferreira

            Ao completar 177 anos de sua fundação neste 3 de maio, quero homenagear Barra do Corda na figura marcante de um homem simples, inteligente, autoditada, o José Maria de Miranda Uchôa, o Lapa ou o José Belisa, a quem chamei num poema em 1970, três anos, portanto, antes do seu falecimento de 'O Último Fundador'.
            Quando escrevi em Brasília esse poema, o José Belisa estava numa luta incansável para conseguir uma pequena aposentadoria, para seu sustento, através do município, foi quando mostrei para ele o que tinha escrito, na mesma hora pediu-me para tirar cópias, que lhes foram entregues prontamente e na oportunidade ele e o Justino Soares encarregaram-se de afixar essas cópias nas portas do Cartório, da Câmara Municipal e da Prefeitura, fato que veio corroborar sobremaneira com a decisão dos vereadores em aprovar projeto de lei criando esse benefício, que foi prontamente sancionado pelo então prefeito Galeno Brandes.
            José Maria de Miranda Uchôa, faleceu em 1973 todo envolto a um lençol que tinha o desenho do mapa das ruas bem tracejadas do centro da cidade. Foi sepultado no Cemitério Campos da Paz ao lado do seu irmão, conhecido como “Manoelzinho das Varas”.


O Último Fundador

*Mário Helder

Na Rua Pedro Braga
Bem pertinho da praga
Numa cabana pobre
Mora um homem nobre.
Vive enfermo
Mas sempre soberbo
Dono de versos
Versos sem fim
Alguns desses versos
Quero pra mim
Matar a saudade
Daquela cidade
Cidade que mora
Um povo que agora
Tem uma tônica
A Transamazônica
Que veio trazer
Promessas de outrora.
O sonho que tive
Falou de quem vive
Vive sem dono
Quase sem pano
Mas terra tão boa
Torrão de UCHÔA
Não deixem que morra
Que mora de fome
O último homem
Que quase sem nome
Vive à toa.

*Mário Helder Ferreira é poeta e escritor barra-cordense, mora em São Luís (MA)

 

 

Senhor Jackson Barros:
“Eu sei onde Melo Uchôa foi enterrado!”

jornal Turma da Barra

Diz Jackson Barros: "Quando eu tinha por volta de cinco anos (1923) 
meu pai [José Altino] me levou até o canto do velho cemitério (São Benedito), onde havia um pé de catingueira e mais à frente alguns pés de pitomba e uma figueira grande."
E completa: "ali foram enterrados [Praça Gomes de Castro] o fundador de Barra do Corda e um pouco mais adiante o cacique Caboré"

