Artigo
Barra do Corda, novamente,
no olho do furação

jornal Turma da Barra

 


Antonio Soares

 

*Antonio Soares

            Nesta terça-feira, 9 de agosto de 2011, aconteceu uma grande operação da Polícia Federal que culminou no desmanche de um esquema de desvio de recursos públicos que funcionava dentro do Ministério do Turismo, comandado pelo Deputado Federal do PMDB maranhense, Pedro Novais.
            Lá tudo valia para desviar os poucos recursos destinados às diversas cidades brasileiras, entre as quais a nossa Barra do Corda que nos últimos anos firmou vários convênios com aquele ministério. Muito dinheiro foi destinado a nossa cidade. Pouco dinheiro foi efetivamente aplicado na nossa cidade.
            O prefeito que temos é uma lástima. Lástima maior, porém, é a sua sofrível e incompetente administração. Segundo a Polícia Federal, os prejuízos materiais causados ao povo de barra-cordense por ele e seus familiares ultrapassam R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). É muito dinheiro, especialmente para uma cidade paupérrima quanto a nossa que é sustentada basicamente por recursos transferidos pelo Estado e União – FPM, Fundeb SUS.
            A desonestidade é muito grande, porém, parece que os barra-cordenses perderam a capacidade de se indignar mesmo diante de roubalheira. Devido à falta de reação do povo, e muito especialmente dos órgãos constituídos – Câmara Municipal, Ministério Público e Juiz da Comarca – a família codinominada pela revista Isto É de Família Metralha, continua fazendo as mesmas traquinagens de antes da Operação Astiages e, conseqüentemente, ridicularizando o nome da nossa cidade.
            Na cobertura da operação da PF feita no Ministério do Turismo, o jornalista Luís Cardoso escreveu o seguinte sobre nossa cidade “Agora mesmo estão empenhados pelo Ministério do Turismo mais de R$ 8 milhões para a cidade nada turística de Barra do Corda. Aquele município investigado pela PF e que resultou no decreto de prisão do prefeito e de quase toda sua família.
            Resumindo: administra mal, desvia nosso dinheiro e ainda nos desmoraliza perante a imprensa nacional. É muito castigo para o povo barra-cordense.

*Antonio Soares é assessor do Senado Federal em Brasília (DF)


(TB10ago2011)

 

