Aniversário
Barra faz 175 anos
Jornal Turma da Barra

 

Esta segunda-feira, 3 de maio,
Barra do Corda faz aniversário, quando completa 175 anos.
Hoje foi o dia em que Manoel Rodrigues de Melo Uchoa,
em 1835, declarou fundada Barra do Corda no centro geográfico do Maranhão.
Atualmente o município conta com uma população, 
segundo o IBGE em 2007 estimada em 81.329 habitantes, 15 bairros, 6 vilas e cerca de 25 povoados. Alguns povoados acima de 5 mil habitantes,
caso de Três Lagoas do Manduca, Santa Vitória e Ipiranga.
Também com estimativa do IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto) da cidade cordina é de R$ 360 milhões, o maior da região central, situando-se entre as dez maiores economias do estado.
Mas tem déficit em emprego e renda, quando o índice Firjam (2007), que mede qualidade de vida,
quando computa dados de educação, saúde e emprego e renda,
revela que Barra do Corda está classificada em 150º lugar entre as cidades maranhenses.
A natureza doou à cidade riquezas turísticas, potencial agrícola e devida a sua localização estratégica, no centro do Maranhão, poderia se tornar uma cidade universitária.
Mas faltam políticas públicas, gestores e formadores de opinião com visão de futuro e, principalmente políticos comprometidos com o povo barra-cordense.
Este ano, o TB faz uma saudação especial ao fundador Manoel Rodrigues de Melo Uchoa
e barra-cordenses como Frederico Figueira, que foi governador do estado,
também a Isaac Martins, Dunschee de Abranches,
 aos freis Adriano de Zânica e dom Marcelino de Milão,
homens que deixaram para sempre suas marcas na cidade. 
Parabéns, Barra do Corda!

 

ARTIGOS, CRÔNICAS, CONTOS E POEMAS

 

Barra aniversaria: 175 anos
jornal Turma da Barra

*Fábio Mota

            Parabéns, Barra do Corda! Dia 3 de maio é a data do aniversário da Barra. Eu, que nasci num interior cordino chamado Jacaré, que já não faz mais parte do nosso município, cheguei e terminei de criar-me nesta cidade ouvindo o som das bandas de rock pop Legião Urbana e Engenheiros do Hawaii. Tive uma infância e adolescência prazerosa. Sim, sou um barra-cordense um tanto orgulhoso.
            No aniversário de 175 anos de Barra do Corda ando pela cidade como se andasse sobre uma verdadeira poesia. Uma poesia sem compromisso com formas, obrigações ou expectativas. Barra do Corda é um poema em linha reta. Bela por natureza.
            Cheguei por aqui em 1994. De lá para cá as coisas já mudaram um bocado. E como não poderia ser diferente, a cidade cresceu. Quando digo que cresceu estou me referindo a tamanho, quantidade... A qualidade? Ah, aí já é outro assunto, um pouquinho mais complicado.
            A cidade tem sua dose de homens e mulheres que não hesitam na hora de colocar seus interesses acima dos interesses da população. Existe, assim como em todo o Brasil, no mundo, um desgraçado jogo entre os poderosos, escondido nos palácios, negociando nossos direitos, deveres, nossa dignidade... Mas também é possível ver a cidade de outra forma.
            Barra do corda desenha um sonho dentro da gente. Por isso ainda acreditamos em melhores dias. Acreditamos que chegará um dia aonde a senhora que chega ao hospital público às 4 da manhã seja atendida. Aonde os orelhões da cidade funcionem. Aonde um concurso público não demore uma eternidade para ser divulgado o resultado, e que uma única pessoa classificada não ocupe duas posições ao mesmo tempo.
            Nos últimos tempos tenho até, de certa forma, elogiado o crescimento da Barra. Alguma obra em andamento aqui ou outra pronta ali. E não me arrependo disso. Acho que é importante que a gente veja as coisas dos dois lados. Não tem por que ver uma coisa bacana e sair dizendo que não é bacana. Mas eu sei, ainda temos um longo caminho para percorrer.
            Caminho que deve ser percorrido por todos juntos. Não adianta jogar toda a culpa em cima das autoridades se não fizermos a nossa parte. Mas como podemos fazer nossa parte? Eu respondo: vamos nos educar. Vamos ler e reler e dizer onde está doendo. Para que sejamos ouvidos às vezes é preciso gritar.
            Agora é uma boa época para reflexões. São 175 anos que o município está completando. Um bom momento para pensarmos sobre decisões tomadas. Será que estamos fazendo o que deveríamos? Será que temos alguma moral para cobrar alguma coisa?
            Comemorar o aniversário da Barra não significa que estamos apoiando os absurdos cometidos por qualquer administrador. Esse equívoco deve ser evitado; comemoramos a cidade que é de todos que nela vivem. De todos que nela gostam de viver e que jamais perdem a esperança de vê-la valorizada como merece.
            Mais uma vez: parabéns, Barra do Corda. Que a musa inspiradora da poesia existente em sua beleza natural jamais te abandone. Que a cada ano tenhamos mais motivos para comemorarmos seu aniversário. E que seu aniversário se repita, infinitamente.