*Álvaro Braga

            Dotado de prodigiosa memória para os seus quase 94 anos de idade (ele nasceu em 1918!), o senhor Jackson Barros, pedreiro e carpinteiro aposentado, é sempre uma autoridade em matéria de relembrar fatos dos anos 20, 30, 40, 50 e 60 acontecidos e testemunhados por ele em Barra do Corda, cidade onde nasceu e mora até hoje.
            Entre as valiosas informações prestadas ele nos revela que a Praça do Giz, até o início do século passado chamava-se Praça do X, pois no local, nos primórdios de Barra do Corda, haviam pequenas casas e os moradores, oriundos do Ceará, mandavam chamar seus parentes e estes, ao chegarem, construíam quartos anexos às casas existentes,  ficando as mesmas com a aparência da letra xis.
            O senhor Jackson sabe até hoje, desenhar o croquis da antiga ponte de alvenaria que havia entre os rios Corda e Mearim, construída no governo municipal do Intendente Fortunato Fialho (1894 – 1896), que correspondia ao cargo de prefeito. Contrataram, vindo do Rio de Janeiro, o engenheiro francês Diderot e este contou com o trabalho de membros das famílias Claro e Negreiros, assim como do senhor José Altino de Oliveira, experimentado mestre de obras e carpinteiro, que repassou ao filho Jackson todas essas informações.
            Outra informação histórica repassada por seu pai, que viveu na Barra no final do século XIX, foi que, após a fundação de Barra do Corda, numa época em que só haviam 17 casas e 74 pessoas morando, o centro da cidade se resumia a pequenos estabelecimentos e entrepostos  comerciais dentro das casas, em um setor delimitado entre a Praça do Giz (ou X) e o Porto da Sapucaia. O local, específico, era denominado Centrinho, localizado na atual rua Irmã Helena, adjacências da Loteria, casa do senhor Argemiro e casa da família de Moreno Queiroz.
            Também possui todos os detalhes, em sua memória, das cheias de 1924 e de 1926 que destruíram parte da antiga ponte de alvenaria e madeira, pelo lado do rio Mearim, ocasionado pelo tombamento de diversas árvores gigantes, com dezenas de toneladas, que haviam mais acima, nas margens do citado rio, como gameleiras e sumaúmas. As árvores foram jogadas contra a ponte, em magnífico espetáculo da natureza em fúria, ficando represadas por dois dias, até que numa noite chuvosa toda a Barra do Corda ouviu um estrondo ensurdecedor: a ponte, que já estava submersa, não suportou o peso das árvores e da enxurrada e foi levada pelas águas.
            Conta ainda, que a cheia foi tão grande que o rio Corda, represado, virou um lago e as águas do Mearim junto com o Corda avançaram até as imediações do local do atual Banco do Nordeste, pela rua Tiradentes, transformando o local em pequena lagoa, que inclusive, contam os mais antigos, que ali era um pequeno brejo, onde as pacas iam beber água. Pessoas desabrigadas, do local do Porto da Cavalaria, início da rua Formosa, atual rua Frederico Figueira, que perderam todos os seus móveis e pertences foram alojadas na antiga Igreja Matriz. Acrescenta também que as lanchas foram amarradas por cabos a grandes argolas de ferro em local próximo ao Mercado e imediações da casa de Manoel José Salomão, que por sinal, mandou construir uma alta calçada (Calçada Alta) em volta de seu comercio e moradia, temendo as cheias periódicas do rio Mearim. O mesmo aconteceu com a casa que foi comprada pelo senhor Teófilo Lopes da Fonseca, pai de dona Alda Brandes, que também teve sua calçada elevada.
            Mas a revelação mais bombástica narrada pelo senhor Jackson, foi a de que ele sabe o local exato onde foi enterrado o fundador de Barra do Corda, o alferes e topógrafo, nascido na cidade de Granja – CE, Manoel Rodrigues de Melo Uchôa.
            Revelação de uma importância histórica sem precedentes!
            Estava eu ali cara a cara com a única pessoa no mundo detentor de tão importante informação. Logo ele me contou o que sabia:
            “Quando eu tinha por volta de cinco anos (1923) meu pai me levou até o canto do velho cemitério (São Benedito), onde havia um pé de catingueira e mais à frente alguns pés de pitomba e uma figueira grande.
            Recordo quando o meu pai, José Altino de Oliveira, me disse apontando para o pé da catingueira, onde José Manoel Milhomem, irmão de Quinca Milhomem (pai do Mororó), amarrava seu cavalo, que ali foram enterrados o fundador de Barra do Corda e um pouco mais adiante o cacique Caboré e que ao começarem a construir as primeiras casas naquele setor os ossos que foram encontrados foram todos jogados em um grande buraco no centro da quadra (Praça Gomes de Castro, conhecido como Praça do Sítio).”
            Do velho cemitério restaram lendas, o apelido de Porto das Almas, em um porto de banho próximo ao Sr. Lima, localizado em frente ao balneário Tabocas e o nome Cemitério Velho que designava aquele local até o final dos anos 30.
            Aquela quadra fica ladeada pelas ruas Isaac Martins, Fortunato Fialho, antiga estrada do Sertão e rua Gomes de Castro, que passou a se chamar rua Luiz Domingues a partir de 1912.
            Melo Uchôa possuía residência no alto da rua Fortunato Fialho, segundo relato do professor Galeno Edgar Brandes, in Barra do Corda na História do Maranhão. Muito provavelmente próximo às casas onde moraram o senhor Miguel Teixeira Mendes, vulgo Miguel Tempero, pai de Arzelino Teixeira Mendes e a casa de Pascoal Cavalcante e dona Nenê. E a proximidade com o cemitério velho é mais uma razão que vem corroborar o fato.
            A primeira residência do fundador havia sido em uma grande Casa Amarela próximo à centenária sapucaieira que existiu no local da fundação da cidade (Porto da Sapucaia) e que caiu pelo assoreamento da terra em seu tronco, provocado pelas consecutivas cheias dos rios.
            O velho pé de sapucaia veio abaixo no início dos anos 30, tendo sido, inclusive, feito várias tentativas para mantê-lo erguido, por lideranças da época, chegando inclusive a amarrá-lo com correntes, tudo em vão. Ela caiu e ficou por muitos anos derreada na margem do rio Corda.
            A citada Casa Amarela, foi citada em escritos por Mariínha Miranda, de acordo com informações repassadas por seu pai, Marcelino Cézar de Miranda, neto de Melo Uchôa. O local da casa do fundador ficaria nas imediações e quintal da antiga casa do finado senhor Airton Alencar, atualmente pertencente à família do senhor Ventura. Deixo essa informação para os futuros historiadores e arqueólogos procurarem pistas dessa edificação.
            A outra residência dele, usada para descanso era na localidade Brejo dos Porcos, em local cercado por vegetação típica do semi-árido nordestino que lembrava
o seu Ceará, com cardeiros, coroas-de-frade, pés de macaúba, angico, mandacarus e xique-xiques.
            Agradecemos ao senhor Jackson Barros pela disposição e presteza ao nos levar ao local exato onde foram enterrados os restos mortais de Manoel Rodrigues de Melo Uchôa e torceremos para que, no futuro, se erga ali uma lápide, pelo menos, em sinal de agradecimento e respeito ao  fundador de Barra do Rio das Cordas, atual Barra do Corda. 