Artigo
Agricultura abandonada
jornal Turma da Barra

*Antonio Soares


            À primeira vista o cidadão que visita Barra do Corda fica com a impressão de que a administração municipal faz um trabalho razoável. Lêdo engano. Nossa cidade vive um momento muito difícil devido à manifesta incompetência demonstrada por aqueles que tem a responsabilidade de administrá-la.
            Há quase uma década à frente da prefeitura o atual prefeito não consegue tirar a nossa cidade do atraso absoluto e, ao contrário, coloca-a numa situação deprimente a nível nacional ao estampar seu nome nas páginas policiais dos principais jornais do país.
            A insolvência é generalizada e atinge todas as áreas administrativas, porém, vou fazer referência especificamente à questão agrícola que, no meu entendimento, deveria receber melhor e maior atenção:
            Sabemos que a grande maioria dos agricultores do nosso município é composta por pequenos produtores: muitos deles são paupérrimos e obviamente não conseguem desenvolver suas propriedades sem o auxílio do poder público. O município, ou seja, o atual prefeito infelizmente fecha os olhos para esta triste realidade.
            Apesar de ter na sua estrutura uma Secretaria de Agricultura a Prefeitura é omissa com o setor agrícola. As estradas vicinais necessárias para escoamento da produção estão abandonadas; assistência técnica inexiste e, lamentavelmente, os recursos hídricos são desperdiçados devido à total falta de apoio e compromisso do poder público.
            Jogar o pequeno agricultor à própria sorte vem nos causando sérios prejuízos, pois, levou nossa agricultura à bancarrota e o resultado é que hoje não produzimos sequer para o consumo interno. Hoje temos que importar quase todos os gêneros alimentícios.
            Outra conseqüência grave consiste no fato de que vários agricultores não suportando o sofrimento e abandono acabam vendendo suas propriedades e vindo acampar na porta da desesperança dos bairros periféricos de Barra do Corda que são, comparativamente, bem piores que os de algumas grandes capitais do Brasil.
            Por que nada ou quase nada é feito pela agricultura:
            Será que falta de dinheiro? Acredito que não: Será que querem comprar barato as terras dos pequenos agricultores? Tenho minhas dúvidas: Porém, tenho uma certeza: Falta compromisso da atual administração com os trabalhadores rurais, senão vejamos:
            Nos últimos anos, de acordo com o Portal da Transparência do Governo Federal, a Prefeitura de Barra do Corda firmou alguns convênios com o Ministério da Agricultura: 2 deles chama atenção: um no valor de R$ 731.250,00 e outro no valor de R$ 487.500,00 ambos destinados a Desenvolvimento do Setor Agropecuário do município.
            Ocorre que não se tem notícia de nenhuma ação realizada pelo município de Barra do Corda na área de agricultura que seja suficiente para justificar gasto de tamanha monta. Então, cabe-nos fazer o seguinte questionamento. Será que estes recursos foram mesmo aplicados em benefício dos trabalhadores rurais? Se foram, a prefeitura bem que poderia fazer uma prestação de contas à categoria através do seu órgão de representação que é o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais.
            Outro convênio, firmado com o Ministério do Turismo, destina recursos no valor de R$ 200.000,00 para construção de um parque de exposição no bairro Altamira. O Dinheiro foi colocado à disposição da prefeitura em agosto 2007, porém, até o presente momento ninguém consegue mostrar à população de Barra do Corda onde foi construído o tal parque.
            Tristes exemplos, mas são exemplos que podem explicar o por quê de tanta indiferença dispensada pela atual administração a este setor que poderia ajudar muito na geração de emprego e renda e conseqüentemente contribuir para tirar o nosso povo da difícil situação social que se encontra.
            Portanto, a Barra do Corda de verdade não é a Barra do Corda da praça Melo Uchoa. Para conhecê-la é necessário deslocar-se aos povoados. A sua impressão certamente será outra a começar pela estrada.

*Antonio Soares é assessor do Senado Federal em Brasília (DF)

(TB/28/jul/2011)

 

 

Artigo
Onde está o dinheiro da saúde?
jornal Turma da Barra

*Antonio Soares


            À primeira vista pouquíssimas pessoas conseguem responder a pergunta acima. Aliás, a grande maioria da população de Barra do Corda não tem sequer a coragem de fazer tal questionamento. Todos sabem que os barra-cordenses vivem amordaçados devido às represálias da família que atualmente se encontra no poder.
            Os grandes problemas da nossa cidade não são sequer discutidos. Os poucos cidadãos que ousam debatê-los são taxados como adversários políticos e passam a ser implacavelmente perseguidos pelo poder absoluto da máquina municipal que é usada descaradamente para prejudicar as pessoas que não conseguem viver dizendo amém para os poderosos instalados provisoriamente na Rua Isaac Martins.
            Infelizmente, os órgãos de fiscalização e controle de Barra do Corda estão todos controlados pelo Poder Executivo Municipal, em especial a nossa Câmara de Vereadores que assiste complacente todos os tipos de desmandos possíveis e mesmo assim não se mexe para reverter a vergonhosa situação. A atuação do Ministério Público é simplesmente lastimável. O judiciário não merece comentário.
            Felizmente, existem outros órgãos de fiscalização, tais como: TCE – Tribunal de Contas do Estado, CGU – Controladoria Geral da União e TCU – Tribunal de Contas da União. E foi o trabalho deste último que acendeu uma luz no fim do túnel para que possamos entender o que de fato está acontecendo com a saúde no nosso município.
            No último dia do mês de agosto de 2010, o Plenário do TCU aprovou o ACÓRDÃO 5023/2010, que aplicou um multa de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), individualmente, ao senhor Manoel Mariano de Souza, prefeito de Barra do Corda, à senhora Olinda Cota Trovão, ex-secretária municipal de Saúde e à senhora Abigail Cunha de Almeida, ex-tesoureira da Prefeitura. Esse valor pode não significar muito para eles, porém, nos dá uma ligeira dimensão do que estar acontecendo.
            Na mesma oportunidade o TCU reconheceu que no período de julho de 1999 a dezembro de 2000 – portanto, em apenas um ano e meio – foram desviados do cofre da prefeitura municipal R$ 2.529.990,02 (dois milhões, quinhentos e vinte e nove mil, novecentos e noventa reais e dois centavos). Esse valor, atualizado em setembro de 2008, corresponde a R$ 9.000.646,08 (nove milhões, seiscentos e quarenta e seis reais e oito centavos). Esse valor daria para oferecer assistência médica a muita gente. E com certeza está fazendo muita falta especialmente para os mais pobres.
            O TCU determinou que o valor, atualizado, seja devolvido aos cofres públicos dentro de 15 dias a partir do dia 09 de setembro de 2010. Caso isso não ocorra, a Procuradoria da República no Estado do Maranhão deverá entrar com as ações judiciais cabíveis para recuperar o dinheiro que foi desviado dos pobres barra-cordenses.
            Acredito que isto justifica um pouco os absurdos valores que são gastos nas campanhas políticas de Barra do Corda e explica consideravelmente porque a saúde do nosso município está literal e vergonhosamente na UTI.

