Aniversário
Barra faz 176 anos
Jornal Turma da Barra

 

Esta terça-feira, 3 de maio, Barra do Corda faz 176 anos.
Hoje foi o dia em que Manoel Rodrigues de Melo Uchoa, em 1835, declarou fundada Barra do Corda no porto da Sapucaia, na confluência dos rios Corda e Mearim.
Atualmente o município conta com uma população, segundo o IBGE em 2010 de 82.830 habitantes. São 15 bairros, 6 vilas e cerca de 25 povoados. Alguns desses povoados têm população acima de 5 mil habitantes, caso de Três Lagoas do Manduca, Santa Vitória e Ipiranga. 
Também com estimativa do IBGE em 2008, o PIB (Produto Interno Bruto) da cidade cordina é de R$ 434 milhões, o maior da região central e situando-se entre as dez maiores economias do estado.
Mas tem déficit em emprego e renda, quando o índice Firjam (2007), que mede qualidade de vida, revela que Barra do Corda está classificada em 150º lugar entre as cidades maranhenses.
A natureza doou à cidade riquezas turísticas, potencial agrícola e devida a sua localização estratégica, no centro do Maranhão, poderia se tornar uma cidade universitária.
Mas faltam políticas públicas, gestores e formadores de opinião com visão de futuro e, principalmente políticos comprometi
dos com o povo barra-cordense.
Este ano, o TB faz uma saudação especial a José de Maria de Miranda Uchoa, bisneto do fundador Melo Uchoa, que deixou revelações preciosas
sobre a saga de Melo Uchoa até chegar a Barra do Corda.
Mas queremos sempre lembrar de barra-cordenses ilustres como Frederico Figueira, que foi governador do estado, também a Isaac Martins, Dunschee de Abranches, aos freis Adriano de Zânica e dom Marcelino de Milão, homens que deixaram para sempre suas marcas na cidade. 
Parabéns, Barra do Corda!

 

 

Parabéns, terra querida!
jornal Turma da Barra

*Danilo Garcia


            No dia 3 de maio comemora-se o aniversário de Barra do Corda, são 176 anos de existência gerando filhos que amam esta terra. Mas muitos se questionam: Temos mesmo o que comemorar durante estes 176 anos?
            Nossa cidade não é muito diferente das grandes metrópoles ou de qualquer outra cidade do interior, temos praticamente os mesmos problemas. As drogas estão cada vez mais presentes no meio dos jovens barra-cordenses, sejam elas lícitas ou ilícitas, adolescentes menores de 18 anos têm acesso livre às bebidas alcoólicas e cigarros, seja em uma festa, boate e bares que se multiplicam a cada dia e estão espalhados por toda a cidade, ou em uma simples mercearia de bairro.
            Os proprietários e atendentes vendem estes produtos como se fosse outro qualquer, sem nenhum controle. Mas o pior de tudo isso são as drogas ilícitas, que vem invadindo de uma forma feroz nossa população, a facilidade para consegui-las é absurda. Algumas delas são: a maconha, que já é antiga; o famoso lança-perfume que passeia livremente nas mãos das pessoas, principalmente durante os períodos carnavalescos; o ecstasy e o maldito crack que vem consumindo nossos jovens que não tem consciência dos seus atos e das consequências que sofrerão futuramente.
            E tudo isso acontece por que as pessoas querem se divertir, curtir a vida sem problemas, porém buscam isso de uma forma suja, através de uma alegria falsa, que não preenche o vazio que sempre vai existir dentro de cada uma delas e, no dia seguinte os problemas continuam e se multiplicam mais, pois muitos não lembram os atos terríveis que cometem quando estão sobre o efeito de drogas, além de causarem um mal terrível a sua própria saúde. Precisamos de uma nova geração!
            Já no ambiente político, nossa Barra do Corda não está fora dos grandes escândalos não, é terra de políticos corruptos também. O mais recente escarcéu que teve, e até hoje está rendendo, “bombou” na internet, rádios, jornais, telejornais, em vários outros meios de comunicação, sendo que o principal foi a revista ISTOÉ, que é distribuída em todo o país. Mas, é triste ter que dizer: A falta de opção levou a população a colocá-los onde estão. Eles estão milionários, bem que poderiam fazer muito mais pela nossa querida cidade. Queremos mais educação Sr. Prefeito!
            Barra do Corda é uma cidade muito boa, mesmo no meio de tantas coisas ruins, nela existem pessoas do bem, que vivem felizes sem fazer mal a ninguém e nos cativam pelo jeito simples de viver; nela existem belíssimas riquezas naturais que encantam os olhos de qualquer turista. É magnífico apreciar o pôr-do-sol no alto do Morro do Calvário, admirando toda a cidade e o encontro dos dois rios Corda e Mearim, tudo ali, de graça, em um simples local. Experimentem, é uma paisagem inesquecível.
            Eu sou filho de Barra do Corda, amo minha cidade e só quero o bem da terra onde nasci. Como diz a canção: “Barra do Corda amor de minha vida, és tudo para mim terra querida...”

*Danilo Garcia, barra-cordense, é formado em Administração em São Luís (MA)


Nota do Danilo: Um forte abraço a equipe do Turma da Barra, ao grande Heider Moraes que não desiste de pedir minha colaboração. Sempre que posso estou conectado neste site que nos deixa tão próximo de Barra do Corda, afinal foi o primeiro site que acessei sobre minha cidade, isso já faz quase uma década.
Parabéns galera do TURMA DA BARRA!
Excelente trabalho, em benefício desta terra tão querida.