*Álvaro Braga é historiador e escritor, mora em Barra do Corda (MA)

 

 

Meus parabéns, 
querida Barra do Corda

jornal Turma da Barra

"Neste ano de 2012, temos pouca coisa a comemorar. Não se pode deixar de reconhecer que houve algum avanço na infra-estrutura da cidade, que tenha progredido em alguma coisa, mas nos últimos anos, vive uma paralisia muita grande, inclusive, e principalmente, de projetos para o futuro."

*Cezar Braga

            Barra do Corda, depois de se chamar Missões, Santa Cruz de Barra do Corda, Barra do Rio das Cordas, neste ano em que completa 177 anos, e que terá eleições municipais, passa a se chamar, pelo menos até a conclamação do resultado das urnas, de Barra da Esperança.
            Neste ano de 2012, temos pouca coisa a comemorar. Não se pode deixar de reconhecer que houve algum avanço na infra-estrutura da cidade, que tenha progredido em alguma coisa, mas nos últimos anos, vive uma paralisia muita grande, inclusive, e principalmente, de projetos para o futuro.
            Pode-se contar nos dedos da mão as administrações que, realmente, se não empolgaram pelo dinamismo, trouxeram progresso efetivo ou prepararam a cidade para esse progresso, se destacaram pela realização de algumas obras importantes, pela manutenção da ordem e paz e pela ausência de escândalos de qualquer espécie.
            Muito pouco, para uma cidade que está perto de comemorar seus 200 anos de fundação. Quem sabe o futuro nos reserve ou reserve aos nossos descendentes a possibilidade de, daqui a 200 anos, que a história seja diferente e alguém, em 3 de algum maio, venha escrever sobre o progresso pujante, sobre as melhorias do povo barra-cordense e sua reais conquistas.
            Daí, eu cognominar esta bela cidade, por todo resto do ano de 2012, de Barra da Esperança, já que só a esperança de que saibamos votar, saibamos escolher um prefeito digno, honesto, trabalhador e cônscio das suas responsabilidades com o povo, com o coletivo pode nos tirar deste marasmo, deste ostracismo econômico, deste mar de lamas que nos encontramos nos dias de hoje, por força de administrações públicas espúrias e descompromissadas.
            É claro, que temos a comemorar uma dinâmica maior, uma atuação mais efetiva da nossa Academia Barra-Cordense de Letras, quando ela completa 20 anos, assim como temos a lamentar, no campo pessoal, a morte do Seu Juca, homem simples, probo, que aportando aqui no século passado, fincou raízes, criou uma família bonita, deixou um legado de honestidade e amor à cidade, do filósofo Robson, que vindo das terras pernambucanas, aqui constitui família, conquistou amigos e, também, amou e foi amado pelos barra-cordenses.
            Assim, como na vida de cada ser humano, quando a morte e a vida se entrelaçam, se juntam criando um elo difícil de se entender ou separar, neste 3 de maio de 2012, a alegria pela comemoração de 177 anos de existência desta bela cidade, se junta á tristeza dos amigos e familiares destes dois homens que vieram de longe e, souberam conquistar a cidade, os cidadãos e se tornam símbolos de amor a uma cidade cheia de esperança de melhores dias.
            Apesar de tudo, e com a esperança renovada, parabéns minha querida Barra do Corda.

*Cezar Braga é escritor barra-cordense, mora em São Luís (MA)

 

 

Barra do Corda fora 
e dentro de nós

jornal Turma da Barra

"Barra do Corda pequena. Barra do Corda querida. Barra do Corda pequena demais para em seu bojo conter-nos, que o coração cordino é enorme e não pulsa em qualquer peito. Mas que outra maneira existe para mantermo-nos unidos, seguros, senão estreitando esse amorável abraço com o qual nos acalentam os rios Corda e Mearim?"