*Antonio Soares é assessor do Senado Federal em Brasília (DF)

(TB/20/out/2010)

Veja documento do TCU: Clique aqui

 

 

Artigo
O prefeito sumiu

jornal Turma da Barra

*Antonio Soares


            O carnaval está chegando. Logo, logo, Barra do Corda estará recebendo vários dos seus filhos que tiveram que buscar sobrevivência digna em outras partes do Brasil e até do mundo.
            Com certa freqüência os visitantes carnavalescos costumam enviar e-mails a este e outros sites tecendo comentários sobre a organização da festa popular e, não raro, sobre a administração municipal. São comentários para todos os gostos. Alguns contêm elogios deliberadamente exagerados. Outros reproduzem o sentimento de saudade. Reais mesmo são poucos.
            Este ano, caso a administração municipal não tome providências urgentes, os comentários serão quase todos negativos. Nossa cidade parece não ter prefeito. Aquele que se gabava de pagar em dia os salários dos funcionários municipais e os fornecedores, nem isso consegue fazer mais. Muitos servidores – especialmente os que ganham menos – estão com salários atrasados. 
            As ruas da cidade estão sujas e esburacadas. O esgoto continua correndo a céu aberto. A água quase nunca chega às torneiras e, mas quando vem é imprópria para o consumo. Enfim, problemas é o que não faltam. É uma verdadeira vergonha. 
            No interior, a penúria é total. Muitos moradores não conseguem vir à cidade devido às péssimas condições das estradas. A saúde é uma verdadeira calamidade. Alguns doentes – após licença dos poderosos – precisam ser transportados para municípios ou estados vizinhos. Outros são entregues à própria sorte. Não são os médicos que decidem quais pacientes devem ser transportados. 
            Infelizmente, o Poder Público, no nosso município, ao invés de servir para ajudar as pessoas é um feroz instrumento de coação. Apesar da incompetência absoluta demonstrada pela atual administração, a nossa sociedade sofre calada. As entidades de classe, embora tentem, não conseguem cumprir o seu papel. A imprensa local não diz uma palavra que possa contrariar o rei. 
            Espero que neste carnaval os foliões, conterrâneos ou não, brinquem, se divirtam a vontade, se embriaguem, se esbaldem de felicidade, mas não esqueçam que depois da festa a vida continua e que nossa cidade merece e precisa de um prefeito que trabalhe 365 por ano, prioritariamente, para a população residente.

