Entrevista
Irmã Tomázia envia bênçãos
a Barra do Corda

jornal Turma da Barra

 


IIrmã Tomázia com Álvaro Braga
em Fortaleza (CE)

por Álvaro Braga


            Durante muito tempo ouvi falar de uma freira que esteve em Barra do Corda nos anos 40, que foi superiora Capuchinha e professora de uma geração de alunos no Educandário São José da Providência, contíguo ao antigo Convento e Seminário de Santo Antônio, ao lado da praça Getúlio Vargas.
            Conversando com dona Alda Brandes, a mesma afirmou que a freirinha querida ainda era viva e que morava em um retiro religioso em Mecejana, região metropolitana de Fortaleza.
            Quando de minha última viagem àquela cidade, lembrei de fazer uma visita a inolvidável irmã. E assim fiz. Me dirigi a Mecejana em busca do Seminário Seráfico.
            Por lá me disseram que ela estava em uma casa de repouso da Porciúncula, destinado às irmãs mais idosas.
            Entrei naquele lugar, de uma paz, e de um silêncio tal, que chegava a fazer barulho. Me anunciei e disse para as Madres que eu tinha vindo da cidade de Barra do Corda, no Maranhão, para conversar com a Irmã Tomázia. A religiosa pediu que eu aguardasse um pouco que ela iria avisar sobre o visitante.
            Esperei alguns minutos, apreciando aquelas mangueiras e aquela serenidade próprias desses ambientes de clausura.
            Uma figura sorridente aparece na grande porta, vestindo um hábito cor bege, era ela, a Irmã Tomázia!
            Não estava acreditando que estava tête-à-tête, com aquela lenda viva, autêntica ícone da geração de barra-cordenses dos anos 40 e 50.
            Outra irmã, Graça Noronha, de nome religioso Irmã Irinéia, que também esteve na Barra, a ampara e a apoia para que possa se sentar confortavelmente.
            Irmã Tomázia, toma a iniciativa da conversa, com inesperada energia, para seus 97 anos!
            Sempre simpática, pergunta se eu venho mesmo de Barra do Corda. Eu confirmo. Ela abre um sorriso e diz que um grupo de ex-alunas da cidade nunca a esqueceu e lhe fizeram uma visita há alguns anos, o que a deixou muito feliz. Nesse grupo estava minha querida amiga, dona Alda Brandes.
            Diz que nasceu em Marabá, no Pará em 1913, que seu nome de batismo é Iolanda Gomes Leitão, e que ganhou o nome religioso de Irmã Tomázia logo que entrou para a vida religiosa.
            Fiquei embasbacado com sua energia, lucidez e saúde. Ela me falou pormenores de sua vinda para nossa cidade, no distante ano de 1943, da qual saiu para Fortaleza, no ano de 1952.
            Muitas amigas freiras povoam o imaginário da Irmã, como Irmã Jacinta, Irmã Helena, Irmã Antônia, Irmã Maria, Madre Hilda, Irmã Leódia, e outras. Lembra de Caetano da Providência Araújo e de sua filha Dolores.
            Pergunto a ela, o que mais lembra da Barra, ela diz: "Tenho muita saudade daquela terra querida, de pessoas acolhedoras, de pessoas bondosas, fiz muitas amizades e tenho um grande carinho por Barra do Corda, e sempre tenho rezado por todos."
            Irmã Tomázia, agora de estatura baixa, já foi mais alta e empertigada em outros tempos. Época em que tinha grande amizades com as alunas e amigas, como por exemplo, Maria Amélia Leite Brasil Felipe, Rocilda Ferreira, Adauta Teixeira, Celina Ribeiro, Onilda Pinto Cavalcante Lima, Rosita Pereira, Alda Brandes e muitas outras.
            Afirma que logo que Irmã Helena de Acaraú encerrou seu apostolado de 47 anos de dedicação à educação de várias gerações de barra-cordenses, deixou também a direção do Serviço de Metereologia que ficava na Praça Getúlio Vargas, e ela, Irmã Tomázia, recebeu a incumbência de dar continuidade àquela importante tarefa.
            Em nossas despedidas, me deu um forte abraço, dizendo que aquele abraço representava um abraço em todo o povo cordino, o que eu agora estou fazendo questão de transmitir.
            Suas últimas palavras de despedida foram: " - Deus te abençoe, meu filho. E que Deus cubra com o seu Divino Manto a minha querida cidade de Barra do Corda!"
            Que assim seja, Irmã Tomázia.

*Álvaro Braga é pesquisador, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Barra do Corda

 

(TB19set2010)