*Fábio Roberto Soares Mota é estudante de Matemática da Univima, mora em Barra do Corda

 

 

Barra do Corda 175 anos
jornal Turma da Barra

*Cezar Braga

            A cidade de Barra do Corda completa mais um aniversário e vai sobrevivendo, apesar das administrações e das políticas publicas, sobretudo quando momentâneas, particulares e sem fundamento, no planejamento e crescimento da cidade do meu coração e banhada pelos rios Corda e Mearim.
            Sou, como muitos outros, apaixonados, pela Barra do Corda e estamos, sempre, lutando na trincheira que nos acolhe, o TB, e com as armas que dispomos, a palavra escrita, para que ela atenda aos princípios básicos do direito da cidade, que seus munícipes tenham garantido cidadania, respeito e dignidade e sempre calcado na hospitalidade e generosidade de uma população, que apesar de tudo e todos seus políticos, ainda consegue rir, banhar alegremente em seus rios e amar esta cidade maravilhosa.
            Barra do Corda tem o rio Corda uma das sete maravilhas do Maranhão, mas vive órfã de cultura, ou melhor sobrevive órfã de cultura, saúde, educação, infraestrutura, políticas públicas, e todos os outros tópicos de referência. Sonha em chegar aos 100 mil habitantes, com a expectativa de ter seus cofres enriquecidos com um aumento substancial do FPM, cujos destinos não são nenhuma novidade, para ninguém.
            Minha querida cidade, a comemorar: tem a beleza dos seus rios, a riqueza de suas matas, a alegria de sua fauna e a hospitalidade e carinho de sua habitantes.
            A lamentar temos: a degradação de suas margens, a agressão contínua e avassaladora do meio-ambiente, uma saúde em coma, uma economia falida, um despotismo descarado, um nepotismo desenfreado e uma corrupção galopante.
            O aniversário de Barra do Corda, deve ser um momento de reflexão, sobre os rumos da saúde, do turismo, da educação, da cultura, a recuperação de áreas degradadas e a revitalização do meio ambiente, a começar pela salvação da mata ciliar, para elencar algumas áreas vitais da cidade.
            Será, que na ausência do poder público, não temos condições de trabalhar a conscientização do nosso povo, para evitar que se joguem detritos, restos de materiais, lixo nos nossos rios?
            Será, que não temos condições de incentivar os amigos que moram, ou que tem chácaras à beira dos rios, a plantarem em suas margens, em vez de executarem obras de concreto?
            Será, que não seremos capazes de responder a estas administrações irresponsáveis, negando-lhes nossos votos nas próximas eleições?
            Como acredito no povo da minha cidade querida, como tenho fé e esperança que dias melhores virão, desejo, a todos barra-cordenses uma próspera Barra do Corda.

FELIZ ANIVERSÁRIO BARRA DO CORDA!

*Cezar Braga é escritor barra-cordense, mora em São Luís

 

 