Nota do TB: Vejam vídeos de Danilo Garcia postados no youtube: 

BARRA DO CORDA - (Amor da minha vida): http://youtu.be/sY47rYvlmpU 

CANÇÃO CORDINA - BARRA DO CORDA: http://youtu.be/TbTU5MPx4vo 

HINO DE BARRA DO CORDA: http://youtu.be/IQe6jGHxdPY

 

 

 

Mello Uchôa, o fundador
jornal Turma da Barra

*Francisco Brito

“Tem que ser como é e sempre foi: grandes coisas são para os grandes, abismos para os profundos, delicadezas para os refinados e, em síntese, todas as coisas raras para os raros!” (Nietzsche)


            Pelo muito que se tem escrito sobre Barra do Corda, posto que seja de relevância na trajetória da cidade ao longo dos seus anos de descoberta, pouco se tem dado a devida atenção ao seu fundador, Manoel Rodrigues de Mello Uchôa, sobretudo pela dificuldade de não se encontrar nas bibliotecas e meios de acesso de pesquisas sobre a biografia deste grande cearense que marcou para sempre a história do município.
            Se Barra do Corda neste 03 de maio completa 176 anos de fundação, por outro lado, para a maioria dos historiadores, neste ano de 2011 transcorrerá o 145º ano de falecimento de Mello Uchôa ocorrido em 07 de setembro de 1866. Seus restos mortais repousam no extinto Cemitério São Benedito na entrada do Sítio dos Ingleses, onde está localizada a praça Gomes de Castro.
            Nas minhas buscas de informações pretendi colher o mais íntimo e desconhecido da personalidade de Mello Uchôa. Para alguns nascido em Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, para outros em Serrinha, lugarejo de Granja - CE, descobri entre tantos atributos que era um “cidadão amigo e de boas maneiras”, um marido amável e pai dedicado aos filhos. “Homem de reconhecida honradez e educação”. Inconformado após a Independência resolve se deslocar até São Luís “a fim de manter contatos e conquistar boas relações de amizade que pudessem valer naqueles tempos difíceis”.
            Destas relações foi aconselhado pelo amigo Cônego Machado a embrenhar-se pelo agreste sertão maranhense entre a Chapada, atual Grajaú, e Pastos Bons, para fundar ali um novo povoado. Depois de muitas andanças e sofrimento mata adentro acompanhado “por seu escravo e alguns índios Canelas” e orientado por uma bússola, Mello Uchôa organizou um croqui topográfico em que apresentava as curvas do Rio Corda. Algum tempo depois esse croqui foi levado à presença do Presidente da Província, Dr. Antônio Pedro da Costa Ferreira, através do seu amigo des. Vieira, quando se deu a fundação de Barra do Corda em 1835.
            O indigenista e mestre em história da UFG - Universidade Federal de Goiás, André R. F. Ramos, em sua dissertação de mestrado encontrou este documento raríssimo e registrou: “Ofício do Presidente da Província ao Senhor Manoel Rodrigues de Mello Uchôa, encarregado da comissão de fazer entrada entre os índios Gamela e Mateiro nas matas do Codó, determinando-lhe remeter para a capital os índios e os pretos feitos prisioneiros, para dar-lhe o devido destino. Palácio do Governo do Maranhão, 21 de dezembro de 1854; fls. 134-134, v.39”
            Não se sabe ao certo quantos anos Mello Uchoa tinha, quando chegou com a sua família e fixou-se em terra desconhecida, inicialmente denominando-a de Missão de Santa Cruz da Barra do Rio das Cordas. Entretanto, considerando o ano de sua morte, ele viveu na cidade por 31 anos deixando viúva d. Hermínia e uma prole de 19 filhos.
            No livro “O Maranhão por Dentro”, de Manoel Frazão Cardoso, Lithograf, São Luís, 2001, págs. 67 a 72: “Mello Uchôa era tenente de primeira linha, onde ajudou o major Fidié na conhecida Batalha de Jenipapo em Campo Maior no Piauí, e foi encarregado de abertura de estradas e do serviço de proteção aos índios. A 1ª estrada foi para Pedreiras com extensão de 240 km”, portanto, sendo o precursor e, finaliza: “Usado para várias missões públicas e relevantes, faleceu paupérrimo em 7 de setembro de 1866”.
            Além da praça da igreja matriz na cidade barra-cordense, “existe o colégio particular chamado Mello Uchôa, um povoado chamado Uchôa, rio Mearim abaixo, perto do Prado e uma cachoeira batizada de Uchôa”, em homenagem ao seu fundador, segundo me informa o historiógrafo Álvaro Braga.
            No entanto, permanece este riquíssimo patrimônio imaterial, que é a Barra do Corda tanto desejada e amada. Penso na alegria incontida que Mello Uchôa demonstrou quando em inóspitas verdes matas maranhenses bradou ao saber da notícia do nascimento de sua filha: "Feliz é a época que atravesso. A providência acaba de me agraciar com duas filhas risonhas e diletas - a Altina Tereza e a futura cidade, que edificarei"
            O historiador Raimundo Teixeira de Araújo sintetizando os “líderes incontestes da humanidade” assinala uma máxima histórica: “aqueles que esquecem o passado, estão condenados a repetí-lo”. Que assim, querido mestre, não seja entre nós barra-cordenses, pois dificilmente haverá outro Mello Uchôa, que ao viajar para a eternidade levou consigo a honra, a humildade e a pureza de seu coração, que são virtudes raras a ser atribuídas aos homens dos dias atuais.
            E, finalmente, aqui, um apelo se faz às novas gerações de barra-cordenses, designadamente os historiadores, doutos em ciências do conhecimento e do saber, a tarefa de perquirir os caminhos da vida inolvidável deste ilustre herói do sertão maranhense, para que a imagem de Manoel Rodrigues de Mello Uchôa não fique apenas ilustrando as páginas amarelas das nossas reminiscências.