*Antonio Soares é político barra-cordense, assessor do Senado Federal em Brasília

(TB/31/jan/2009)

 

 

Artigo
Infidelidade premiada

jornal Turma da Barra

*Antonio Soares


                Em novembro de 2007, nos termos da resolução do Tribunal Superior Eleitoral nº 22.610, o Diretório Municipal do Partido dos Trabalhadores de Barra do Corda, solicitou ao Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão a decretação da perda de mandato do vereador Carlito Santos, por infidelidade partidária.
                Carlito Santos era filiado ao PSC. Foi o único vereador eleito pela coligação, Barra do Corda em Mãos Limpas, composta pelos partidos PT-PSC-PHS-PAN e PCdoB. Como todos sabem fomos e somos contra a administração do Senhor Manoel Mariano, porém, o vereador Carlito Santos desde o início da campanha eleitoral já se portava como agente laranja dentro da nossa coligação.
                Passada a eleição, antes mesmo da posse, oficializou apoio ao senhor Nenzin. É bom lembrar que não comunicou a decisão ao seu partido (PSC) e muito menos a qualquer outro membro da coligação. Mesmo assim afirmou em juízo que saiu do PSC por que estava sendo perseguido. Isto é simplesmente um escárnio à inteligência do povo barra-cordense e dos desembargadores do TRE.
                Durante a tramitação da petição 4076, fatos interessantes, para não dizer estranhos, ocorreram. No dia 12/11/2007 ela foi distribuída à juíza, CLEONICE SILVA FREIRE, que o despachou no dia 26 de novembro. Normal, tendo em vista que a decisão teria que ser tomada dentro de 60 dias, conforme prevê a resolução.
                Não se sabe por que, no dia 19 de dezembro, quase um mês depois, a petição foi redistribuída para a juíza NELMA SARNEY. Confesso que quando tomei conhecimento dessa tramitação tremi na base. Passei a não acreditar no sucesso. Agora, dia 25/03/2008, 132 dias depois do inicio da tramitação (descumprindo o prazo de 60 dias) o TRE toma a decisão que não esperávamos, mas, em se tratando da Justiça do Maranhão não é uma grande surpresa.
                A petição do PT de Barra do Corda foi uma das primeiras sobre casos de fidelidade partidária. Petições protocoladas até 30 dias depois foram julgadas primeiro. Não é estranho? Mas estranho mesmo foi a manifestação do TRE que entendeu que o PT não poderia figurar como autor do processo, decretando, conseqüentemente, sua extinção. O primeiro suplente da coligação, senhor Manoel Martins Resende Capucho pertence ao PT, então qual a razão razoável para que o Partido não possa representar seu filiado?
                Ora, o Senhor Carlito Santos quando saiu do PSC não traiu apenas o seu partido, ele traiu, também, todos os demais partidos integrantes da coligação Barra do Corda em mãos limpas, PT, PHS,PAN e PCdoB, portanto, qualquer destes partidos poderia peticionar o TRE requerendo o mandato do infiel, conforme preceitua o parágrafo 2º do artigo 1º da Resolução do TSE.
                Ademais, casos idênticos foram deferidos por cortes eleitorais de diversos Estados. O comportamento aparente é que enquanto os TREs do restante do país estão fazendo cumprir a Lei penalizando os infiéis, o TRE do Maranhão premia-os com mais alguns meses de mandato.
                Diante dos lamentáveis fatos não podemos deixar de lembrar a famosa frase: decisão judicial é para ser cumprida e não discutida, mas no caso em questão onde todas as provas exigidas foram anexadas/apresentadas, todos os prazos foram cumpridos, a parte requerente é legítima, não resta outra alternativa, senão discutir, recorrer e ter muito paciência.