O beija-flor e Barra do Corda
jornal Turma da Barra

*Renilton Barros

            Penso que todos já ouviram a estória do Beija-flor e o incêndio na floresta.
            O resumo é mais ou menos assim: O incêndio se alastrava pela floresta e enquanto todos os animais corriam para se salvar, um pequeno Beija-flor ia até o rio pegava uma pequena gota d'água com seu bico, voava por sobre as chamas e jogava-a no intuito de apagar o fogo que destruía a floresta.
            Um dos animais que observava, enquanto fugia, aquela cena, argumentou com o pequeno Beija-flor dizendo que todo aquele esforço de nada adiantaria para conter o incêndio. A resposta do Beija-flor foi clara: - Pelo menos estou fazendo a minha parte.
            Na visão do Beija-flor aquele incêndio poderia se contido, ou, pelo menos, amenizado se todos fizessem a sua parte.
            Nossa cidade completa mais um ano de vida. 175 anos, e quando se passarem mais 25 anos, a mesma completará dois séculos de existência. E qual ou quais histórias a cidade tem para nos contar? Histórias de sucessos, insucessos, progresso, às vezes retrocesso, conquistas sociais, lutas pela preservação, exploração...
            A alegoria do Beija-flor se encaixa perfeitamente em cada um de nós barra-cordense, que nela ainda resida ou não.
            O Beija-flor vê cada centímetro, metro, quilometro que forma a nossa cidade. Cada pedaço de chão dessa cidade em construção.
            O Beija-flor vê uma cidade irrigada por dois rios, mas que ainda sofre com a falta d'água nas torneiras de alguns bairros. 
            O Beija-flor vê um Centro urbano, uma cidade do outro lado do rio e um bairro com uma Alta mira.
            O Beija-flor o surgimento de outros bairros e com isso já são mais de 85 mil Beija-flores (habitantes).
            O Beija-flor vê caminhos que se cruzam, esquinas que fazem ruas se encontrarem, pessoas se encontram cumprimentam-se e partem.
            O Beija-flor vê o retorno de seus conterrâneos, alguns para visitá-lo, outros retornam dizendo que nunca deveriam ter saído.
            Beija-flores que saem levam e trazem narrativas, cultura, conhecimento; e pelos caminhos trilhados plantam sementes, contam histórias e assim Barra do Corda torna-se conhecida por onde estes beija-flores passam.
            O Beija-flor vê a velocidade com que o tempo passa, sentimentos que afloram, sanidades que se transformam, dores, feridas que se curam, mas que sempre ficam as cicatrizes. 
            O Beija-flor vê a BR que margeia a cidade, ponto de entrada e saída de muitas coisas e mostra que a cidade é mais um elo e não o início ou o fim nesta corrente da vida, e neste leva-e-traz, chega a evolução dos tempos e com ele os males e benefícios desse tal progresso.
            O Beija-flor vê fins de uma geração e início de outras, é, é a vida que se manifesta “Em teu seio” “ó terra querida”, mostrando que a cidade não estagnou, parou, mas que continua a pulsar trazendo esperança por dias cada vez melhores para todos os beija-flores. 
            O Beija-flor vê, literalmente, a mata pegando fogo e neste cenário de destruição se junta com outros iguais a ele e protesta e se manifesta em prol da preservação.
            O Beija-flor vê o novo, o moderno que invade, que espreita, mas não deixa de preservar as suas raízes, as suas tradições, luta para que a história não seja contada apenas nas lembranças, mas que artefatos e objetos sejam preservados e contem a história por si próprios.
            Os beija-flores, como dito antes, nada mais são do que os filhos de Barra do Corda, aqueles que já deixaram registrado seus nomes na história da cidade, e todos que ainda contam e fazem parte da mesma. Serão, também, as futuras gerações desde que haja esse engajamento na luta pelo bem estar de todos.
            Mas nesta cidade (floresta) há também “ursos” “leões” e outros predadores em que a única preocupação e tirar proveito da situação em benefício próprio, e ao sinal de qualquer “incêndio” fogem, abandonam-na, acovardam-se e ainda criticam todos aqueles beija-flores que ficam e lutam para ver uma cidade melhor.
            Barra do Corda tu “Verás que os filhos teus não fogem à luta” por desejarem e sonharem em vê-la conforme a letra musical a “Princesa do sertão”.
            De todas as tuas riquezas, destacamos, certamente, teus habitantes, todos que te fazem crescer e que Deus nos permita chegar à marca dos 200 anos contando, anos após anos a tua história.
            Parabéns! Barra do Corda! Parabéns povo cordino.

*Renilton Barros é poeta e cronista, mora em Brasília

PS: Parabéns, também, ao meu tio Relbi que completa, neste mesmo dia 3, mais um ano de vida. Que Deus derrame bênçãos sem medidas sobre ti e tua família.

*Renilton Barros é poeta e cronista, mora em Brasília

 

 

A terra que me viu nascer
jornal Turma da Barra

*Francisco Brito

Sei que hoje, uma vez mais estás celebrando nova data.

Nascestes no seio do agreste sertão maranhense

circundada pelos rios corda e mearim

e emoldurada de rica vegetação abençoada por Deus.

Deste legado, ainda sobejam neste circunstancial tempo,

a luz irradiante de poetas e trovadores.

Barra do Corda, vinho que inebria a alma distante

és num instante contentamento, noutro consternação.

Infelizmente, nada tenho a te ofertar.

Não te envio flores, nem emprego

nem educação, nem saúde, nem emprego.

Muito menos inspiração.

Apenas palavras de cores, perfumes e saudades!

 

*Francisco Brito Francisco Brito de Carvalho é escritor e poeta, mora em São Luís (MA)

 

Conversando com Joaquim Bílio
jornal Turma da Barra

*Natanael Maninho

Três de maio de 2010
Vamos todos comemorar
Mais um ano de existência
Que a Barra do Corda vai completar
Eis para mim mui linda cidade
Lugar de encantos mil
Barra do Corda estar localizada 
No coração do meu Brasil.

Sete da noite saio de casa 
Para um amigo visitar
Caminhando em rua em rua
Começo a meditar
Pesando em Barra do Corda
Imaginando seu passado
Vou pra casa de Joaquim Bílio
Porque dessa história ele já tem falado.