*Francisco Brito de Carvalho é poeta e escritor, mora em São Luís (MA)

 

 

Artigo
176 anos de Barra:
Feliz aniversário

jornal Turma da Barra

*Fábio Mota


            O barra-cordense está feliz, pois entende que deve comemorar o aniversário da querida cidade. Parabéns! Vamos comemorar nossas conquistas em mais um ano de existência da cidade modelo. Isso sim é democracia, igualdade, pois as coisas estão do jeito que a maioria do povo gosta. Aqui caberia uma observação, mas temos que respeitar a maioria.
            Não tenho mais forças para dizer o que penso sobre o que vejo, embasbacado.
            Quem sou eu para menosprezar a soberania popular? Basta-me, então, portanto, por mais ridículo que ele seja a coisa, guardar meus inúteis pensamentos. E desejar parabéns por mais um ano de sobrevivência.
            Afinal, trata-se de uma data muito importante: 176 anos de vida. É data de celebração, alegria, coisa que barra-cordense entende como ninguém. Em Barra do Corda, quando você acha que está tudo muito bem, pode ficar melhor ainda.
            Devemos levar adiante qualquer discussão se essa alegria é ou não saudável?
            Eu não sou um homem de fé, mas acredito que não adiantaria muito coisa. Pois antes de nós chegarmos à uma conclusão, outra discussão nos perturbaria: afinal, a merda é ou não é fedorenta?
            Não é todo mundo que suporta a verdade. Escondem-se atrás de uma religião, de um partido, de uma mentira. Mas a verdade é imprescindível para o sucesso de uma sociedade. E esse é o problema. Mas quem precisa da verdade? Se lucrar com a mentira é a cultura atuante.
            Enquanto Barra do Corda se orgulha de completar 176 anos, e o barra-cordense se enche de alegria, a gente fica aqui esperando por uma universidade, por uma estrada para os povoados vizinhos e rezando pra não adoecer, por que senão, terá de ir até Teresina para fazer algum exame. Mas é bom lembrar, O Piauí não recebe mais maranhense doente.
            Mas não é hora de chorar. Com a mesma matéria-prima a gente pode tentar rir, se você encontrar alguma graça na tragédia, como eu não encontro, valerá à pena.
            Talvez eu esteja exagerando na minha “liberdade de expressão”. Afinal ninguém está interessado nessas bobagens que estou falando. Mas é tudo que tenho para contribuir, para falar sobre os 176 anos de Barra do Corda, desculpem-me por tão insignificante ajuda.
            Para finalizar, quero desejar feliz aniversário a essa cidade tão maravilhosa, que é linda, apesar dos pesares. Que os dias vindouros possam ser mais frutíferos, proveitosos. Não me julguem, por favor. São sinceros meus desejos.

*Fábio Mota é escritor, mora em Barra do Corda (MA)

 

 

 

Barra do Corda: Minha cidade... Minha poesia
jornal Turma da Barra

*Luiz Carlos


Cidade poética, Cidade encantadora,
Urbe divina entre águas cristalinas,
que embora misteriosa, têm formas singelas
que encantam poetas e curiosos de Urbes distantes.

Cidade poética, às margens dos rios Corda e Mearim,
águas tranqüilas que entoam sons melodiosos
que ressoam nas águas as recordações
das belas almas presentes no seu legado arquitetônico.

Cidade poética do alto do Calvário,
do crepúsculo que provocam sonhos e belas recordações.
Do manto maternal de Nossa Senhora das Dores a abençoar sua história,
presente na memória dos deslumbrantes sobrados e casas
que provocam nostalgia e um tardio arrependimento.

Cidade poética da florida Praça Melo Uchôa
que recordam maravilhosas lembranças da infância pueril.
Cidade poética que emite um aroma de café expresso
e inebria o coração e o paladar de mistérios.

Cidade poética, em que a glória dos seus 176 anos
transforma em poema e poesia.
Inúmeros os versos que deslumbro no seu Panteom
e a magia de Olimpio Cruz na sua abóbada celeste.

Cidade poética e cenário de artistas,
de exímios literatos e fantásticos cantores.
Cidade poética em que o entardecer no Guajajara
colore o coração e provoca arrepios inexplicáveis.

Cidade poética que possui uma áurea de encantamento
que produz uma aurora alegre no céu maranhense.
Apesar de ausentes seus filhos
mantêm uma relação filial com o seu chão.

Cidade poética de uma singela fantasia,
que veste e desnuda os seus dias em vestes melancólicas.
Cidade poética das ruas planejadas
que traz nas páginas do O Norte do seu passado glorioso.

Cidade poética que tem um Santo Espírito
que faz da fachada da Igreja Matriz um monumento.
Cidade poética que tem um povo pujante,
que sonha e que luta.

Cidade poética que conserva irrigada lembranças e saudades da infância,
ecoando no repertório da Banda de Música São Francisco.
Cidade poética, são tantas saudades,
que nos seus 176 anos transformo em poesia!

*Luiz Carlos é professor e filósofo, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Barra do Corda

 

 

Barra do Corda - 176 anos
jornal Turma da Barra

Educatio maximam diligentiam desiderat:
A educação exige o maior cuidado
(Sêneca, De Ira, II, 18).

