Memória
90 anos de Antônio Almeida
Pintor e poeta
jornal Turma da Barra

 

O pintor e poeta barra-cordense Antônio Almeida fez 90 anos no dia 27 de maio.
Ele nasceu no povoado do Jacaré em 1922.
Para o Maranhão, a pintura de Antônio Almeida é comparável ao espanhol Pablo Picasso.
No Brasil, a Cândido Portinari.
“Assim como o poeta Maranhão Sobrinho é a maior referência na poesia barra-cordense, Antônio Almeida está para as artes plásticas de Barra do Corda e do Maranhão”, escreve o poeta Francisco Brito. Leia mais: 

Na lateral do antigo prédio do BEM (banco estatal maranhense)
Antonio Almeida gravou essa obra-prima

*Francisco Brito

            Antônio Almeida um dos maiores ícones das artes plásticas do Maranhão na metade do século 20, se vivo estivesse, estaria completando 90 anos no último dia 27 próximo passado. No entanto, permanece intacta a sua personalíssima aura de um artista inquieto e criativo em sua totalidade.
            Nascido na Lagoa do Jacaré, povoado de Barra do Corda-Ma, em 27/05/1922. Filho de lavradores, aos cinco anos despertou para a pintura. Foi pintor, escultor, muralista, ceramista e poeta.
            Ganhador de vários prêmios, entre eles seu autorretrato em 1952, do Salão de Artes Plásticas do Ceará e o símbolo da CAEMA, concurso instituto pelo governo do Maranhão em 1966. Ilustrou algumas capas de livros de escritores e poetas de São Luís. Suas obras estão espalhadas em alguns pontos da capital maranhense, dentre eles o grande painel do prédio do extinto Banco do Estado do Maranhão-BEM, na Rua do Egito, atualmente pertencente ao BRADESCO, e o mural da antiga estação Rodoviária no bairro da Alemanha.
            Ainda em vida, mesmo depois de um AVC e um glaucoma quando perdera a visão, Almeida migrou para a sensibilidade do poeta que havia em si. Produziu ainda duas obras “Rastros de Procura” (poesia) e “Vida a Ir – Mensurando o Imensurável” (poesia e prosa), deixando inédito o livro de poemas, “Sargaços”.
            Um registro inédito. Na metade dos anos 60, a convite do então governador do estado, José Sarney, compadre e amigo, declinou de uma bolsa de estudos de pintura na famosa Universidade de Sorbonne em Paris. Preferiu ficar com a esposa “Ceci” e a sua numerosa prole.
            Foi membro da Academia Maranhense de Letras e da Academia Barra-Cordense de Letras. Antônio Alves de Almeida morreu aos 86 anos de idade no dia 2 de janeiro de 2009 em São Luís.
            Assim como o poeta Maranhão Sobrinho é a maior referência na poesia barra-cordense, Antônio Almeida está para as artes plásticas de Barra do Corda e do Maranhão. A memória de homens ilustres da terra, também é cultura.

Definição do poeta e pintor Antônio Almeida em seu livro "Sargaços" (inédito): “Sou pintor, escultor, construo colagens e desenho para tapeçaria. Nos confins do Nordeste, onde nasci, fui tropeiro, lavrador e músico. Vivi fome e secas, vi estouro de boiadas, escutei violeiros e testemunhei místicos. Toda essa saga se mistura e se sedimenta em mim. Minha arte rude nasce desse contexto, vivenciada, autêntica. Além disso, sou povo com seu misticismo, costumes e cantigas”.

*Fragmentos de versos do poema "Vida Ser" de Antônio Almeida

"oceanos nosso desencadeados
oh! Justos pensamentos
comunicantes sensibilizados
nos aportem, nos sintam
e nos olhem
lá bem fundo, olho no olho,
nos escutem
a inquieta alma sôfrega
nos acenem
com a cabeça ao menos
no sentindo horizontal,
tudo supérfluo, ilusão banal?
Nós, corpoalma insofrido? Ilusao sofrida?
Mesmo que tal seja
sobeja vale a vida".

*Do livro inédito "Sargaços"

*Francisco Brito é poeta e escritor, mora em São Luís (MA)

Outra obra de Antonio Almeida

Antonio Almeida

 

(TB3jun2012)