*Kissyan Castro

            Barra do Corda tem a nobre dádiva de fazer vir à luz este dia – 3 de maio – tal qual uma oferenda de cheiro suave sobre o alto do Calvário, sem qualquer estereótipo ou repetição ritualística. Pois aqui, nesta cidade, cada dia nasce outro, insuspeitado, belo e único.
            Hoje Barra do Corda completa 177 anos. Não é mais uma menina. Apesar do inquebrantável saudosismo que constitui a própria essência de nossa gente. Um passado riquíssimo que persiste e que aprendemos a amar sem quaisquer contornos ou próteses que pudessem justificá-lo.
            A propósito, quando eu era menino lembro-me que Barra do Corda era para mim apenas a rua rio Xingu – meu microcosmo – onde cresci, com sua constelação de moleques empinando “suro”, soltando traques e pega-moleques, e as mães com cipós em riste, gritando: “passa pra dentro, menino!”. As fofocas passavam de casa em casa sem nenhum transtorno, despontavam junto à manhã com as galinhas ainda a ciscar no quintal. E eu, brincando na rua de peteca, enquanto mamãe preparava o almoço.
            Dona “Nega”, a professora, congregava as crianças em sua casa para auscultar nosso desempenho na carta de abc. Quando errávamos recebíamos, de mãos espalmadas, o castigo da “Madalena” – como era chamada a palmatória.
            Brincávamos de cai-no-poço, da pata e de esconde-esconde. Quando não havia asfalto podíamos “comer peixe” enfiando o triângulo na areia, depois das chuvas.
            Costumávamos pegar “bicuda” nas carroças que transitavam desajeitadas por ruas dantes nuas. A rua era nosso mundo, onde vivíamos sem sobressaltos. A chegada do circo, no entanto, causa-me uma mescla de alegria e medo. Medo porque fazia-me lembrar do dia em que um palhaço, atado a uma enorme perna de pau, atravessara a rua, enquanto eu voltava da quitanda do Seu Zezé levando um mercado de manteiga.
            Assombrei-me, pois para mim era como um gigante prestes a me pisotear. De repente acordei e vi-me noutra cidade. Dilatada, robusta e promissora. Barra do Corda cresceu. O asfalto encobriu com seu negrume aqueles idos saudosos. Contudo, ainda podemos ouvir o seu latejo a embriagar-nos de vertigem. Esses tempos não estão mortos, coexistem no presente, respiram conosco, crescem com o tempo.
            Sim à Barra do Corda de Olimpio Cruz, sublimada e elevada a mito em seus fragrantes versos, enriquecendo nosso imaginário, viscerando o orgulho de ser cordino.
            Ainda que no presente reclame ela vozes outras, novos mitos insurjam e reivindiquem novas manifestações artísticas, novas formas de dizê-la, de iluminá-la.
            Barra do Corda está em cada passo que transita na rua e que nela repercute. A brisa soprando nos bambus, o sol tateando o mármore da Matriz, a azáfama do tráfego matutino, as diversas vozes que dela ecoam vão compondo o que há de cordino em cada um de nós. Estamos em cada um de seus odores, em cada uma de suas frutas, de seus semáforos, de seus rios, compondo a sinfonia de suas águas.
            Somos seus múltiplos barulhos. Barra do Corda não é singular, é plural. Somamos às dela as nossas vozes, e assim nasce o cordino desse diálogo.

“Até ao barro me Barra
esta Corda onde moro.

Tudo me acorda
e mearinha nesta Barra,
até o barro.” 

            Assim segue o Rio. Assim seguimos molhados e embalados nos úmidos braços desse “Rio Conjugal”. Nossas angústias nele mergulhadas vão escrevendo suas gotas, avolumando suas águas. Pois não há dor tão funda que não possamos entregar ao Rio.
            Tens alguma inquietude?... O Rio leva! Não consegues esquecer as duras palavras que o atingiram?... O Rio leva! Mas não confidencie nada de imediato ao Mearim. O Mearim é um velho austero que de tanto ouvir rumores, turvou-se.
            Contudo, podes depositar tuas dores pacificamente junto ao Corda, cuja virilidade desata qualquer problema.
            Destarte, o Corda corre e vai dizer baixinho ao Mearim – porque ambos não guardam segredo – as coisas que não conseguiríamos contar sem turvar ainda mais as suas águas.
            As árvores que se debruçam às suas margens vão ouvindo nossas conversas. Até mesmo os pássaros, ao pousar em seus galhos, ficam a par de tudo. O Rio quer passar... reféns, passamos.

“Vai um ingá boiando...
Vai boiando meu corpo
Que em teu corpo aquoso se perfaz.”

            O Rio abriga nossas vozes e afagos; nossa infância, nossa família e nossos amores. O Corda é mais que a corda que nos ata à Barra. Viver aqui é não ter subterfúgios; é acordar e ver o Corda mearinhado ao Mearim.