*Nonato Silva


            A grandeza de um povo depende do alto grau de sua educação e de sua cultura. A firmeza deste princípio é inarredável. Sua essência forma condição pétrea.
            Para ela não há fôlego.
            Deve-se dizer que a cultura nasce no campo, de vez que cultura vem de cultivar. E, em congruência, toda educação se descobre no lar, na escola, surgindo na infância, na adolescência, até chegar ao seu habitat natural, o adulto. Daí, derivam os pressupostos da política, da economia, dos predicados sociais, da administração, sobretudo, do civismo ordenado.
            Na infância, ou seja, na alfabetização, está a raiz primeira, que deve ser profunda, de toda educação e cultura. Também a primeira escola é tudo na vida educacional e cultural da pessoa humana.
            Todo povo que alcança um alto nível de desenvolvimento encontra-se naturalmente pronto a produzir e consumir educação e cultura, absorvendo-as e assimilando-as sistematicamente. Porque educação, fundamento da cultura, é princípio donde a comunidade humana conserva e transmite sua peculiaridade física e espiritual.
            Então, forçosamente, haverá mudanças na sociedade que tem o saber por corpo.
            Assim, o ser humano pode propagar, conservando, a forma de sua existência social, educacional, cultural, intelectual e econômica, quando o espírito concebe, cria, ordena e faz.
            É que a pessoa humana, em sua composição psicossomática -- o hilemorfismo aristotélico-tomista — gera condições especiais para transmissão e manutenção da fôrma e da forma convenientes.
            Barra do Corda é berço de uma vultosa população adolescente, em via de expansão rumo à mão de obra. Está, portanto, essa adolescência garantindo estilos de comportamento, visando à percepção e à avaliação da realidade sócio-econômica existente.
            Por isso, torna-se cada vez mais forte, substituindo, em parte, ou de qualquer modo, constratando as influências inadequadas, familiares ou escolares mais tradicionais.
            A juventude hoje, açambarcada por uma imensa variedade de estímulos, inclusive, políticos, provenientes de um ambiente mais amplo devido à rapidez e crescimento das comunicações, está absorvendo os agentes educacionais e culturais, em ritmo apressado. E, simultaneamente, os valores e códigos de comportamento e atitudes próprios, mesmo dentro da esfera pública e política.
            Daí, o desenvolvimento de uma educação e de uma cultura específicas. E isto faz com que haja continuidades sensíveis nos valores e opções essenciais. Em consequência, manifestação e exigência de um sutil e aberto arranjo, com vistas a realizações plausíveis.
            E, conforme o que, uma educação e uma cultura de participação e alargamento, próprios de cidadãos orientados a assumir um papel ativo, resultando de um conjunto de atitudes dignas de quem consome progresso.
            Assim, é que tal estrutura vem de formar e manter a educação e a cultura cívicas congruentes.
            E essa ação desenvolvida pelos barra-cordenses vem de provar que na cidade de MeIo Uchoa não houve catacumbas. A luta foi sempre aberta e produtiva, não deixando vácuo, para superar óbices.
            E seus 176 anos de fundação demonstram, à saciedade, ter Barra do Corda se firmado na constância e colorido de sua educação e cultura.
            Por tudo isso é que a urbe de MeIo Uchoa, Maranhão Sobrinho, Isaque Ferreira, Olímpio Cruz, Wolney Milhomem e tantos outros, está a bater palmas e sorrir.
            Pois comportou-se a seu nível de esforço para habilitar a quem precisa fazer.
            Nisso é mãe e mestra!
            Ad multos annos faustosque dies!

*Nonato Silva é 92 anos, é o maior intelectual vivo barra-cordense, mora em Brasília (DF)

 

Artigo
Barra do Corda e seu presente de 176 anos
Jornal Turma da Barra

*Paulim Bandeira


            Barra do Corda completa 176 anos e como presente de aniversário novamente está nas páginas da revista ISTOÉ, não pela sua importância geopolítica, ou pelas suas belezas naturais, ou por seus recursos culturais, mais sim pela mancha da corrupção tingida pelo uso da máquina pública para apropriação de bens públicos e enriquecimento ilícito do Prefeito e família.
            A nova matéria relata que a maior parte do dinheiro desviado era do FUNDEB, o dinheiro da educação, dos professores, que faz e fará falta na formação de uma sociedade mais justa e melhor, que deixa nossas crianças mais próximas das drogas e da ruína, e aqui faço uma meditação:
            O preço de meu silêncio/medo pode custar a destruição do futuro de meus filhos (netos).
            Por isso, não tenham medo, não baixem a cabeça, não vamos deixar de acreditar, não vamos deixar de lutar.

            É hora de esperança e de conquistas, devemos lutar pelo direito à educação superior, e além da UFMA, buscar essa Universidade de Medicina já anunciada.
            Temos de lutar pelas novas emancipações que fortalecerá a região central e consequentemente dividirá o poder financeiro e político local desenvolvendo melhor nossa região e dando à nossa Barra do Corda um maior pólo de atuação.
            Temos de lutar por melhores acessos aos nossos interiores, por melhor atendimento nos hospitais públicos, enfim, por dias melhores e por situações melhores, mas, de forma coletiva e geral.
            Juntos somos fortes, e juntos podemos e devemos denunciar sempre estas ações, assim como democraticamente devemos participar e realizar manifestações contra a corrupção, assedio moral e a exploração dos servidores e trabalhadores de nossa cidade. Afinal, nossa população já possui tantos problemas e ainda tem de se preocupar com as perseguições desta gestão covarde e perversa da família política dominante que traz à frente nosso Prefeito Manoel Mariano de Sousa, o NENZIM, que tem em seu currículo qualificações de CORRUPTO e EX-FORAGIDO.
            Que este ano, em pleno aniversario da cidade irá REINAUGURAR a iluminação da Avenida Rio Amazonas, e a Concha Acústica do Espaço Cultural, ambas inauguradas no final de 2010, e que por falta do que mostrar fará um breve REPLAY para sociedade.
            Diz ainda que dará um presente aos professores nesta próxima semana, e estaremos aguardando seu anuncio na solenidade de inauguração da câmara municipal como por ele prometido. E sem querer cortar o barato, já sabemos que seu presente aos professores se trata de um salário base de aproximadamente R$ 1.187,00 (um mil cento e oitenta e sete reais).
            O problema é que o Prefeito menospreza a classe educadora bem como o faz com seus lacaios, e agora vem achar que a população ou é muito burra, ou que todos são ingênuos mesmo.
            Por tanto, queremos apenas que se CUMPRA A LEI SR. PREFEITO, não é mais que sua obrigação e todos já sabemos que o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve na quarta-feira (06/04/2011), por 8 votos a 1, a lei que criou o piso nacional de salário do professor, fixado em R$ 1.187,97 para este ano. A decisão considerou como piso a remuneração básica, sem acréscimos pagos de forma diversa pelos estados e municípios. Promulgada em 17 de julho de 2008, a norma estabelece que nenhum professor da rede pública pode receber menos que o piso nacional para uma carga horária de até 40 horas semanais. O que beneficia diretamente nossos professores no valor do salário.
            Temos de atentar que a medida leva em conta uma carga horária de até e não exatamente 40 horas semanais, haja visto o direito adquirido de apenas 20 horas semanais aprovado no plano de cargos e carreira de 2003, deve prevalecer.
            Temos de atentar para que nossos representantes do legislativo, tento à sua frente a nora do Prefeito NENZIM, Sra. NILDA BARBALHO, não revogue tal lei aprovando um aumento na carga horária, voltando a humilhar os professores da rede municipal.
            Como se pode notar, a LEI está em vigor desde 2008, e vem sendo contemplada de forma indevida por estados e municípios, já que no repasse ao INSS nunca foi realizado de forma integral, o que acarretará ao trabalhador um prejuízo no decorrer destes anos de gestão.
            É importante ressaltar que gostaríamos de ouvir do Prefeito Municipal propostas de progresso e desenvolvimento e que fossem dadas aos profissionais da educação, bem como a todos os demais servidores como presente nesta data, suas  respectivas lotações, para que não vivam emconstante estado de insegurança, ameaçados pelas inúmeras transferências e perseguições sofridas pela sua administração e até mesmo por gestões anteriores.
            Por tanto, Sr. NENZIM CARRETEL (já que está mesmo todo enrolado com a justiça) esperamos que faça sua parte e que dedique os créditos a quem realmente os faz por merecer, no caso e neste caso, aos professores que adquiriram mais este direito diante da mais nobre Corte do Judiciário, e sem debochar da população, ou tentando entrar via Justiça do Trabalho para furtar ou expropriar mais este direito da sociedade em geral.
            Pedimos também que se preocupe em responder pelos seus processos sem queimar o dinheiro público, pois toda viagem dessas, é paga diária e ajuda de custo pela Prefeitura tão sugada e sucateada por sua administração, afinal, o povo não tem culpa pelo nível de corrupção que se estabeleceu em sua gestão.