*Antonio Soares é político barra-cordense, assessor do Senado Federal em Brasília

 

 

Artigo
Quem não se lembra
dos Capiberibes?

jornal Turma da Barra

*Antonio Soares

Alguns dizem que a justiça é cega,
outros dizem que ela enxerga mais que as aves de rapina.
Em quem devemos acreditar? É cega ou enxerga muito? 
De fato, algumas decisões judiciais merecem análises minuciosas para serem entendidas e algumas delas nem mesmo a mais apurada análise nos oferece substância para compreendê-las. E o que falar da morosidade direcionada da justiça: 
enquanto uns processos andam a toque de caixa,
outros dormem sistematicamente nas gavetas do judiciário. 
Quem não lembra do caso do casal CAPIBERIBE: ex-senador João Alberto Capiberibe e ex e atual deputada Janete Capiberibe, ambos do PSB/AP, 
que tiveram seus mandatos cassados, de forma fulminante, 
sob acusação de terem comprado dois votos por 26 reais. 
O mesmo juiz do TSE - CARLOS VELOSO
- que sugeriu a cassação do casal CAPIBERIBE - 
não teve coragem de propor a cassação do corrupto confesso Joaquim Roriz. 
Veja a carta que João Capiberibe escreve ao senhores Carlos Veloso, ex-ministro do TSE:

 

"Carta aberta a Carlos Veloso

Ilmo. Sr.Carlos Veloso,

Ao iniciar a elaboração destas mal-traçadas linhas me assaltou uma dúvida. Confesso que estou encontrando uma certa dificuldade em relação ao tratamento que devo dispensar-lhe.

Pensei inicialmente em tratá-lo de excelência, logo me dei conta que não seria o caso. Lembrei-me, que tanto eu como você, já não correspondemos às qualificações exigidas para merecer tal distinção, em outras palavras, não somos mais excelências.

É verdade também que perdemos a primazia do tratamento por razões muito diferentes.

No seu caso, foi o epílogo de uma carreira bem sucedida, imagino sem maiores obstáculos, que incluiu a presidência da mais alta corte de justiça de nosso país.

Você concluiu uma carreira de grande sucesso, cercado de direitos e garantias que raros brasileiros conseguem atingir, fecha seu ciclo produtivo gozando de privilégios reservados a poucos.

Sai de cena perdendo apenas a primazia de ser distinguido com o tratamento de Vossa Excelência, porém passa a dispor de todo o seu tempo e claro, de uma generosa aposentadoria paga por todos os brasileiros.

Já no meu caso, as turbulências são freqüentes em razão de minhas utopias, com momentos de alta tensão. Não seria nenhuma novidade falar-lhe que perdi o tratamento de excelência de forma abrupta, até mesmo inusitada, mais adiante entraremos no mérito. Perdi, além da primazia no tratamento, o mandato concedido pelo povo do Amapá.

Devo dizer-lhe, que na minha obsessão no combate aos privilégios, eliminei uma vantagem pessoal, por considerá-la injusta, a aposentadoria de ex-governador.

Acrescentarei umas poucas palavras sobre nossa trajetória. Mesmo sendo uma carta pessoal, permita-me abordar esse assunto no plural, faço parte de uma geração que exagerou em sua generosidade, colocando a própria vida em risco na defesa de ideais de liberdade e justiça.

A nossa maneira, certos ou equivocados, a verdade é que ousamos lutar por uma pátria mais justa e democrática. Em conseqüência, muita gente, dessa honrosa geração, amargou a dolorosa experiência da prisão, da tortura e do exílio. Com Janete, minha companheira de vida e de luta,enfrentamos aqueles tempos sombrios.Também juntos, na volta do exílio retornamos a militância e conquistamos vários mandatos eletivos, finalmente juntos tivemos também nossos mandatos abruptamente interrompidos.

É hora de esclarecer as razões que me levam a escrever-lhe, afinal trilhamos caminhos tão diferentes que seria inimaginável um ponto de encontro, um cruzamento nessa trajetória, capaz de criar afinidades geradoras de diálogo e comunicação entre nós. Ocorre que optamos pela vida pública, você na função de magistrado e eu de militante político, eventualmente exercendo cargos eletivos.

Foi por isso que, em momentos diferentes de nossa história individual, nossas vidas terminaram se cruzando.

Antes de esclarecer o que me leva a escrever-lhe, tomo a liberdade de incluí-lo entre os brasileiros chocados e indignados com os escândalos que finalmente, graças à ação competente de nossas forças policiais, estão sendo revelados a toda a sociedade.

