Especial
Avro: Avião que BDC não esquece
Um mergulho na sua história

jornal Turma da Barra

 


Avião Avro que a Barra não esquece
 década de 70

Arlindo Costa Neto, mas conhecido como Neto, 
filho da Delcimar Pacheco e neto de Manoel Ferreira, 
viajou algumas vezes quando criança e adolescente nos Avros no trecho Brasília-Barra do Corda-Brasília. 
Ele fez uma pesquisa especial, conta que até que o cine Canecão era beneficiado, 
pois, exibia filmes em pleno lançamento nacional.
Diz também como eram os voos, os preços das passagens aos dias atuais
 e até mesmo o acidente em Pedro Afonso, 
episódio triste da história dos Avros

História do Avro

*Arlindo Costa Neto

            O Avro HS-748 é a versão civil do C-91 e era um bimotor turbo-hélice projetado para curta e médias distâncias. Foi lançado nos anos 50 para substituir a frota de DC-3 que estava ficando velha. Apesar de suas qualidades inegáveis, o 748 só operou no Brasil através de uma companhia aérea, a Varig.
            Inicialmente, a companhia fez um acordo com a Hawker Siddeley para operar em caráter de teste o segundo protótipo, a fim de testar suas qualidades operacionais.
            A Varig solicitou ao DAC (Departamento de Avião Civil) a autorização para a sua utilização no período de 18 de dezembro de 1965 a 31 de janeiro de 1966, em rotas típicas como Belo Horizonte/Salvador; Recife/São Luís; Goiânia/Belém e São Paulo/Foz do Iguaçu. Antes mesmo, em 17 de dezembro de 1965, o DAC já havia emitido o certificado de aeronavegabilidade para o aparelho, que teria como matricula PP-VJQ, fazendo a viagem inaugural em 23 de dezembro do mesmo ano na rota São Paulo/Foz do Iguaçu.
            Terminado o prazo, a Varig gostou da aeronave, e embora o PP-VJQ tenha sido devolvido à Hawker, a Varig encomendou 10 aviões da Série 2, ao custo unitário de 420.000 libras esterlinas.
            O primeiro a ser entregue foi o PP-VDN, em 14 de novembro de 1967 em cerimônia realizada no aeroporto de Congonhas, e o último, o PP-VDX, em 15 de dezembro de 1968.
            E mesmo depois da aquisição da Avro pela Hawker-Siddeley, quando os aviões passaram a ser chamar oficialmente HS 748, a Varig (e o público) continuaram a chamar a aeronave mesmo de Avro.
            No primeiro ano de operação total dos Avro 748 (1968) o tipo acumulou um total de 13.997 horas voadas em rotas para localidades remotas no interior do país, onde o DC-3 ia sendo substituído paulatinamente. As principais rotas eram Rio/São Paulo/Joinville/Itajaí, Rio/Belo Horizonte/Araxá/ Uberaba/ Uberlândia dentre outras.
            Tal era a eficiência dos 748 que em 1972, as aeronaves já serviam mais de 50 cidades, conectando as principais cidades do interior dos estados às capitais como São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. Uma comparação feita pelo DAC, mostrava a excelente utilização do Avro: num mesmo ano, os Avro marcaram 21.076 horas de vôo, frente ao seu principal concorrente, o NAMC YS-11, que mesmo operado pela Cruzeiro do Sul e pela VASP, só havia voado 19.400 horas.
            Durante sua carreira na Varig, que se estendeu por nove anos, os níveis de segurança deixaram a desejar. Três aeronaves foram perdidas em acidentes, ou seja, 30&25 da frota. Foram eles o PP-VDQ, acidentado em Uberlândia - MG, sem vítimas fatais, em 14 de dezembro de 1969. Depois o PP-VDU, acidentado em Porto Alegre - RS, igualmente sem vítimas fatais, em 9 de maio de 1972, durante vôo de treinamento. E o último, PP-VDN, acidentado em Pedro Afonso - GO, em 17 de junho de 1975, foi mais triste, pois matou o co-piloto Nilo Sérgio Lemos."

Os Avros foram operados pela Varig e pela Força Aérea Brasileira

A Varig os operou entre 1965 e 1976, quando foram aposentados, pois as cidades para onde eles voavam já tinham sido abandonadas pelas grandes companhias aéreas (por falta de demanda, devido ao alto preço das passagens, passando a ser servidas apenas por ônibus, mas algumas, mais isoladas, começaram a ser servidas por um grupo de pequenas companhias aéreas, hoje chamadas de Companhias Regionais, e que utilizavam aviões da mesma categoria do Avro). Durante sua operação na VARIG, estas aeronaves substituiram os Douglas DC-3, Curtiss C-46, Commando e Convair.

O serviço de bordo era de primeira qualidade.

Especificações técnicas dos Avros

Passageiros: 48

Geralmente as escalas demoravam em media 15 a 20 minutos, dependendo da troca das garrafas de oxigênio 25,000 ft (7,620 m)

Teto operacional: o trecho mais longo era Brasília - Porto Nacional cerca de 1h05min, onde ocorria o serviço de bordo, uma caixinha almoco para cada passageiro e nas demais etapas sanduíches.

Como era voar nos Avros
Quanto se pagava de passagem

Como as passagens eram subsidiadas pelo governo papa compensar as péssimas estradas, elas custavam em torno de 380,00 reais a preço de hoje na rota Brasília-Barra do Corda. Na época, o cruzeiro custava 2.750,00 cruzeiros por real de hoje.

Esse valor era ida e volta não havia tarifa diferenciada podia-se chegar até em cima da hora para embarque.

Lembro-me bem que o avião chegava na Barra comigo e mais duas ou três pessoas no máximo, a lotação era cheia de Brasília a Porto Nacional, calor  horroroso nas escalas, pois parado o avião não tinha ar condicionado, balançava muito na época de dezembro e não raramente arremetia em Grajaú por falta de teto e por alagamento da pista.

Imagina como Imperatriz era insignificante frente a nossa Barra, pois lá não era agraciado com nenhuma escala sequer, era sempre momento de alegria e ansiedade em minhas viagens, deixava de ir pra outros lugares até mesmo a Disney, a Barra sempre estará acima de tudo.

Cine Canecão exibia filmes primeiro que em São Luís
devido aos aviões Avros

O nosso Django era melhor do que o dos outros. 
Eu explico, se o cordinos tinham na década de 70, o privilégio de assistir a uma programacao de cinema com filmes escolhido a dedo pelo sr. Ivan Pacheco, proprietário do cinema Canecao, que fazia mensalmente uma viagem a Sao Paulo para escolher criteriosamente a programação mensal, películas a serem assistidas, o modus-operandi era mais ou menos assim: As latas de filmes juntamente com várias latas, juntamente com os cartazes do mesmo e de futuras, exibicoes, vinha nos ônibus da Real Expresso até Brasilia, de lá minha mãe Delcimar Pacheco, retirava juntamente comigo, de lá, os filme eram levados ao setor de ca
rgas da Varig onde eram embarcados no Avro diretamente  para BDC, por isso filmes como “O poderoso chefão”, a triologia Roberto Carlos, Os dez mandamentos e o nosso Django, que com tanto sucesso virou tema de abertura nos auto-falantes do cinema.

*Arlindo Costa Neto é filho de Delcimar Pacheco e neto de Manoel Ferreira, mora em Brasília

 

 


Avro em pleno voo
 


Acidente em Pedro Afonso (TO)


Serviço de bordo nos aviões
 


Avro e comissários de bordo

(TB3mar2013)