*Paulim Bandeira, Contabilista, filiado ao Partido Comunista Brasileiro – PCB, mora em Barra do Corda (MA)

 

 

Documento histórico
Fragmento de um diário

jornal Turma da Barra

*Álvaro Braga


           
Nesta data significativa para a história de Barra do Corda resolvi dar publicidade a um fragmento de diário encontrado recentemente. Nele, a história da fundação de nossa cidade se revela por inteiro, em riqueza de detalhes, frutos da mente prodigiosa do bisneto do fundador. Tal tarefa de enxergar um manuscrito feito à lápis, há mais de 50 anos, em uma caligrafia por vezes apagada e confusa, revelou-se uma tarefa por demais árdua. Meses foram consumidos. Noites de sono foram gastas, às vezes na tentativa de se descobrir o significado de uma frase, de uma palavra, de uma letra. A lupa foi minha fiel secretária, o cupinicida também. Mas tudo valeu a pena. Da noite dos tempos emergiu mais uma contribuição à história de nossa querida Barra do Corda.
            O nome do memorialista era José de Maria Miranda Uchôa, filho de Cândido Osório de Mello Uchôa, neto de Tarquínio Prisco de Mello Uchôa e bisneto de Manoel Rodrigues de Mello Uchôa. Ainda garoto escutou de sua bisavó, Ermínia Francisca Felizarda Rodrigues da Cunha Mello Uchôa, viúva do fundador, já uma nonagenária, toda a história da saga do desbravador cearense.
            José Maria Uchôa gravou a ferro e fogo, na forja de sua mente privilegiada a épica história da descoberta, que levou para o túmulo em 1973, envolvido em um lençol que continha o desenho do mapa de Barra do Corda, como realização de seu último desejo, não sem antes contar a Zé Arruda o que sabia da epopéia do descobrimento da Barra.
            Atenção estudantes, historiadores, pesquisadores, poetas, jornalistas, professores: Esse documento contém algumas revelações históricas e geográficas. Leiam, desfrutem e guardem as informações para futuras pesquisas.
            "Ao raiar o sol, Mello Uchôa ao despertar, acorda José Lázaro Teixeira que ainda estava dormindo e pergunta onde se encontravam os selvagens? José Lázaro respondeu: - não sei, porém vou chamá-los em voz indígena. E dá um grito, pronunciando algumas palavras em língua indígena, imitando o canto da acauã, e os índios respondem vindo de dentro da mata, com os seus urús cheios de tuturubá maduro.
            Chegam alegres e perguntam em sua língua o que estava havendo. José Lázaro responde que tudo estava em origem, apenas é chegado o momento de prosseguir a viagem. Neste momento, Eliano Cavalcante, o escravo, já com os animais selados dá o pronto à Mello Uchôa.
            Este pergunta à José Lázaro se devem margear sempre a orla da mata, ou penetrar nela. José Lázaro bate o pé no chão que estronda, e os índios que estavam distraidamente saboreando tuturubás ficam alertados. Trava-se então um diálogo. José Lázaro que era o intérprete da língua dos índios e estes, Mello Uchôa e Félix Ribeiro aguardam o resultado, pois não falavam, e nem entendiam a língua dos aborígenes.
            Ao terminarem, José Lázaro Teixeira propõe a Mello Uchôa o seguinte: - Ainda estamos bem distantes do povoado Riachão que fica em pleno chapadão. Acho bom que faça um rumo com a bússola para fazermos baliza, pelo sol nascente.
            Mello Uchôa concorda e tira da mula uma caixa de ébano, dentro da qual estava sua bússola, marca o rumo, dá as explicações a José Lázaro, e seguem todos margeando a mata.
            Todos que foram ao povoado Riachão demoram dois dias, a fim de descansar e reabastecer de provisões para perseguir o itinerário traçado.
            Do povoado Riachão partiram rumo a um riacho conhecido do Ribeirão dos Caboclos, onde fizeram serviço de exploração à critério de Mello Uchôa. Não encontrando terreno que se prestasse para o que desejavam, prosseguiram rumo a um outro riacho que tinha prá frente, e com efeito, encontraram o riacho fundo que passa pela aldeia dos índios Canelas e deságua no rio Capim, que mais abaixo toma o nome de rio Corda. Chegados que foram ao Riacho Fundo, abancaram e fizeram um serviço de exploração, verificando também que o local não servia.
            Depois da indispensável demora, Mello Uchôa e sua comitiva encetaram nova caminhada, tendo após dias de viagem chegado ao Riacho Papagaio, precisamente onde este sai da chegada e entra na mata virgem. Nesta posição Mello Uchôa e seus auxiliares resolveram fazer uma exploração demorada; e depois de abarracarem-se, já no dia seguinte entraram diretamente na observação do terreno.