Quando tomei conhecimento do escândalo da semana passada, envolvendo o senador Joaquim Roriz em partilha de dinheiro, bateu-me a necessidade de me comunicar com você, para relembrar alguns fatos que remontam aos tempos de sua vida ativa como magistrado. Na última semana do mês de abril de2004, você atuou como juiz do TSE, relatando dois processos. Em um, você conseguiu enxergar o que o Ministério Público Eleitoral e oTRE do Amapá, agindo com extremo rigor, não conseguiram enxergar: a compra de dois votos por R$ 26 cada. Acusação em nosso desfavor, sustentada por declaração em cartório de duas testemunhas analfabetas, que também declararam não nos conhecerem. Foi aí então, que você, atuando menos como juiz e mais como eloqüente advogado de acusação conseguiu convencer seus pares pela cassação do meu mandato de senador e o de deputada federal de minha companheira Janete.

Ainda naquela semana de triste memória, no processo em que figurava como réu o então governador JoaquimRoriz, você atuando menos como juiz e mais como advogado de defesa, não conseguiu enxergar as provas documentais e testemunhais que o Ministério Público havia demonstrado nos autos, conseguindo dessa forma convencer seus pares da inocência do acusado.É sobre esses fatos, que já passaram à história, que gostaria de comentar com você.Veja bem,agentes políticos detentores de mandatos eletivos têm suas vidas permanentemente fiscalizadas pela opinião pública. Fatos de suas vidas são revelados, seja através da imprensa, seja por seus adversários políticos ou até mesmo, como tem ocorrido nos últimos tempos, por investigações policiais e judiciais. Assim sendo, considerando que você, como julgador de políticos, conhecia tanto eu como minha companheira e, com maior razão o então governador Roriz, que governava acidade de seu domicílio, pergunto-lhe:

1-Você sabia que o então governador e hoje Senador Joaquim Roriz, respondia e continua respondendo dezenas de processos criminais por improbidade administrativa?

2 - Você sabia que em relação a mim e a minha companheira Janete não existe um só processo criminal em nossodes favor por improbidade administrativa?Finalmente concluo com mais duas questões:

1 - Você considera que sua decisão em cassar meu mandato e o de minha companheira Janete melhorou a vida política brasileira?

2 - Você considera que a sua decisão de inocentar Joaquim Roriz melhorou a vida política brasileira? Na esperança de uma pronta resposta subscrevo-me,
Atenciosamente,
João  Alberto Capiberibe
(ex-preso e ex-exilado político, foi prefeito de Macapá, governador do Amapá por dois mandatos, senador com mandato interrompido por decisão de Carlos Veloso, quando ministro do TSE)"

*Antonio Soares é político barra-cordense, assessor do Senado Federal em Brasília

 

 

Artigo
Quais os motivos das adesões?