“Sempre assim:
brinca de Corda
o Mearim.”

            Barra do Corda pequena. Barra do Corda querida. Barra do Corda pequena demais para em seu bojo conter-nos, que o coração cordino é enorme e não pulsa em qualquer peito. Mas que outra maneira existe para mantermo-nos unidos, seguros, senão estreitando esse amorável abraço com o qual nos acalentam os rios Corda e Mearim?
            Porque a luta da cidade é braba, e estar longe da Barra é que é, de fato, uma barra.
            Parabéns, Barra do Corda, pelos seus 177 anos!

*Kissyan Castro é poeta barra-cordense, mora em Barra do Corda (MA)

 

 

Barra do Corda és minha vida
jornal Turma da Barra

"Sempre quando me perguntam de onde sou, digo que sou de Barra do Corda, cidade que fica no centro do Maranhão, banhada por dois rios, com um dos melhores carnavais da região, com pessoas hospitaleiras, um lugar que vale a pena conhecer"

*Ciro Sá

            Minha primeira visita em Barra do Corda foi quando tinha um ano de idade, ainda quando a estrada era cheia de atoleiros.
            A primeira vez, que me lembro da cidade, foi quando nos mudamos para lá, fazendo o contrário da viagem que meu pai fez quando foi tentar a vida em São Paulo.
            Voltando para Barra do Corda, meu pai procurava ficar perto de sua família e um lugar que pudesse criar seus filhos, já que estávamos nos tornando adolescentes e ele tinha certeza que teríamos menos influências negativas do que as grandes cidades do sudeste.
            Ainda naquela época a estrada era péssima e demoramos mais do que o previsto para chegarmos na cidade, o que só aconteceu ao anoitecer. Só fui conhecer nossa casa e a vizinhança do Pé de Cedro numa manhã de julho de 1991, quando também fui conhecer o rio Mearim e o Corda e alguns dos meus primeiros e sinceros amigos que fiz na cidade.
            Realmente crescer em Barra do Corda foi importante para minha formação como cidadão. Estudei no Diocesano com ótimos professores e pessoas com quem compartilhei conhecimento e companheirismo.
            Assisti as missas como coroinha algumas vezes e participei de grupos de jovens que me ajudaram em minha formação religiosa. Participei de manifestações que mostravam a vontade popular, votei minha primeira vez. Tive alguns amores e várias amizades, enfim, uma cidade que vale a pena crescer, mas infelizmente não me deu suporte para continuar meus estudos, tendo então escolhido Teresina, tanto por ter gostado da cidade, como por ser mais próxima de Barra do Corda do que São Luis.
            Sempre quando me perguntam de onde sou, digo que sou de Barra do Corda, cidade que fica no centro do Maranhão, banhada por dois rios, com um dos melhores carnavais da região, com pessoas hospitaleiras, um lugar que vale a pena conhecer.
            Alguns dizem que conhecem, outros que querem conhecer e se encantam com as descrições que dou sobre a cidade e seus encantos.
            Nessa data comemorativa dos 177 anos de cidade desejo a esse magnífico lugar muitos anos de prosperidade e zelo, por parte dos cidadãos e seus elegidos, para que quem sabe um dia possa voltar a morar e contribuir com tudo o que pude aprender fora dos seus limites territoriais em busca de uma cidade cada vez melhor.

*Ciro Sá é professor de Química, foi aprovado para doutorado na UFRJ

 

 

Barra do Corda: Cidade de muitas perspectivas
jornal Turma da Barra

"Barra do Corda necessita de mais empregos, mas como vimos, as mudanças vem ocorrendo, com o tempo esperamos que tudo venha a se tornar melhor"

*Lucas Bernardo

            Mudanças é o que todos que vivem na cidade procuram, vemos um crescimento enorme no comércio com a chegada de lojas importantes do mercado brasileiro, mas Barra do Corda necessita de mais empregos, mas como vimos, as mudanças vem ocorrendo, com o tempo esperamos que tudo venha a se tornar melhor.
            É de grande orgulho poder expressar o sentimento pela cidade, localizada da região centro-sul do Maranhão , Barra do Corda é uma cidade com dois rios maravilhosos ,que a sociedade vem a cada diz valorizar mais esses espaços com crescimento do mercado em volta de seus rios.
            Ultimamente alguns acontecimentos bizarros ocorrem, esquecidos facilmente pela sociedade, mas a vida segue e Barra do Corda continua com seu crescimento e sua evolução, tendendo a ser uma das grandes potências do Maranhão, mais a mudança deve começar em todo o Estado e não só da cidade, mais o que nos resta é aguardar e vê essa evolução e nossos políticos ajudarem nessa mudança.
            Parabéns Barra do Corda!