            Auxiliado pelos índios mateiros, profundos conhecedores dos segredos da floresta, depois de esquadrinhar bem a região durante quatro dias, notaram os membros da comitiva que os dois índios haviam sumido. José Lázaro Teixeira grita na gíria indígena, chama, e não obtém resposta.
            Resolvem então voltar ao ponto de partida, onde aguardam com ansiedade os aborígenes. Na manhã do dIa seguinte Mello Uchôa autoriza que sejam dadas umas descargas de espingarda, no sentido de indicar onde se encontrava o acampamento, o que foi feito. Mais ou menos duas horas depois dos tiros José Lázaro Teixeira, que era o intérprete, ouve falar, e conhece que são os índios que vem se aproximando. Então dá a boa nova a Mello Uchôa que, alegre, vê os dois companheiros chegarem acompanhados de mais oito.
            José Lázaro procura logo se entender, e comunica a Mello Uchôa que os dois companheiros deram numa picada, e foram se ter na aldeia destes índios que eram da mesma raça e que falavam a mesma linguagem dos dois que os vinham acompanhando.
            Pela posição indicando a referida aldeia, foi logo reconhecida como sendo a dos Porquinhos (porikis). À hora do almoço foi servida uma farta refeição a todos os índios que se propuseram ensinar a Mello Uchôa o caminho indicado para chegar ao centro da mata, onde os rios se encontram.
            A comitiva, acompanhada de dez índios, partiu do riacho Papagaio rumo ao riacho Pau Grosso, que ficava a uns dois dias de viagem. À frente viajavam os índios, de facão em punho, fazendo a vareda na mata e avançando sempre. Depois de algum repouso nas horas do meio dia, oportunidade esta que os índios aproveitavam para tirar mel, os bandeirantes adiantavam a penetração na zona desconhecida, precisando adiantar o máximo a viagem, pois nesta altura, já faltava carne à caravana. Chegados que foram à margem do riacho Pau Grosso, Mello Uchôa determinou que se abarrancassem por três dias.
            E enquanto isso, ele iria com José Lázaro e Félix Ribeiro fazer uma caçada, afim de obter carne, alimento de primordial necessidade na vida de quem tanta energia vinha desprendendo.
            O riacho às margens do qual iriam demorar três dias, era caudaloso. Os índios  habitavam a região, justamente no lugar onde eles se encontravam. Haviam há tempos derrubado um grande buritizeiro que o atravessava de um lado a outro, e por este motivo chamavam-no Pau Grosso, ou Pau Grande, mais tarde conhecido, já mais embaixo, antes de atingir o rio Capim, como Porcos.
            Passados que foram os três dias de exploração onde Mello Uchôa e seus companheiros chegaram à várias conclusões, e já inteiramente abastecidos de carne, pois os índios mataram vários porcos e duas antas, a caravana tocou prá frente, até que após dia e meio de viagem chegaram a um regato de lindas águas, que pela pouca distância do riacho Pau Grosso, verificaram que era um afluente deste.
            Ali demoraram, fizeram uma grande fogueira, os índios assaram carne de anta, fizeram beirubú, e toda a caravana se alegrou, pois estavam agora explorando uma região, pelo que tudo indicava, servia para a fundação da premeditada cidade. Mello Uchôa batizou o riacho como Santo Estêvão, e convidou José Lázaro, Félix Ribeiro e  Eliano Cavalcante para uma conferência. Sentaram-se todos nas raízes de uma velha sapucaieira e Mello Uchôa disse: - Temos, nestes últimos dias passado por diversos riachos e ribeirões, todos correndo no mesmo sentido. Isso evidencia que, paralelamente à nossa rota corre um rio no qual estes riachos desaguam. Como o rumo está certo, e os cálculos feitos com bastante precisão,  e ainda temos a resistência dos índios, em seguir na direção que vamos, acho que faremos bem em prosseguir, pois temos a possibilidade de encontrar um afluente ainda maior do rio desconhecido, e que um possibilite descer por ele até sair na cidade do rio.
            Todos concordaram, e no dia seguinte, imediato, partiram bem cedo, seguindo a mesma trilha, a comitiva viajou rumo a novas descobertas. Os índios, passando na frente, de facão em punho, e Mello Uchôa, com os demais atrás, viajando e observando. Quatro dias depois sentiram que se aproximavam de outro rio ou riacho, o que, efetivamente aconteceu, quando avistaram um ribeirão mais caudaloso que todos os outros, e que, pela clareza das águas, e pelas beleza da inigualável paisagem, Mello Uchôa batizou-o como rio do Ouro, que posteriormente foi mudado para Ourives.
           