jornal Turma da Barra

*Antonio Soares


                Os últimos acontecimentos políticos de Barra do Corda tem nos deixado estupefatos com a desenvoltura de algumas pessoas que atuam na política do nosso município. 
                Em 2004, fui candidato a vice-prefeito na chapa do Dr. Marcelo Abreu. Concorremos contra o senhor Manoel Mariano (Nenzin) que acabou vencedor. Antes e durante a campanha eleitoral vi muitas pessoas se oporem a Nenzin. Algumas faziam oposição responsável e civilizada – oposição que deve existir em todo sistema democrático. Outras faziam da rispidez, da intolerância e da inconseqüência a marca registrada de suas campanhas. Algumas chamavam o então candidato (Nenzin) de ladrão, outras de arrogante, outras de incompetente e assim por diante. Eram muitos os adjetivos a ele destinados. 
                Eis que o senhor Manoel Mariano virou prefeito pela segunda vez. Foi a grande mágica para descolar dele todos aqueles maus adjetivos. Alguns que lhe chamavam de arrogante agora o chamam de cordial, alguns que lhe chamavam de incompetente agora os chamam de competente, alguns que lhe chamavam de ladrão agora o chamam de honesto. Enfim, depois que o senhor Nenzin passou a ser o legítimo administrador de um orçamento de mais de 30 milhões / anual, ele foi transformado, por alguns, em um homem bom, competente, cordial, amigo. 
                Afinal quem foi a vítima da metamorfose? Foi o Nenzin ou o alguns? Quem mudou? Houve mudança mesmo ou estamos vivendo um eterno jogo de interesses? Será que o Nenzin cumpriu as promessas que fez ao povo barra-cordense durante o processo eleitoral? Sinceramente não consigo entender a adesão de alguns ao governo municipal. 
                As ruas da nossa cidade continuam esburacadas, as estradas vicinais continuam intransitáveis, a saúde continua caótica, a educação – apesar da montanha de dinheiro enviada pelo Governo Federal – não melhorou em nada, o saneamento na nossa cidade inexiste, o sistema de abastecimento de água é deplorável apesar de termos dois rios cruzando a cidade, o povo do interior continua enfrentando as mesmas dificuldades – falta água, falta estrada, falta saúde, falta educação. Então, expliquem-me os reais motivos das adesões. 
                Acredito que alguns que foram poderão voltar. Se fizerem uma boa reflexão descobrirão que o nosso município precisa, urgentemente, de um prefeito capaz de colocá-lo no rumo do desenvolvimento. Estamos parados no tempo. Precisamos de um administrador capaz de implantar políticas públicas que visem gerar empregos para os milhares de jovens que anualmente se tornam aptos ao mercado de trabalho. Precisamos de um administrador que saiba diferenciar muito bem o público e o privado. 
                Aos adesistas peço um pouco de meditação sobre a nossa realidade e, àquelas que pensam que não haverá candidatura adversária ao senhor Nenzin, deixo um recado. Fiquem tranqüilos, pois o PT trabalhará incansavelmente pela construção de uma candidatura capaz de unir a oposição e derrotar o atraso que reina no nosso município há décadas.

*Antonio Soares é político barra-cordense, assessor do Senado Federal em Brasília

 

 

Artigo
Tarda mas não falha

jornal Turma da Barra

*Antonio Soares

 

                Muitas coisas neste mundo contribuem para a felicidade das pessoas. Existem pessoas que se contentam com um bom jogo de futebol, outras com um passeio, outras com um bom show, outras com uma missa ou culto e assim por diante. Eu particularmente sinto-me muito feliz quando vejo os corruptos – ladrões – algemados entrando nos camburões da Polícia Federal. 
                Um verso da música do compositor Zé Geraldo diz o seguinte: “Quanto mais alto o cargo maior o rombo/Quanto mais alto voam maior o tombo.” Quanto mais alto o cargo do corrupto mais feliz fica a sociedade brasileira ao vê-lo preso. Nestes últimos dias os contribuintes brasileiros foram presenteados com mais uma ação da Polícia Federal – OPERAÇÃO NAVALHA – que colocou na cadeia mais de 40 ladrões de dinheiro público. Esses recursos, que fazem muita falta ao povo brasileiro, foram usados para custear as campanhas milionárias de vários candidatos em nove estado da federação e para custear o luxo abjeto, imundo e desprezível seus e de seus familiares e amigos.
                Afirmo-lhes que quando vejo as operações da PF lembro imediatamente da minha querida Barra do Corda onde povo foi e continua acintosamente desrespeitado no que diz respeito à aplicação dos recursos do município. Felizmente, parece que não vai tardar muito a conclusão de um processo que tramita no TRF da Primeira Região e que pode resultar em uns bons dias de cadeia para aqueles que roubaram os recursos do convênio firmado entre a Prefeitura de Barra do Corda e o Ministério da Integração Nacional para execução de obras de contenção de encostas – Obras do Corte.
                Felizmente a justiça vem. Demora mas chega. A desgraça do ladrão de dinheiro público é a felicidade da sociedade. Todos aqueles que roubaram e que estão roubando o dinheiro do povo brasileiro haverão de um dia prestar contas à justiça, se não dos homens, mas, com certeza a divina.

*Antonio Soares é político barra-cordense, assessor do Senado Federal em Brasília