Homenagem
Obrigado dr. Abreu,
Obrigado dona Raimundinha

jornal Turma da Barra


Dr. Abreu e Dona Raimundinha

*Álvaro Braga


            Poucas pessoas podem se orgulhar de possuir uma folha de serviços prestados à Barra do Corda e a sua gente, como o casal José de Abreu Silva, o doutor Abreu, e dona Raimunda de Paula Silva, mais conhecida como Dona Raimundinha Abreu.
            Cuidando da saúde de nosso povo há várias gerações, o casal Abreu conseguiu um feito raro: o reconhecimento unânime da população cordina, sendo por isso, admirados e respeitados por todos.
            A história de nossos benfeitores começou quando era prefeito de Barra do Corda o saudoso professor Galeno Edgar Brandes, no período de 1966 a 1970.
            No início de sua administração, a cidade não contava com médico residente havia cinco anos.
            Em uma de suas viagens à capital São Luís, Galeno formulou um convite a seu amigo, o médico José de Abreu Silva, para vir trabalhar no SESP em Barra do Corda.
            Doutor Abreu, que trabalhava na Faculdade de Farmácia e Odontologia aceitou o convite depois de participar à esposa Raimunda.
            Assim foi que ele desembarcou sozinho em Barra do Corda, no dia 22 de maio de 1966.
            Dona Raimundinha, que já era enfermeira formada, viria seis meses depois, no dia 11 de novembro de 1966.
            E assim começou o ciclo dos Abreu em Barra do Corda.
            Barra do Corda, naquela época havia sido escolhida pelo governo federal com Cidade Modelo e respirava ares progressistas, passando por diversas transformações em todos os segmentos.
            Doutor Abreu saiu do SESP e veio trabalhar no Posto de Saúde do município, em convênio com a LBA, que funcionava no local onde anos antes funcionou o Posto de Puericultura José Falcão e que atualmente funciona a Gerência Regional de Educação, na rua Frederico Figueira.
            O prefeito Galeno Brandes convidou então a enfermeira Raimundinha Abreu para treinar as alunas do Colégio Nossa Senhora de Fátima, no curso de Enfermagem.
            O SENAC também formulou convite para que ela ministrasse Cursos de Enfermagem para diversas turmas.
            Para se ter  idéia da grandeza espiritual e abnegação de dona Raimundinha, ela passou quinze anos trabalhando arduamente, formando turmas de técnicos em enfermagem sem receber remuneração para isso.
            No mesmo período ela pagava suas contribuições previdenciárias como autônoma.
            Anos depois ela foi lotado no hospital do Incra, onde passou a trabalhar até sua aposentadoria.
            Com frei Paulino de Sellere, no CNSF, ela treinou turmas do curso de Técnicas de Enfermagem por 12 anos.
            O total de anos em que ela ministrou cursos nessa área foi de 22 anos de verdadeiro sacerdócio.
            José de Abreu Silva, nasceu em Cururupu-MA a 15.07.1932 e formou-se em medicina pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA.
            Raimunda de Paula Silva, nasceu em 28.04.1931 em Cedro – CE e formou-se em Enfermagem na UECE – Universidade Estadual do C eará.
            Casaram-se em São Luís no dia 15 de junho de 1960 e comemoraram suas Bodas de Ouro no dia 15.06.2010 na mesma cidade, São Luís.
            Em Barra do Corda construíram uma linda história alicerçada com muito amor ao semelhante.
            Durante muitos anos a todos atenderam com um sorriso, mesmo quando alguns não podiam pagar.
            Conta José Damasceno Coelho, que morava no lugar Mamuí:
            “Era o ano de 1978. Meu filho Ronaldo, hoje com 32 anos estava para nascer e não nascia. Minha mulher estava sofrendo muito com as dores. Tomei a decisão de levar os dois para a Barra do Corda. Levei -os ao Hospital do doutor Abreu e dona Raimundinha. Chamei o doutor Abreu e falei: - Doutor, eu estou de passagem comprada para São Paulo e tenho sete mil cruzeiros e não posso dispor desse dinheiro. Queria combinar com o senhor de que eu assino uma letra, uma nota promissória do valor que o senhor estipular e quando eu voltar eu lhe pago até com juros! O doutor Abreu disse: - O valor é doze mil cruzeiros e o senhor não precisa assinar nada, e pode deixar para pagar o mesmo valor sem juros, não importa o dia que o senhor volte de São Paulo! E assim eu fiz, passei vários anos por lá. No dia que eu voltei, trazia uma mala. Desci no Zé Cachimbo, lavei a cara, e fui la no Batucada tomei um banho, botei aquela roupa legal e fui procurar o doutor Abreu. Chegando lá falei: - Bom dia doutor Abreu! Bom dia, ele respondeu. Aqui está doutor, os doze contos do parto do meu menino e muito abrigado e que Deus lhe proteja ao senhor e à sua família. Doutor Abreu pegou o dinheiro e me devolveu a quantia de hum mil cruzeiros, dizendo: Esse é pra você!"
            Dona Raimundinha contou a este escriba que a injeção milagrosa que sempre era aplicada no prefeito Fernando Falcão quando este era acometido de crises cardíacas, se chamava Dolantina.
            O casal teve seis filhos biológicos, a saber:
            Marcelo, médico, casado com Francisca (Teka), pais de Laís e Marcelo Jr; Ilana, casada com Ricardo Zambrão, pais de Heitor; João, casado com Itajara, pais de Mariana (bioquímica), Hellen e Abreu Neto; Jorge, solteiro; Cristina, casada com Luís Cícero, pais de Amanda Cristina e Alex Vinícius; José de Abreu Silva Júnior, casado com Maria Silene, pais de Davi.
            Criaram ainda quatro filhos, a saber:
            Surama, casada com Carlinhos, pais de Eduardo; Dalvina, casada com Cláudio, pais de Carolina e Cristina; Valdinar, casado com Tereza Cristina, pais de Felipe Júnior; e Ribamar, falecido.
            Durante muitos anos o casal dedicou a sua vida integralmente às atividades no Hospital São José, contíguo à residência do casal, na rua Pedro Braga, proximidades do antigo Porto da Cavalaria, do rio Corda, hoje chamado carinhosamente pela população como Porto do doutor Abreu. Nome bem sugestivo, pois durante muitos anos o Hospital São José foi um verdadeiro Porto Seguro. Inicialmente, nos anos 60 o casal trabalhou no chamado Bangalô, esquina da rua Luis Domingues com cel. José Nava, esquina com o Cartório Almir Silva.
            Dona Raimundinha colaborou muitos anos no Jornal Folha Cordina e tem um programa de rádio onde transmite seus conhecimentos e dá dicas de saúde para a população.
            A incansável dona Raimundinha Abreu está completando neste dia 28 de abril de 2011 os seus oitenta anos de profícua existência.
            Recebam assim, Dona Raimundinha e doutor Abreu, os parabéns da cidade de Barra do Corda, e cidades vizinhas, por todo o bem que nos proporcionaram durante todos esses anos de muito trabalho e de muito amor ao próximo.
            O nosso MUITO OBRIGADO!

*Álvaro Braga é pesquisador, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Barra do Corda


Dr. Abreu e Dona Raimundinha

(TB28abr2011)