Ali foi sugerido pelos índios que se abancassem pois os mesmos desejavam fazer uma grande pescaria. Os índios explicaram-se com José Lázaro Teixeira e este partiu com eles de riacho acima, onde fizeram uma tapagem na água, e por lá passaram a noite. O método usado pelos índios chama-se manzuá.
            Foi pegada grande quantidade de peixe, que foi feito à moda selvagem, ou seja, muquiado, assado no muquém, que significa seja assado numa folha, enterrado na cinza quente. pela manhã José Lázaro e os dez índios regressaram à barraca, onde foram alegremente recebidos pelos que haviam ficado. Apresentaram à Mello Uchôa os peixes pegados, e se propuseram a a fazer um grande almoço para toda a comitiva que havia tempos se vinha comendo carne de caça. Às margens do Ourives demoraram mais dois dias, prosseguindo depois na direção seguinte.
            Após uma semana de viagem, e de observações, a atenção da comitiva foi chamada por um terreno que denunciava ser habitado, e à proporção que viajavam, mais se acentuava a perspectiva, para logo depois de algumas horas chegarem à uma aldeia de índios, que José Lázaro veio a saber dos índios residentes chamar-se Aldeia da Mucura. A alegria dos índios, tanto os visitantes, como os naturais foi imensa, e como as provisões já se haviam esgotado, Mello Uchôa disse a José Lázaro que pretendia se demorar ali por vários dias, e que neste espaço de tempo, e que neste espaço de tempo ele procuraria ter com os nativos da aldeia o maior contacto possível a fim de tirar conclusões práticas sobre a região, que sendo toda bem servida de água e abundante de matos, se prestava para a fundação da cidade a que se propôs.
            Na aldeia da Mucura a caravana se demorou oito dias, e neste espaço de tempo os índios caçaram e tiraram mel. José Lázaro Teixeira, que havia conferenciado demoradamente com os índios, explicou a Mello Uchôa que estes lhe haviam dito que daquele local até a margem do “rio grande” não era muito longe, e que, da aldeia, no rumo que a caravana vinha seguindo, eles não conheciam outro afluente do citado rio. Que convinha mudar de rumo, e além de tudo, vários índios à convite de José Lázaro se dispuseram a ir ensinar a trilha até o ponto conhecido. Depois de todos os preparativos, com as provisões de carne em perfeita ordem, Mello Uchôa deu a ordem de partida. A esta altura, a comitiva havia sido reunida de três índios da supracitada aldeia.
            Mudando inteiramente de rumo, fazendo um acentuado ângulo, a caravana rumou a partir da mata acompanhando os índios que, como guias, iam sempre na frente em animada palestra na língua guajajara que José Lázaro traduzia para Mello Uchôa. Dois dias de viagem bastaram para chegarem a um belo riacho que os índios já o haviam batizado de Riacho da Coã, e que mais tarde veio a ter o nome de Escondido.
            Chegados que foram ao riacho, os índios desapareceram, ficando reunidos apenas os civilizados. Então Mello Uchôa perguntou à José Lázaro pelos índios: este convida-o para espreitarem o que estavam fazendo; pois ouviram o cântico de uma acauã. Acauã é um pássaro que os índios tem devoção e que tem um cântico melancólico, tendo ainda a propriedade de se alimentar de pequenas cobras. Seguem ambos rumo à arvore em que estava pousada a coán a cantar. Félix Ribeiro que era curioso e que ia bem na frente disse: - Vejam onde eles estão!!! Estavam prostrados, de cócoras com arco e flexa nas mãos em profundo silêncio, ouvindo o cântico da acauã.
            José Lázaro, para despertá-los bate com o pé no chão, e chama Maracapê, que era o nome de um dos dois índios, o mais velho, que os acompanhavam desde o começo da famosa da excursão. Este dá com a cabeça de modo negativo, acenando que não poderia lhe atender naquele momento. Logo após terminar a acauã o seu cântico, todos os índios se levantam, e se acercam de José Lázaro, que pergunta se os índios adoram a acauã, estes respondem que não, que só adoram a Papãm. Se não adoram essa ave, por que estavam tão contritos e em profundo silêncio? Maracapê responde: e estavam oferecendo à Papãm a cantiga da acauã. Lázaro pergunta: - Tú gostas da acauã?
            Maracapê afirma que gosta por que a acauã come “boiacininga e jamamóia” que mata curumim (boiaciniga é o nome que os índios dão à cobra cascavel e jamamóia é o nome de comum de todos os ofídios, na língua indígena). Depois de um dia de descanso tomaram todos o caminho indicado pelos índios. A partir do Riacho da Coã ou Escondido, entraram numa mata robusta e fria, que não obstante ser bem fechada, permitia que se avançasse com relativa facilidade. E dois dias depois,finalmente chegaram à margem de um lindo rio que era naturalmente formado de todos os riachos que haviam atravessado. A paisagem era paradisíaca, e havia indício de antigos casebres dos índios que no inverno vinham pescar, e devido à areia finíssima do leito do rio, que cobria os pés de quem dele se aproximava, Mello Uchôa deu o nome do belo lugar de “Suja pé”, que até hoje conserva.à margem do rio que extasiou à todos, foi feita uma salva de tiros, tendo o próprio Mello Uchôa dado 15 tiros com a sua “manolicha” (arma de repetição da época - Manllincher Carcano).
            Com esses tiros, ouviram a zoada de uma vara de porcos queixada que se encontravam nas vizinhanças, e em vista da riqueza da forma, a comitiva deliberou se abancar para uma exploração do terreno,e que para que fosse feito uma caçada, a fim de reabastecer as provisões já desfalcadas.
            Os índios se embrenharam pela floresta densa e conseguiram matar vários porcos, o que foi motivo de contentamento, pois a caravana iria dali por diante se alimentar da saborosa carne do chamado porco do mato. Refeitos da fadiga da viagem, depois de uma noite bem dormida à margem do rio que os índios chamavam de Capim, partiu a comitiva beirando o rio no sentido da corrente. Poucas horas de viagem eram decorridas quando chegaram a um alto no sopé de um morro (do Calvário), de onde divisaram uma grande volta em forma de ferradura, que o rio fazia.
            Encantado pela beleza incomparável da região Mello Uchôa decidiu de passar ali o resto do dia, pois o lugar lhe parecia indicado, para a fundação da cidade à cujo fim andava. Esse ponto é hoje a entrada da cidade, cujo ponto é denominado “Cemitério Velho”, pelo fato de ter sido o antigo “Campo Dantas” onde mais tarde foi sepultado o fundador de Barra do Corda. No dia imediato, tomando a direção do ponto cardeal indicado pela bússola, depois de uma hora de viagem, chegam à Barra do Rio Capim, ou seja, o ponto onde este rio, dizem, toca no Rio Mearim.
            O lugar resolvido para abancar, foi debaixo de uma grande sapucaieira, no mesmo lugar onde hoje se chama o Porto da Sapucaia. Era o dia 3 de maio de 1835 e Mello Uchôa decidiu que a região era inteiramente a indicada para a fundação da cidade. Houve neste momento um “Viva ao Brasil” dado por Mello Uchôa e um “Viva ao Maranhão” dado por José Lázaro Teixeira."