Sentado em sua calçada 
Começamos a conversa
A história de Barra do Corda
Ele começa a narrar
É tanta história linda
Que começo a me emocionar 
Ei tá que maravilha, 
mais como é belo esse lugar.

Mais logo vem a tristeza
E ele começa a me dizer
Muitos jovens estão morrendo
E ninguém sabe o que fazer
São drogas para todos os lados
Acabando com a juventude
Cadê nossas autoridades
Que não toma uma atitude.

Sem falar também do álcool 
Essa droga é também ruim
Vejo muitas famílias lindas
Que pelo o álcool chegaram ao fim
É pai espancando filho
Porque na mãe ele já bateu
Família é coisa linda,
Foi feita pelas mãos de DEUS.

Logo venho a me entristecer
Com tamanha situação
Se nossas autoridade não acordar
Para tomar uma decisão 
175 anos
Barra do Corda vai comemorar
Se continuar nessa mesmice
Não teremos história para contar. 

Já vem caindo a meia noite
Conversa vai conversa vem
Já me preparo pra ir embora
Porque o sono chegou também 
Até logo Joaquim Bílio
Com você foi bom conversar
Gostei muito de suas histórias
E espero um dia aqui retornar.

Já são cinco da manhã
E vou logo me arrumar
Vou subir para o calvário 
A alvorada vai começar
E logo amanhece o dia 
E permaneço no calvário
Parabéns Barra do Corda
Pelo 175° aniversario. 

Parabéns minha querida cidade!

*Natanael Maninho Junior é poeta e colaborador especial do TB

 

 

Barra do Corda faz 175 anos
jornal Turma da Barra

Ubi spiritus Domini, ibi libertas:
“Onde está o espírito do Senhor, aí está a liberdade” (2Co 3,17)

*Nonato Silva

            Sabe-se que toda alegria é ganho. E o ganho é o ganho, mesmo que seja pequeno.
            É o que vem acontecendo com Barra do Corda, a “Princesa do Sertão”, a filha predileta do Corda-Mearim.
            É que teus 175 anos de fundação se tornam um aluguel que pagamos, satisfeitos, no perpassar dos anos, com nosso amor e defesa.
            É dia 3 de maio, mês das flores, máxime, da jitirana violácea. Mês de Maria. Mês das andorinhas que te varam o céu em vôos idiotas, com estridente chilrear, enchendo de assinatura e hieróglifos, o pergaminho do espaço sideral, homenageando o bom tempo dos papagaios, suros e curicas, na grande e animada batalha do cerol.
            Assim é o teu maio. Assim é o teu aniversário, entre os galanteios da vida e o brilho da história.
            Mas nem tudo ficou em flores.
            Fatos há que destoam no evento. Em 13 de maio de 1901, a hecatombe de Alto Alegre. E, recentemente, 13 de março de 2010, a decepa da anosa e benfazeja mangueira da Tresidela, causando mal-estar, decepção e desconforto a teus filhos legítimos e natos, sobretudo, perplexidade. E o cordino chorou.
            Resta, apenas, o tronco ressequido.
            E teu pranto não terá fim.
            No entanto, as gotas do teu pranto possam regá-lo, quando poderão surgir renovos, rebentos, abrolhos. Também o sereno de maio.
            E ficou a saudade saudosa.
            Tem-se que mangueira é árvore. E árvore benta não se corta. Sob pena de lesa-natureza. Sobretudo, árvore ornamental e frutífera.
            E, sem emprego, é preciso recordar e reviver este poema do grande e melífluo poeta barra-cordense isaque Gomes Ferreira:

           
A ÁRVORE

            Contempla a árvore protetora: abrindo
            Os verdes braços para o azul, parece
            Viver absorta, concentrada em prece,
           
A paz da altura para nós pedindo

            E ao feliz, como ao triste que padece,
           
À imunda lesma e ao pássaro mais lindo,
            No mesmo anseio maternal reunindo,
            Sombra e fruto a todos oferece.

            Tu, que vives no fausto e na fartura,
            Homem! Bem podes, no fervor de um crente,
            Socorrer o infeliz que te procura,

           
- Como a árvore que aos próprios seres brutos,
            Aos seres todos, indistintamente,
            Dá o abrigo da sombra e o pão dos frutos.

            E mesmo assim, entre percalços e desavenças, tu, querida Barra do Corda, comemoras, bizarramente, teus 175 anos de fundação.
            E “Verás que um filho teu não foge à luta,
           
Nem tem quem te adora a própria morte”.

*Nonato Silva, 91 anos, é o maior intelectual vivo barra-cordense, mora em Brasília (DF)

 

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