*Lucas Bernardo, 16 anos, estuda 3º ano do segundo grau em Barra do Corda (MA)

 

 

Parabéns, Barra do Corda!
jornal Turma da Barra

"Na cidade das indiferenças, vi muitos homens fazendo compras nas luxuosas lojas do orgulho e da arrogância
e alguns poucos reformando os modestos casebres da simplicidade,
para que pudessem sustentá-los de pé!”
Odair Rizzo - poeta e escritor de Catanduva - SP
"

*Sergio Barbosa

            Antes de responder a esta pergunta, queria tecer minha impressão quanto a essa data festiva.
            Ao cantar parabéns para a aniversariante, necessário se faz um exercício de reflexão quanto a mesma. Porque somente na data do natalício se faz efusivos elogios, como se a homenageada defeito nenhum tivesse?
            Barra do Corda merece sim todas as reverências nesse seu dia. Ademais, é uma cidade bela, cheia de encantos, com patrimônio histórico-cultural a ser preservado, meio ambiente a ser cuidado e potencias turísticos a serem explorados. Porém não pensemos somente no dia de hoje.
            É uma jovem maquiada para ficar bela mas porém, descuidada nos seus serviços sócio-humanísticos para com seu maior convidado: o seu povo.
            Está envelhecendo, mas não com qualidade e atenção que merece por parte do atuais administradores.
            O bolo não está sendo fatiado em partes iguais. Fatias menores para muitos e maiores para poucos. Usurpadores que são esses últimos. A esperança é que esses poucos passam e a cidade e seu povo continuam.
            Portanto, respondendo a pergunta-título, tenho a dizer que Barra do Corda, apesar de todas as intempéries, está de parabéns em sobreviver à Administrações corruptas e sem compromisso com seu desenvolvimento e que chegará o dia e a hora que merecerás ser tratada com mais dignidade para fazer seus filhos ainda mais felizes.

PARABÉNS PRINCESA DO SERTÃO PELOS SEUS 177 ANOS!

“As pessoas, para darem valor a cidade onde
moram, devem saber de sua historia, da sua
cultura. Para isto é necessário preservar, por
meio de museus, exposições, centro de arte e
cultura, pois um lugar onde não tem sua cultura
preservada é um lugar vazio.”
Professor Marcos Antonio de Oliveira

*Sérgio Barbosa é funcionário público federal, mora em Barra do Corda (MA)

 

 

Querida Barra do Corda:
Parabéns!

jornal Turma da Barra

"Por onde andam os descendentes dos homens de caráter de minha terra?
            Te abandonaram querida! Te deixaram entregue aos forasteiros, que não têm compromisso com o teu passado ou com o futuro."

*Eduardo Galvão

            Barra do Corda 177 anos. Em seu berço, querida, vivi 16 anos, meu pai 65, meu avô 67 e outros oitenta e tantos o meu bisavô.
            O meu tataravô Galvão era um dos revoltosos na balaiada e com a derrota dos balaios, muito embora tenha havido anistia, rumou para Barra do Corda, lugar de difícil acesso, naquele ano longínquo ano de 1842, para escapar das possíveis repressões das autoridades.
            Chegando em Barra do Corda, o tataravô Galvão conseguiu terras lá pra bandas do São José e montou fazenda de gado. Depois de longo período de trabalho árduo, e após uma desavença com o Intendente da cidade, meu tataravô deu umas lapadas no dito com umbigo de boi e desapareceu novamente deixando o seu filho, meu bisavô Antônio Felipe Galvão, rapaz novo, tomando conta da fazenda e nunca mais voltou.
            Assim são as histórias das famílias pioneiras de minha querida cidade, muitas delas têm origem no Ceará. No meu caso, os Galvão possivelmente tenham vindo de Portugal para São Luís; o pai de meu avô, por parte de mãe, Luís Queiroz; veio de Nova Russas, CE.
            Povo destemido e honrados, não sabia o que era sacrifício, a adversidade era cotidiano normal e por isso foram capazes de enfrentar toda privação e construir uma bela cidade.
            Os pioneiros, homens e mulheres destemidos de minha terra querida, fundaram uma vila pacata e ordeira. Foram desbravadores heróis; lavradores, fazendeiros,  poetas, juízes, generais e representantes palarmentar de peso, estadual e nacional.
            Por onde andam os descendentes dos homens de caráter de minha terra?
            Te abandonaram querida! Te deixaram entregue aos forasteiros, que não têm compromisso com o teu passado ou com o futuro. Como parasitas aposaram de ti, querida, te estupraram e ainda hoje te exploram descaradamente. Os rufiões continuam tirando proveito.
            Nesta data, querida Barra do Corda, você pobrezinha e explorada me dá dó. Tu, querida, continuas a viver no meu coração, como mãe carinhosa ainda me acalenta com lembranças de minha infância e tenho orgulho de teres sido o meu berço de nascimento. Me junto ao coro, na alvorada de 3 de maio, dia do teu aniversário, para cantar Parabéns para Você.