Álvaro Braga é historiador e mora em Barra do Corda

 

 

Barra do Corda tem história
jornal Turma da Barra

*Renilton Barros


Barra do Corda tem história
Afinal, são 176 anos de pura memória
Dentre seus traços primordiais
Encontramos suas belezas naturais
De sertões, rios e suas nascentes
A encontro de rios com águas frias e quentes. 

Barra do Corda tem noites sem iguais
Tem chuvas serenas e, às vezes, torrenciais
Tem um sol que arde e brilha em fulgor eterno
Que queima a pele e incandesce a visão
Tem noites frias nos dias de inverno
E dias quentes nas noites de verão. 

Barra do Corda tem feiras e mercados
Tem broa, bolo, cuscuz de milho e arroz
E se o freguês desejar mistura-se os dois
Tem panelada e frango caipira bem temperados
E pra não fugir da tradição
Tem o conhecido arroz com feijão 

Barra do Corda tem árvores centenárias
Amêndoas, mangueiras e sapucaias
Pés de cedro, ipês e aroeiras
Porém, de tão velhas que estão
Há pessoas que querem vê-las no chão
Quem é este homem? Certamente um pagão.

Barra do Corda tem sonhos, desejos
Universidade, melhores condições de vida, empregos
Serviços públicos de qualidade
E contrariando a lógica da razão
Ainda sofre falta d’água, (que calamidade)
Com dois rios em sua mão.

Barra do Corda tem pessoas benquistas
Que se preocupam contigo, ó cidade
Relatam de diversas maneiras essa lealdade
Erguem a voz num protesto constante
Contra ladrões, aproveitadores e oportunistas
Que desejam apenas explorar-te.

Barra do Corda tem muitos filhos
Espalhados por outros ambientes
Vagueiam tais quais andarilhos
Desejosos para te verem novamente.
São atormentados pela dor da saudade
Perdidos nos braços de outra cidade.

Barra do Corda tem ventos ardentes de uma fogueira
Que nos faz lembrar que a vida é passageira
Penetra nas frestas de nossas lembranças
Arremete-nos à primeira paixão
Das pescarias de cima das ribanceiras
À “poeira do velho estradão”.

Barra do Corda mantém viva
A brasa, a chama de um ideal
Que não se acaba como uma árvore caída
Nem se desfaz diante de um temporal.
Pois sua voz, seu grito, seu lamento
Ecoa nas ruas, no rio, no vento.

Barra do Corda estar com um brilho cristalino
Por completar mais um ano na praça
Parabéns a todo o povo cordino
Parabéns à “Princesa do sertão”
Por dar mais brilho e graça
Ao querido Maranhão.

*Renilton Barros é membro da Arcádia Barra-Cordense, mora em Brasília

 

 

 

Barra do Corda 176 anos
jornal Turma da Barra

*Cezar Braga


            Barra do Corda comemora 176 anos sob a smbras negras dos escândalos de corrupção, que envolvem membros da política municipal.
            Não vou falar destes escândalos, ou de outros fatos que venham desmerecer minha cidade. Em crônicas de anos anteriores, sobre o aniversário da cidade, escrevi que amar esta cidade, além de exaltar a excelência do seu povo, enaltecer suas belezas e delicias, seria, também, mostrar seus defeitos, deficiências e mazelas.
            Neste ano de 2011, num balanço sofrido, sinto que as idéias lançadas, os sentimentos perdidos, as esperanças desfeitas, as decepções, as frustações, as alegrias soltas, devem e pesam menos que o sonho de levar adiante os propósitos e ideais, as perspectivas de melhora e a coragem de lutar pelas mudanças necessárias.
            Portanto, nada de desânimo, nem de desalento. A hora é de fazer destes fatos a alavanca que impulsionará nossa luta pela consecução dos sonhos e projetos a muito acalentados.
            Transformemos nossa indignação, tristeza e decepção em uma voz uníssona, uma voz que transforme este ano de 2011 em o ano 1, o ano do divisor de águas, o ano em que, todos unidos, clame contra a ignorância, a corrupção, a indiferença, o preconceito.
            Uma voz forte a favor da construção de uma nova consciência. Uma nova consciência contra os corruptos, contra os indiferentes, contra aqueles que nada fazem para mudar, por medo ou por conveniência.
            Uma voz contra aqueles que, cruzando os braços, manipulam sem medidas a boa fé de alguns e disseminam oportunismos iracundos.
            Uma voz contra a injustiça, contra a omissão e a favor do povo.
            Vamos lutar por uma Barra do Corda, politicamente diferente.
            Uma Barra do Corda que resgate o prazer de aqui vir, de admirar sem sustos o manso encontrar dos rios, o entardecer do pátio da Igreja de Nossa Senhora das Dores, de podermos andar por suas ruas encontrando o sorriso e a alegria estampados nos rostos das pessoas.
            Uma Barra do Corda diferente, democrática, soberana e altiva.
            Felicidades Barra do Corda! Parabéns pelos seus 176 anos, que não passaram em vão, em que pese as agruras dos últimos anos.
            Neste pedaço do céu, seus habitantes, parceiros, amigos e amantes se espalham por entre rios, serras, morros e matas e lhe reverenciam. Aqui estamos ao seu lado, cheios de ideais, determinação e sonhos, porque não é em todo lugar que o sol nasce e se põe entre dois rios, com tanta beleza e serenidade.
            Desejo que nossa querida Barra do Corda, como todos os rios, se renove, encontrando novos horizontes, novas ações que determinem o desenvolvimento, resgate da cidadania e a soberania.
            Que a Barra do Corda que me encanta, continue a cativar, a apaixonar os que aqui chegam, com sua belezas naturais e com a cativante alegria do seu povo.
            Que sua histórica hospitalidade enseje aos governantes do Maranhão e do Brasil, a lhe dá como morada o campus da UFMA, para que seus filhos aqui permaneçam e a ajudem no seu crescimento.

*Cezar Braga é presidente da ABC: Arcádia Barra-Cordense

 

 

ATENÇÃO: Comente os artigos. Escreva para: turmadabarra@gmail.com