*Eduardo Galvão é barra-cordense, Vice-cônsul do Brasil em Caiena (Guiana Francesa)

 

 

Paisagem ao entardecer
ou Avenida Beira-Rio

jornal Turma da Barra

*Luciana Martins

paisagem ao entardecer
ou Avenida Beira-Rio

margem sem mata. na taboca vê-se
suja e fedida fralda descartável
pendurada; mesas repletas de
latas de cerveja, e, do carro aberto,

música alta saindo do som.
no chão, conto quantos copos jogados.
o rio ruge — menor do que era.
tempos atrás, era densa a floresta.

do outro lado do rio. seis da tarde 
a lavadeira recolhia a roupa,
revoava sua canção o xexéu

como reina a Princesa do Sertão?
que estrela ainda quer brilhar neste céu
se o progresso chegou feio à cidade?

22.12.2011

*Luciana Martins é poeta, mora em Brasília (DF)

 

 

Barra do Corda
jornal Turma da Barra

*Renilton Barros

Barra do Corda                                        Cidade Maviosa

A                      Princesa                           do                        sertão.

Os

Escritores, cantores e poetas se revelam, ao som do vento no céu azul do sertão

Em  contos, cantos e rimas ricas  ou não, entoam uma linda  e cordina canção.

Contam  tua  história, tua garra, tua  sina e de como é  grande  o teu coração

 Querendo  ver-te  grande, no seio  deste  estado que  se chama Maranhão.

 

Não há um filho teu que não te queira e deseje bem, ó! maviosa cidade

E com traços de evolução, contudo, não perdestes a tua  rusticidade.

Enches nossos olhos de alegria, a mente e o coração de felicidade

Com  o tempo  torna-te mais  bela,  e junto  vem a  maturidade.

 

Não há como não demonstrar por ti o nosso grande amor 

Nós, teus filhos, um povo alegre, festivo e trabalhador.

Cantam-te e  te  revelam  em  todo  teu  esplendor

Demonstrando   assim   o   teu   real   valor.

 

*Renilton Barros é poeta barra-cordense, mora em Brasília

 

 

No tempo e na lembrança
jornal Turma da Barra

Uma louvação à praça Melo Uchôa, pelos 177 anos de Barra do Corda

*Francisco Brito

            Sempre que passo em frente à formidável praça Gonçalves Dias, na capital maranhense, monumento em homenagem ao poeta maior, relembro com carinho outra praça, a Melo Uchôa, que fica no centro de Barra do Corda, e o cartão postal mais lindo da cidade, concomitantemente, homenageia o seu fundador.
            Foi ali naquele espaçoso lugar, que atravessava o verdor noturno dos meus anos de juventude, além de ser um assíduo frequentador, principalmente aos domingos, me enlacei na sublimação dos beijos inocentes do meu primeiro amor. Outras tantas vezes, apenas rodeando com os amigos ao lado dos arvoredos verdejantes para solidificar as amizades naquela pacata urbe.
            Em meados dos anos 70 na cidade barra-cordense, quase não havia opções para se divertir. Muito embora, tivesse o cine Canecão de bons filmes; as tertúlias do Guajajajras Iate Clube; dos piqueniques e vesperais dominicais e dos banhos descendo rio Corda abaixo.
            Tudo isto ficou para trás, como num filme que se aloja em nossas mentes, que inevitavelmente, perdurará por tempo indeterminado em cada um de nós que vivenciamos aqueles anos dourados.
            Aquela praça foi palco de muitos encontros e desencontros. Seus bancos anatomicamente perfeitos para assentarmos, se falassem contariam muitas histórias de amor e desamor. Felizmente, alguns daqueles relacionamentos, entre um homem e uma mulher, terminaram no altar.
            Conheci minha primeira namorada bem no centro da Melo Uchôa. Contava nos dedos os dias para chegar logo o próximo final de semana. Era uma ansiedade incontrolável.
            Não cabia de contentamento dentro de mim. A descoberta de novos sentimentos me tornava um ser em estado permanente de sensações irreprimíveis. Era um lugar inimaginável para os dias de hoje.
            As rodas de amigos com o radinho de pilha ouvindo um clássico carioca Fla-Flu ou Vasco e Botafogo. Não havia brigas mesmo se o time vencedor fosse do seu amigo.
            Podíamos prosear até altas horas da noite sem correr o risco de ser assaltado. Tudo era verde como as árvores que circundavam toda a extensão da praça. Quando se aproximava da meia-noite, era hora de retornar para casa, c
aso contrário, poderíamos andar na escuridão pela falta de energia.
            A majestosa Melo Uchôa ainda tem o privilégio de estar em frente a outro monumento histórico e belo. A igreja Matriz, que relembre-se, este ano completou 60 anos. Arena iluminada de corpos celestes e materiais. Planos e sonhos que eram traçados na tentativa de visualizar um futuro melhor.
            Pegadas de gerações que ficaram guardadas nas estreitas passarelas. A Melo Uchoa está impregnada de reminiscências e tem a faculdade de conservar e readquirir em nós, seus antigos frequentadores, ideias e imagens que inexoravelmente se perderam com o passar dos tempos. Não destes tempos atuais. Mas, daqueles bem melhores. Onde verdadeiramente éramos felizes e não sabíamos.

*Francisco Brito de Carvalho é poeta e escritor barra-cordense, mora em São Luís (MA)

 

 

Feliz aniversário Princesa!
jornal Turma da Barra

“Aniversário é uma festa pra ser lembrado que resta”. 
(Millôr Fernandes)

“Barra do Corda, de tão apaixonado que sou por ti, não sei como fui nascer em outro lugar.” 
(Sebastião Bonfim)

*Sebastião Bonfim

            Despertarei na quinta-feira com a cara de domingo. Próxima quinta-feira 3 de maio 2012 terá grande festa e com muitos convidados. Feriado prolongado, que apesar da agitação do dia-a-dia, adoramos, pois só assim conseguiremos melhor observar a aniversariante.
            Barra do Corda, de tão apaixonado que sou por ti, não sei como fui nascer em outro lugar. Infelizmente, teus "guardiões" não vieram para a festa com os merecidos presentes. Condenaram-te ao abandono, ao risco, à desordem, à violência, às ruas sem iluminação, à impunidade dos que te ferem, à sujeira, poluição, às praças e jardins maltratados, a pouco investimento em tua cultura farta.
            Ignora teus filhos, tuas crianças morrem por falta de remédios. Eles passarão. Não tem nada não, novos tempos virão, e com eles novos filhos, homens que, espero, cumbram-te de mimos e flores. Consola-te, pois, que tua beleza resiste a tudo, teu sorriso resiste a tudo, novos filhos irão aparecer e lhe presentear na forma em que você merece. Causa-me espécie, quando me lembro do hospital público e das escolas sem manutenção.
            Desperta-me, quando ouço um monte de gente falar que aqui é um canteiro de obra e que sua gente possui boa qualidade de vida. Amo minha cidade, mas não fecho os olhos para os problemas. Quem fica bradando isso é porque não utiliza serviço público, como saúde, educação, meio ambiente, seu patrimônio histórico e etc.
            Enfim, Barra do Corda é uma cidade como qualquer outra. Com prós e contras. Muito mais prós do que contras.
            Comemorar seu aniversário me deixa extasiado. Tudo que diz respeito a ela me interessa. Cuido dela e a defendo como quem defende sua família, por isso, posso dizer que Barra do Corda é para mim um grande amor!
            Quinta-feira nossos corações vão bater mais forte e mais acelerados ao lembrarmos o aniversário da nossa Princesa, marquem uma presença no calendário do destino com horas e dias exatos para se tornarem realidade pois é isso que nossa Barra do Corda merece.
            Todo carinho, consideração e apreço das pessoas que te ama de verdade e principalmente aqueles que assumiram tua defesa e por te zelam, estando ao teu lado para o que der e vier, escrevendo uma história com carinho confiança, de lutas, de objetivos e de conquistas.
            Feliz Aniversário, minha Princesa! Jamais irei me cansar em te admirar e de amar tuas belezas, que inspiraram e continuam a inspirar teu filhos.
            Cordinos, de nascimento e de coração, brindemos na próxima quinta-feira o aniversário da Princesa do Sertão, uma moçinha com 177 anos de alegrias e sofrimentos.
            Toda felicidade que existe no mundo será pouca para nossa cidade. Você Barra do Corda é uma Princesa que semeia carinho e respeito.
            Nós filhos e filhas te desejamos um dia tranqüilo e feliz que estes 177 anos seja apenas um começo de dias felizes para todos cordinos. Parabéns.
            Feliz aniversário, minha querida Barra do Corda! Parabéns pelos seus 177 anos!
            De teu filho,

*Sebastião Bonfim é juiz de Direito, mora em São Luís (MA)

 

 

 

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